O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 24
Cap. 22 Aos poucos.


Notas iniciais do capítulo

Antes de lerem quero avisar que cortei a cena de Helena e Aquiles (a erótica) vista que o fim de semana está no final e os leitores de costume que comentam não deram o ar da graça. Não fiquei zangado nem nada do gênero, talvez a maioria estivesse ocupado demais com outras coisas, eu entendo que não tiveram tempo de entrar no Nyah! assim de boa. Por isso já agradeço de ante mão ao Lovely Ghost Writer e a Luna por terem comentado cap passado e dado suas opiniões. Este capítulo dedico a vcs!
Está aí o capítulo, boa leitura!



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Aos poucos.


Aquiles caminhava abraçado com Helena pela praia num anoitecer lindo, com o céu negro cheio de estrelas e nenhuma nuvem. Era uma noite perfeita para os dois, após Aquiles finalmente se declarar e Helena finalmente baixar a guarda e se entregar.

É claro que estavam ainda cheios de dúvidas, receios originários do próprio medo pelo que viria daqui para frente. Helena não sabia o que ele era, deveria ser humano por causa do corpo, mas não era. Um ser humano normal não faria o que ele fez e muito menos falaria algo como disse instantes atrás.

– Ainda pensando quem ou o que eu realmente sou? – perguntou Aquiles num sorriso tranquilo, olhando para frente. Ele não precisava encarar a face da doutora para saber dos receios dela.

– Não! – Helena falou alto, surpresa por ter seus pensamentos óbvios revelados. – Não, quero dizer... é intrigante sim... talvez você seja algo mais que um homem normal... mas agora eu sei que não é perigoso.

Aquiles continuou sorrindo.

– Diga-me, quais são suas teorias?

–Não quero falar.

–Ah, vá... fala, prometo que se você acertar eu lhe direi.

Helena o encarou, estreitou o olhar desconfiada pela tranquilidade de Aquiles, ele não se preocupava com os chutes dela por que tinha certeza que jamais acertaria. Contudo, a mulher não via razão para não falar.

– Ok... vai parecer ridículo e humorístico, além de me deixar com cara de palhaça. Mas, em troca, eu quero que você me confirme algumas suspeitas.

–Fechado. – Aquiles disse, sem hesitar.

– Certo. Hã... a princípio, eu achei que poderia ser uma espécie de vampiro... só que você não sai a noite, e quando saí no sol não queima e muito menos fica brilhando como um diamante. Mas você não é, né?

–Não. E desde quando vampiros brilham como diamantes na luz do sol?

– Esquece, foi num livro que eu li. Um lobisomem você não é... na verdade, eu estranhei esse detalhe em particular... os pelos de seu corpo não crescem, os únicos pelos como o cabelo e as sobrancelhas parecem se manter intactos também...

Aquiles segurou a risada.

– Certo, eu não sou peludo e também não tenho problemas com prata. Próximo.

–Alien você também não é... quero dizer... não tem como ser. Eu já chequei todos os exames referentes a todo e qualquer tipo de anomalia que poderia existir em seu sistema. De um ponto de vista físico, biológico e prático... você é humano.

– Que bom. Mais alguma ideia?

– Um deus nórdico?

– Não.

– Um deus Greco? Tipo Zeus, Apolo ou Ares?

–Não, não e também não.

–Um anjo?

–Fico lisonjeado... mas também não.

– Você é algum tipo de divindade? Qualquer uma que possa existir na história da humanidade?

– Hã... não.

Helena bufou.

– Desisto. Agora irá me responder algumas dúvidas?

–Sim. Mas respostas diretas como um sim ou não... sem explicações. De algum modo eu estou um pouco cansado... talvez por que tenha falado demais. – Aquiles deu risadas.

– Certo... hã... você não dorme?

–Não.

–Eu sabia! – Ela expressou contentamento ao esclarecer algo que a atormentava. – Certo... hã... você não precisa comer?

–Não.

–Beber?

–Também não.

–Como isso é possível? Seu corpo é igual a de todos os outros... e como tal precisa de alimento, precisa de energia para continuar se recuperando, além de se exercitar ou fazer as atividades diárias...

–Isso foi uma pergunta?

Helena lhe deu um leve tapa no ombro enquanto caminhavam mais pela praia, tendo a forte luz da lua cheia como iluminação.

