Capítulo 6 – Um piano... Uma melodia... Um sentimento.

Inuyasha decidiu ir até a floricultura. Entrou e se deparou com Ayame no balcão, que logo o avistou.

- Oi Inuyasha. –Ela disse sorrindo. –Veio comprar flores para alguém?

- Oi Ayame. Bem, na verdade eu vi a Kagome entrando aqui e depois indo para o hospital... Daí eu fiquei curioso e resolvi dar uma passada aqui.

- Ah é. A Kagome também veio aqui ontem e fez o mesmo pedido. Três rosas vermelhas. –Ayame disse sorrindo. –Eu também me pergunto o que ela vai fazer no hospital. Mas eu não perguntei, vai que ela só vai visitar as crianças da recuperação?

- É... Deve ser isso. –Ele disse concluindo. –Bom, nós marcamos as 15:00 na casa da Kagome, fala para aquele lobo fedido, está bem?

- Quem é que é o lobo fedido, hein seu cara de cachorro? –Kouga disse aparecendo atrás de Inuyasha.

- Você mesmo. –Ele respondeu provocando.

- Seu... –Kouga disse ficando bravo.

- Podem ir parando por aí, seus dois estressadinhos. Vocês estão na minha loja, e eu não admito confusão, entendido? –Ayame disse com uma cara assustadora.

Kouga e Inuyasha ficaram quietos no mesmo instante.

- Nós marcamos de nos encontrar na casa da Kagome à 15:00. –Inuyasha disse com as mãos na nuca. –Parece que ela escreveu uma música, e nós vamos tocar.

- Sério? –Ayame perguntou surpresa. –Mas quando ela teve tempo para escrever essa música? Ontem, já era mais de 18:00 quando eu estive na casa dela. E ela disse que iria dormir.

- Vai saber. Bem, nós todos estamos ansiosos para ouvi-la cantar, não é? –Kouga disse.

- Claro. Ontem nós te tocamos alguma coisa, aliás, ela toca violino muito bem. –Inuyasha disse. –Mas ela não cantou. –Ele suspirou.

- Então a voz dela é um mistério... –Kouga disse analisando. –Pena que eu não posso colocar sobre a banda de vocês no jornal e no blog que vamos criar. Afinal, isso é uma surpresa para o Festival Escolar. –Ele suspirou.

- Isso mesmo. Nada de estragar a surpresa. –Ayame disse séria.

- Bem, eu vou indo. Até daqui a pouco. –Inuyasha disse saindo da loja.

- Até. –Ayame e Kouga responderam juntos.

Inuyasha olhou para o hospital. Nenhum sinal dela. Tomou seu rumo para sua casa.

Kagome estava no quarto de Souta, sentada na poltrona ao lado da cama do irmão mais novo. Ela acariciava os cabelos negros do mesmo, e segurava sua mão. Sorriu tristemente.

- Ah Souta... Você não tem idéia de como meu faz falta. –Ela disse tristemente. –Hoje o pessoal vai lá em casa... A Ayame, a Rin, a Sango, o Kouga, o Miroku... E o Inuyasha também. –Suspirou. –Aconteceu uma coisa hoje cedo... E eu quero ignorar esse assunto... Eu sinceramente espero que ele também ignore... Mas por que estou tão confusa a respeito daquele beijo? Eu não posso estar gostando do Inuyasha... Não posso.

O olhar dela ficou triste.

- Eles são boas pessoas... Mas eu não consigo sorrir verdadeiramente com eles... Depois do que aconteceu com você, eu mal sorrio de verdade. São sempre sorrisos falsos e perfeitos. –Ela aproximou do corpo do irmão. –Onegai Souta... Volta pra mim... –Lágrimas escorreram enquanto ela colocava a cabeça no colo do mais novo. –Eu sinto sua falta irmãozinho...

Kagome ficou algum tempo daquela maneira, chorava silenciosamente. Enxugou o rosto e olhou para o irmão. Acariciou o rosto sereno de Souta e depositou um beijo na testa do mesmo.

