O tempo parou.

Simplesmente isso, o tempo parou. Minha mente ia mais veloz do que poderia imaginar um dia ser possível, parecia que todos a minha volta passaram a ficar extremamente lentos. Mas não de forma funcional que minha mente acelerou, unicamente foi capaz de relembrar cada cena vivida com Karin, nossos confrontos no colégio, a aproximação no time de hóquei, o beijo desastrado, o fora gentil, a conversa livre posterior, por fim, as duas melhores semanas da minha vida e o prazer e descoberta do que era de fato ter uma amiga mulher.

Não que os meninos não fossem demais, eles eram, mas ter uma mulher com quem desabafar é ter alguém com as mesmas experiências de vida, em alguns aspectos impossíveis a eles. Fora que Karin era alguém especial a forma dela.

Era. Era por que estava morta.

Maldita! Ela não podia ter morrido assim e me deixado para trás! Como assim logo agora que finalmente estávamos nos dado bem, logo agora que estávamos juntas, logo agora....

Não! Não era certo, ela tinha tanto que fazer, tanto que viver, ela queria fazer tantas coisas!

Caramba! Ela nem mesmo tinha podido amar e ser amada de volta, ou dar um beijo de verdade em alguém, muito menos declarar o que sentia por Shion.

Que merda tinha acontecido?!

Era literalmente uma história interrompida.

Também, quando a morte não o é?

Fui tirada do meu devaneio quando Naruto me abraçou pela cintura, afundando o rosto no meu pescoço e soluçando como uma criança. E no automático, o abracei de volta.

Só ai que notei estarmos no quarto dele, sentados na cama com a minha mãe e a dele conosco.

Como eu vim parar aqui?

Isso não importa também, ao olhar para Kushina e ver ali, o mesmo tipo de expressão, os traços parecidos, vindos de serem da mesma família, foi impossível não lembrar de Karin e sem aviso a dor veio intensa, me fazendo curvar e chorar sem parar.

Era algo intenso, algo como a ficha cair que não a teria mais aqui. Que não a veria mais, a dor da mais profunda escuridão, da solidão eterna, da vontade de nunca mais cair sozinha no abismo, me abracei a Naruto, soluçando de chorar e ele a mim.

Dava soquinhos no peito dele, de raiva por toda essa merda, sentido somente a dor aumentar. Parecia que nunca teria fim.

Minha mente, por fim, parece que estafou de tudo que vivia e apagou de vez.

Era todo um breu, somente eu e o breu, o completo silencio, sem vozes, sem sons, sem ninguém, mas também sem sentimentos, sem dor mas também sem amor.

Era um vazio.

Fechei os olhos, mesmo sabendo que não precisava e me deixei cair no breu, no vazio e abandonar a tudo permitindo que tudo se apagasse ao nada, que todas as lembranças saíssem da minha mente.

Não tinha a menor ideia da onde estava, mas era o que precisava, só queria isso esse tempo ao nada, era engraçado uma mescla entre nadar e flutuar mas sem sair do lugar

Era um vazio tão grande e intenso que me oprimia, ao mesmo tempo em que, mostrava-se ser o que eu de fato precisava para o agora.

Sabia que precisava voltar a realidade, mas não queria, sabia que devia isso a todos, mas aqui, nesse universo sem sentimentos, não me importava.

Pela primeira vez na vida, nada me importava.

E mesmo não querendo voltar pisquei e abri meus olhos fitando o teto do quarto de Naruto. Ele me abraçava possessivo com as duas mãos, com a cabeça nos meu peito, me usando de travesseiro, eu coloquei a cabeça para o lado e encontrei com o olhar penetrante de dona Mikoto.

Aqueles olhos, idênticos aos meus, estavam cansados, ela estava sentada na cadeira do quarto com o cotovelo apoiado na mesa, vestia um vestido já bem amassado e tinha imensas olheiras, seu cabelo estava um caos e me olhava preocupada.

- Bem vinda de volta. - Disse simplesmente com um ar de alivio, mesmo que sem felicidade, sua voz era rouca como se a muito não falasse e não mais que um sussurro.