– Hã... você pode me contar o que é? – ela por fim perguntou.

– Ainda não.

– E quando poderá?

Aquela pergunta fez Aquiles pensar. Quando ou se poderia realmente contar toda a verdade para Helena? Será que ela aguentaria ficar do seu lado apesar de saber a verdade? Não... a resposta lógica era não mesmo.

Qualquer pessoa normal no mundo o entregaria para as autoridades ou se afastaria o máximo que pudesse ao descobrir toda aquela bagunça surreal. Logo, para não desapontá-la em dizer “nunca”, o rapaz apenas suspirou e disse:

– Vamos aos poucos, um dia irei lhe dizer. É tudo o que posso oferecer.

Helena não estava satisfeita com aquela resposta, era curiosa como quase toda mulher... ainda mais curiosa por que ela o desejava... desejava ter Aquiles apenas para ela, no entanto, é ruim ter que ficar com alguém que força você a ser incomodada pela curiosidade, pelo não saber daquele mistério.

– Certo. Não tenho outra opção mesmo. – Helena bufou.

– Agora, eu tenho uma dúvida. – disse o rapaz.

– Qual?

– Hoje mais cedo, quando você se reuniu com suas amigas... ao invés de me mandar para junto dos homens, você falou para eu ir junto daqueles moleques? (era hipocrisia por que Aquiles deveria ter a mesma faixa etária) Ao que me consta temos a mesma idade.

– Temos é? – Helena arqueou as sobrancelhas. – Eu tenho vinte e nove... e você? Como não preencheu a ficha de requerimento do hospital por não se lembrar de quem é, não deu sua idade... por que presumimos que não se lembrava também de quando nasceu. Mas agora que tocou no assunto... quanto anos tem?

Aquiles foi pego de surpresa, seu corpo havia amadurecido consideravelmente, fazendo-o parecer ter entre vinte e cinco e trinta anos, mas o rapaz nem pensou em quantos anos podia ter especificamente.

– Vinte e sete. – ele chutou, mentindo ao mesmo tempo. – De qualquer maneira, você acha que eu tenho quanto?

– E o que importa o que eu acho? Se você diz que tem vinte e sete... tem vinte e sete, embora não haja nenhum documento que comprove isso, mas você é de certo modo difícil de se codificar mentalmente... o jeito como você fala e como age as vezes o faz parecer bem imaturo... quase como um adolescente.

– Bem, eu já passei dessa fase. – Aquiles bateu o pé. – E também não acho que sou tão imaturo... Amanda é um pouco mais velha que você e age como uma garota de quinze anos... uma garota pervertida e perturbada.

Helena deu várias risadas.

– Sim, sim... que Amanda não é normal, isso nota-se de longe.

Ambos sorriram mais, até que avistaram uma mulher parada perto da divisa da areia da praia com as pedras grandes que formavam uma barreira para proteger uma casa tão grandiosa quanto a de Estefani. A mulher estava parada com os braços cruzados, observando uma criança agachada na areia vendo a negritude do mar, ouvindo as ondas se quebrarem contra a praia.

Quando Aquiles botou os olhos no menino, ele parou de andar. Ficou encarando por poucos segundos, até que Helena o deu uma cutucada e ele voltou à realidade.

– Oi? Hã?

– Que foi, Aquiles?

O rapaz não deu muita atenção à médica e andou em direção a mulher parada na praia.

– Oi, boa noite. Desculpe incomodá-la, mas por que aquele menino está tão triste? – Aquiles não sabia como, mas sabia que havia algo errado com a criança.

A moça que estava enrolada numa manta branca, a principio estranhou a atitude do homem que nunca havia visto, mas ao perceber que ele estava acompanhado de uma mulher, ela relaxou um pouco.

– Hã... desculpe, nos conhecemos?

– Perdoe-nos. – disse Helena estendendo a mão para cumprimentar a moça. – Estamos num fim de semana aqui... viemos da casa de Estefani Juril. Sou Helena e este é Aquiles.

– Oi. – disse o rapaz, estendendo a mão para cumprimentá-la também. – Peço desculpas se a assustei.

– Tudo bem, sou Fátima – ela os cumprimentou. – e aquele é Max.

