Planeta Astrozona escrita por Natália


Capítulo 7
Guerra entre Egos. Quem será o vencedor?




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Shaka e Tony andaram em passos lentos e ao meu lado pararam para discursar. Shaka explicava a situação de seu rigoroso chefe aquariano e pedia por paciência. Tony que notara o pessoal apreensivo usou de seu jeito calmo para tranquilizá-los, afirmando que assim que obtivessem uma resposta, nos avisaríamos.

Os cavaleiros foram aplaudidos em seu término e fiquei notavelmente feliz por isso...

Alguns dias haviam se passado desde o ocorrido e tentávamos nos virar com o que ainda restara. Até que ficamos sabendo da maravilhosa notícia. O rigoroso chefe havia atendido aos pedidos dos dois proprietários para nossa alegria. O pessoal vibrava à tona, porém, na Astrozona nem tudo era as mil maravilhas.

Na manhã daquela terça-feira e Natali foi praticamente forçada pelo pessoal desesperado, a preparar o arroz. O que eles não sabiam, é que talvez não fosse sua maior prática dentro da cozinha.

O cheiro de queimado era absurdamente notável, aquilo era de incomodar as estribeiras. E quem não poupou comentários fora Anderson, seu rival taurino.

- Deixaria-me provar disso um pouco? – Ele perguntou em tom sarcástico.

Ela não ‘respondeu’ com um olhar muito legal. Já estava preparada as suas ofensas, por mais que não agradasse. Ele fez questão de pegar uma colher e meter-lhe a boca.

- É. Está uma porcaria. Só precisava confirmar mesmo.

Como uma raivosa ariana, ela não levou desaforo para casa e retrucou:

- Porcaria é o que tua mãe carregou por nove meses na barriga.

Ele revirou com um olhar feito para matar. O resultado disso não poderia ser pior. Uma nova briga já esquentava aquele lugar.

A Astrozona estava numa péssima situação. Além da briga de odiadores do zodíaco. Ainda precisei ouvir mais uma vez, as incansáveis reclamações que o povo tinha com a vaidosa Thaís Leite e sua preocupação com as plásticas que faria no rosto quando fosse rica. Em outro lugar mais distante, percebera Gabriel novamente sendo taxado de retardado, com apenas Bia tratando-o com dignidade. Isso sem contar que há tempos não há ninguém para fazer uma faxina. Estava com mais pó do que quando o encontrei.

Estava a ponto de enlouquecer, asseguro que um hospício parecia mais normal que aquilo. Peguei um banco de madeira qualquer, subi nele na sala principal para tentar assumir algum tipo de autoridade, mas foi em vão, na hora de pedir para todos calarem a boca. Mercúrio em Libra tira toda a autoridade que poderia restar da minha personalidade mandona.

- Quer ajuda aí? – Perguntou o encantador de serpentes que me apareceu do nada. Sempre misterioso.

- Bom, se você puder, eu agradeceria – eu disse mesmo desconfiada daquele sujeito.

Ele ficou ao meu lado e começou a tocar seu instrumento. Todas as pessoas da mansão haviam ficado sonolentas, praticamente desmaiadas, agora o silêncio imperava. Apenas eu e o jovem encantador permanecíamos ilesos, nisso ele não deixou de comentar:

- Realmente... Fazer você cair em meus encantos é mais difícil do que eu pensei.

- Vai tentando. Quem sabe uma hora você não consegue? – Não resisti em dizer, seguido de uma piscadela.

Logo, certa de que todos estavam em silêncio e poderiam escutar-me, decidi dar início ao meu discurso:

- Senhores moradores dessa mansão, estive... – interrompi por um momento e não senti atenção da parte deles – Vocês estão me ouvindo? – Perguntei.

Sem resposta, todos estavam dormindo.

- É ninfeta, acho que ninguém está dando a mínima bola, lamento por você! – Disse enquanto dava tapinhas no meu ombro, querendo me pôr como coitadinha.

- Não diga as coisas tão cedo, Sr. É só eu gritar BEM ALTO E TODO MUNDO VAI ACORDAR! – Emendei o vozeirão.

- Parece que não tem jeito mesmo. – Ele disso seguido de uma risada, provocando a minha ira – Desista! – terminou ele.

- Eu desistir? Está gozando da minha cara, criatura? Só pra começar, a culpa foi exclusivamente SUA – falei apontando-o – Você é tão inteligente que nem chegou a pensar que isso aconteceria.

- Na verdade, a culpa é da minha flauta.

- Viu só, como sempre está com uma piadinha na ponta da língua? Aposto que isso deve ter sido proposital.

- Esse é o preço que eu pago por tentar lhe ajudar. Como é uma moça ingrata. – Disse ao balançar a cabeça negativamente.

- Será que eu deveria mesmo agradecer por ter piorado minha situação?

