O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado


Capítulo 5
I.4 O mestre e o pupilo.




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Por detrás das copas verdes de árvores frondosas e altaneiras, para lá dos picos negros das montanhas, o sol punha-se, morrendo no horizonte em tons de vermelho e carmim. Soprava um vento frio e desagradável, mas os dois ainda lá estavam. O miúdo soltou um grito de guerra e tudo em redor tremeu. Faíscas saltaram do corpo, a energia que alimentava dentro de si soltou-se numa onda invisível que o envolveu. O mestre sorriu e algumas rugas acentuaram-se junto aos olhos negros. Colocou os punhos fechados nas ancas, admirou o poder do seu pequeno pupilo. Estava contente com os progressos e nunca pensara em conseguir aqueles resultados tão cedo. O miúdo cada dia era mais forte! E haveria de chegar o dia em que seria mais forte que ele. Então, o aluno superaria o mestre e a sua missão estava concluída.

Os ramos das árvores acalmaram, quando o miúdo conseguiu controlar a energia que gerava. Cerrou os dentes e, sem nunca desfitar o adversário, atirou-se numa corrida veloz na sua direção, pronto para atacar.

- Não, Ubo – disse Goku, levantando uma mão, dando ordem para parar. – Por hoje, os treinos acabaram.

O miúdo estacou num segundo. A crista de cabelo preto revolteou-se no ar, o rosto perdeu a agressividade. Juntou as mãos no peito e numa vénia disse:

- Hai, sensei. Devo dizer-lhe que também estou cansado.

Goku fez uma expressão aborrecida. A deferência com que Ubo o tratava era, por vezes, excessiva. Quando se tinha treinado com Mutenroshi, o seu primeiro mestre – sem contar com o seu avô adotivo, Son Gohan – nunca houvera nada daquela distância respeitosa entre mestre e aluno. Apesar de, recordou a sorrir, Mutenroshi ter sempre tentado ensinar-lhe boas maneiras. Mas como é que alguém conseguia ter boas maneiras ao lado de Mutenroshi?

- Hum, o treino foi bom – comentou Goku.

- Hai, sensei. Hoje aprendi muitas coisas. A principal foi conseguir dominar a raiva que tenho dentro de mim e que me dá toda esta força.

Goku concordou e ficou a admirar o pequeno que um dia decidira levar consigo para treinar. Fora há três anos, no último torneio de artes marciais em que participara. Quando o conhecera, sabia que era ele o dono da força imensa que havia sentido dias trás. Mas assustara-se a valer quando percebera que era ainda mais forte do que julgara e quase que entrara em pânico a pensar no que seria do planeta se Ubo crescesse sem um treino adequado. A sua raiva, quando despoletada, não conhecia limites. A reencarnação de Majin Bu! O monstro que tinha eliminado dez anos antes! Ora… tinha sido o seu desejo, não tinha? Pedira a Porunga que reencarnasse a alma de Majin Bu para um dia tornar a bater-se contra ele.

Fora a batalha mais terrível que enfrentara e recordou-se dela, quando olhou para o horizonte onde o sol desaparecia, engolido por um mar de fogo. O combate contra Majin Bu… Apesar de todo o mal que causara a si, aos seus e ao mundo, dera-lhe igualmente muitas coisas. Graças a Majin Bu ensinara ao filho mais novo, Goten, a Técnica da Fusão, o outro filho, Gohan, aumentara extraordinariamente o seu poder, recuperara a vida perdida no torneio do Cell e combatera pela primeira vez ao lado de um dos maiores guerreiros que jamais conhecera e que sempre admirara: Vegeta.

Belos tempos, em que tinham um monstro para eliminar, em que procuravam as bolas de dragão, em que o sangue saiya-jin fervilhava nas veias com a excitação dos próximos combates.

Agora, tinha Ubo e era um sensei. Mas não se devia queixar. Estava a fazer exatamente aquilo que sempre tinha feito ao longo da vida. Salvava a Terra! Se não era por meio de combates, fazia-o ensinando aquele miúdo a controlar o seu poder para que, um dia, não se servisse dele para acabar com o planeta. Dava tudo ao mesmo. E Goku podia-se considerar satisfeito. Mas o seu sorriso entristeceu.

- Passa-se alguma coisa, sensei? – Perguntou Ubo.

- Não, Ubo. Não é nada. – E riu-se para disfarçar um sentimento mais profundo. – Já há muito tempo que não vou visitar a minha família. Estava aqui a pensar e decidi ir visitá-la hoje.

- Acho que é uma boa ideia, sensei.

- Mas só depois de comer! – Exclamou Goku e logo o seu olhar se iluminou de alegria. – Estou cá com uma fome… Vamos caçar alguma coisa juntos, fazer um grande banquete, porque hoje tenho vontade de comer até rebentar.

Ubo desatou a rir.

- Mas o sensei come sempre até rebentar! Se eu comesse assim tanto, estava feito numa bola.

Os dois partiram pela floresta adentro à procura do jantar. Comeram à volta de uma alegre fogueira. Depois, Goku deixou o seu pupilo no abrigo que os dois tinham construído naquele lugar que usavam para os treinos mais intensos, longe da ilha onde moravam e, utilizando a técnica Shunkan Idou, deixou as montanhas por aquela noite.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
O reencontro com o espírito da montanha.



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