Os três encaram o menino, que ainda mantinha-se agachado com os braços sobre os joelhos observando o mar.

– Ele está muito triste. – Aquiles tornou a dizer. – o que foi que houve? Se não for muita intromissão minha perguntar.

– Um bonito garoto. – disse Helena. – Seu filho?

– Não. – a mulher tinha uma face pálida e olheiras roxas bem evidentes. – ele é meu sobrinho. Hã... há alguns meses, um ladrão assaltou minha irmã em pleno centro, tentando roubar um colar de ouro... ela estava com Max no momento... o menino se assustou e o homem que estava armado... disparou duas vezes antes de arrancar o colar dela. Minha irmã não sobreviveu. – a mulher disse essa última frase aos soluços.

– Meus pêsames. – disse Helena.

– Eu estou bem... só temo por Max. Depois do ocorrido ele nunca mais falou nada... sequer sorriu... mal come... – a mulher realmente estava quase chorando. – o pai o levou a mais de quatro psicólogos que receitaram antidepressivos... ainda assim, nada funciona... ás vezes ele chora, outras apenas dorme... dorme tanto que muitas vezes penso que está... está... – agora ela estava chorando.

Helena a abraçou em sinal de conforto, realmente a pobre deveria estar com os nervos em frangalhos para desabafar com dois completos estranhos numa noite clara na praia. Fátima se recuperou, limpando as lágrimas com a manta.

– O barulho do mar parece deixá-lo calmo... mas ele só fica assim... e só a noite.

– Posso falar com ele? – Aquiles perguntou de repente.

– O...o que?

– Posso conversar um pouco com Max?

– Ah... ele não fala com ninguém... nem comigo, nem com o pai...

– Tudo bem. – disse Aquiles num sorriso simpático. – Sou bom com crianças.

Ele nem esperou a aprovação da tia e seguiu caminhando pela areia até o menino. Parou ao seu lado e pôs um joelho no chão, tocando o garoto no ombro com a mão direita.

Até aquele prezado momento, Aquiles não fazia ideia do que estava acontecendo consigo... quando pôs os olhos na criança teve a mesma sensação de momentos atrás, quando contou a Helena coisas que nem mesmo ele sabia sobre o universo e as energias que nele circulam.

Agora lá estava o rapaz, dentro de um espaço vazio, cercado com uma iluminação azul provinda de uma chama gigantesca azul que florescia no centro.

– A alma de Max. – disse Aquiles, sem saber como sabia que era uma alma.

– Correto. – disse uma voz feminina quase ao seu lado.

Aquiles deu um salto para trás ao ver a loira de cabelo brilhante e vestido branco atrás de si, com os braços cruzados o encarando.

– Cruz credo, minha filha! Até na cabeça de um menino você me persegue!? Espere... – Aquiles olhou para os lados. – Eu estou na mente do garoto? Como eu vim parar aqui?

A mulher bufou.

– Francamente, Eros. Sim, estamos dentro da mente do jovem Max, mas apenas sua mente está aqui... seu corpo continua lá fora, no plano físico. Estamos em uma outra dimensão, uma dimensão própria criada pela cabeça da criança.

– Hei.. hei... hei! – Aquiles apontou para ela. – Foi você! Foi você que me fez falar toda aquela coisa sem sentido sobre Caos e ordem para Helena! Assim como foi você quem... quem... ah droga! O que eu estou fazendo aqui?

A mulher suspirou.

– Você quis estar aqui. Você percebeu que a polaridade da energia positiva da alma estava sendo corrompida... você viu isso. Está aqui por que quer ajudar.

– Está falando... – Aquiles balançou a cabeça para os lados. – que... a alma é energia de pólo positivo... emite energia em uma determinada configuração... a mesma que os selos de energia primária, só que em escala muito menor, e como os selos ela pode se corromper e liberar energia negativa corrompendo tudo... mente... corpo...

– A própria vida do menino. – disse a mulher. – Você está aqui por que sabe que se a alma dele continuar expelindo aquele poder, não sobrará nada. Nesse exato momento, o trauma causado pela morte de sua mãe fez a configuração mudar e isso está destruindo a mente dele aos poucos. Depois que a mente ceder, irá consumir o corpo... e, por fim, a vida. A grande maioria do mal que assola os corpos humanos deriva de suas mentes doentes... e a deste menino irá matá-lo.

