The 29th Hunger Games! escrita por Lançassolar


Capítulo 10
A Arena


Notas iniciais do capítulo

Está ai, prontinho ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/288776/chapter/10

Sou acordado com um tiro de canhão. Faltam 15 então, penso. Quem será que foi a vítima? Provavelmente não um dos Carreiristas.

Todos os tributos dos Distritos onde são formados os Carreiristas ainda estavam vivos. Daeron também está assim como Kayleigh. Ou não, qualquer um deles pode estar morto agora. Não interessa, tenho que me por em movimento.

Cantarolo uma música que eu adorava na infância, mas que havia abandonado a um bom tempo. Era uma música sobre os Jogos Vorazes, adequada nesse momento. Armo algumas armadilhas. Nada que chegue nem perto do que Kayleigh faria, mas talvez possa conseguir alguma comida. Espalho algumas arapucas por ai, marco mentalmente o lugar onde as deixei e saio em busca de água, no momento meu objetivo principal. Sinto-me muito revigorado, embora esteja sedento.

Dou uma batida na área. Nada. A arena está seca. Deve ter água em algum lugar, tem que ter. Claro que isso não é garantido, talvez os Idealizadores tenham planejado uma edição relâmpago. Mais isso é muito pouco provável, já que a população da Capital, que espera um ano inteiro pelos Jogos, ficaria descontente em assistir diversos tributos morrendo por desidratação, de maneira muito pouco empolgante.

Continuo andando e nada de água, começo a ser consumido pela raiva. Raiva dos Jogos Vorazes, que nos fazem a lutar até a morte, raiva dos Idealizadores dos Jogos, que comandam essa barbárie. Raiva dos tributos que querem me matar. Raiva de mim mesmo, por não encontrar água.

Sinto a garganta seca, e agora nem mesmo as peras eu consigo encontrar. Penso em voltar, mas não é uma alternativa viável. As peras estão a uma hora de caminhada, em uma direção que a falta de água é certa. Preciso continuar, preciso encontrar uma fonte confiável de água.

O dia passa e cai à noite. Nem uma gota de água e não faço a menor ideia de onde conseguir. Minhas armadilhas pegaram um coelho, que comi cru mesmo, devido a minha fome extrema, embora ela nem se compare com a queimação que sinto na garganta.

O hino é tocado e vejo o morto do dia. Distrito 3, Guillty.

Os Carreiristas devem ter algum estoque de água na Cornucópia, mas eu jamais conseguiria chegar lá e roubar a água deles. Restam-me duas opções. Esperar que Jacko pudesse me enviar água, ou encontra-la eu mesmo. É perigoso sair tateando pela noite, mas eu não tenho escolha. Ando por mais três horas e nada.

Faça algo inteligente...

Preciso pensar. A Cornucópia está a minha esquerda, a não sei quantos quilômetros de distancia. Ao seu redor, havia grama, colocada de maneira milimetricamente circular, formando uma circunferência perfeita.

É isso, penso. A arena provavelmente é uma circunferência tão perfeita quando a que envolve a Cornucópia. Além disso, ela não pode ser interminável. Viro-me na direção oposta à da Cornucópia e avanço por toda a noite. Estou morto de cansaço e de sede. Amanhece outro dia e eu não preguei o olho. Talvez eu esteja errado, eu não faço ideia, mas continuo avançando. Não adianta, não consigo mais. Vou morrer aqui.

Então eu finalmente escuto. Água corrente. E próxima, um rio de grande calibre com certeza. A esperança me renova e avanço para a água. Estou muito feliz quando eu vejo.

Um despenhadeiro de cerca de 30 metros. Embaixo o rio, correndo de maneira elíptica e uniforme, na outra margem, um paredão impossível de ser escalado. O final da arena. Então eu estava certo, a arena é uma circunferência, penso animado. Essa informação me da uma boa vantagem, ao menos enquanto eu for o único possuidor dela. A partir de agora a água não será um problema tomando a Cornucópia como ponto de referência. Eu só preciso achar um jeito de alcançá-la.

Faço a coisa mais lógica a seguir, sigo o curso do rio, em busca de uma clareira. Caso não a encontre, me atiro dentro do rio de qualquer jeito.

Percebo que a inclinação vai ficando cada vez menor com o tempo e acelero o pique. Uma hora depois finalmente a encontro, a clareira. Corro na direção da água e me inundo. Bebo uma grande quantidade e não me lembro de alguma vez ter sentido uma sensação melhor que essa.

Bebi vários goles e aproveitei para me lavar também. Saciada a sede, retornei para a floresta e me escondi. Com a barriga cheia d’água, eu não teria muitas chances de vencer uma luta, nem me moveria com velocidade suficiente para valer o esforço. Como eu não tinha pregado o olho na noite passada, e fui recompensado, encontrei uma pequena gruta, me escondi e dormi.

