Planeta Astrozona escrita por Natália


Capítulo 8
Abrindo os olhos para a realidade.




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O sol brilhava iluminando o jardim da mansão Astrozona. A tarde era quente e o céu azul e sem nuvens. A única parte com alguma sombra era embaixo da Velha Arvore, plantada ali a muito tempo, na época que a mansão foi construída. As raízes grossas presas ao chão e ramos de pequenas flores brancas deixavam um visual de época. Ali embaixo, sozinho, estava Gabriel. Pensava em algo... Não. Não pensava em nada. Não conseguia pensar. E logo percebeu a menina que se aproximava, Bia.

– Oi. - Ela abriu um lindo e meigo sorriso.

– Oi. - Ele respondeu sem animo, tentando parecer simpático.

– O que foi Gabriel? - Ela sentou-se ao seu lado.

– Nada. - Ele disse antes de encara-la, mas quando o fez, acabou por abrir o jogo. - Eu sou tão problemático. Minha vida é tão seca, como meu elemento. Não tenho namorada, talvez tenha medo...

– Você só precisa ser amado!

– Ah, pra você é fácil. Queria ter seu Sol em Peixes. - Ele disse. - Minha vida seria mais doce...

– Quer pirulito? - Ela disse tirando um pirulito do bolso. Ele riu. - Tudo fica mais doce com pirulito.

– Por que gosta de mim? Ninguém gosta de mim...

– Eu sou alguém! - Ela disse em tom de birra. - E eu gosto de você, seu bobo.

Bia ergueu a mão até uma das florzinhas delicadas da arvore. Retirou uma.

– Toma. - Ela depositou a florzinha sobre o peito do rapaz.

– Pra que?

– Quero florir sua vida.

Ele sorriu e beijou o rosto da loirinha. Ela levantou-se e saiu sorridente. E ele ficou analisando-a até que ela sumisse ao entrar na mansão.


***


Estava passeando pelos arredores da enorme mansão, e acabei adentrando uma parte que ainda desconhecia, o corredor era estreito e até um pouco escuro, ainda assim, com um pouco de tensão, decidi encarar e ir até onde pudesse – já que minha curiosidade falava mais alto – e me deparei com uma porta gigantesca, ela possuía três fechaduras e um local para digitar um código de acesso. Sem entender do que se tratava, apenas tocava aquela porta acinzentada e fria, que me causavam calafrios, depois toquei-a um pouco, naquela falsa esperança de que alguma coisa poderia acontecer, ou quem sabe estivesse alguém lá dentro e pudesse me atender, o ideal era arriscar, são tantas hipóteses.

Ouvi alguns passos e por algum segundo acreditei que o toque tinha realmente servido pra algo, olhei pra trás e os barulhos do passo haviam parado, mas foi só por um instante. Dessa vez eles voltariam ainda mais altos e assim que tornei a olhar, notei a sombra sumir com o aparecimento daquele rapaz de olhos verdes, tão lindos que mesmo naquela escuridão, conseguiam ter o seu próprio brilho.

– O que faz aqui, garota? – Ele perguntou diante de mim com um jeito tão diplomático – Sabia que esse lugar é restrito? – Ele disse num tom mais sério – Bem... Era pra ser, mas digamos que não é comum as pessoas virem aqui.

– Tudo bem, mas então me responda apenas duas perguntas. – Eu disse ainda um pouco confusa. – Quem é você e o que é esta porta?

– Meu nome é Frank e sou o membro mais antigo daqui, com um tempo de oito anos – ele dizia, do jeito mais natural do mundo – E essa porta é a porta dos moderadores, ou seja, daquele que lidera, ou pelo menos deveria liderar isso aqui!

– Você disse liderar? – Choquei-me com tudo aquilo – que irônico, tentei arranjar alguém para liderar isso aqui. – Disse meio sem graça.

– Pois saiba que isso nem adianta muito. A pessoa poderia até botar ordem, mas liderar de verdade, ela só lidera com essa sala.

– E o que faz o líder? E onde está o nosso moderador? – Fazia eu, tantas perguntas incansáveis, eram muitas perguntas sem resposta.

– Acho melhor eu te explicar em outro lugar, aqui tá escuro demais pra conversarmos, aproveita e preparo um chazinho de morango pra nós.

– Um chá de morango? Oh, eu nunca tomei, fiquei curiosa agora.

– Pois é muito bom! – Ele finalizou, me levando para um lugar bem familiar.


