Skyfall escrita por Fitten


Capítulo 39
Capítulo 39 - Vermelho


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM-ME ETERNAMENTE! ''Isabelle eu quero te matar, você demorou demais com esse capítulo'' ''Isabelle você está morta'' perdão, perdão mesmo galera, eu estava doente e sem condições nenhuma de escrever, não tiro a razão de vocês de estarem bravos comigo, perdão mesmo. Onde estão minhas leitoras? Eu recebi MUITOS poucos reviews no último capítulo, vocês não gostaram? odiaram? falem por favor... Novamente, perdão pelo meu atraso e devo avisar que a fic entrará em um ''hiatus'' temporario, não é por muito tempo... O motivo? Estou participando de um projeto é uma coletânia de one-shorts com diversas escritoras, sério acho que são umas 13 que participaram do projeto, cada uma deverá apresentar uma one... Bem não posso falar mais, (É SURPRESA) então dia 24 quero ver todas vocês comentando u_u
Beijos e boa leitura



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Eu não podia ouvir sequer meus pensamentos, tudo tornou-se caos. Os grunhidos ensurdecedores enchiam meus ouvidos. Eu senti as mãos de Willian me puxarem para trás, jogando-me no chão entre as árvores e a relva molhada. A névoa começou a ceder à medida que Benjamin percebia que era inútil usá-la contra aquele animal, ele podia nos ver tão perfeitamente quanto nós víamos ele.
Os lobos atacaram, cercando-o de todos os lados. O corpo enorme e deformado erguia-se nas duas patas traseiras, a três metros do chão, fazendo com que Sam e Jacob parecessem cães normais ladrando em seus pés. Embora sua aparência medonha me causasse asco, eu não conseguia tirar os olhos daquele ser andrógino, nem mesmo ousava desviar o olhar da mandíbula larga e ameaçadora, os dentes como adagas cintilando contra a pele escura e pegajosa, os olhos negros desvairados focalizavam o nada, retomando o foco de súbito. Zafrina não estava tendo muito êxito naquela mente vazia.
A criatura parecia não se importar com a desvantagem de doze contra um, e em cada movimento furioso, ele procurava uma maneira de fechar os dentes em alguma coisa. Seu corpo era algo terrível de se observar, principalmente por se tratar de uma estrutura tão humana, uma cópia distorcida e expandida, transfigurada naquela forma grotesca. As patas traseiras, longas e esguias, terminavam em tornozelos e pés descamados, uma imitação medonha de pernas humanas, enquanto as patas dianteiras estendiam-se como dois braços humanos afim de alcançar e rasgar qualquer coisa que se aproximasse de suas garras. O pescoço semi-coberto por pêlos tão longos quanto cabelos humanos, sustentava o crânio achatado, característico das raças lupinas. O focinho comprido terminava em dois orifícios ofídicos e enrugava-se completamente, deixando à mostra a fileira de dentes enormes e pontiagudos e uma liga densa de saliva esbranquiçada que corria-lhe pelo pescoço nu . Mas o que mais fazia minha espinha gelar, eram os olhos. Demasiadamente humanos, negros como a noite e tão inconscientes quanto os olhos de um morto. Aquela criatura era uma casca vazia, completamente desprovida de qualquer consciência, humana ou animal. A única coisa que o preenchia era o ódio, a ferocidade desvairada e a sede selvagem do sangue humano.
Os lobos o enfureciam profundamente com seus ataques organizados, seus movimentos ponderados, cercando-o como um coelho apetitoso, e ele atacava, grunhindo e avançando sem medo de ser pego pelos dentes de Jacob, que avançava audaciosamente entre seus braços longos e lentos. No turbilhão de grunhidos bestiais eu sentia o perigo daquela proximidade oprimir minha cabeça, como uma prensa de ferro. As garras enormes golpeavam a esmo, a criatura era imensamente forte e letal, mas não era tão ágil e veloz quanto os lobos, ele nem mesmo percebia a proximidade cada vez mais ameaçadora de minha mãe e Zafrina, seguidas de um Benjamin bem mais cauteloso e ardiloso em seus movimentos. Eu queria agir, não podia suportar ser a platéia daquele jogo mortal, onde qualquer momento poderia ser o último para alguém próximo de meu coração.
– Jake! – Gritei, quando num instante que quase me tirou o ar, eu vi as garras afiadas golpearem o ombro de Jacob. Eu nem percebi que estava em movimento, apenas me dei conta disso quando as mãos de Willian me alcançaram a meio passo.
– O quê está fazendo? – Gritou ele sob os troncos esmigalhados e pedriscos que choviam em cima de nós. Eu quase não podia ouvi-lo em meio a tantos grunhidos.
