(POV EDWARD)

 Estava em meu quarto compondo, sem saber direito o que ou até mesmo por quê. Disperso de tudo. Odiava ser atrapalhado. E Esme sabia disso...

- Edward, abre a porta. - Ela não parava de me perturbar.

- Não! Estou compondo, merda!

- AGORA! OU ARROMBO A PORTA...

- HAHAHA! Você vai arrombar? Poupe-me mãe.

Abri a porta. Ela me encarou com um olhar mortífero.

- Desça, tenho que falar com vocês. Ok? - falou a puta da minha mãe. Espera. Isso me torna um filho da puta então?

- Tá. - falei irritado.

- Chame a Bella, por favor. - murmurou a Esme querendo ser "engraçadinha".

- Não. - ela só podia estar fazendo hora mesmo, né? Isso não é sério. Ou é?

- Agora. - falou ela virando as costas pra mim. Pelo jeito era mesmo sério.

 Mas que inferno, não quero ir falar com aquela coisa. Bom, talvez eu esteja sendo meio imaturo mesmo esses dias, mas é complicado, entende? Odeio minha vida, odeio minha vida. Não, pensando bem, eu não odiava. As gostosinhas da faculdade iriam compensar as coisas. Por falar nisso, - ou pensar -, a Tanya, vulgo grude, chicletinho, etc, deve estar enlouquecendo, não retorno as ligações dela há semanas... O que será que a Isabella está fazendo? Foda-se. Vou chamá-la logo.

Toc, toc.

- Isabella?

Toc, toc.

- ISABELLA?!

Porra, por que ela não me responde? Que ignorante. Depois o revoltado sou eu.

- Isabella? Porra abre essa porta garota.

Nada. Vácuo. Alone. Sozinho. Vai se fuder também. Quem sabe não está aberta. Girei a maçaneta. Abriu. Olhei. Ninguém. Espera... Tinha um volume na cama. Ela estava dormindo. Fui me aproximando.

- Isabella? Psiu. - falei enquanto balançava ela.

"Sono pesado hein garota." falei comigo mesmo.

Ela começou a se mover, pensei que estivesse acordando. Porém ela apenas se aconchegou e começou a murmurar. Ela falava enquanto dormia. Estranha.

- Anw, não. - resmungou.

- Hei, acorda. - a sacudi mais forte. Não adiantou. Ela se virou para o meu lado. E... Deus era tão linda. Para, para, que isso. Sua mão tocou a minha que estava sobre a cama. Era quente. E bom...

- Acorda. Pelo amor de Deus. Não faça isso comigo Isabella. - murmurei.

Nada novamente. Vou ficar louco, não consegui evitar... Afaguei seu rosto levemente, eu não sei o que me deu, foi algo instantâneo e não me arrependo. Enquanto meus dedos passavam pelo seu rosto eu me sentia quente e uma onda de eletricidade percorria meu corpo sem pudor. Foi então que ela murmurou algo que me deixou em choque:

- Edward.

No momento pensei que ela havia acordado. Mas não. Não. Ela tinha dito o meu nome. Ela estava sonhando comigo. Meu Deus. Como uma garota tão estranha que mal me conhece poderia estar sonhando comigo, murmurando o meu nome. Não sabia o que sentir ou o que pensar. Ela disse meu nome.  Seu tom de voz excessivamente doce quase quebrou meu coração, o que foi surpreendente, porque eu não tinha sequer conhecimento de que aquela merda funcionava. Me perdi tão profundamente que não percebi quando ela realmente despertou.

- Edward? O que você faz aqui? - falou ela completamente confusa - E por que sua mão está tão perto de mim? Ora seu...

- Ei, ei, ei. - cortei-a - Calma, não é nada disso. Vim apenas te chamar. Esme quer todos lá embaixo. Tive que te sacudir varias vezes, você estava até roncando de tão profundo que era seu sono. - ri.

- Eu não ronco - murmurou ela virando os olhos, que engraçadinha ela era.

- Tanto faz, arrume-se e desça. - falei andando rumo a porta.

- Tá bem, IGNORANTE. - virei a tempo de vê-la fazendo um bico engraçado.

 Fofa. O quê? Não, não. Tenho que parar com esse tipo de pensamento, as coisas não podem ser assim. Ela é uma garotinha ainda, nem corpo tem, acabou de se formar no ensino médio. Eu já faço faculdade, - de medicina por acaso, quero seguir a mesma carreira que meu pai Carlisle, me espelhava nele na verdade -. Acabaria com a minha reputação ser pego com uma coisinha dessas... Me arrependi instantaneamente desse pensamento assim que o tive, eu não era assim, não agia desta forma.

Onde está a educação que você recebeu Edward? Gritou minha consciência.

 Desci e fiquei no sofá, só faltava Isabella para que Esme falasse sobre sei lá o quê. Odeio esperar, ainda mais quando quem estamos esperando é justo a bendito ao fruto. Por reflexo ou por alguma razão do além olhei para a escada no justo momento em que Isabella descia... E ela estava tão linda, era o meu tipo. Não importa quantas vezes eu me repreenda ou até mesmo negue ela é o meu tipo. Isabella havia sido feita pra mim. E eu não me importo se ela ainda é uma garotinha ou qualquer outra coisa. Ela vai ser minha. Aquela garota me atraia mesmo vestida simples daquela forma, com um short detonado, uma blusa da banda MUSE e um all star vermelho surrado, ela me atraia. E aquele cabelo, lindo, que caia em cascatas por todos os lados. As curvas, as belas curvas. Eu mentia pra mim mesmo falando que ela não tinha corpo, ou que ela não era mulher o suficiente. Ela tinha, e era um corpo e tanto. E ela era mulher o suficiente, claro que era e também seria minha... Minha Isabella. Seria paixão a primeira vista...?

