Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 76
Com Ele: o dia de Alaric - parte dois


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Ontem tive, outra vez, um problema de net. Então eu vou tentar postar dois capítulos hoje, ok?
Estou muito feliz com os comentários e com as duas novas recomendações que recebi. Priscila, Mar Delena Forever, obrigada pelas palavras, incentivo e carinho por mim e minhas fics.
Gente, eu chorei escrevendo esse capítulo meses atrás, chorei revisando ele, e chorei de novo na hora de postar, porque é tão significativo pra mim e pra história, de uma maneira geral. Espero que gostem!
Foi o dia do Ric!
Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/282493/chapter/76

—Posso entrar?

Ouço a voz de Damon na porta, e me olho novamente no espelho.

—Entra!

Quando me volto pro meu amigo, ele está fazendo uma expressão de graça. Na verdade é uma mistura de descrença e orgulho. Estranho definir.

—E Elena? – Ele caminha até as bebidas mais próximas e se serve.

—Deixei as mulheres juntas. Sofia, Miranda, Elena. Todas com sua noiva e a irmã. – Ele faz uma expressão estranha, antes de tomar outro gole e emendar. – Na verdade eu fui quase expulso. Stefan saiu em algum tipo de missão com Heitor, e como eu tinha nada para fazer...

—Veio me encher o saco. –Bufo, arrancando o copo de sua mão e tomando o último gole por ele.

—Exatamente! – O seu sorriso me tira do sério. – Nervoso?

—Não! Só querendo que acabe logo. – Ele gargalha.

—Aquilo lá fora não tem muito a ver com você. – Ele começa e me faz o encarar.

O que diabos quer dizer com isso?

—Não me leve a mal, mas... – Ele tenta conter o riso. – Tem lustres de cristal lá. Lustres de cristal, Ric. E Tem muito rosa também.

—É o dia dos sonhos dela, o que queria? Homens não organizam festas.

—Eu organizei a minha. – Diz presunçoso.

—Porque Elena não queria festa alguma, e não me faça te lembrar que os casamentos anteriores não foram tão diferentes dos meus.

Ele estremece com a lembrança.

—O amarelo ouro de Rebekah. Argh! – Faz piada, interpretando espasmos.

—Não esqueça e vermelho paixão de Andie. – Ele ergue os braços vencido.

—Tá bem! Mas você tem que admitir que o meu azul foi demais.

Sento ao lado dele e me permito relaxar de todo este dia até aqui.

—Ironicamente foi o casamento com a mulher que você mais amou, e o que menos estava feliz.

Ele me olha com confusão, soltando um suspiro.

—Que vida doida. – Suspiro.

—Nem me fale.

—Quer dizer... Quanto em minha vida inteira eu imaginaria que o solteirão mais convencido do mundo iria se casar. – Quando olho para o desgraçado ele está prendendo o riso.

—Bem, você já pode dizer que viveu pra ver de tudo.

—Quem sabe um dia você também não possa dizer o mesmo. – O olho...

O que está querendo dizer agora? Que horas são?

—Como assim?

Damon dá de ombros sorrindo ainda mais.

—Me diga o que você consideraria como tipo de vida.

—Ver você com um macacão jeans ordenhando uma vaca, com um cipó na boca.

Gargalhamos. Então, ouvimos a porta e olhamos juntos pra sua direção, tento uma visão muito agradável de uma Elena sorridente e ansiosa.

—Você fez bem sua parte, amor. – Ela diz olhando pra Damon que pisca em resposta. Eu o olho exigindo explicações.

—Na verdade também recebi uma missão. Tirar sua ansiedade antes da hora da forca. – Ele pisca se pondo de pé.

—Amor! – Elena ralha indignada e ele dá de ombros, ficando do lado dela que entrelaça o braço no dele e se volta pra mim. – Pronto? – Assinto, levantando.

—Está na hora do show! – Damon fala risonho e solto uma longa respiração.