– Eu vou ajudá-los. – Respondi, tentando me desvencilhar de sua mão, que segurava meu pulso firmemente. Quando ele não soltou, eu o empurrei com força e presumi que ele não esperava tanta ferocidade de minha parte. Desviei de um tronco que voou diretamente para mim e avancei sobre os juncos em direção à luta. Quando passei por Leah – a mais distante do grupo – senti os braços de Willian rodearem minha cintura, levando-me de volta para a proteção das árvores.
– Me solte Will, qual é o seu problema? Nós precisamos ajudá-los. – Grunhi, tentando agarrar-me a qualquer coisa, a fim de escapar do aperto de aço de seus braços.
– Você está louca? Esqueceu que você é a única aqui com sangue humano correndo nas veias? Se aquele maldito sentir seu cheiro, ele vai atacar, e Deus nos ajude, por que ninguém vai conseguir detê-lo. – Eu não estava resignada com a idéia de me esconder enquanto todos estavam arriscando suas vidas, mas tinha que admitir que seria um problema se aquele monstro farejasse meu sangue. Mordi a língua para não pronunciar as maldições que afloravam em minha mente, enquanto buscava alguma solução para meu problema maior: minha frágil humanidade; mas todas as minhas boas intenções de obediência foram frustradas pela voz de Zafrina:
– Bella, recue! – Gritou ela, enquanto Sam e Paul investiam contra a fera pelos flancos. Eu não pude piscar e num primeiro momento de desespero eu senti meu coração falhar. Podia jurar que era o fim para minha mãe quando vi a pata dianteira alcançar seu pescoço. Ela oscilou para trás, evitando o golpe mais profundo. Uma mecha de cabelo cor de mogno esvoaçou pelo ar.
– Mãe! – Gritei, enquanto me colocava em movimento novamente. Progredi dois passos apenas e Willian já me tinha de novo presa em seus braços de aço. As coisas ficaram intensas, nossa investida estava ficando impaciente e a ferocidade da criatura era impassível diante de toda nossa cautela. Eu parei de pensar no segundo em que vi aquele ataque que poderia ter me tirado minha mãe e simplesmente avancei, tentando escapar da proteção de Willian. Que se dane meu sangue, se eu não fizesse nada, muito mais sangue iria jorrar.
Porém, quando eu já me preparava para escapar dos braços de Willian, houve mais um ataque, e em meio ao ganido de dor que ressonou apenas por meio segundo, Willian e eu fomos atingidos pelo corpo enorme e cinzento de Seth. Fomos lançados em meio às árvores e rolamos pelas pedras da encosta do vale. O corpo cambaleante de Seth comprimia Willian contra o chão, enquanto eu lutava para me livrar das pernas traseiras que estavam esmagando meu estômago. Olhei para Willian, preso sob o corpo peludo, e depois para Seth, semi-consciente. Bem, era agora ou nunca. Que Willian me perdoe, mas eu tinha que agir!
Me arrastei pelo chão até livrar minhas pernas do peso de Seth e coloquei-me em movimento assim que pude ficar em pé. Dez metros adiante os urros bestiais cortavam o ar como uma tempestade, trovejando pelo espaço vazio a nossa volta. Corri para lá.
– Ness! – Ouvi Willian gritar e acelerei o passo, antes que ele pudesse me alcançar.
Quando cruzei a orla das árvores, Benjamin me deteve, erguendo as mãos sem desviar os olhos da criatura.
– Ness, para trás! – Gritou ele. Eu nem estava perto o bastante quando ouvi os urros ensandecidos da criatura cessarem, e com eles, todos os sons, grunhidos e sibilados que enchiam a clareira. Por um momento eu apenas observei tudo ficar suspenso no ar, todos os olhos se estagnarem em mim aterrorizados. A clareira permaneceu três segundos mergulhada num silêncio agourento, enquanto todos observavam o focinho descarnado sugar o ar em minha direção. Reunindo alguma força oculta dentro de mim, eu me preparei para o que viria.
Ele atacou, arrastando Sam, Paul e Embry, lançando-os no chão como galhos secos, abrindo caminho até mim. E estranhamente, como se fosse algo absurdo de se esperar de mim mesma, eu não senti medo. Diante daquela aproximação que significava dor e morte, eu estava lúcida, completamente ciente de meu corpo se retesando para a luta. Observei friamente a aproximação violenta do monstro, e as tentativas frustradas de todos que tentavam pará-lo. Eu senti seu olhar selvagem queimar em minha pele, mirando minha garganta.
Naquele meio segundo, eu cheguei a sorrir, enquanto o assistia avançar, hipnotizado pelas batidas do meu coração e pelo cheiro quente de meu sangue.


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