More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 22
Velhos hábitos nunca mudam




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Edward e eu nunca éramos para ser, isso apenas se confirmou quando ele comunicou que iria para uma faculdade diferente da minha. Tudo bem que eu não tinha passado na outra ainda, ano que vem tentaria mais uma vez, e que se não desse certo, acabaria lá com ele. Mas nesse contratempo ficou claro como água que nossas vidas não eram para se cruzarem. Aquilo foi divertido no ensino médio, uma paixonite que agora eu entendia que existia apenas na minha cabeça, o resto era utopia. Edward deveria sim crescer, mas longe de mim, não seria eu quem acompanharia seu amadurecimento.

Confesso que foi como se uma bomba se estourasse em cima de mim quando percebi isso, pensei na possibilidade de desistir de tudo e segui-lo, era um caminho fácil, porém, se eu fizesse isso, com certeza seria a pior burrice que faria em minha vida. Nunca havia me arrependido de nenhuma decisão, elas eram sábias, e por mais que demorassem, havia um sentido. Mudar por um homem nunca esteve em meus planos.

Após nossa conversa naquela sexta, não nos falamos nunca mais. Aquele papo de marcamos um novo rodízio não passou de uma furada. Durante as férias daquele ano, maior que meu amor por ele, era a raiva que senti de seu desinteresse por mim. Todo santo dia eu entrava no facebook, todo santo dia eu o via lá, por volta das sete da noite até madrugada; ele também me via, eu sabia, mesmo que eu não fosse o foco dos seus amigos online no chat. Em nenhum dia sequer Edward puxou conversa comigo. E eu finalmente caí na real que precisava parar de correr atrás de alguém que obviamente só brincava com meus sentimentos. Do que adiantava marcar uma nova saída se provavelmente seria a mesma coisa, conversas e mais conversas, e depois, ser como se nunca tivesse acontecido? Eu apenas me martirizava procrastinando o adeus.

No ano seguinte, preparei-me para minha nova vida. Por conselho de Alice, bloqueei suas atualizações no facebook. Esse foi o meu primeiro passo.

Eu tinha entrado em um dos melhores cursinhos preparatórios para o vestibular de minha cidade. Jessica tinha se casado no final do ano passado e a cerimônia foi linda, depois da lua de mel se mudou para a cidade de seu noivo. Praticamente não tínhamos mais contato. Nessie e Lauren ainda eram minhas amigas, mas ambas foram para cursinhos diferente do meu. Estavam juntas, e eu também poderia estar lá com elas, mas eu precisava tomar minhas próprias decisões. Meu sonho foi estar nessa escola onde eu fazia meu cursinho, mas como a mensalidade era cara demais, nunca o realizei. Porém, o cursinho era muito mais acessível, e não relutei quando o escolhi. Já Edward, eu não sabia ao certo para onde tinha ido. Ele começou a faculdade na Fasar, devia estar fazendo cursinho também como tinha dito ano passado, mas eu não sabia onde, e com o tempo, aquela informação também não me importava mais.

Aquele fora um ano bom. Conheci pessoas agradáveis no cursinho, esforcei-me muito mais em meus estudos e quando fiz a prova da UCC no final do ano e recebi o resultado, senti-me vitoriosa. Eu tinha conseguido, e com uma ótima pontuação. Alice, Lauren e Nessie também estariam lá, a primeira em nutrição, a segunda em direito, e a terceira, enfermagem.  

Meu primeiro dia na faculdade foi no mínimo estranho. Era tudo novo e eu estava desconfortável com a situação. Não conhecia ninguém, teria que começar do zero, e eu não escutava as melhores histórias da faculdade para passar por aquilo tão tranquilamente. A roupa para aquela situação foi comprada uma semana atrás, escolhida a dedo, e isso depois de mil e um comentários sobre, até eu me sentir confiante. Tudo bem que uma calça nova e uma blusa descolada, e ao mesmo tempo recatada, não mudariam minha vida naquela universidade, mas, ao ver os outros alunos parecidos comigo, relaxei.

Pelo menos a roupa não tinha errado.