Aquiles não disse nada. Sabia que o que a mulher dizia era verdade. O rapaz tornou a encarar a enorme chama azul e então percebeu uma película negra crescendo em volta.

– Como é que eu sei de tudo isso? – ele perguntou, ainda encarando a chama.

– Por que eu sei. –disse a estranha. – eu lhe disse que te daria parte do meu conhecimento para que você pudesse despertar e seu real propósito ser revelado.

Aquiles então encarou a mulher.

– Você é... não... não pode ser.

– Minha identidade não é importante agora e sim seu pequeno objetivo. Você está aqui por quer sabe que pode romper aquela massa energética.

O rapaz olhou para as próprias mãos... ele ainda estava desconcertado por perceber quem era a estranha, ou por achar ter percebido. Não havia a menor chance de ela ser quem ele pensava...

– Certo. – disse Aquiles. – se eu introduzir minha energia naquela massa energética negativa... ambas irão se anular, purificando a alma dele.

– Correto. – disse ela.

– Então, quando eu terminar... nós iremos conversar. Quero saber de tudo.

A mulher assentiu com a cabeça concordando.

– Ok. – Aquiles se concentrou e a armadura azul se moldou em seu corpo rapidamente, já com a espada em mãos. – É só fincar a espada e pronto.

Ele respirou fundo e saiu correndo em direção a chama, já erguendo a arma para desferir o golpe, quando algo veio-lhe de frente acertando seu corpo inteiro, o jogando a vários metros para trás.

Deitado, Aquiles inclinou a cabeça para ver o que foi aquilo, depois achou melhor não ter feito isso.

A negritude que o acertou estava em forma de uma pata com três garras. O enorme pé pousou no chão e o manto negro foi saindo do contorno em volta da alma e assumindo moldes de uma criatura grande. Outro pé com garras se moldou e uma coluna cresceu na vertical, fazendo braços cumpridos e mãos com garras também. A coluna continuou na vertical, fazendo uma cabeça achatada e duas cavidades circulares se ascenderam num fogo branco, sendo os olhos. Ou pelo menos, era o que Aquiles achava.

– Só pode estar me gozando... – Ele disse, já de pé.

Atrás do espectro feito em escuridão, se estendeu uma cauda.

–Um dragão de quase dez metros de altura? – Aquiles bufou. – Mas é claro, estou na mente de uma criança.

– Como parte da existência, a energia negativa tentará se defender a todo o custo. – disse a mulher.

– É, já notei. – Aquiles levou uma mão ao queixo, ainda dolorido pelo golpe. – Pelo visto, será do jeito mais difícil.

O dragão mantinha os olhos fixos no rapaz, a expressão do mais puro ódio.

Aquiles levantou a lâmina da espada e se posicionou para o combate.

– Caí dentro, seu pokemon super vitaminado!

A criatura uivou e avançou.

Ele ergueu seu enorme pé tentando esmagar Aquiles, então o rapaz deu um salto para esquerda, rolando e já se posicionando para pular. Naquele momento, uma parte bem pequena de sua sanidade dizia que era um absurdo completo querer mano a mano contra algo daquele tamanho, mas Aquiles não estava nem um pouco a fim de desistir... além do mais... quem nunca quis enfrentar um dragão?

Antes de pular, o dragão balançou a cauda e acertou o rapaz, jogando-o longe.

Novamente ao chão, Aquiles observou a face da mulher o encarando.

– O máximo que consegue fazer?

– Hum! Não estou te vendo ser útil. – ele se pôs de pé.

– Sou seu apoio moral. Então... vai Eros! Você consegue!

– Oh... cale essa maldita boca! – disse, antes de avançar contra a fera. – Vamos lá, sua lagartixa bombada!

Ele baixou sua enorme garra e dessa vez não deu tempo para o guerreiro desviar, ele apenas cruzou os braços e levou o impacto novamente, só que desta vez, Aquiles não foi arremessado para longe, o rapaz aproveitou o tranco e se agarrou em uma das garras da fera.

Ele forçou o braço esquerdo para cima, puxando o corpo enquanto o braço direito com a espada era levado para trás, ganhando impulso para desferir o golpe no interior da pata feita em escuridão.