- Aonde eu fui? – Perguntei no mesmo tom.

- Só sua mente pode te dizer, Hinata.

- Não sei.

- Não se preocupe com isso agora. Pelo menos você voltou.

- Como você sabia que eu tinha partido?

- Hinata, você parecia uma boneca sem reação. Mas sabia que voltaria, você é forte.

- Obrigada. – Estiquei minha mão para ela pegar e ela o fez.

- Vem, vamos sair daqui para conversarmos.

- Não quero. – Digo me encolhendo para mais perto do Naruto, não queria me afastar dele nunca. Muito menos agora. - E nem tenho como agora.

Não falamos nada por um tempo, ela aproximou mais a cadeira e começou a fazer cafuné, enquanto sentia as lágrimas escorrem, a dor ainda era intensa, mas deixou de ser irracional. Pelo menos por hora.

- O que aconteceu com ela? – Perguntei.

- Você não ouviu quando contamos? Achei que tinha ouvido, por que chorou tanto e apagou depois disso.... Certeza que está preparada, Hinata?

- Não, mas preciso.

- Parece que nem todos aceitaram bem as declarações dela, e consideraram que precisavam expurgar daqui os homossexuais, mas não sabíamos disso, portanto logo que foi possível Karin e Kiba foram embora sozinhos para a área rural, aonde moram. Pelo que a policia averiguou e Kiba contou, foram interceptados por um grupo de homens fortes, mas aparentemente novos, todos de mascara, decididos a mostrar o que consideram ser homem, ambos forma abusados e espancados deixados para morrer.... – Minha mãe falou mas me perdi, como assim abusados? Era o que eu pensava? Não tive com seguir com o raciocínio, por que voltou a falar. - A sorte é que logo cedo, as pessoas no interior acordam par trabalhar e os acharam, Karin não resistiu até o hospital.

- A-a-ab... – Não conseguia terminar a frase.

- Sim.

- Oh meu deus! – Levei ambas as mãos a boca e comecei a chorar novamente horrorizada, que morte dantesca!

Isso era monstruoso!

Aquilo era muito pior do que eu pensava, Karin que só desejava ajudar aos outros foi sozinha, destruída por dentro e por fora, sentindo-se imunda, sentindo-se usada, foi uma morte violenta e com certeza sofreu muito de dor antes de morrer.

Pessoas capazes de fazer isso, não possuem alma.

Por que? Só por que não aceitem que alguém ame de forma diferente da sua? Por que amar agora era motivo para ser morto?

- Hinata?

- Ai, desculpe mãe.

- Tudo bem querida, só pedi para nunca mais sumir assim sem me dizer aonde vai, ficamos desesperados aqui até você mandar a mensagem, e imaginando aonde estariam e se era protegido desses loucos caçarem vocês também. Afinal, Naruto é gay.

Fiquei roxa na hora, lembrando que Naruto não era totalmente gay, e eu bem sabia disso. Minha mãe arregalou os olhos.

- Seu pai não pode nem imaginar... Droga, perdi a aposta com a Kushina!

- Que?!

- Er.. nada!

- Mãe...

- Quando vocês chegaram juntos e assim permaneceram, quando você começou a chorar desesperada e nós íamos te subir, mas Naruto só a pegou no colo e trouxe para cá, quando foi a você que ele abraçou tão desesperado e simplesmente não soltou, mesmo conosco pedindo para levarmos você embora, a gente viu que tinha algo ai. Mas eu pensava que ainda não tinha acontecido nada, mas estava para acontecer...

- Ai naturalmente, você e ela apostaram..

- Eu, ela, seu pai, Minato e Itachi...

- Mãe!!! E agente se acabando aqui de chorar e vocês fazendo apostas!!!

- Querida, fiquei muito preocupada, por isso fiquei por aqui mas quando Naruto dormiu e você fora do ar, fomos todos lá em baixo conversar e pôr as ideias no lugar, e após uns uísques de Minato, pareceu uma boa ideia.

Ela me olhou como pedindo desculpas e dei um sorriso compreensivo, enquanto ela ria.

