Já eram cinco horas da manhã quando consegui dormir. E quase seis quando acordei, menos de uma hora de sono. Dormir tarde e acordar cedo, a pior combinação de todas, algo que eu faço todos os dias. Apenas aceito "ligar" minha mente por que o quanto mais dormir, mais chances de morrer.

Talvez seja o fato de eu estar em uma corrida, em que o vencedor sobrevive e o perdedor... bem, o perdedor perde o direito de viver. Sim, eu precisava ganhar, precisa me manter vivo, afinal, quem mais realizaria o brilhante feito de ser... eu, Cato Desher, o Collapse! ... Brincadeiras a parte, eu tenho amor suficiente a minha vida para querer permanecer vivo. E depois das inúmeras vezes que estive próximo a morte, tenho certeza que prefiro manter meu coração batendo. Mas para finalmente respirar tranquilo, eu precisava "mantê-la" longe de mim, ela, a garota incrívelmente rápida para fugir de meus seguranças, e ainda incrívelmente esperta para me encurralar nas situações mais surpreendentes! Sem nem ao menos saber o motivo, eu tinha uma inimiga, que queria a qualquer custo me matar. Não importasse quantas pessoas estivessem ao meu redor, ela conseguia aparecer e tentar me ferir gravemente, não importa o quão seguro seja o local que eu estivesse, ela conseguiria se infiltrar nele.

Se pudesse descrever essa garota em uma única palavra... bem, seria NINJA!

Ela estava sendo procurada por homicídio etentativa de homicídio em mais de 40 países (sem contar que muitos a matariam se pusessem as mãos nela), oque faz parecer que ela tem uma ambição maior, algo que poderá custar minha vida tão protegida.

E eu apenas tive a sorte(ou azar) de ser "especial", se é que se pode assim dizer. Os feitos de todos os outros pesquisadores e detetives juntos cresciam a minha sombra, segundo os mais famosos jornais, o mundo nunca estaria a minha altura, segundo os mais importantes canais de televisão, e que eu sou o maior prodígio de minha geração, segundo sites conhecidos da internet. Mas eu sempre seria apenas um jovem de 17 anos que nasceu com uma capacidade de captar as coisas e agora tinha influência de detetives famosos e, possivelmente, loucos.

E nem assim eu conseguia vencer a garota ninja, que sempre me superava em certos termos. Principalmente em identidade, enquanto eu apenas conhecia sua face, ela sabia tudo sobre mim, rosto, nome, família.

Na verdade, nem a vi direito para saber como me refirir a ela, apenas sei que seus olhos verdes são extremamente assustadores quando possuem a expressão assassina. E também, que seus longos cabelos negros, acompanhando as roupas que geralmente usava, a deixavam extremamente... Normal, normal e difícil de se reparar. Novamente anunciando, NINJA! Uma ninja sempre pronta para me matar.

Talvez em parte seja culpa minha, ao mostrar meu rosto em público, quando fui diversas vezes avisado para apenas... manter minha identidade em sigilo. Eu deveria ser conhecido no mundo como "Collapse", o nome ridículo escolhido por meus pais para ainda sobrar honras no nome da família. Eles não aceitavam essa minha carreira repentina, e certamente não queriam que eu fosse reconhecido, para que o único orgulho deles fossem as indústrias Desher. Mas... ah, qual é?! Que pessoa no mundo não gostaria de fama? Por isso que agora, eu era Cato Desher, o mais jovem e famoso detetive do mundo. Bom, talvez não o mais habilidoso, mas minha idade favoreceu muito minha fama.

Para minha sorte, se não já estaria morto, minha "inimiga" sempre me atacar quando há testemunhas, como se quisesse um reconhecimento respeitável.

E é simplesmente por isso que ser famoso não presta. Não, ser famoso é até legal, o que não presta é correr risco de vida. Dormir pouco, ter seguranças sempre por perto, não poder ter muito contato com o mundo...

– Cato? - perguntou um dos segurança, batendo na porta. Eu os proibia de entrar no quarto, para pelo menos enquanto eu tinha minhas poucas horas de sono eu ficava "sozinho".

– Hm, pode entrar. Oque foi?

— Quer alguma coisa antes de irmos? Vamos fazer uma longa viagem até New York.

– Pera aí! New York? Porque pra lá? — eu disse, surpreso e resmungando, enquanto me levantava da cama.

Era a primeira vez que eu iria até lá depois do primeiro ataque que recebi da garota ninja. Eu tinha uns 15 anos, acho, e estava apenas andando pelas ruas, sem nada a fazer, e com certeza sem esperar por algo do gênero. Eu estava apenas visitando a cidade, mas a ninja estava a serviço. Tirando o fato de eu ter uma sorte tremenda para desviar das lâminas que ela me lançou e vítimas inocentes mortas, foi até um bom negócio para ela, afinal, lhe rendeu alguma fama. Conhecida como "A Garota das Facas", que quase ameaçou a segurança do prodígio mundial. E os ataques me perseguiram aonde quer que eu fosse, mas ela sempre foi esperta o suficiente para se manter escondida.

— É, seus pais estão lá, eles querem falar com você, e pode ser um bom momento para prendermos a... hm, a garota.

Assenti. Assim como eu, o segurança sabia que a garota me seguiria. Havia uma grande possibilidade de ela estar por perto, até mesmo na seguraça de minha casa, que na minha opinião, ficava a três quadras de lugar nenhum.

Isso me leva a pensar, oque ela queria comigo? Se eu fosse um cantor, um ator, algum famoso, talvez ela fosse apenas uma fã louca, mas qual deve ser o prazer de tentar assassinar um projeto de detetive, um nerd famoso por desvendar casos importantes da polícia usando alta tecnologia e técnicas de dedução?

— Você vai querer algo ou não?

— Ah, não, estou bem... Só vou arrumar as coisas...

— Ótimo, e se vista direito. Cuidado.

Ele bateu a porta de meu quarto, e eu me joguei novamente na cama, sobre os lençóis azuis, sem me preocupar com o fato de estar correndo perigo, tentando me concentrar no caso que tinha recebido alguns dias atrás, um serial killer americano.

—Humpf! Esses caras não prestam.— eu digo a mim mesmo, tentando ligar as pistas do assassino. O fato das vítimas estarem nos USA só revelavam pistas sobre o homicida. E também suas preferências, os corpos apareciam intactos, porém sem vida. Os lábios azulados poderiam indicar envenenamento... Eu precisaria investigar a cena do crime... Talvez a viagem me deixasse mais próximo do criminoso e da solução do caso.

Era fácil de me deixar levar, se tratando de meu trabalho. E eu "boiava" tanto, a ponto de não notar a garota ninja me observando, como ela estava fazendo agora. Sim, ela estava lá, enquanto eu estava envolvido em meus pensamentos. Na verdade, eu havia notado ela, mas considerando o modo como atacava, eu tinha minhas chances de investigar sozinho. Eu esperava um adversário mais digno, como ela deixava ser vista pelo alvo? Dois crimes solucionados com uma viagem só, o homicida e a ninja...

O Collapse estava em ação novamente. E estava subestimando sua adversária.