O bicho rosnou de dor e deu um solavanco para trás e Aquiles foi junto, visto que a lâmina estava presa.

O dragão notou que ele estava fixado em si e então o aproximou de seu rosto, os olhos em chamas brancas da mais pura raiva. Ele abriu a boca e no momento que ia dar a mordida, o rapaz forçou seu peso todo na espada para que pudesse se soltar no exato momento em que caía dentro da boca da besta.

A fera, pensando ter conseguido vencer, foi logo fechando a mandíbula, mas cometeu o erro que lhe custou sua existência, pois Aquiles já havia se posicionado lá dentro, levando a lâmina da espada para cima então, ao fechar a boca, a espada ficou em sua cabeça, penetrando nas trevas.

O dragão se transformou em uma grande nuvem de fumaça branca e se dissipou.

Então, em meio à queda livre ao chão, o rapaz percebeu que já estava de volta a praia, onde segurava o ombro da criança que o encarava, sorrindo.

– Aquiles, você está bem? – o rapaz ouviu a voz de Helena próxima a si.

–Você é engraçado. – Disse a criança.

O rapaz arregalou os olhos surpreso. Fátima colocou a mão na boca e lágrimas desceram de seus olhos, imediatamente pegando Max no colo.

– O que você disse, meu bem? Repete para tia, repete!

Max olhava para Fátima sorrindo.

– Eros lutou com um bicho grande e que era escuro, foi divertido! – disse ele, fazendo gestos com as mãos.

Aquiles começou a tossir enquanto se punha de pé ao lado de Helena. Até aquele momento, o choque era tudo que dominava sua mente, como Max sabia aquele nome?

Fátima sorriu mais e o abraçou bem apertado.

– Meu Deus! Meu bem, repete para titia... ainda não acredito! – Ela chorava.

– Foi demais! – Ele dissera com os braços para cima, sorrindo na maior empolgação.

Depois seu rosto vermelho e os olhos inchados pousaram em Aquiles.

– O que você fez?

Aquiles notou que Helena e Fátima o fitavam.

– Hã... eu... eh... contei algumas histórias que eu sabia... sim! Histórias sobre um herói chamado Eros.

Para uma desculpa improvisada, até que Aquiles se saiu bem.

– Foi demais, tia! O bicho esmagou ele, depois ficou com ele preso na pata, aí o Eros pulou na cabeça do dragão e o matou!

“Incrível, o moleque vira o combate inteiro? E se lembrava? Mas como sabia o meu nome? Não o mencionei em momento algum.” Pensou Aquiles, preocupado.

Ela sorria, enquanto tentava secar as lágrimas.

– Uma história, moço? Não acredito! – Ela estava visivelmente feliz.

– Eu disse. Sou bom com crianças. – mentiu Aquiles.

Ela colocou-o no chão. O menino estava em êxtase, começou a correr em círculos com os braços abertos.

–Tia, foi legal! Eros lutou com seu arqui-inimigo, o perverso Greco na floresta e ele ativou um poder supremo com uma armadura massa... aí ele deu uma surra no Greco! Tudo brilhou... então explodiu...assim, powwwwww!

O queixo de Aquiles caiu e sua expressão de espanto ficou ainda mais evidente. Até o combate contra Greco, Max havia visto? Como era possível?

Fátima sorria, enquanto via o sobrinho.

– Você contou quantas histórias a ele? Vocês só ficaram ali por alguns minutos.

– Hã... apenas os resumos de algumas histórias. Nada de importante. – Aquiles tentava contornar a situação.

Ela o abraçou de repente e de modo exasperado.

– Obrigada. Seja lá o que fez, obrigada!

– Que isso... só foram algumas histórias. – Aquiles também a abraçou, só por educação.

Fátima se afastou dele, abrindo os braços na direção de Max

–Venha Max. Vamos lá contar essas histórias ao seu pai. Ele vai adorar, tenho certeza.

Os dois voltaram para a casa, deixando Aquiles em uma enrascada sem tamanho por causa do olhar de Helena que dizia “ Ok... agora você vai me contar a verdade?”


Ambos já estavam de volta à casa de Estefani, o cenário não havia mudado. As mulheres estavam debaixo da tenda jogando cartas e secando dezenas de garrafas de vinho, enquanto conversavam alto e gritavam “Bati”, isso e mais alguns xingamentos por causa da bebida. Os digníssimos maridos haviam saído todos juntos para o centro a fim de beberem em algum boteco ou visitar uma famosa casa de strippers na cidade.