Fui na diretória para me encontrar ali. Aquilo era enorme, duas mil vezes maior que meu antigo colégio, eu parecia uma caipira na cidade grande. Por sorte, as funcionárias dali eram simpáticas e logo achei minha sala.

Tudo era estranho naquele novo mundo.

Eu estava em uma turma onde a maioria eram mulheres, loiras, morenas, com seus cabelos enormes e na casa dos 25. E eu ali, apenas com 18, com carinha de 13.

Vai melhorar, eu pensava.

Minha grade estava toda bagunçada e com alguns buracos. Eu tinha algumas aulas de manhã, uma ou duas à tarde e eu já escutei que teríamos algo a noite qualquer dia desses. Universidade federal era uma loucura mesmo.

Logo no primeiro dia peguei “amizade” com uma gordinha que tinha 23 anos, bem simpática ela. Disse que tentava há anos entrar aqui e finalmente tinha conseguido. Também me explicou que nesse tempo fazia faculdade em outro lugar, e por isso não teríamos algumas matérias juntas, pois ela estava mais avançada. Por esse motivo, só voltei a me encontrar com ela na quarta-feira, em uma aula de cálculo I. Mas não foi apenas ela que eu tinha encontrado naquele dia.

Vesti meu jeans e uma blusa bege soltinha, nos pés um lindo oxford que tinha comprado há pouco tempo. Não via a hora de ter meu próprio carro, e para isso, já estava juntando uma grana em minha conta todo mês. Meu pai disse que me financiaria, num milagre divino de sua parte, e minha mãe também me ajudaria, assim como minha tia. Mas enquanto esse momento glorioso da minha vida não chegava, eu me arrastei preguiçosamente até o ponto de ônibus. Lauren estava cursando direito à noite, mas já a encontrei por lá de manhã. Passamos um desses intervalos juntas, assim como Nessie, porém eu já notava que isso não seria muito comum.

Cheguei na hora certinha de pegar o ônibus, já estava com os seus horários na mão, e então eu teria uma longa jornada pela frente. No caminho, pensei em como seria mais fácil se eu morasse próxima à universidade.

Dei bom-dia ao porteiro e preparei-me mentalmente para aquela caminhada na UCC. Tudo era longe. Os corredores estavam lotados de alunos, pessoas das quais nunca sonhei em conviver, em sua maioria... bem diferentes. Segui para minha aula de cálculo I — as coisas já estavam complicadas por lá. Eu sentava em uma das primeiras cadeiras da fila, e assim que entrei na sala, estaquei quando meus olhos pousaram na figura que estava sentado despretensiosamente no fundo, olhando alguma anotação em seu caderno.

Não podia ser.

Soltei a porta e ela fechou lentamente atrás de mim, até dar um estalo. E então ele olhou para cima e seus olhos me fitaram surpresos, assim como os meus. Senti as borboletas no estômago e meus olhos estavam lacrimejados, não sei por quê. Obriguei-me a andar e fui para meu lugar de sempre na frente, e, coincidentemente, era sua fila.

Como nos velhos tempos.

Sentei-me desengonçada, sentindo minhas costas queimando. Edward Cullen me encarava e eu fazia de tudo para não retribuir seu olhar. Isso só podia ser um pesadelo. Tudo bem que eu sabia das possibilidades disso acontecer, mas tudo não passava de mais uma daquelas situações hipotéticas que surgiam em minha mente! Custei tanto para esquecê-lo...

Ele não estava muito diferente, apenas tinha tirado os óculos e estava mais forte que da última vez, mas nada abominável. Seus cabelos estavam maiores e mais bagunçados, e só uma palavra apitava em minha mente naquele momento: sexy.

Suspirei. Não comece, Bella!

Todas aquelas lembranças ridículas que eu tinha dele voltaram com força, de uma parte de minha mente que até então eu mantinha presa por um grosso cadeado, e o pior de tudo, a esperança também foi solta, devastando tudo como um furacão.

Eu me recusava a sentir aquelas coisas mais uma vez.

O professor chegou, assim como o restante da turma. Ainda era estranho, demoraria um tempo até eu me habituar com esse novo mundo. O sinal tocou e preparei-me para trocar de sala, quando senti alguém parar ao meu lado e me fitar insistentemente.

