Pov. Tomoe

O garoto caiu no chão, o desespero da deusa chegava a dar vontade de rir. Humanos são fracos. Ela fez questão que o garoto deveria ficar em nosso templo até acordar. E assim foi feito.

Nanami saiu de casa e disse que queria fazer compras, mandei Mizuki ir junto com ela, só por precaução, mas na realidade, eu queria mesmo era sair correndo e procurar Yuki até os confins do mundo se fosse preciso.

O loiro finalmente acordou, eu estava sentado do lado dele, que estava deitado, na minha cama, porque sou muito bonzinho (a Nanami mandou), e então ele se sentou e ficou me encarando por um momento. Ele parecia muito fraco.

– O que elas veem em você?- ele murmurou

– Ein?

– É... Não entendo isso

– Do que esta falando?

– Nada... Só acho que é melhor eu ir procurar Yuki-chan sozinho

– Você tem algum problema garoto? Quer ir mesmo procurar a Yukimi nesse estado?

– Quero- ele disse indiferente, eu me espantei- e você não vai

– E quem vai me impedir?

– Eu- ele respondeu decidido e passou a me encarar olhos nos olhos- você, não vai mais chegar perto da Yuki-chan

– Ora, deixe de ser idiota, você viu o que aquele demônio pode faz...- fui interrompido

– Você com essa sua indecisão já a fez sofrer de mais, você não vai

Os olhos do garoto se tornaram totalmente brancos.

– Ela é minha

Sua mão rapidamente chegou a minha testa, e a mesma foi tomada por um brilho cegante, o qual me fez cair no chão, eu desmaiei.

***

Pov. Touya

Eu fiz isso, tinha que ter feito, se ele a salvasse, talvez nunca mais deixaria de ama-lo. Ela é minha. Só minha. Tomoe nunca a amou de verdade.

"Droga o que ele tem de tão especial!? Ele é bonito? Sexy? É mais inteligente? Mais velho? Mais forte? Caralho, o que ele tem de mais?"

Ele havia ficado desacordado, eu me levantei, e mesmo não me aguentando em pé, e me apoiando na parede para andar, eu sai daquele templo e fui até o meu. Eu entrei e desesperadamente os dois espíritos correram em minha direção. Eles me ajudaram a andar até a sala principal. E pedi ajuda sobre minhas magias, Yuki era a única que sabia de magias poderosas que eu poderia utilizar, então eles eram minha ultima saída.

Eles me falaram sobre algumas e me entregaram um livro um tanto velho.

– Esse livro foi Kitori-sama quem escreveu- disse Mikyo se referindo a ex deusa do templo

– Isso mesmo, aqui esta anotado algumas coisas que você pode precisar para utilizar magias de grande porte- Yoko disse

– Obrigado- eu disse meio rouco e pegando o livro das mãos do espírito

As duas crianças saíram da sala, me deixando sozinho pensando. Eu li o livro, que não era muito grande. Então me coloquei a treinar.

"Estou fazendo isso por você Yuki-chan"

Eu passei o dia todo tentando invocar essa magia. E acabei dormindo devido ao esforço. Acordei dolorido por ter dormido no chão, mas continuei tentando, até que consegui, invoquei a magia da visão, e assim feito passei a investigar até encontrar maldito templo.

***

Pov. Nanami

Voltei do mercado, e encontrei Tomoe num ótimo humor, já era de tarde, Touya não estava mais la, mas eu resolvi não falar nada, afinal, ele estava me tratando tão bem. Tomamos chá e cheguei a comentar que algumas pessoas na cidade achavam que meu templo era amaldiçoado.

Então tive a ideia de fazer um mini festival de outono no templo para atrair mais seguidores. Lógico que ele discordou, mas os outros gostaram da ideia, e até Kurama apareceu para ajudar. Esta tudo muito perfeito, tengu havia dado a ideia de eu fazer uma dança sagrada, teria de ser perfeita, insisti para que Tomoe me ajudasse.

Ele chegou a comprar o quimono para mim, e me ajudou a vesti-lo, mas eu realmente não consegui memorizar nada, em dois dias. Comecei a estranhar hoje de manhã a pressa de Tomoe em arrumar o templo e fui até ele perguntar.

– O que houve Tomoe-kun?

– O deus de um templo muito importante esta chegando

"Que estranho, eu ja ouvi ele dizer isso antes..."

– Que deus vem dessa vez?

– O do templo da lua

– Ah, Touya-kun, ele ja esta melhor?

– Do que esta falando?- ele me perguntou confuso

– Ora, Touya-kun, o deus da lua, como assim do que estou falando?

– Você o conhece?

"É como se ele não se lembrasse"

– Tomoe-kun, esta tudo bem?

– Porque? Quem esta dizendo coisas estranhas aqui não sou eu

– Tomoe, eles ja vieram aqui, faz quase um mês, você não se lembra?

Ele se espantou com isso.

– Como assim? Se esqueceu mesmo? Que tipo de brincadeira é essa?

– Eu é que digo isso- ele disse se irritando

– Tomoe, isso ta muito estranho, e tenho certeza que isso tem haver com o Touya, vem- eu o puxei pelo braço e segui para porta do templo.