 Me perdi tão profundamente em minhas reflexões que nem vi que Esme já havia terminado de falar. Estava um alvoroço, Isabella me olhava profundamente, parecia esperar algo de mim. Creio eu que ela cansou de esperar e Esme percebeu e simplesmente disse:

- Meu filho, espero que seja educado e acompanhe Bella durante baile anual.

 Ah, claro. Todos já tinham se escolhido e Isabella sobrou esperando que eu a chamasse. Sou um tolo mesmo.

- Eu irei acompanha-la.- falei olhando para ela e dando meu melhor sorriso tentando me desculpar.

 Ela sorriu de volta... E que sorriso. Me perdi pela milésima vez na imensidão de chocolate que eram seus olhos. Todos estavam em uma discussão profunda sobre o baile. E pelo que percebi seria daqui a dez dias, então seria no dia vinte e um... Isabella continuava a me olhar. Bem, acho que vou falar com ela. Levantei e fui até o outro sofá, onde ela se encontrava sentada sozinha.

- Oi. - murmurei.

- Olá Edward. - falou secamente.

- Acho que devo desculpas por der sido tão rude durante esse tempo...

- É, deve mesmo. E acho que você não teve nenhum motivo para agir assim. - disse ela sem nenhum pudor.

- Perdão. Sinceramente. Eu agi mal, eu sei. Mas é que... Eu não sei. Ando muito confuso ultimamente, as coisas não tem sido fáceis. Eu queria apenas um natal normal com a minha família. Acabei de perder meu melhor amigo e...

- Sinto muito. E eu te perdoo. Eu sei como é difícil perder alguém... - murmurou

- Estamos bem agora? - sorri.

- Acho que sim.

- Então, você não se importa de ir comigo ao baile anual? - perguntei educadamente, estou me estranhando.

- Já que não tenho mais ninguém... - nossa, me ofendeu - Estou brincando Edward. - ela sorriu - Não me importo, só, por favor, não surte.

- Surtar? - disse confuso.

- É, surtos de humor. - falou ela como se eu fosse algum tipo de retardado mental. - Eles me incomodam.

- Isabella, eu já pedi desculpas, não surto com tanta frequência assim.

- Bella, me chame de Bella.- murmurou BEL-LA. Gostei de como o apelido dela fluiu em minha mente. Bel-la.

- Hum, ok. Bella. - ri

- Está rindo de quê?

- Nada, - ri novamente - nada.

- Estou suja? Tem algo no meu rosto? Pare com isso seu idiota. - falou ela me dando um soquinho no braço e rindo em seguida.

 Mal sabia ela que eu apenas ria da ironia que era esse seu apelido. Bella. Fazia juz à sua beleza.

- Não, não há nada. - retruquei o soco, mas com um leve beliscão, que a pegou desprevenida.

- Ei, seu retardado. Está querendo morrer é? - perguntou ela arqueando a sobrancelha.

 Gargalhei na cara dela, pobrezinha tão inocente. Acha que pode sair por ai desafiando os outros.

- Que isso coisinha, calma.

- I - d - i - o - t - a. - falou ela segurando um sorriso.

- Não segure Bella. Pode sorrir, sei que não consegue evitar. - sorri para incentivá-la.

- Convencido. - murmurou sorrindo.

- Isso, bem melhor. - dei uma piscadela e ela desviou o rosto escondendo o tom surpreendente de vermelho que suas bochechas atingiram. Ela estava corando. Tão linda. Ela estava encarando um ponto da sala, virei-me e percebi que olhava o piano.

- Você toca? - perguntei.

Bella olhou para mim e sorriu.

- Nenhum pouco. Minha mãe que costumava tocar pra mim... - ah, compreendi. - Quem de vocês toca? - murmurou.

- Eu. - respondi, ela não pareceu surpresa. - Quer que eu toque para você Srta. Bella? - perguntei inocentemente.

- Seria uma honra Sr. Edward. - respondeu o anjo sorrindo.

Estava completamente afetado pela presença dela, deslumbrado na verdade. Virei-me e fui em direção ao piano, não tocava desde que Demetri havia morrido. Não que isso me impedisse, mas eu somente não me sentia bem para fazê-lo. Sentei e ganhei a atenção de todos mesmo sem falar nada. Minha mãe sorria brilhantemente para mim. Comecei a tocar. Não pensei em uma música em especial, Clair De Lune simplesmente saiu. Bella tinha uma expressão mista de dor e alegria. Ela parecia reconhecer a canção. Virei meu olhar em direção a Esme que chorava não sei por que motivo. Voltei-me para Bella que tinha um sorriso escancarado em seu rosto, seus olhos brilhavam para mim, terminei a música e sorri. E então pela primeira vez, depois de muito tempo, eu me sentia completamente feliz e satisfeito.