— Ora, ora, se não é a vampirinha!

Velhos hábitos nunca mudam.

— Ora, ora, se não é o imbecil do Duduzinho... — Ele torceu os lábios.

Eu costumava chamá-lo assim no segundo ano apenas por zombação. Um dia, um de seus amigos me escutou o chamando assim e tiraram sarro dele. Ele até tentou inventar um constrangedor para mim também, mas não teve sucesso.

— Seremos coleguinhas novamente... — disse irônico.

— Infelizmente... Não tenho culpa que me persegue.

Terminei de pegar minhas coisas e rumei para a saída. Edward me seguiu de perto.

— Você queria ser jornalista! Quem está perseguindo quem?

— As pessoas mudam de opinião! — rebati com raiva.

Ele riu.

— Qual sua aula agora? — perguntou interessado, enquanto nos esquivávamos pela multidão nos corredores.

— História da arte.

— Não entro mais nessa matéria — disse convencido.

— Que bom.

Que bom — remendou-me e eu respirei fundo, tentando me acalmar. — Tchau, vampirinha!

Revirei os olhos e vi quando ele dobrou um dos corredores indo para um lugar desconhecido. Eu precisava falar com Alice imediatamente, Edward Cullen estava de volta em minha vida. Enviei-a uma mensagem para que nos encontrássemos na hora do almoço no refeitório principal e fui para a minha próxima aula.

***

— Você não pode me dizer que está surpresa, sempre soube que isso poderia acontecer — Alice comentou, enquanto enfiava um pedaço de sua lasanha na boca. Ótimo exemplo como nutricionista!

— Eu sei, Alice, eu sei, mas achei que seria apenas mais uma daquelas historinhas bobas que invento na mente — respirei fundo, olhando para os lados —, não sei se consigo lidar com tudo isso novamente.

— Não se preocupe com isso agora, deixe as coisas acontecerem lentamente, quem não te garante que ele tenha mudado? Sei lá, um ano já se passou depois daquilo.

— Ele veio com as velhas piadinhas! — contra argumentei. — Não tenho tanta certeza assim de seu amadurecimento.

— Aquele ali não é o Jasper com a Nessie? — ela perguntou, olhando para um ponto atrás de mim.

Olhei por cima do meu ombro, confirmando sua observação. Mas o que Jasper estaria falando com minha amiga? Bufei. Era só o que me faltava, a corja de Edward estava por aqui também. Nessie aparentemente nos viu, pois sorriu e apontou para nossa mesa, atraindo a atenção de Jasper para a gente. Os dois caminharam até nós.

— E aí, meninas! Bella, se lembra do Jasper, amigo do Edward?

Como poderia esquecê-lo?

— Ah, sim, lembro — respondi, levantando-me de minha cadeira. — Como vai, Jasper? — Abraçamo-nos, e percebi que ele ainda tinha aquela personalidade calorosa. — Seu amigo está em minha classe.

— Edward está com você? — Nessie disparou, surpresa, mas logo tentou disfarçar o surto, quando notou que Jasper nos encarava.

— É, aparentemente teremos algumas matérias juntos.

Jasper soltou um risinho matreiro.

— Pelo visto acabou o período da guerra fria, não? — ele brincou, e não pude segurar o riso.

— Não podemos mudar os velhos costumes! — Nós rimos e meus olhos caíram em minha melhor amiga à mesa, que me fuzilava disfarçadamente. — Ah, Jasper, essa é minha melhor amiga Alice, Alice, esse é Jasper, uma pessoa legal demais pra ser amigo de um idiota como o Edward.

Eles riram e pude ver Nessie balançar a cabeça negativamente e murmurar um “Lá vamos nós outra vez”.

Jasper se encaminhou para onde minha amiga estava sentada, e ela levantou, recebendo o comprimento de beijos em sua bochecha que Jasper lhe dava.

— Prazer em conhecê-la, linda dama.

Ela sorriu.

— O prazer é todo meu, nobre cavalheiro — brincou, e vi um sorriso sendo trocado pelos dois. Alice era mesmo rápida.