Sabia o que ela estava fazendo, tirando da minha mente a merda toda que estava acontecendo.

- Mãe, da licença rapidinho, daqui a uns vinte minutos te encontro lá em baixo, podemos ir ao hospital? Quero ver o Kiba.

- Certeza, Hinata?

- Sim.

Ela balançou a cabeça saindo do quarto.

Virei-me para Naruto o olhando, sua face estava com trilhas de choro e seus olhos fundos, o rosto contorcido em tristeza e todos seus músculos tensos, apesar de dormir. Fiz carinho no cabelo dele acariciando sua bochecha.

- Naru... Naru....

Ele nada reagiu desci minha mão ao seu ombro apertando de leve.

- Naru, acorda, por favor...

Por fim ele reagiu se remexendo na cama, virando pro outro lado e me puxando mais para baixo de si.

- Vamos, por favor...

O loiro finalmente ergueu a cabeça me olhando com um olhar de tanta admiração e saudade que me espantei, ele acariciou minha bochecha e me deu um selinho.

- Pensei que perderia você também. – Revelou sempre tão sincero. – Fiquei tão desesperado, não podia ficar sem você também.

Seu olhar estava sofrido.

- Calma, desculpe. Eu.... merda... perdão... - Tudo que eu mais odiava agora era isso que eu tinha, tinha preocupado ainda mais Naruto. – Perdão mesmo!

Meus olhos estavam marejados e Naruto deu um beijo sobre cada um.

- Hey, tudo bem... Sei que não tem controle. – Ele acariciava meu cabelo e minha orelha com a ponta do dedo.

- Naruto, preciso ir ao hospital ver Kiba, quero.... Sei lá o que quero, só sei que preciso ir... Tudo bem para você?

- Quer ir sozinha, ou posso ir com você? Realmente não quero mais ficar sozinho. Muito menos quero você andando sozinha por ai.

- Naruto, eu ia pedir para você ir comigo, mas não queria te incomodar, e fica tranquilo sei me cuidar, você sabe! Fora que mamãe que vai me levar.

- Não incomodaria, eu vou com vocês então. – Levantamos e nos despedimos, quis passar em casa para me trocar.

Afinal ainda estava sem calcinha por baixo do vestido longo que usei há três dias atrás. E que toda a cidade sabia que eu usei quando sai. Nem sei que roupa eu vesti no fim, sai do quarto e vi Sasuke me olhando sério na porta do próprio quarto, ficamos nos olhando por uns instantes, antes dele dar as costas e fechar a porta com um estrondo alto.

A viajem até o hospital foi rápida e silenciosa, entramos e mamãe foi a recepção falar com a recepcionista, para saber sobre o quarto e se poderíamos subir e nós dois ficamos parados lá no meio do hall.

Parecíamos dois OVNIS, todas as pessoas nos olhavam, aquilo me incomodava muito, a maioria nos olhava com dó no olhar e alguns com um ar de riso, não sabia qual olhar era pior. Naruto passou os braços sobre meu ombro e colou minha face em seu peito.

- Não precisa olhar. – Encostou a cabeça sobre a minha e ficamos assim, o cheiro dele me acalmava, estar totalmente envolvida por ele, me tirava dos problemas, era um balsamo em meio a tempestade.

Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que meu emocional estava em frangalhos! Era bom saber que tinha um porto seguro.

Mamãe nos chamou e fomos até o andar de Kiba, estava tudo vazio, via ali do lado de Kiba plantas carnívoras e dei um sorriso de lado, realmente Shino nunca abandonaria um amigo assim, o sorriso aumentou ao ver a foto do cachorro de Kiba, eles pareciam um, realmente ele ia precisar disso.

- Retiraram a medicação dele hoje de manhã, agora é esperar ele acordar normalmente, a previsão é que dentro de vinte e quatro horas ele acorde Hinata, querida, sei que você esta magoada e brava com ele, mas, tente não pegar pesado ou falar nada muito ruim para ele, o que ele passou há pouco tempo não foi fácil. – Disse minha mãe, com aquele ar protetor e profissional ao mesmo tempo.

- Certo.