- Amanhã eu volto. Tchau Souta, eu te amo. –Ela disse e saiu do quarto.

Após algum tempo de caminhada, chegou em sua casa. Seus pais não estavam como de costume. Provavelmente ficariam o dia todo em reuniões. Olhou um bilhete preso na geladeira que confirmava seu pensamento. Ela colocou a bolsa e o skate no chão e preparou algo para comer. Subiu para seu quarto e se jogou na cama. Fechou os olhos durante algum tempo, e logo depois pegou um caderno que tinha na gaveta de sua cama. Começou a escrever nele, estava terminando sua música. Lógico, já tinha escrito outras, mas aquela era mais que especial... Terminou e guardou o caderno novamente. Saiu do quarto e foi até as últimas portas do corredor. Entrou na última. Era um pequeno estúdio com alguns instrumentos e com várias almofadas e três confortáveis sofás. Em um dos cantos, havia um piano. Fazia bastante tempo que ela não tocava algum instrumento daqueles. Sorriu amarga. Arrumou alguns lugares e posicionou tudo para os instrumentos. Saiu dali e voltou ao seu quarto para tomar um banho. Enrolou-se na toalha e abriu o guarda-roupa procurando algo para vestir. Queria algo mais leve...

Ding Dong...

Olhou o horário no celular. Eram 14:18. Será que era Ayame? Ajeitou a toalha no corpo, pegou um roupa e desceu as escadas vestindo-o. A campainha tocou mais uma vez e ela abriu a porta, deparando-se com Inuyasha com as mãos no bolso. Suas ações congelaram. O que ele fazia ali? Ainda faltava muito tempo para dar 15:00. Será que ele queria conversar sobre mais cedo? Não... Ela não queria conversar sobre o que tinha acontecido. Ele não podia apenas ignorar?

- Ahn, oi Inuyasha. –Ela disse ajeitando o roupão no corpo.

- Oi Kagome. –Ele disse. –Desculpe por ter vindo cedo de mais. –Ele disse olhando para o roupão.

- Entra. –Ela disse dando passagem para ele entrar.

Inuyasha entrou na casa e ficou admirando a decoração.

- Se você não se importa, eu vou subir e me trocar. Fique à vontade. –Kagome disse e subiu as escadas rapidamente.

Inuyasha se sentou no sofá e ficou encarando o teto. Tinha que falar com ela sobre aquilo, apenas não sabia a maneira certa.

Kagome andou rapidamente até seu quarto. Fechou a porta e sentou-se no chão, encostada à porta branca. Colocou a cabeça entre as pernas. Definitivamente não queria voltar até a sala. Suspirou. Contou até 10 mentalmente. Não queria mesmo se levantar, mas tinha... Tinha que enfrentar a realidade... Como sempre, aliás. Levantou-se vagarosamente e caminhou até o guarda-roupa. Procurou uma roupa leve, acabou vendo um vestido azul claro. Ela o usava quando saia com Souta. Ele dizia que ela parecia um anjo de tão linda... Sorriu fracamente enquanto olhava bem para o vestido e uma lágrima solitária escorreu do canto do seu olho.

Estendeu o vestido sobre sua cama e procurou a sapatilha que seu irmão achava que combinava perfeitamente com o vestido. Secou-se com a toalha calmamente e colocou a sapatilha. Logo em seguida, o vestido. Olhou-se no espelho de corpo inteiro que estava na parede. Lembrou-se de Souta abraçando-a, dizendo que estava linda. Deu um sorriso triste e segurou outra lágrima. Respirou fundo e abriu a porta, saindo do quarto.

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Andou em passos leves e silenciosos e parou no topo da escada. Sabia que Inuyasha iria falar sobre o beijo, e ela, teria que fazer algo. Desceu-a calmamente. Inuyasha virou-se para ela assim que percebeu sua presença. Ele ficou admirando-a... Parecia um anjo.

- Algo errado? –Ela perguntou calma.