Jasper e Nessie se sentaram conosco e passamos o almoço assim, entre piadas e risos devido às velhas histórias do Jasper, que tinham aumentado, devo dizer.

***

Para minha surpresa, já estávamos quase no final do primeiro semestre. Nesses meses que se passou, muita coisa aconteceu em minha vida, em sua maioria, boas. Muito boas. Finalmente eu me acostumei à faculdade, aprendi a viver a nova fase de minha vida. Tinha feito mais amizades com a turma de minha sala, mas a parte mais engraçada do dia era o almoço. E que almoço! Lauren, Nessie, Alice e eu passamos a sentar juntas quando podíamos, e sempre apareciam pessoas de suas turmas, o que tornava essa hora muito mais divertida. Mas, além deles, Edward e Jasper passou a andar conosco também. Assim, simplesmente.

Depois daquele almoço em que revemos Jasper, houve outros, e entre suas muitas companhias, Edward estava junto. Jasper e Alice estavam ficando há algumas semanas, e mesmo pelas gritantes diferenças entre os dois, estavam se dando bem. Eu e Edward, por outro lado, parecíamos ter voltado ao ensino médio. Ou descido o nível. Ele estava mais insuportável que nunca, e eu, pouco tolerante as suas costumeiras infantilidades. Jasper defendera o amigo alegando que ele só agia assim comigo, mas não sabia o por que, ou, como eu e Alice desconfiávamos, ele nos escondia o real motivo.

Mas eu o ignorava. Ou caímos em um bate boca sem fim. Nada muito anormal.

Eu estava jogada em meu quarto, tentando, em vão, entender aquele assunto horrível de geometria. Nunca gostei de ângulos, mas agora, era aprender ou aprender. E, para minha infelicidade, as coisas tinham triplicado de dificuldade. A verdade era que eu estava quase perdendo naquela matéria, e não tinha jeito de eu conseguir aprender aquilo sozinha. Se me consolava, a grande maioria estava no mesmo buraco que eu. Se me irritava, Edward não estava nele.

Suspirei, empurrando aquele monte de papel no chão, com raiva. Meu celular começou a tocar, e o nome de Alice piscou na tela.

— Diga — respondi, fitando o tapete de papéis que se estendeu no meu chão.

— Eita, liguei em mal hora?

— Mais ou menos — respondi, passando a mão pelo meu cabelo —, o de sempre.

— Não preciso te relembrar o que você deve fazer, não é?

— Alice, dá um tempo, não irei pedir ajuda àquele imbecil!

— Acho que pra tudo tem limite — ela começou, e revirei os olhos, impaciente. Lá vinha a palestra... —, inclusive o seu orgulho. Bella, você sabe que há coisas muito mais importantes em jogo do que sua briguinha de maternal com o Edward.

— Ele não vai...

— Ele vai sim! Edward só está esperando que você o peça ajuda, e não adianta dizer que não, porque a Ingrid me disse que já pegou ele te ensinando algumas atividades e que você caiu fora depois.

Ingrid, aquela fofoqueira barata. Ela foi a primeira garota que eu fiz amizade aqui, a gordinha simpática da turma.

— Eu não sei como pedi-lo, tenho vergonha! — admiti.

— Você sabe sim. E, mudando drasticamente de assunto, não foi para falarmos de Edward que eu te liguei.

Ela começou a contar animadamente sobre um luau que teria em uma praia famosa aqui, organizado por veteranos do curso de medicina para arrecadar fundos para uma pesquisa científica. Topei, tudo para me distrair dos números.

***

— Você está péssima, menina — Ingrid comentou, enquanto esperávamos o professor entrar na sala.

— Você não está muito diferente de mim — revirei os olhos, fitando minhas unhas recém pitadas.

— Hmm... Já sabe da prova na sexta, não é?

— Eu tinha tido a sorte de esquecer por dois minutos, até você me lembrar novamente — respondi grossa, e depois me arrependi ao ver sua expressão triste. — Desculpa, Di, mas estou muito nervosa com isso, não posso perder na matéria.