- Calem a boca! – Gritou Pedro ali no fundo – Parece que vocês não vão parar nunca com essa gritaria? Eu estava aqui dormindo e vocês me interromperam na melhor parte do sonho, estou indignado com essa filha da putagem de vocês, como podem ser tão escandalosos assim, eu não consigo entender porque vocês....

Enquanto ele continuava discursando, virei-me para o Sr Ophiuchus e perguntei:

- Que tal a gente ir fazer um lanchinho, já que estamos sem almoço?

- É... Acho uma boa – Ele disse enquanto passava a mão na região do estômago.

***

Depois de meia hora, finalmente havia conseguido reunir todos e contar a minha ideia:

- Estive pensando e como agora moramos aqui, acredito que precisamos de um líder, exatamente como Shaka e Tony, precisamos de uma mente inteligente e dominadora e é por isso estou querendo convoca-los. – Pausei um pouco e tornei a continuar – O negócio é simples, vocês apenas precisam responder a simples pergunta: “Por que eu devo me tornar líder da Astrozona?” eu, Bia e Elyza vamos ser as juradas.

Todos concordaram, em poucos minutos a nossa bancada de madeira estava feita, sendo caixotes que achamos no quintal da mansão, onde anotávamos cada resposta em folhas de sulfite que estavam bem guardadas e em ótimo estado.

Primeiro surgiu uma garota ruiva, com mais de 1,80 de altura, branca e usando um batom vermelho bem acentuado, um vestido preto que valorizava suas curvas. Ah sim, era a Natali, parecia estar pronta para uma entrevista de emprego, bem, só parecia:

- Então, Por que você deve se tornar líder da Astrozona? - Eu perguntei.

- Porque eu seria a líder mais liberal que existe, vejamos, a Astrozona, é uma ZONA – ela enfatizou – Não conseguiria impor tantas regras, nem organizar isso aqui, senão não seria a Astrozona.

Olhei para minhas companheiras, que apenas deram de ombros e não sabiam o que fazer. Anotei a resposta na folha e agradeci pela sua participação, mesmo sem ter uma opinião concreta, o ideal seria observar os demais candidatos também, aquela seria apenas a primeira de tantos.

O segundo candidato chegou, oras, que surpresa a minha! O que Byll estivera fazendo ali? Ele não havia saído de lá?

- Poxa Byll, que surpresa boa, o que lhe fez se candidatar a isso?

- Eu sei que sou uma surpresa boa – elogiou-se levantando as sobrancelhas e dando um sorrisinho egocêntrico – Vim fazer uma visitinha a minha namorada e não pude deixar de ignorar isso. Se eu for o líder da Astrozona, largarei tudo só pra vir cuidar dessa casa linda – extravagou-se de forma exagerada e expressiva. Estava achando aquilo muito bizarro, mas vindo dele, me contive.

- E então? Qual a sua justificativa?

- Como assim? “Qual a minha justificativa” – ele disse tentando me imitar em tom irônico – eu acabei de dizer, porque eu vou largar TUDO, leia-se a minha vida publicitária também, você acha isso um motivo tolo?

Eu fiquei sem saber responder e Elyza entornou a dizer:

- Eu acho que ela quer motivos mais específicos, além disso.

Ele fez aquela cara de impaciente, num impulso subiu na nossa bancada e foi direto em sua “resposta”:

- Porque sou lindo, gostoso e divo demais, esse lugar comigo aqui, vai ficar nos trinques, sobre controle e perfeito, porque eu sou perfeito. – Disse seguido de uma piscadela.

Nisso chegou Herculano, com aquela de cara de marrento, como se tivesse chegado em casa depois daquele dia infernal.

- Ok galã, acho que sua vez já acabou. – Disse ele bem seco.

- Escuta aqui, seu troglodita, acho que ninguém te chamou pra conversa. – Byll tentou ironizar.

- Chega, seu magricela. Ninguém fala assim comigo! – Disse enquanto segurava Byll firmemente pela camiseta e encarava-o cheio de ódio.

- Ui, olha só pra mim, sou...

- CHEGA! – Interrompi num só grito que ecoou a sala toda com minha fúria escorpiana o deboche do libriano e a macheza escrota do leonino que estavam causando-me náuseas temporárias.

- Olha só! A escoriana finalmente conseguiu chamar a atenção de alguém, isso é um milagre. Devo noticiar esse fato?

Olhei com a maior cara de reprovação, não ousei em responder, acho que só a minha expressão já era um tipo de resposta. O garotinho apenas se opôs a mim e saiu-se de fininho, dei um pequeno riso de aprovação, é claro, as coisas estavam começando a melhorar pra mim.

- Vejamos... Quem é o próximo? – Perguntei.

Eis que surge o gordinho maltrapilho com aquela cara de quem acabou de fugir do hospício, o Gabriel, obviamente, que já conseguiu arrancar um sorrisinho da Bia. Sua resposta era tão maluca quanto a sua cara.

- Primeiramente, se eu for o líder, irei provar que a Astrologia é uma grande mentira! Segundamente, se eu for o líder, irei distribuir calopsitas em todos os ambientes da casa, para vender e também para essa mansão feia e caída, tornar um lugar mais bonito.