Ele piscou algumas vezes e voltou à realidade. Negou com a cabeça.

- Quer alguma coisa? –Ela perguntou indo para a cozinha.

Antes que ele respondesse, Kagome já havia voltado com uma bandeja com uma jarra e dois copos com suco. Colocou a bandeja sobre a mesinha de centro da sala, sentou-se no sofá, com Inuyasha à sua frente. Entregou o copo com suco à ele e pegou o seu. Os dois ficaram calados.

- Kagome... –Ele a chamou quebrando o silêncio.

- Sim? –Ela perguntou encarando-o.

- Eu queria conversar com você sobre... O que aconteceu mais cedo. –Ele disse desviando os olhos para outro lugar.

Ela ficou quieta. Ele também. Ela já esperava por aquilo. Ele estava inseguro do que falar. Kagome tomou fôlego e o encarou.

- Inuyasha, aquilo... Apenas aconteceu. –Ela disse também desviando o olhar.

Ele a encarou um tanto quanto... Surpreso.

- Eu sei... Mas... –Ele disse tentando achar uma maneira de falar. –O que você quis dizer, que ninguém vai te entender? –Ele perguntou fitando-a.

- Você não entenderia. Por isto mesmo, não tenho o porquê de te explicar algo como isso. –Ela disse tomando suco.

- Mas por que você não me diz? –Ele perguntou insistente. –Não precisa ser necessariamente para mim... Mas talvez para Sango, Rin ou a Ayame. Elas são suas amigas, não são?

Kagome assentiu lentamente. Ele estava insistindo de mais.

- Olha Inuyasha... Vocês não entenderiam pelo que eu passo. Por isso mesmo, eu não quero envolve-los nesse assunto. Então, por favor, não me pergunte mais. Isso é algo... Difícil para falar. –Kagome disse por fim.

Os dois ficaram quietos novamente.

- Tudo bem então... –Inuyasha disse em um tom baixo. –Eu não falarei nada sobre isso com ninguém... Mas caso eles descubram, você vai ter que falar...

- Se esse momento chegar, eu não prometo nada. –Ela disse em um tom igualmente baixo.

Inuyasha a encarou confuso. O que ela quis dizer com aquilo? ...

Após Kagome ter dito aquilo, formou-se um silêncio sepulcral na sala.

- Ahn... Então... Onde vamos ensaiar? –Inuyasha perguntou e tomou o suco, tentando tomar outro rumo da conversa.

Kagome soltou um leve suspiro e levantou do sofá, seguida por Inuyasha.

- Vamos. –Ela disse simplesmente e passou a subir as escadas.

Ele foi atrás, um tanto quanto confuso. Os dois subiram as escadas e Kagome foi à frente, levando-o até a sala de música onde estava antes de tomar banho... Assim que ela abriu a porta e entrou, Inuyasha ficou de boca aberta.

Aquela sala era maior que a que tinha na casa dele. Isso é, sem contar os vários instrumentos que já haviam ali. Um piano num canto próximo à janela, uma prateleira com várias coisas todas organizadas aparentemente perfeitamente, um espaço para descanso com três sofás com uma mesinha de centro e com várias almofadas espalhadas por ali, uma espécie de um pequeno palco com caixas de som, equipamentos para som e efeitos especiais, e é claro... Três guitarras diferentes, um baixo, uma bateria, um teclado...

Inuyasha encarava tudo aquilo completamente maravilhado com o que via.

- Uau... –Era tudo que ele conseguia dizer.

Kagome não disse nada, apenas se escorou no batente da janela. Já deviam ser 14:30 ou por aí...

- Ei Kagome... –Inuyasha a chamou, saindo do transe pela sala de música.

- Hn? –Ela apenas respondeu, sem virar-se para ele.

- Por quê... Você tem tantos instrumentos, e essa sala? –Ele perguntou sentando-se no sofá curioso.

- Por que eu tinha alguém. –Ela apenas disse.