— Nenhum de nós. — Ela suspirou, cansada. — Mas estou esperançosa, Edward me ensinou algumas coisas ontem na lanchonete. Para minha sorte, nos esbarramos lá e sentamos para conversar, quando lhe contei de minhas dificuldades. Ele topou me ajudar com alguns exercícios.

— Edward, é? — Ela assentiu. — Que bom.

— Poxa, Bella, por que você não pede ajuda a ele também? Olha, ele acabou de chegar, boa sorte!

Ela colocou sua cadeira de volta no lugar e saiu da sala, sem antes cumprimentar o Duduzinho. O idiota veio em direção a minha fila, e antes de jogar sua mochila na cadeira atrás de mim, puxou meu cabelo de leve.

— E aí, vampirinha, pronta pra mais um zero sexta?

— Seu? Vou adorar ver.

— Só se for com um “um” na frente. Denílson disse que vai estar difícil, nenhuma questão de teoria e tudo aberto.

Gelei.

— Como assim? Vai ser tudo aberto?

— Foi o que ele disse — respondeu sério.

— Ai, meu Deus! — Coloquei a mão sobre o coração, dramaticamente. — Estou mais que ferrada... Não consigo aprender nada dessa droga de assunto!

Ele cruzou os braços e me olhou, cínico.

— Quem manda ser burra? Deveria continuar com suas letras...

Agora me diz, quem iria pedir ajuda àquele imbecil? Não eu!

Virei o rosto, magoada com suas palavras, como sempre. Por que Edward era um imbecil? E por que ele era assim apenas comigo?

— Desculpa — escutei-o falar, e o olhei, assustada. — Esse assunto não é tão difícil assim, é só gravar algumas fórmulas e interpretar bem as questões, posso te ajudar.

Quem era aquele menino em minha frente?

— O quê?!

— Para, Bella, não faz essa cara como se estivesse vendo um ET em sua frente. Posso te ajudar, se quiser. Vai querer?

— E por que você me ajudaria?

Ele mudou seu peso para a outra perna.

— Sua melhor amiga me pediu, na verdade acho que me ameaçou, aquela maluca. Esse “relacionamento” — ele fez aspas com a mão — dela com o Jasper não está dando certo, eu que sobro.

Eu não sabia se ria ou se ficava furiosa. Alice, aquela traidora, entregou-me a Edward! Como pode?

— Olha, Edward, seja lá o que ela tenha dito, desconsidere. Não quero obrigar ninguém a me ensinar nada e...

— Eu quero — ele respondeu rápido, assustando-me. — Quer dizer, te ajudar vai me fazer revisar a matéria, será proveitoso para os dois.

Olhei-o desconfiada e respirei fundo, rezando internamente para não me arrepender das minhas próximas palavras:

— Ok. Onde?

— Pode ser lá em casa hoje à tarde, podemos sair juntos e eu te levo lá. Tudo bem pra você?

A casa dele? Ai, meu Deus, isso não vai prestar.

— Tudo bem, a gente se encontra no refeitório às duas.

O professor chegou e todos se acomodaram em seus lugares. Eu sentia meu estômago dando voltas e tinha que admitir que estava nervosa. Eu, Bella Swan, iria conhecer a casa de Edward Cullen, o babaca por quem, infelizmente, eu ainda amava. Não sabia o que pensar sobre sua oferta. Se fosse qualquer outra pessoa, não teria o que pensar, mas estávamos falando de Edward, a criatura que tinha como meta de vida infernizar a minha. Eu sinceramente esperava que ele não fizesse algo estúpido.

O resto da manhã foi normal. As meninas piraram quando contei a elas que iria estudar na casa de Edward à tarde, e claro, dei uns bons gritos em Alice, perguntando se ela tinha enlouquecido em contá-lo que eu precisava de ajuda com ângulos. Ela, como a garota esperta que era, disse apenas que eu iria agradecê-la mais tarde.