Apertei a mão de Naruto, suspirei e por fim entrei. Caminhei até Kiba e vi sua face toda costurada e com o alto da cabeça enfaixada, um dos olhos estava com tampão, um braço e as duas pernas engessadas.

- Kiba, eu voltei... E estou disposta a conversar, então acorda rápido sim? Há pessoas esperando você.

Segurei em sua mão e a senti fria. Não conseguia ser carinhosa como sempre, muito menos falsa e dizer que o tinha perdoado, tão pouco era impossível não expressar um apoio após um inferno que ele viveu, ou mesmo tentar poupar que agora desacordado ele sofresse mais ainda.

Larguei sua mão e ainda fiquei um tempo ali o fitando, pensando em tudo que vivemos e como terminou, senti meus olhos umedecerem e deixei-me chorar um pouco.

Respirei fundo, enxuguei as lágrimas e sai, sai com a certeza que nada nunca mais seria o mesmo.

Naruto me fitou sem sorrir, mas passando apoio e minha mãe veio e me abraçou.

- Querida, deixarei vocês em casa, preciso ir pro funeral agora.

- Quero ir!

- Hina, você não está em condições. – Minha mãe foi dura.

- Mãe se você não me deixar ir, eu vou mesmo assim.

- Também quero ir tia. Era minha prima.

- Vocês são dois irresponsáveis.

- Irresponsável ou não, você não vai me impedir de me despedir dela! – Gritei irritada.

Minha mãe me olhou severa, mas mesmo assim cedeu e fomos. O velório era no crematório da cidade mesmo, estava uma confusão na porta, muitos curiosos tinham vindo e a policia teve de intervir, só permitindo a entrada da família. Mas da família mesmo, poucos estavam lá, quando digo poucos é só a família de Naruto mesmo.

Pelo visto o pai dela, tio de Naruto, não tinha aceito bem a opção sexual da filha.

Lá dentro estavam algumas colegas do colégio, Shion que não parava de chorar e soluçar apoiada na mãe, e me surpreendi em ver a mãe de Karin sentada perto do caixão da filha, chorando muito também. Fora a isso, estavam uns colegas da igreja, que a família dela participava, o diretor da escola e os professores.

Pouco depois que chegamos, começou aquela parte que acho escrota, onde pessoas sobem a frente e começam a discursar falando sobre o morto enquanto o povo ia e vinha se despedindo dela.

- Karin sempre foi uma aluna boa e dedicada... - Dizia Orochimaru em meio ao seu discurso, minha vontade era gargalhar, Karin dedicada? Ela ODIAVA estudar.

Balancei a cabeça negando me aproximando de Karin, tentando ignorar os discursos mais ridículos de todos os tempos.

Karin vestia um vestido de gola role, de pontos altos de cima a baixo, extremamente sóbrio. Branco.

Aquilo era ridículo, nunca vi a Karin cobrir aquela barriga malhada dela.

Sua face estava bem acaba, mas maravilhosamente maquiada para disfarçar. Que profissão complexa essa, de maquiador daqueles que partiram.

Karin estava sem óculos. Nunca a vi sem óculos, desde o pré ela usava caramba!

Ai, isso era de mais também!

Olhei em volta e vi Kabuto sentado na primeira fileira, olhando embedecido para o discurso ridículo do seu tio, caminhei até ele, tirando os óculos da sua cara.

- Hey!

- Cala a boca! – Disse de volta curta e grossa, caminhando de volta a Karin, ajeitando os óculos em sua face e arrumando o cabelo atrás da orelha, como ela gostava, em um dos lados.

- Pronto!

Resolvi me despedir dela ali só eu e ela e meus pensamentos e seguir em frente. Seria meu monologo mental de despedida dessa menina que veio e foi da minha vida como um furacão.

