(...)

Pdv DAMON

Ben havia me procurado, disse que precisava de alguém para conversar... Vanessa terminou com ele ontem quando ele foi buscá-la no trabalho.

- O que houve ? Como aconteceu ? - lhe perguntei

Estávamos sentados no chão, encostados em seu trailer que estava estacionado na beira da estrada, um pouco afastado da floresta. Dividíamos uma garrafa de cerveja enquanto conversávamos.

- Eu cheguei lá, havia até comprado flores mas quando fui dizer algo ela me interrompeu e disse que precisava falar primeiro. - ele começou - Ela falou que depois que brigamos ela ficou chorando por horas e ontem na hora do almoço ela ligou para aquele programa de rádio daquela mulher que diz que nenhum homem presta e blá-blá-blá... a mulher disse que ela tinha que terminar comigo e procurar um cara melhor, que a respeitasse. Dá pra acreditar?

- A mulher da rádio que você está falando é Elena Gilbert ? - perguntei após tomar um gole da cerveja

- Sim, porque? Conhece ela? 

Tirei de meu bolso de trás um pequeno e velho rádio a pilhas que eu já tinha a bastante tempo e mostrei para Ben.

- Escuto ela todos os dias, bom , quase todos os dias. Gosto de ouvir as histórias das pessoas e as músicas que tocam nos intervalos. - disse eu explicando

- Não sabe a raiva que estou sentindo dela agora. - Ben disse e em seguida bebeu o resto da cerveja que ainda restava na garrafa

Eu nem sabia o que dizer, Ben parecia estar pensando em algo... eu apenas o observava até que ele sorriu e então deduzi que havia chegado a conclusão de alguma coisa que fosse

- No que está pensando? - perguntei

- Se eu pedisse sua ajuda num plano, você me ajudaria? - me respondeu com outra pergunta

- Depende... qual seria o plano?

- Eu conheço um cara que é hacker, vou pedir a ele que me ajude a fazer essa cretina sentir a mesma coisa ou algo parecido ao que eu e os outros homens sentimos depois que ela deu esses conselhos para as mulheres.

- E onde eu entro nisso?

Ele me olhou nos olhos e sorriu

(...)

Estávamos na casa de Ryder, o tal conhecido de Ben. 

- O que planejam fazer ? - perguntei ainda sem entender

- É o seguinte... - Ryder começou a explicar -  Eu consigo entrar no banco de dados do cartório da cidade, onde estão registrados todos os habitantes com suas informações essenciais tipo data de nascimento, nomes dos pais e estado civil. Ben quer que eu acesse a ficha da tal mulher do rádio e faça com que ela seja "casada". Ele acha que com isso vai vingar ele e todos os homens que perderam suas namoradas e mulheres por causa dela.

- É isso? - perguntei encarando Ben - Quer fazer ela se passar por casada sem que ela mesma saiba?

- Exatamente. - ele me disse 

- E como vai saber se ela já não é casada? - perguntei novamente

- Ela não é. - Ryder disse - Pelo menos ainda não. Vai se casar mês que vem, tá em quase todas as revistas. 

- Tem certeza que quer fazer isso? - perguntei para Ben novamente - Você pode se arrepender.

- Quem vai se arrepender é ela. - Ben disse - Pode fazer, Ryder.

- E pra quê precisa de minha ajuda?

- Na verdade eu esperava que você "emprestasse" seu nome  para nossa empreitada. - ele me pediu - Ryder e eu temos namorada e você é solteiro

Era só o que me faltava, eu não queria deixar Ben na mão mas ele era meu melhor amigo, aliás meu único amigo. Sempre esteve comigo quando mais precisei desde que saí de casa.

- Ok, pode ser.- falei e Ben me abraçou - Mas isso não vai dar problema não né?

- Claro que não. - disse Ryder- Se ser hacker fosse profissão eu seria o melhor profissional do Estado.

Ryder "fuçou" o que precisava, demorou cerca de vinte minutos.

- Pronto, Damon. - ele disse - Agora você é oficialmente casado com Elena Gilbert.

Demos risada disso

- Tem certeza que isso não vai dar errado pro meu lado? - perguntei a ambos

- Tenho certeza. Ela nem te conhece, quando vir tudo isso só vai ter que desfazer mas vai levar um bom tempo já que tecnicamente os dois são casados e para realizar o divórcio, ambos tem que assinar os papéis.

- Entendi. E eu vou assinar? 

- Claro que não né, parceiro. - Ben me disse

Rimos juntos mais uma vez

(...) Pdv ELENA

Eu estava tão feliz! Eu e Stefan estávamos indo para o cartório, ele estava dirigindo. Chegaríamos lá em poucos minutos.