Olhei meu relógio de pulso, confirmando que estava minutos atrasada. Esperava não ouvir muito de Edward, afinal, ele se considerava o Sr. Pontual. Não demorei muito para encontrá-lo perto da cantina, mexendo em seu Iphone — sim, era seu novo bebê —, enquanto rodava as chaves do Amarok nos dedos. É, seu pai tinha lhe dado seu carro, e era mais uma coisa pra listinha dos bens de Edward para tirar onda. Antes que eu chegasse perto dele, ele levantou o rosto, fitando-me sério.

— Era pra eu te deixar aí — resmungou, já andando. Eu o segui.

— Desculpa, estava ajudando o Diego com sua maquete.

— Diego? — repetiu, dando-me uma olhada rápida e logo desviando.

Era impressão minha ou havia uma ruguinha de raiva em sua expressão?

— É, Diego.

— Mal consegue sair do primeiro semestre e tá ajudando gente do quinto? O que você fez lá? Segurou o prédio de isopor enquanto ele passava cola no fundo?

Fitei-o, furiosa.

— Não é só porque tenho dificuldade em uma matéria que quer dizer que esse não seja meu curso, Edward.

— Nunca disse que não.

— Nunca? — soltei uma risada sarcástica. — É o que você mais tem dito nos últimos meses! “Volta para suas letras” — repeti, com sua voz irritante, o que ele tinha me dito hoje pela manhã.

Ele riu.

— Talvez eu diga isso um pouquinho.

Fitei-o, incrédula, mas achei melhor deixar para lá. Eu iria para sua casa, tentaria ao máximo não ceder a suas provocações, e se tivesse sorte, sairia de lá com mais conteúdo do que entrei. Simples, fácil e prático.

Fomos caminhando até o estacionamento da UCC, e quando estávamos próximo as filas de carro embaixo de uma árvore, Edward desligou o alarme do carro. Ele abriu a porta do motorista, enquanto eu circulei o veículo, indo para o carona. Quando deslizei a porta, fechando-a, notei que era a primeira vez que entrava no carro dele. Para minha surpresa, senti-me como se estivesse em casa. Eu podia sentir o cheiro do seu perfume concentrado nos bancos, como se ele tivesse sentado em casa um, deixando vestígios de sua fragrância neles.

— E não é que seu pai te deu o carro dele? — provoquei-o, quando ele já tinha saído dos arredores da faculdade.

— Eu o mereci.

O caminho até a casa dele foi silencioso. Edward ainda morava no mesmo bairro, mas eu nunca soube de fato a localização de sua casa. Paramos em frente a um prédio simples, mas extenso em largura. Eu tinha uma vaga lembrança de quando ele desenhou para mim a planta de sua casa no primeiro ou no segundo ano, não sei, apenas para me mostrar o quão grande era. Idiota. Entramos no estacionamento do prédio, e ele parou próxima a porta da entrada subterrânea. Descemos do veículo e puxei a alça de minha bolsa para mais próximo de mim, incerta do que me esperava lá dentro.

A verdade era que eu estava pirando por passar à tarde na casa de Edward.

Melhor que isso, só ele me beijando.


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Notas finais do capítulo

Êa, galerinha, como vão vocês? Epa, epa, abaixem as armas e os punhos, demorei mas voltei, rs. Quero me desculpar pelo super atraso do capítulo, estou de férias, a preguiça triplica e as ideias correm de mim! Essas benditas só aparecem quando tenho mil e uma atividades escolares para entregar, cheia de compromissos no dia e com apenas cinco horas de sono diário ¬¬! Pois é.
Como tinha dito a vocês no capítulo anterior, a partir de agora a estava é totalmente ficção! E, bem, pelas minhas contas, talvez a história termine no próximo capítulo, ou no próximo depois dele, não sei ainda. Não quero enrolar muito, e relembrar de More Than Words não está me fazendo bem ultimamente, por causa do Edward verdadeiro :/
Enfim, pretendo terminar a história ainda esse mês, esse ano será corrido e tenho que me concentrar no vestibular, então, quero aproveitar as férias.
Comente, comentem e comentem, não me abandonem, e obrigada meninas pelas recomendações, espero de coração ganhar mais :D
Beijos e até o próximo capítulo, sigam meu blog de escrita: http://eus2escrever.tumblr.com/