Furiosa eu o arrastei até o templo da lua, e bati com força na porta.

– Touya-kun!- gritei

Tudo estava silencioso.

– Touya-kun!- chamei de novo

– Tem alguém ai dentro sim Nanami, mas tem cheiro de humano

– É ele mesmo- respondi brava- eu to entrando- eu abri a porta com força mesmo Tomoe tentado me parar

La encontrei o garoto encolhido de medo de mim no canto da sala.

– O que você fez com o Tomoe?- perguntei

– Ora, mas eu não to entendendo nada!- ele murmurou bravo pra mim

– N-nada- o loiro respondeu gaguejando

– Anda responde! Ele ta muito esquisito!

– Nanami, o que está fazendo?- Tomoe disse no meu ouvido

– Tomoe, silêncio, quero saber o que houve!- eu falei brava e ele se calou assustado- ele quase teve um ataque a dois dias quando você apareceu ferido e falando que Yuki-chan havia sido raptada, e agora ele nem se lembra quem são vocês

Tomoe ficou me encarando com os olhos arregalados.

– Quer mesmo saber?- Touya disse um pouco triste e assustador ao mesmo tempo- eu apaguei toda memória dele, desde o dia em que fui a seu templo- ele riu

– Porque fez isso?- perguntei preocupada mas Tomoe se pôs a frente para falar

– Você então é o deus da lua? Eu sei que tipo de poderes essas divindades tem, e seja la quem seja você, me responda o que você fez e porque o cheiro de uma pessoa que eu conheço esta empreguinado nesse lugar

– Bem- ele riu- é o da yuki-chan... Minha, Yukimi-chan- ele disse malicioso -Acalme-se Tomoe

– Seja la o que você fez, reverta isso agora!- ele começou a ficar bravo

Touya se levantou e veio em nossa direção.

– Depois de tudo que eu descobri sobre aquele templo, não vejo problemas em você voltar a se lembrar de tudo, não vai conseguir fazer nada mesmo- ele disse sério e colocando a mão na testa de Tomoe e a mesma foi tomada por uma luz- tai, satisfeito

Ele ficou em silêncio e com os olhos arregalados por um segundo. Touya estava me assustando. Tomoe voltou a sua pose normal, e disse decidido.

– Nanami, volte para o templo

– O que?

– É perigoso você ir

– E aonde você vai?- perguntei assustada

– Vou buscar a Yuki, depois matar esse humano- ele disse indo em direção a porta

– Então veremos quem mata quem primeiro Tomoe- o loiro foi em direção a porta e começou a segui-lo

Eu simplesmente senti lágrimas em meu rosto por saber que ele se preocupava tanto com ela, ciúmes talvez?

– TOMOE!- gritei para o youkai que ja estava do lado de fora e corri para porta- eu posso ajudar!- eu desci as escadas correndo

Touya então disse que não teria problemas em segui-lo, andamos um bom tempo pela cidade, até chegar a um pequeno bosque, que conforme íamos andando, ficava mais difícil de respirar. Eu não aguentava mais, e nem ele, apenas Tomoe, até que o garoto caiu no chão meio desacordado e o familiar nos levou para fora da floresta.

***

Pov. Tomoe

O miasma ao redor do templo estava insuportável até mesmo para mim, eu finalmente consigo me lembrar das coisas, e vou salvar Yukimi. E matar esse pirralho loiro. Eu finalmente cheguei no templo, as portas estavam trancadas, eu tentei achar alguma brecha para entrar no local sem chamar atenção, até que ouvi algumas vozes estridentes e seguindo-as eu achei uma janela aberta. E me coloquei a observar o que estava acontecendo.

O demônio estava em sua forma humana, mas claramente não era o deus. Yuki estava sentada com as costas contra a parede assustada e com os olhos arregalados. O homem tentava tirar as poucas roupas que a garota usava enquanto gritava com a mesma.

– Anda vadia! Tira logo isso!- ele tentava puxar a parte de cima do vestido de maid que ela usava

– Não! Me solta! Você queria que eu vestisse isso certo? Agora me deixe em paz!

– Cale a boca e faça o que eu estou mandando!

– Não! p-por favor, me deixa em paz- ela disse baixo e uma lágrima brotou no canto de seus lindo olhos- eu não estou aqui para fazer esse tipo de coisa

– Me responda uma coisa, o que um familiar faz?

– E-ele cumpre os desejos do mestre- ela disse baixo

– Certo, muito bem cachorrinho, e o que eu estou fazendo?

– Me dando uma ordem- ela murmurou assustada

– Isso mesmo, e o que você tem que fazer agora?- ele sorriu malicioso e aproximou sua mão de seu seio acariciando-o

Yukimi logo se apressou e deu um belo tapa no rosto do homem e se encolheu cobrindo novamente os seios com os braços fazendo um x. O homem riu sádico, e se levantou.