—Vamos lá!

.........................................................................................................

A noite estava luminosa, e o clima no clube parecia propício para uma data inesquecível. Alaric observava o pessoal da imprensa no evento, fazendo sua estratégia padrão: fazer perguntas vagas a ele, para depois se virar pro alvo principal, ele pensava, Damon e sua linda esposa e todas as infinitas teorias sobre a união dos dois e os boatos de desavenças na relação. Pelo menos não o enchiam tanto.

Alaric não veria problema em se desfazer deles e não os deixar sequer pisar na festa de seu casamento, mas entendia que no mundo em que vivia, algumas vezes era melhor se unir aos inimigos e facilitar seu caminho. A imprensa, com certeza, era um inimigo da calma e paz de um casalem seu meio social.

Ele notou mais tarde, que Damon tinha razão em algumas de suas piadas recentes sobre seu casamento. O evento acabou sendo algo muito tradicional e careta mesmo. Mas e daí? Ele nunca foi tão descolado assim, e na verdade, ele sempre gostou da solidez e segurança que algo tradicional proporcionava. As cores, flores, e o estilo clássico na decoração, transportou todos do evento à séculos passados. Era uma versão moderna de bailes antigos da monarquia, e ele não via a hora de por os olhos na princesa.

Quando todos estavam posicionados, e ele já havia percorrido metade no gramado falando com seus convidados, parado naquela tenda, observando as pessoas a sua volta, Alaric se perguntou o que tinha feito por toda a sua vida para merecer aquilo. Ele nasceu numa família de classe média, mas conheceu um rapaz de família rica no colegial, desde então se tornaram amigos, dividiram todos os mementos seguintes juntos. Ele formou-se em advocacia, Damon foi tombando pela vida até ser o homem badalado que é. E em toda a vida de Alaric, a única constante era a relação dos dois. Agora ele estava prestes a entrar em outra relação, que seria “a” constante de sua vida. Ele se casaria com a mulher mais espirituosa que já conheceu.

Foi concluindo este pensamento que ele avistou, a poucos metros de sua posição, a imagem da sua nova constante, linda, num vestido que espelhava sua leveza e sedução, caminhando para ele, como quem flutua entre risos e ofegações. Todo o resto foi se apagando ao seu redor.

.....................................................................

Elena costumava pensar em viver algo assim em breve. Quer dizer, ele tinha um albúm de casamento, ela tinha uma festa divulgada nas redes sócias, ela tinha um marido. Mas as lembranças do “seu dia” não eram tão doces quanto uma mulher imagina em sua vida. Então, vendo a cena de Meredith caminhar até Alaric, ao som de um violino envaidecido por narrar o momento, ela desejou, como uma tola, - ao menos pensava assim, - que o seu tão esperado dia pudesse se repetir, e que ela desfrutasse dele com tanta emoção como a que via nos olhos da amiga.

Para Elena, esse dia seria ideal numa vasta e verde campina, ao por do sol, com flores do campo ao redor, e nada além dela e dele. Parecia egoísmo e até um pouco insano esperar algo assim sendo possível na vida de um homem como seu marido. Mas ela desejava desesperadamente que este dia fosse só dos dois. Foi pensando nisso que ela deixou uma lágrima escapar, e olhou para o homem no altar ao seu lado. Ele estava sério, compenetrado, mantendo aquela sua postura intimidadora de sempre, ao menos quanto tinha diante de si câmeras. Ela deixou um sorriso escapar, ciente de que essa seria uma daquelas coisas que, como sua mulher, ela sempre teria que ver e lidar.

.........................................................................................................

Eu simplesmente odeio casamentos. É meio inacreditável afirmar isso esperando que acreditem, porque, eu estou do lado de minha terceira esposa. Mas é verdade. Não que a experiência de se unir a uma pessoa que você espera passar o resto da vida junto seja ruim, não. O ruim é a sensação de que, no fim, “esse dia” não seja só seu, como deveria.