- Sabe que era estranho pra mim, pensar em como isso tudo começou? Poxa Karin, passei minha vida toda me perguntando por que você me detestava tanto, ai, no meio do Natal, você vem e me beija do nada?! Isso me assustou menina, mas ainda bem que o fez, tudo bem que eu precisei te dar um fora e dizer que não gostava de meninas assim, mas parece que sem isso nunca teríamos nos aproximado. Acho que foi o quebra-gelo mais estranho de toda a história! Você é intrometida, intimidadora, mandona, respondona, fala o que pensa, quando quer e da forma que quer. Metida e com o maior orgulho que já conheci, e também a pessoa mais sincera do mundo, mesmo omitindo coisas, nunca deixa de ser você mesmo, e quando acha que alguém precisa ouvir fala mesmo. Isso também te faz muito divertida e a pessoa que sei que sempre está lá para ajudar os outros, quando acha que os outros precisam disso... Você não merecia isso, você merecia ter ganhado a competição de bombons que tanto ama, e ser a melhor goleira de hóquei, também conseguir se declarar pra Shion e ter um tórrido amor adolescente. Vou te contar, o tanto que a loira está chorando ela te ama mesmo viu!

Senti meu braço ser tocado e, um Naruto muito vermelho me olhar.

- Hina...

- Oi?

Ele não falou nada só apontou para frente e eu levantei a cabeça notando todos me olhando. Assustada, sussurrei para ele.

- E-e-eu..f-ffff..

- Sim.

- Merda.

- Vem.

Naruto me puxou para fora, Hidan e minha mãe vieram logo atrás. Entramos no carro, Hidan na frente eu e Naruto atrás e eu roxa de vergonha, hiperventilando, por ter falado tudo aquilo em voz alta!!!

- Hinata. - Hidan me chama sério.

- Oi.

- Virei seu fã, seu discurso foi foda.

- Cala a boca.

- Ai doeu, mas é verdade, aquela bicha louca do Orochimaru ficou puto por você atrapalhar, mas é verdade, porra se falou todo foi sensacional. Quero ser igual a você quando crescer.

O olhei assombrada e os três gargalharam, acabei dando um sorriso pequeno, realmente, se Hidan não existisse, tinha de ser criado.

Chegamos em casa e Hidan saiu logo em seguida, com um já bêbado Itachi. Atualmente mais vejo ele bêbado que sóbrio.

Ainda dentro do carro, Naruto me deu um selinho.

- Linda, estou pregado preciso de um banho, vou tomar e já nos encontramos ta?

- Ok. – Concordei sorrindo para ele, e ao vê-lo partir, meu sorriso morreu.

Estava cansada, e emocionalmente péssima. E sem Naruto, parecia que meu humor piorou bem.

Entrei em casa e estava me dirigindo pro meu quarto, quando vi Sasuke passar pra sala e fechar a porta em um estrondo, se isolando de novo.

Certo, essa coisinha dele se fingir de invisível, e “fugir” deixando bem claro aonde estava, cansou.

Entrei na sala atrás dele.

- As portas são maciças, não precisa testar não. – Disse ao vê-lo sentar na poltrona e bufar para mim.

- Sai daqui garota. – Ele disse entre as mandíbulas, travadas apertando o punho.

- Saio nada, essa casa é minha também!

- É como tudo né? Tudo é seu, né princesinha?! – Sua voz carregada de sarcasmo.

- Que besteira é essa, que você está dizendo?

- Droga! Será que você não cansa de me tomar coisas não? Já tomou MEU namorado quer me roubar a solidão também?!

- Se toca, do que está falando Sasuke! Você é retardado pro acaso? VOCÊ transou com Kiba e VOCÊ que o afastou!

- Ele já não era meu faz tempo, sua babaca! Você acha que não percebia o olhar languido que vocês trocavam? Acha que não via, ele te seguindo com os olhos para onde você fosse?! Ou a preferência da SUA presença, que da minha?! Eu só dei o troco!

- Ridículo! Completamente ridículo! Não tive nada com Naruto enquanto você namorava com ele.

- NÉ! Mas nem esperou algumas horas, antes de se jogar em cima!

- PORRA SEU MALDITO!!! Você não pode falar nada de mim NADA! VOCÊ ME TRAIU COM O MEU NAMORADO!!! MEU IRMÃO!!!! COM MEU NAMORADO!!! – Minha vontade, era partir a cara desse desgraçado.