E terceiramente, se eu for o líder, iremos ler a Bíblia, todos os dias, pois é muito melhor do que perder tempo com essa bobagem de signos.

Terminado o discurso, nem me dei ao trabalho de escrever sua opinião, apenas coloquei uma carinha triste e mostrei pra ele, Bia, entretanto, não gostou da minha reação e colocou uma carinha bem alegre. Elyza olhou para Bia com aquela cara de poucos amigos e colocou a mesma expressão que eu.

- Vocês estão exagerando, não acham? – Disse Bia emburrada.

- Não, a gente não acha! – respondeu Elyza, visivelmente inconformada.

No mesmo instante, chamei outra candidata, ela era uma morena muito bonita, cabelos negros e aquela expressão sempre atraente em seu rosto, com sua voz carioca e marcante. Juliana era o nome dela, ou simplesmente, Ju, como a chamávamos, ela decidiu descer a lenha no garoto das calopsitas.

- Eu, se eu fosse líder da Astrozona, simplesmente expulsaria esse Gabriel maluco daqui.

Eu e Elyza concordamos e sorrimos. Tudo bem que, não tinha sido a resposta que queríamos, mas de tantas absurdas, finalmente alguma um pouco concreta. Bia cruzou os braços e demonstrava não estar nem um pouco de acordo com isso, parecia que a qualquer momento, iria pedir pra sair do júri. E assim que íamos continuar, a loirinha levantou-se.

- Já que é pra vocês atacarem meu fofuxo assim, então lamento informar, mas estou saindo daqui, não me sinto bem, sabendo que sou a única com uma opinião contrária.

E simplesmente se foi, sem mais dizeres...

***

Olhava cada papel, com a certa impressão de que havia apenas gastado tinta à toa, parecia que o pessoal não tinha muito espírito de liderança. Elyza olhava com uma cara de reprovação, talvez houvesse umas cinco respostas que estavam no nível médio de exigência nossa.

- Nossa, mas que gritaria é essa? – Perguntou-me Lyz, ao ouvir alguns ruídos que arranhavam-me a audição, vindo de pessoas sem civilização alguma.

- Vamos verificar! – Eu sugeri.

Saímos do nosso quarto e fomos escada abaixo. A cena era de horror, todo mundo resolveu que hoje era dia de brigas. Conseguia escutar algumas palavras soltas, como: Eu, melhor, ganhar... Além de inúmeras palavras chulas e que demonstravam apenas o que já eu deveria ter esperado, antes de propor uma ideia tão idiota... Briga de egos!

Deixa-me ver se me lembro... De um lado avistava o trio Lê, Pedro e Herculano em algo que parecia ser uma discussão em forma de suruba, eram uns puxões de cabelo, alguns empurrões e muita gritaria, que se eu não os conhecesse tão bem, diria que estavam promovendo uma espécie de sexo masoquista em publico, só faltava mesmo era tirar a roupa, mas imagino que no fundo, eles se amavam sim.

Do outro lado brigavam Natali, Anderson – isso é tão óbvio quanto briga de marido e mulher – e a Thaís Leite, que sinto que estava ali de penetra, porque esta adora importunar quem que seja.

Enfim... eu faria quase que um livro, só contando os detalhes de cada briga que ali ocorria, mas poderia afirmar que noventa por cento do pessoal estavam envolvidos, algumas brigas chegaram ao estado físico e nem preciso dizer que a sala estava numa bagunça sem fim.

Não gastei voz, esperei todos se esgotarem de cansaço, esperei aquela guerra infinita terminar, esperei todo aquele bando de egocêntricos que agiam como se fossem leoninos, parar.

Descemos toda a escada, enquanto eu os encarava minuciosamente, todos permaneciam sentados no chão imundo de poeira e de pedaços de objetos quebrados – eles pouco se importavam pra isso – no qual iniciei meu discurso irônico:

- Estive observando o maravilhoso show de vocês e preciso admitir: Vocês foram ridiculamente escrotos, um líder de verdade jamais assumiria um papel tão horroroso desses, um líder de verdade, bate no próprio peito, diz que é o melhor e está pouco se lixando de quem discorda dele, porque pra um líder, o que importa é apenas o que ele acha. Líderes não brigam com os outros pra discutir quem é o melhor, eles tem consciência de que não precisam disso.

Portanto, ninguém aqui ganhou nada... E mesmo aqueles que não participaram da briga, por favor, me entregaram respostas horríveis, ninguém aqui tem nível o suficiente pra exercer esse papel. – Finalizei.

Quase todos se revoltaram, é claro, mas a conclusão de que pude chegar, é que um lugar louco como esse, não tem mesmo suporte pra um líder, talvez todos nós sejamos o nosso próprio líder. Alguns membros bem que já estavam conscientes disso, esse concurso foi uma grande besteira. Astrozona, sem ser uma zona, perde o sentido de seu significado (e seu nome).


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