Os “moleques”, de acordo com Aquiles, ainda estavam na praia curtindo um som de violão ao redor da fogueira.

– Por favor, Helena. – disse Aquiles subindo as escadas atrás da médica, emburrada.

A doutora não lhe deu bola e seguiu para o corredor no primeiro andar.

– Não fique assim. – Aquiles continuava. –Eu só ajudei o menino.

A médica parou em frente a porta do quarto e virou-se rápido para encarar o rapaz.

– Não é isso! Estou muito feliz que você o tenha ajudado, foi incrível e a coisa mais decente e magnífica que eu vi alguém fazer.... o que eu não entendo é como!? O garoto presencia um evento traumático e desde então não fala nada por meses! E apenas com cinco minutos de conversa você o livra de toda a dor... de toda a...a... tristeza... como?

Aquiles suspirou, fechou as duas mãos em punho.

– Eu... eu... não posso dizer.

Helena o encarou com um olhar que só mostrava decepção e então virou-se novamente e abriu a porta do quarto, mas Aquiles a pegou pelo braço, já colando seus lábios nos dela, quando se separaram, ele falou quase sussurrando.

– O que você faria se tivesse de dizer algo tão surreal, algo tão inexplicável que nem mesmo você entende?

Helena fixou seu olhar naqueles olhos verdes cintilantes.

– Eu... eu... não sei. – ela já sentia o corpo ficar quente por causa da proximidade com Aquiles. – Apenas diga...

– Não posso... não há lógica, não há entendimento... ou argumento que comprove o que posso dizer. É exatamente como... – ele parou engolindo seco.

– Como o que? – Helena já sentia o coração a mil por hora.

Aquiles estava fungando, sentia o corpo esquentar numa velocidade estupenda.

– Como...

Aquiles levou a mão pela barriga de Helena e começou a subir de leve por cima da blusa, fazendo-a se arrepiar, enquanto sua mão chegava no espaço entre os seios e subia até o pescoço, por fim o rosto.

– Como o amor e o desejo que sinto por você. – Aquiles falou fungando.

Como da outra vez, a mente de Helena se desconectou do corpo e o deixou agir como queria... assim, ela agarrou sua nuca, trazendo seu rosto para junto do dela, com seus lábios se esmagando num beijo rude e desesperado.

Aquiles não entendeu como, mas sem se desgrudarem já estavam dentro do quarto.

– Você não dorme aqui junto com Amanda e outra mulher? – ele conseguiu perguntar enquanto Helena beijava seu pescoço.

– Cala a boca. – disse ela sussurrando enquanto tirava a camiseta dele.

Aquiles decidiu também mandar todo o medo e sensatez para o inferno e levou as mãos a gola da blusa de Helena e a puxou com força, rasgando-a em duas sem a menor dificuldade. Depois que se livrou da peça, Aquiles voltou a beijar Helena vigorosamente, à medida que suas mãos desciam das ancas para as coxas e, numa envergadura rápida, ele a pôs no seu colo ainda de pé. Helena passou as pernas ao redor de sua cintura, de modo que ficassem fixas e os dois ainda se beijando foram até o banheiro do quarto e passaram por lá fechando a porta com a chave.


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Notas finais do capítulo

Ah sim... há uma observação que eu esqueci de mencionar.
Me deram um excelente ideia de postar aquela cena como uma espécie de "bônus" deste capítulo, não vai influenciar em nada a história é claro. É apenas um acréscimo sobre o que rola no banheiro depois que a porta se fecha.
Estou colocando por causa dos dois leitores que me deram suas opiniões até o prezado momento... ambos disseram que não havia problemas em por esse trecho, na verdade eles votaram a favor e eu sei que tem gente que talvez não goste, por isso vou colocar como um extra... onde só vai ser o complemento, não haverá nada de importante para a história. Assim, quem quiser pode pular de boa.
Obrigado por lerem e deixo outro aviso: Capítulo que vem a moça de vestido branco contará quase tudo o que Aquiles/Eros deseja saber... e algumas revelações serão fundamentais para o curso da história.



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