- NAMORADO UMA MERDA! ERA UMA BICHA ENRUSTIDA DO CACETE E VOCÊ NÃO PASSAVA DE UM EMBUSTE! TE FIZ UM FAVOR!

- NAMORADO SIM! – Me aproxime me debruçando, segurando dos dois lados da poltrona e falando cara a cara com ele. – Sexo não é o que faz um namoro, e você deveria saber disso, afinal precisou comer outro para conseguir transar.

Ele me olhou ferido e logo depois gargalhou.

- E finalmente a Hinatinha perfeita mostra a face, mostra as garras. Sabia! Eu SABIA! Você é uma falsa garota! Sem escrúpulos!

- Vira essa boca para lá, antes de me ofender! Eu NUNCA agi por suas costas, eu NUNCA tive intenções pra cima de você e, do seu namoro com Naruto.

Como se invocado nessa hora, Naruto abre a porta em um estrondo.

- QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO? – Ele se aproximou de mim, sem nem olhar pra Sasuke. – Está tudo bem? Da para ouvir os gritos lá de fora. – Me olhava de cima a baixo, procurando machucados.

- E agora o casalzinho vinte perfeição, se uniu que lindo! Deveriam me agradecer! Seus hipócritas malditos!

- Abaixa a bola ai! Olha como você fala com ela! – Disse Naruto irritado já se adiantando, mas segurei seu braço.

- Essa briga é minha! – Digo, sem tirar os olhos de Sasuke. – O que foi Sasuke, não bastava ser um babaca e sem respeito a nada e nos trair, ainda vai se achar o certo?

- Claro, por que eu estou certo! Quem sempre teve a atenção dos nossos pais? Quem é elogiada o tempo todo? “Hinatinha mãos de fada” “Hinata, suas notas são invejáveis”, e ainda por cima, vir a se interessar por Naruto! Todo mundo passando a mão na sua cabeça, por você ser problemática, enquanto o babaca aqui ralava para se destacar, nada veio para mim sem luta menina! Ao contrário de você! Até meu namorado tive de disputar com você!!! Ou você acha que nunca soube, SEMPRE de sua paixão de anos por ele? Por isso mesmo tomei a dianteira e o tomei para mim, antes que o perdesse para você também.

- Você está se ouvindo?! Você o senhor Sasuke Uchiha! Jogador do time principal, com notas altíssimas, presidente do grêmio. Popular, com todos os caras te admirando e todas as meninas aos seus pés! Cara, teve menina que entrou em depressão, quando descobriu que você era gay!!! Papai comprou briga com meia cidade, por você!!! Não fez como a maioria queria, que era te execrar ou esconder!!! Pelo contrario, assumiu suas escolhas com orgulho e te defendeu de todos!!! Encarou essa luta com você!!! Mamãe ameaçou pacientes, por você! Você tem nação que ela corre risco até hoje de perder o direito de clinicar, por isso?! Como você OUSA, sujar a memória deles, dizendo que dão preferência para mim?! – Fiz uma pausa, passando a mão no meu cabelo e respirando fundo. – Você só namorou Naruto para me atingir, é isso mesmo que entendi Sasuke?

- Não sua babaca, eu amo esse estúpido!

- Estou vendo... – Disse Naruto, que parecia uma estatua de tão duro, parecia a ponto de explodir com Sasuke.

- Você só vê o mundo através desses seus olhinhos encantados, não é “princesinha”? – Levantou passando por nós e parando na porta. – Bom, agora que as mascaras caíram, saiba que FODA-SE não suporto vocês mais! Não quero mais ver sua cara! Ainda bem que você vai para longe logo.

Assim que ele partiu, desabei no chão. Naruto me segurou e sentamos juntos no chão.

- Hinata fica aqui, que vou ali. – Ele dizia com fúria nos olhos.

- Não, fica... – Peço o apertando contra mim. – Naruto, posso pedir algo absurdo para você?

- Sempre.

- Posso passar esses meses com vocês? Posso morar com sua família?

Ele me olhou com os olhos arregalados.

- Por quê?

- Por que nessa casa, não fico mais um segundo.