(...)

A última pessoa na fila antes de nós tinha acabado de se retirar... era nossa vez. O recepcionista antes tinha que saber nossos dados para depois irmos até a sala onde assinaríamos os papéis.

- Boa tarde. - o jovem moço nos cumprimentou 

- Boa tarde. - Stefan e eu respondemos em coro

- Como devem saber, antes que se dirijam a sala com o oficial de justiça eu preciso saber seus nomes de batismo completos. - o moço falou - Podem digitar no teclado e apertar "enter". 

- Claro. - disse Stefan já digitando seu nome no teclado que ficava voltado para nós, em seguida ele teclou enter e vi uma página se abrir no monitor 

- Ok, agora é sua vez. - o rapaz disse a mim

Fiz o mesmo que Stefan mas estava dando "erro" . Tentei várias vezes mas era sempre a mesma coisa.

- Qual é problema? O que está acontecendo? - perguntei a ele

- Não sei, algo deve estar errado. 

- O que está dando errado? - Stefan perguntou um pouco irritado - É alguma coisa com o computador?

- Não, não é com o computador. - o rapaz respondeu - Me desculpem mas parece que o problema é com a senhora.

- Como assim comigo? - perguntei já começando a perder a paciência

- Peço que não fiquem bravos mas aqui no sistema consta que a senhora já é casada. "Estado civil: casada".

- Mas que palhaçada é essa? Eu nunca fui casada, como isso pode estar aí? - eu já estava nervosa a essa altura, Stefan me olhava um pouco desconfiado - Não me olhe desse jeito, Stefan, tem coisa errada aí.

- Moça, me desculpe mas é impossível que assinem os papéis com o oficial de justiça se a senhora já é casada.

- Acontece que eu não sou casada. Ainda não, eu estou aqui justamente pra isso. - quase gritei, as pessoas olhavam para nós curiosas - O sistema pode estar errado não pode?

- Poder até pode mas as chances são muito mínimas, praticamente impossível de acontecer ainda mais numa cidade grande como essa. - o moço disse tentando me acalmar, mas não estava conseguindo

- E não tem como mudar isso? Dar um jeito? - Stefan perguntou

- Sim, claro que tem mas para isso já que ela é legalmente casada seria preciso fazer o divórcio e para que isso seja feito são necessárias as assinaturas dela e daquele que está aqui descrito como seu esposo. - o rapaz tomou fôlego após dizer tudo isso

- E quem é o cara? - Stefan perguntou

- Aqui está a foto e a ficha dele.

O rapaz virou o monitor, permitindo agora que víssemos a tela inteira. Tinha uma foto do rapaz, que não era feio por sinal, e ao lado seu nome e dados pessoais. Damon... esse nome "grudou" no meu cérebro.

- Vocês o conhecem? - o moço nos perguntou

- Não. - respondemos juntos

- Como vamos desfazer isso se nem conhecemos o cara? - Stefan perguntou tentando mater a calma

- Vou informar a diretoria e eles tentarão fazer contato com ele e se tudo der certo, toda essa situação pode ser revertida em até dois meses. 

- Dois meses? - desacreditei perplexa - Mas o casamento tá marcado para o mês que vem. 

- Sinto muito, não há nada que eu possa fazer.

(...)

Stefan me deixou em casa, toda essa coisa mexeu com a gente, concordamos de cada um dormir em sua casa e nos falaríamos amanhã. Já era noite, estava chovendo novamente e bem mais forte que da vez anterior. Fui até a cozinha e para terminar de acabar com meu dia, acabou a cauda de chocolate, o chocolate e as batatas fritas que eu sempre comia.

Pequei minha jaqueta e fui correndo para o carro, tentando fugir da chuva. Bati a porta e liguei o aquecedor. Dirigi até o mercado que tinha perto do prédio, fiz minhas compras rapidamente e voltei para o carro. Quando estava já perto do portão, eu parei no farol e vi novamente aquele rapaz da noite anterior, olhei seu rosto atentamente e constatei que era o cara da foto, que estava lá no cartório... Damon, meu... meu marido.

Damon fugia novamente da chuva mas os boeiros estavam entupidos então a água tomava conta das ruas. Muito receosa eu guiei o carro até onde ele estava e abaixei a janela.

- Ei! - gritei chamando ele, o barulho da chuva atrapalhava - Ei! Você! Entra aqui !

Ele parou e pareceu estar um pouco confuso, fez um gesto tipo: é comigo mesmo? e eu assenti com a cabeça

- Rápido! A chuva tá forte! - falei destravando a porta

Damon se apressou e entrou no carro, ao meu lado... bateu a porta e eu apertei o botão para o vidro fechar.