***


Estavam reunidos na sala, sentados em vários pufes espalhados: Marina, Beterraba, Elyza, Herculano – Sendo que cada casal estavam sentados juntos – Márcia e Alexandre. Enquanto tudo parecia tranquilo, Lolla chegava tensa e suando frio, com uma notícia que retomaria aquele lugar ao velho mistério.

– Laura Consuelo está entre nós – Ela pausou ainda ofegante – é sério gente. Tive a impressão de tê-la visto assim que saia do meu quarto. Pude ouvir sua voz ainda no corredor, e quando olhei pra direção contrária, avistei aquela mulher de cabelos curtos, sumir em menos de um segundo.

Todos ficaram perplexos com o que ouviram, desde que foram para a Entendendo Astrologia, Laura Consuelo havia tomado um repentino sumiço, mas dessa vez, parecia ser permanente. Talvez ela descobrira que a velha zona estava na ativa.


***


Enquanto a notícia corria pela mansão, eu e Frank conversávamos na mansão da Entendendo Astrologia, onde ele sempre mantinha uma salinha em vista, para quando surgissem visitas.

Enquanto ele colocava um pouquinho de chá pra mim, eu decidi tocar no assunto que me intrigava.

– E então? Conte-me tudo o que você sabe!

– Pois agora vamos ao que interessa – Ele sorriu com toda a sua diplomacia venusiana – Aquela sala era do dono da mansão, lá estava verdadeiramente todas as coisas precisas para se liderar. Ele poderia expulsar alguém a hora que quisesse, poderia vigiar todos os nossos passos, ele tinha autoridade pra chamar a atenção das pessoas, e punir a todos, entre tantas outras milhares de funções. O importante é que ele era o verdadeiro Manda-Chuva do local. O seu nome era Marcelo. – Ele pausou, enquanto tomava um gole do chá que estava sob a mesa esbranquiçada – Marcelo era pisciano, mas um líder nato. Lembro-me ainda dele, chegamos a nos conhecer, mas, não sei o que houve, lá pelos idos de 2007 ele simplesmente desapareceu – Frank Suspirou – alguns boatos muito fortes dizem que ele sofreu um acidente de carro a três anos atrás e acabou falecendo, mas que me desculpem todos – ele gesticulou com os dedos – eu não acredito nessa história. – Olhou-me seriamente e terminou – Eu acredito que ele estava apenas cansado dessa vida de Astrozona e foi embora, sem deixar vestígios, é, foi isso!

– Mas que história mais estranha, não? – Intriguei-me enquanto dava os últimos goles do chá.

– A Astrozona é estranha, querida, você não viu nada – ele disse seguido de uma risadinha.

– Vamos lá, quero que me conte mais coisas. - Me exaltei.

– Tudo bem, verei aonde eu começo – Dizia ainda pensativo. – Olha, saiba que a Astrozona é cercada de pessoas mal-intencionadas, como... Por exemplo, a Laura Consuelo, já ouviu falar dela?

– Laura Consuelo? – Perguntei, com imensa curiosidade.


***


Shaka passeava pela Astrozona e reparou como as coisas andavam mais frias por lá, todos com expressões mais sérias. Ele subiu até o corredor de quartos – o mesmo que Lolla havia avistado Laura – e acabou sendo surpreendido por mãos femininas que cobriam seu rosto, até serem retiradas rapidamente.

– Olá docinho! Fico feliz em te ver por aqui. – A voz feminina e de tom sexy sussurrou no ouvido direito do loiro, enquanto segurava seu pescoço.

– Laura! – Espantou-se ao se deparar com aquela figura de pele clara e aqueles mesmos cabelos curtos e um pouco despenteados, acastanhados claramente. – Mas o que está fazendo aqui?

Ela deu uma risadinha e respondeu:

– Estava com saudades de aprontar por aqui. Quando soube que a Astrozona estava na ativa novamente, não me hesitei em retornar. – Dizia fazendo caras e bocas tipicamente geminianas.

– Hm, sei. E suponho que vai botar a desordem por aqui. – Desconfiou-se

– Mas isso é assunto pra outro dia, tá bom querido? – Dizia tentando segurar a risada carregada de maldade – Um dia... - ela repetia enquanto encarava-o com seus estímulos misteriosos. – Agora preciso me reapresentar para os demais, o show só está começando, baby! – Ela completou, visivelmente empolgada, enquanto gesticulava exageradamente.


Shaka apenas encarava-a, sua cara era de quem a consideraria uma típica retardada, e bem que ela era mesmo.


***


– Laura é uma espécie de pessoa, que existe para irritar os outros, ou seja, ela é uma “troll”, sim, troll é uma gíria que todos nós usamos para identificar uma pessoa que gosta de provocar, brigar e irritar. Ela está lá para isso, pra causar discórdia na gente, mas ainda assim... não sei...