Inuyasha sentiu algo dentro dele se quebrar... E não havia sido a sua cara de pau. Ouvir aquilo tinha lhe machucado de certa forma... Então ela já tinha alguém especial para ela? Então ele não teria chances? ... Por que diabos estava pensado aquilo afinal? Não podia já estar gostando dela! Não podia... Ou podia? Não era possível... Eles se conheciam haviam no máximo um ou dois dias... Não tinha como ele simplesmente já estar apaixonado! E Kikyo? Ela não importava mais? Droga! Por que diabos estava lembrando de Kikyo?! Ela não era mais nada dele! Ela havia sumido sem dizer nada, sem avisar se voltaria, e o pior de tudo: havia ido embora sem se despedir. Era aquilo que lhe deixava com raiva. Mas... Ele não poderia estar gostando de Kagome, só por que ela parecia com Kikyo... Certo? Pindarolas! Aquilo tudo estava confundindo sua mente, que já não era muito boa por sinal. Era lógico que não gostava de Kagome apenas por que ela tinha uma pequena semelhança com Kikyo. Kagome tinha algo diferente de Kikyo... Era mais... Completa? ...

Mas por que ele sentia, que ela tinha algo mais que errado em si mesma? Por que sentia que ela sofria? Por que sentia... Que ela havia perdido o brilho no olhar? ... Não a conhecia antes para saber se estava certo... Então não sabia. Mas iria descobrir... Afinal...

Inuyasha Pov:

 Eu estou apaixonado por ela.

Inuyasha Pov OFF

Ele a olhou atentamente... O silêncio predominava o cômodo mais uma vez. Ele resolveu falar algo.

-Ahn... Qual instrumento você sabe tocar? –Ele perguntou mudando de assunto.

- Todos. –Murmurou.

Ele arqueou as sobrancelhas, confuso. Ele havia escutado certo?

- Todos? –Ele perguntou.

Ela apenas assentiu. Inuyasha estava completamente perplexo. Como ela sabia tocar todos? Quem era ela afinal de contas?

- Pode... Tocar algo? –Ele perguntou se levantando e indo até ela.

Pela primeira vez desde que eles haviam entrado ali, ela o olhou nos olhos. Os dois se fitaram com intensidade... Estavam perdidos um nos olhos do outro. Ela apenas desviou o olhar e caminhou até o piano. Sentou-se no banco e se ajeitou. Começou a tocar uma suave melodia...

River Flows In You (Yiruma)

Inuyasha começou a olhá-la admirado... Ela parecia tão serena enquanto apenas tocava o piano... Como será que cantava?

Kagome encerrou a música.

- Você toca muito bem. –Inuyasha se aproximou dela. –Ahn... Posso fazer uma pergunta?

Ela assentiu e passou a olhá-lo.

- Você disse que aprendeu algumas coisas por alguém... E que quando era menor... Queria ser veterinária ou bióloga com alguém... –Ele coçou a nuca e olhou para outro lugar sem graça. –Esse alguém... É um namorado? Ou é alguém que você amava? Tipo... Um amor de infância. –Disse um pouco triste.

Kagome sorriu triste. Tecnicamente, não era um amor de infância. Nem seu namorado, aliás, ela nunca teve namorado ou algo do tipo. Mas sim... Era alguém que ela amava e que ama fortemente.

- Não. –Ela o encarou e deu um sorrisinho fraco, mas verdadeiro. –É alguém que eu amo... Mas que não é um amor de infância.

Inuyasha a olhou surpreso e ao mesmo tempo feliz. Quando viu seu pequeno sorriso, sentiu algo diferente dos outros que havia visto.

Kagome também havia percebido que havia sorrido... Mesmo que fracamente e minimamente... Depois de tanto tempo.

O sangue dele fervia... Estava feito bala. Em um movimento brusco, pegou no braço dela e a trouxe para perto de si. Os dois passaram a se encarar. Inuyasha não sabia o que estava fazendo. Ele começou a se aproximar lentamente... E por algum motivo, Kagome não queria que ele se afastasse...