– Isso mesmo putinha, é assim que eu gosto, resista- ele lambeu os lábios- quanto mais eu tiver que esperar por isso, mais excitado com o dia que isso irá acontecer eu ficarei- ele riu- mas se eu esperar de mais pode ser pior, não se esqueça que eu posso te controlar

Ele a olhou fixamente, o que a fez se virar para ele novamente descobrindo-se, e ficando de quatro olhando para ele. Ele a olhou com gosto, se abaixou e acariciou se rosto.

– Viu, posso muito bem fazer isso de novo com você quando quiser

– Maldito, tem solta! Eu não consigo me mexer!

– Haha, essa é a intenção- ele se levantou e deu a volta na garota que estava no chão de uma forma muito constrangedora e bateu em sua traseira– Ah isso! Muito bom!

– Nojento!- ela disse gritando

Infelizmente eu não podia entrar até ele sair, isso geraria problemas para nós dois, afinal, se ele me controlasse eu não poderia fazer nada, de qualquer forma. Eu fui obrigado a ver aquele homem tentar fazer coisas nojentas com a mulher a quem eu amo, até que ele a chutou e saiu do quarto, tirando assim sua magia e trancando-a no quarto.

Ouvi os passos dele até a porta, ele estava saindo do templo. Yukimi estava sentada no chão com as mãos no rosto e chorando. Eu pulei a janela e entrei no quarto.

– Y-yuki!- eu disse caindo de joelhos no chão e abraçando-a

Ela estava fria, tremendo, estava com muito medo. Ela estava vestindo um vestido cor-de-rosa, curto, uma coleira de cachorro, e algumas outras coisas que a deixavam sexy e reveladora. Não entendo como os humanos conseguem achar uma mulher em condições deploráveis como essa atraentes.

A garota correspondeu ao meu abraço fortemente, ela se agarrou em mim assustada, e se pôs a chorar ainda mais.

– T-tomoe- ela tentava falar- você viu aquilo? Que horrível, que vergonha- ela dizia entre um soluço e outro

– Eu sei que aquilo foi contra sua vontade- eu disse tentando consola-la

– Tomoe, e-esse homem, e-ele é horrível!- ela disse me apertando mais

Eu me soltei dela, e segurei em seus ombros, fazendo-a olhar para mim.

– Yuki, me escuta, eu vou te tirar daqui- eu abaixei e a beijei

Ela correspondeu a meus beijo apaixonadamente. O que foi se tornando mais intenso, e incontrolável. Quando me dei por conta, ela estava deitada no chão, e eu sobre a mesma, ainda beijando-a. Tivemos que nos separar em busca de ar, e ela havia parado de chorar, olhou em meus olhos e passou sua mão delicada em meu rosto.

– Não tem como Tomoe- eu abri a boca para dizer algo mas fui selado com outro beijo da jovem tão doce

Eu não me conti e correspondi ao beijo, tão ferozmente quanto antes, e mesmo assim ela não parava. Mas foi uma coisa automática e instintiva que nos fez parar. Sem ao menos reparar, eu estava quase tirando o vestido dela, e ela quase abrindo meu quimono.

A garota se assustou ao voltar para si, assim parando de me beijar e saindo de baixo de mim. Ela se sentou a minha frente, e eu fiz o mesmo, senti meu rosto queimar assim como o dela, e meio sem graça eu pedi desculpas.

– M-mas porque não tem como?- eu perguntei tentando quebrar aquele clima estranho e ajeitando meu quimono, que estava praticamente inteiro aberto

– B-bem, esse templo tem uma espécie de barreira, eu mesma tentei fugir várias vezes, mas não consigo passar, algo sempre me barra, e quando me dou por conta estou correndo em direção ao templo novamente- ela disse puxando o vestido que estava quase mostrando totalmente seus seios- sem contar na quantidade de miasma que tem la fora, ela aumenta conforme o tempo passa, e você fica exposto a ele

– Entendo... Mas tem que ter um jeito! Eu vou te tirar daqui custe o que custar!

– Tomoe- uma lágrima escorreu pelo seu rosto novamente- obrigada- e ela me abraçou- tem um jeito, mas não seria tão fácil, não importa a força que use

– Como assim?

– O único jeito de eu conseguir sair daqui é quebrando o lacre e o contrato

– Lacre? Contrato?

– O lacre nesse caso, de acordo com minha teoria, é a barreira que ele criou ao redor do templo, e o contrato é exatamente a mesma coisa que você tem com a... Nanami-chan- ela disse puxando a coleira- o dia que essa coisa sumir eu consigo sair desse inferno- ela disse brava

– Yuki... E-le não fez... nada com você?- perguntei meio constrangido pelo assunto

– N-não- ela corou- graças a deus não, mas eu não vou permitir que ele faça... Aquilo, comigo, nunca... Eu quero esperar- eu apenas a encarei, e ela olhou em meus olhos com uma expressão doce- Tomoe-kun, um dia nós vamos nos casar, quem sabe nesse dia eu pare de esperar- ela sorriu com o rosto vermelho

Eu sorri para ela e a abracei.

"Eu sempre pensei nisso Yuki..."

– Eu vou conseguir te tirar daqui! Ouviu? Vou cumprir minha promessa e ficar sempre do seu lado! Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte no separe

Eu roubei dela um beijo e saí pela janela.

– Me espere, eu vou voltar