Frank parecia confuso e queria me dizer algo, mas talvez não sabia se era o certo.

– Eu apenas quero dizer que, apesar de Laura ser a maior referência das coisas ruins que lá acontecem, e de ser a maior acusada também, eu não acredito nem um pouco de que ela seja a única, e que talvez ela não esteja nem por trás de metade das maldades que achamos que ela está. – Ele refletiu mais um pouco – Ela é uma das poucas que dá sua cara a tapa e por isso, tudo acaba caindo nas costas dela, mas quem conhece aquele lugar tão bem assim, sabe que a Astrozona é tão misteriosa, que até pessoas que mal conseguimos imaginar, podem estar por trás de certas coisas que lá acontecem. Talvez pessoas que até então nem lembrávamos mais de tal existência.

Já era o segundo chá que encerrávamos, estávamos cheios o suficiente, para apenas continuar insistindo naquela conversa mirabolante e que cada vez me causava mais ansiedade.

– Se engana quem acha que lá só há briguinhas tolas, quem dera! – Ele agora dizia num tom mais ameaçador!

– Oh! Conte-me, mais, por favor, Frank! – Eu implorava chegando num ponto de curiosidade máxima.

– Além de tudo, existia a aparição de pessoas reais, sendo clonadas. Era uma clonação perfeita, pareciam realmente serem feitas de carne e osso, mas só as pessoas com visões muito bem treinadas iriam reparar nas falhas daqueles clones.

Não sei como são feitos, apenas os envolvidos sabem e eles nunca ousarão em revelar pra gente.

Eu havia ficado boquiaberta com aquilo, o nível daquele lugar realmente era bem mais assustador do que eu já imaginava.

E antes de finalizar, ele me alertou:

– Não se tem muito que fazer pra não ser clonada, você só precisará de duas coisas: a primeira é sorte e a segunda: guarde bem suas fotos de corpo inteiro – Ele disse, contando nos dedos - é a única coisa que eu sei, que é com suas fotos que eles te clonam. - Concluiu

Apesar de ainda estar confusa em relação a certas coisas, decidi obedecer meu até então, novo amigo e tentar desviar a esses obstáculos.

– Isso é apenas o básico, a Astrozona é uma lenda urbana que parece não ter fim, portanto se um dia ainda quiser saber, posso lhe informá-la sobre mais coisas pendentes.

Eu espero que essas informações sejam de grande utilidade, nessa jornada, garota.

– Obrigada, Frank! Com certeza foi de muita ajuda – Eu sorri super agradecida.

– Disponha!


***


Hellen foi até a sala, onde quase todos, agora, já estavam reunidos, enquanto parecia inteiramente aflita. Sim, ela também havia cruzado com Laura numa das salas vazias da mansão. Todos permaneciam tensos com a situação, quando Shaka surge.

– Poxa, que situação rara de se ver, todos reunidos, hein? – Disse em um tom um pouco debochado.

– Quieto! Seu loiro chato querendo pagar de engraçado. Será que ainda não percebeu que Laurão voltou? – Disse Bia aos berros.

– Confesso que até agora boiei nessa história de Laura! – Complementa Elyza, que é concordada por Lê e Thaís.

Ouve-se um barulho estrondoso e nessa mesma hora, Pedro Shatran, querendo se passar por um protetor dos fracos e oprimidos, pula na frente de todos e diz: “Se afastem que vou cuidar desse monstrinho.”

Todos apreensivos e na hora H, o alarme falso soa. Era apenas... eu mesma, sim, eu, Natália, tinha acabado de chegar do meu encontro intelectual com Frank.

Todos estavam visivelmente “decepcionados”, pessoas confusas e inúmeras reclamações eram ouvidas ali e juro ter escutado algum maluco dizer: “Oras, cadê essa Laura?”

Pois não demorou muito não, eis que ela surge ainda do alto das escadas. Ela percorre o caminho para a sala, com o andar de verdadeira dama, mesmo sabendo que possuía alma de uma verdadeira vagabunda.

Sem escrúpulos, ela dá aquele sorrisinho tão irônico que chega a causar náuseas e finaliza soltando uma daquelas frases bem óbvias:

– Laura está de volta, pessoinhas! – disse enquanto fazia mais uma de suas poses, típicas de divas hollywoodianas.


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Notas finais do capítulo

Nome: Laura Consuelo
Idade: Desconhecida
Signo: Gêmeos

Nome: Marcelo
Idade: Desconhecida
Signo: Peixes



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