Acordei lá pelo meio da tarde. Só então percebi o quanto estava com fome. Agora eu já tinha mais ou menos um mapa formado da arena e retornei para minhas armadilhas, encontrando dessa vez um esquilo morto. Acendi uma fogueira, esquentei rapidamente o esquilo e me mandei de lá na mesma hora.

Minha situação nunca estivera tão boa na arena. Alimentado, descansado e sabendo onde conseguir água. Até um esquilo cozido eu tenho. Percebo então que chegou a hora. Os dois dias anteriores eu me concentrei apenas em não ser morto. Mas agora finalmente chegou o momento de eu bolar uma estratégia de ataque.

Ando por duas horas retornando as peras. Como duas e estou saciado. Então resolvo retornar para a gruta, já que não há muito que fazer. Já está quase anoitecendo. Vou agir amanhã.

Penso em casa. Em como minha irmã está se virando sem mim e sem as tésseras. Por sorte, sei que minha família vai sobreviver, todos eles são ótimos agricultores. Penso também no humilde povo do Distrito 11, na família de Bianca, e então percebo que estou extremamente cansado. Não fisicamente, mas sim a mente. Nas últimas duas semanas eu fui exposto à tensão demais. Treinar, acordar, sorrir para as câmeras, encarar diariamente pessoas que logo teria de matar em uma arena macabra.

Quero ir para casa.

Um pássaro engraçado pousa num galho próximo a mim. Observo-o, nunca ouvi falar de nenhum animal parecido. Então o bicho começa a berrar ensandecidamente. Não estou falando de um assobio comum, só que alto. É um bestante da capital, que tem uma sirene na boca. Mais um truque da arena. E então finalmente cai a ficha do objetivo daquele bestante.

Depois do banho de sangue, apenas um tributo morreu. Os Jogos deviam estar ficando entediantes. Só posso imaginar uma coisa. O pássaro é um imã para atrair alguém a mim. E quem pode estar caçando tributos nessa zona, após uma fogueira ser acesa a cerca de 2 km daqui?

É tarde demais. O bando de Carreirista me avista. Blaster na frente. Morgan e Ayla atrás. Não fico para ver se os outros dois estão aqui também, Blaster vem correndo em minha direção. Lança na mão, olhar fixo. Viro-me e corro.

Disparo e apenas alguns segundo depois percebo que não sei para onde estou indo. Meu medo inicial me impediu de racionar sobre a direção que eu estava tomando. Agora não faço a menor ideia da direção em que sigo, e pior, tenho que me concentrar exclusivamente em correr. Sou rápido, e estou em minha melhor forma física. Tenho que me distancia de Blaster agora.

Estamos muito rápidos, a adrenalina me impele a continuar. Blaster, em seu instinto assassino vem, como um psicopata, se aproximando a cada segundo, a cada metro de sua presa. Eu. Morgan também já está emparelhado com ele. Quando Blaster está a uma distancia suficientemente próxima, eu escuto Morgan gritar:

- NÃO! Não faça isso Blaster.

Vocês terão que roubar as armas dos Carreiristas...

Mas é tarde demais. Blaster arremessou sua lança em minha direção, e como nós dois estamos em movimento, errou. A lança se cravou em uma árvore a minha frente. Minha lança.

Tudo a seguir acontece em um milésimo de segundo. Há um problema. Se eu parar para pegar a lança, perderei alguns segundos, que irão causar minha morte. Se eu carregar a lança, perderei velocidade, se eu enfrentá-los, é morte cera.

O que fazer? Essa oportunidade é boa demais para ser desperdiçada. Vou pegar e jogar, com sorte consigo matar um. Pego a lança. É claro que eu tive que parar. Morgan, que portava uma espada, se escorou atrás de uma árvore. Ayla também, arco e flecha na mão, já armando. E então vi meu alvo. Blaster avançava incansavelmente contra mim. Espada na mão. Chegando cada vez mais perto. 20 metros, 10 metros. A lança voa de minha mão e encontra seu peito, em um arremesso perfeito. Blaster cai. Não devia subestimar tanto assim seus adversários.

Não tenho tempo de comemorar, Ayla já está preparada para atirar e Morgan já voltou em minha perseguição.

A flecha me faz um pequeno corte no pescoço, na hora que me viro e disparo floresta adentro. Finalmente vejo minha salvação, ou minha morte. O despenhadeiro. Embaixo o rio. Minha única chance de fuga. Ayla pega mais uma flecha e eu pulo.

Uma queda de 20 metros. Preparo-me para cair cortando a água, de maneira que me machuque pouco. Fugi dos Carreiristas, o que realmente importava e talvez até tenha matado um.  A sensação de liberdade contrasta com a insegurança da queda. Escuto o tiro de canhão meio segundo antes de cair na água.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ficou bom? Eu amo comentários =)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The 29th Hunger Games!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.