No meio onde vivo é quase impossível fazer de momentos assim algo especial, sem ter que, por muitas vezes, desempenhar um papel, prender um riso, fazer uma cara quase mecânica.

Eu não lembro como foi meu casamento com Elena, mas pelas descrições de Alaric, eu acho que foi nele que mais me senti representando algo. E eu estava mesmo. Já que tudo era parte do tal contrato. Mas nos outros eu sequer podia soltar uma expressão de ansiedade, ou mesmo insegurança de que não sabia se seria capaz de fazer o certo por minhas esposas.

Eu lembro da sensação ao me casar com Andie. Ela olhava doce e apaixonada pra mim, e eu queria demais responder a tudo o que ela estivesse sonhando no momento. E falhei.

Com Rebekah não foi diferente. Ela me admirava tanto, esperou tanto de mim, e eu decepcionei também.

Eu olho pra mulher ao meu lado, e vejo ela olhar com os olhos marejados para o casal que agora está diante de um juiz, lado a lado. Elena foi tão diferente das outras. Eu não coloco Rose nesta lista, porque, depois de tudo que sei e algo que lembrei, acho que nunca fui casado com ela. Mas Elena... Bem, ela é diferente de todas de uma forma especial. Ela viu o meu pior, suportou tudo, e mesmo assim, conseguiu se apaixonar, e receber, em poucas medidas, tudo o que eu sempre desejei dar as minhas mulheres.

Elena me viu. Como ela disse, e agora eu entendo. Ela viu minha frustração e me fez ver que eu podia contornar.

Quando ela me olha do nada, e sorri, eu entendo finalmente o que não conseguia dizer a Maximus.

Eu gosto mais de mim porque estou com ela.

Solto um riso, e acho que estou meio abobalhado. Não se trata de amar esta mulher como eu acho que ela merece. Nunca funcionou assim com as outras e eu nunca conseguiria tal coisa com Elena também. A questão é me amar tanto quando estou com ela, que isso me faz incapaz de fazê-la infeliz.

Mesmo não lembrando de como isso é possível.

......................................................................................

Quando o juiz anuncia que ela é minha esposa e eu a beijo, tudo ao redor some por uns segundos, a música, as palmas e gritinhos, tudo. Só há nós dois, e o que representaremos a partir de agora, juntos, como um só.

Quando me afasto de seu abraço, seu sorriso está radiante e eu sei que não há algo mais maravilhoso no mundo do que este sorriso.

Recebemos os cumprimentos, tiramos as fotos, tomamos champanha, rimos, nos beijamos. É tudo uma dança quase ensaiada, mas que estou adorando fazer. Se antes a ideia de caretice não me atingia, agora é que não faz sentido algum. Só esta felicidade absurda. Eu sinto que faria qualquer coisa para não tirar dela o sorriso que me dedica esta noite. E pela primeira vez eu consigo entender Damon, e o procuro com o olhar, o encontrando sentado ao lado de sua mulher, numa mesa não muito distante da minha. Juntos, eles parecem revisar seu discurso de padrinho, que não vai demorar a acontecer.

Minutos depois, estão todos virados para o meu amigo, que, com muita pose e pompa, se volta para mime minha esposa, e começa a me falar, as palavras mais significativas de toda nossa amizade:

—Sabe, eu passei um bom tempo escrevendo o meu discurso. Ao menos foi o que minha esposa disse. E eu como padrinho tenho que dizer que este é meu primeiro conselho: tudo o que elas falam é a única verdade existente. – Todos começam a sorrir. - Tudo bem, agora que já quebrei o gelo, gostaria de dizer que, ao viver com vocês a experiência desta noite, e também ser forçado a ter minha experiência própria, tive que fazer uma pequena mudança no discurso. – Ele rasga o papel que tem diante de si, toma uma respiração e volta seu olhar para mim, direto pra mim. - Eu tenho certa experiência em casamentos, todos os presentes sabem.  – Mais risinhos, mas desta vez, ele está bem sério. - Já fui acusado muitas vezes de não entender bem as implicações da palavra felizes para sempre. E, na verdade, eu não considero muito essas coisas de contos de fada. Podem me acusar de não ser romântico, ou mesmo podem me ver como um cara duro demais pra sentir emoções humanas. Eu acho que estou começando desviar do assunto da vez, mas é um meio pra um fim. Alaric, você é meu amigo de uma vida, um irmão em muitos aspectos, e posso dizer isso sem medo de aborrecer meus outros dois irmãos presentes aqui. Você é tudo o que um amigo precisa ser, e estou certo de que Meredith tem sorte em te encontrar, e você também é muito sortudo, tenho que acrescentar isso. Mas uma vida a dois vai além de um encontro, e também vai muito além do que queremos numa vida juntos. Sonhos e ambições em comum talvez sejam simples de afinar. Companheirismo também, e apoio. Tudo isso eu tive de minhas ex-mulheres, que sempre foram compreensivas, e foram mães maravilhosas pra minha filha, companheiras sem igual. Elas me davam tanto, e eu queria desesperadamente dar mais a elas. Se elas sorriam eu queria eternizar o sorriso. Eu as queria sempre felizes, realizadas. – Sinto o aperto da mão de minha esposa contra a minha, e então a encaro por um segundo, só para vê-la sorrir. - E então, hoje, eu percebi, que era nisso que eu errava. – Ele olha por um momento para Elena, me fazendo olhar pra ela também, há lagrimas molhando sua face, ele sorri pra ela, que sorri de volta, e pega com Sofia um lenço pra limpar o rosto. Depois disto, meu amigo olha de novo pra mim. - Você ama uma pessoa, não por ela estar sempre ao seu lado, não por ela estar sempre feliz com você, te fazendo sentir que você é tudo pra ela. Você ama uma pessoa que é capaz de chorar se você a machuca. Você ama alguém que não tem medo de te encarar e te dizer o que você é de verdade. Você ama alguém que te faz conhecer quem você é de fato. Ama alguém que vê você, e apenas você. Sem considerar o que ouve, ou o que ela mesmo vê, ou o que você mesmo demonstra, de tão perdido que está. Você ama a Mery porque ela enxerga o Ric. Não o advogado de um dos maiores empresários de Nova Iorque, não o melhor amigo deste empresário. Não. Ela te enxerga, e quando você olha dentro dos olhos dela você se vê. Você vê você e quem você é de verdade. Um homem incrível, um amigo leal, um cara que briga pelo o que acredita, um homem que dará um bom pai e com toda certeza um bom marido. Aos noivos!

O maldito me fez chorar! Eu a minha noiva, que aplaude o seu discurso, assim como todos a nossa volta. Eu acho que ficamos em estado de anestesia, até avistarmos Elena se aproximar para a sua vez.

—Eu acho meio difícil superar o discurso do meu marido, e, na verdade, já parei de crer que exista um ser vivo capaz de superar Damon em tudo que se dispõe a fazer com amor. – Eles trocam olhares e me fazem sorrir. – Queria penas dizer o quanto estou feliz por vocês, sendo bem clichê, e dizer a Mery, - ela olha para minha mulher, que está atenta, - que seja paciente, não pressione, e acima de tudo, seja sempre gentil. – A cara de sedução de Elena me faz sorrir. – Que eu amo vocês, e que este não era meu discurso, mas que depois do que tivemos aqui, eu esqueci tudo em mente. E quero terminar, dizendo que agora é a hora da primeira dança do casal. – Gargalho, porque sei que isso é nossa vingança pessoal contra Damon.

Vejo meu amigo revirar os olhos e desviar dos olhares. Me volto para minha esposa.

—Pronta, senhora Saltzman? – Ela recebe o beijo na mão e sorri.

—Durante toda a vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até breve!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ele III: Com Ele" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.