Lutando Por Nós escrita por Laís Oliveira


Capítulo 34
Ultimo capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, me desculpem pela desatualização. Sem mais rodeios, eu espero que vocês leiam as notas finais e me compreendam.



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– Edward!? – Chamei baixinho.

– Edward? – O chamei novamente e não obtive uma resposta.

– Edwaaaard! – Falei dessa vez mais alta, o cutucando com o dedo indicador na barriga.

– Bella? – Finalmente me respondeu com a voz roucamente sexy de sono.

– Eu quero morango... Com ovo. – Eu disse receosa.

– Amor, você tá falando sério? – Edward me perguntou com uma cara estranha, parecia estar emburrado.

– Você sabe que sim. – Respondi com o choro ameaçando cortar minha garganta.

– Ei, por que está chorando?

Só então percebi que as lágrimas desciam por meus rosto sem piedade e o soluço já havia se manifestado.

– Você está chateado, não é? Que eu quero comer essas coisas estranhas no meio da noite, eu estou te atrapalhando? Desculpa, eu...

– Ei, ei – Edward me cortou colocando dois dedos sobre a minha boca, eu me calei.

– Você está muito sensível, sabe disso não é? – Edward continuou e eu assenti – Sabe que eu não ficaria irritado com nada que vem de você e Anthony, não sabe?

Assenti timidamente. Edward beijou minha testa ternamente e levantou-se da cama, alguns minutos mais tarde ele voltou com um prato com morangos picados e ovos mexidos.

Senti minha boca encher d’agua, foi impossível não salivar com o cheiro doce e salgado se misturando em um só. Praticamente arranquei o prato das mãos de Edward, e depois de saborear-me com o primeiro, comi mais dois. Edward me olhava com uma cara estranha enquanto eu comia, não acreditando que eu estava comendo aquilo.

– Pode pegar chocolate em pó para mim? – Perguntei para Edward no terceiro prato.

– Tem certeza, Bella? – Edward perguntou-me com os olhos arregalados, ele ainda não havia se acostumado com meus desejos estranhamente estranhos.

– Sim, amor. – Respondi com um sorriso tímido.

Edward voltou com o chocolate em pó e ele mesmo o jogou por cima do ovo frito com morangos. As primeiras garfadas foram as melhores, mas depois tudo o que eu fiz foi correr para o banheiro e Edward veio atrás de mim.

Enquanto eu vomitava o que tinha – e o que não tinha – dentro do meu estomago, Edward segurava meu cabelo fazendo um grande rabo de cavalo, como ele sempre fazia nas ultimas semanas.

– Odeio que você me veja assim. – Confessei pela milésima vez quando tateava minha escova de dente.

– Quando você vai deixar de ser teimosa? – Ele perguntou-me.

– Acho que nunca. – Disse com sinceridade e nós rimos em uníssono.


*


Eu alisava minha barriga de cinco meses, meus pés inchados estavam apoiados na mesa de centro da sala, eu estava gorda, inchada e com dor nas costas.

– Bella, você quer mesmo que Edward me mate? – Alice perguntou-me arqueando uma sobrancelha.

– Alice, por favor. – Implorei.

– Não. Você já tomou quase três litros de refrigerante e sabe muito bem que isso não faz bem a Anthony. Se eu for atrás de mais para você Edward vai fazer picadinhos de mim. – Ela disse batendo o pé. – Não quero morrer antes de conhecê-lo, aliás, não quero morrer tão cedo. Quero morrer bem velhinha.

Bufei. Era claro que Edward havia deixado Alice para ser minha babá e para controlar meus alimentos. Nos últimos dias eu estava louca com doces, chocolates e todas as coisas do tipo. Eu sabia muito bem que isso não fazia bem para meu bebê, mas que culpa tem eu? Não quero que meu filho nasça com cara de chocolate amassado.

– Jasper, faz alguma coisa. – Recorri a minha salvação.

– Não, Bella, você sabe que Alice está certa. – Jasper disse com divertimento, louco para conter a gargalhada. OK, ele não era minha salvação.

– Vocês todos são maus. Eu sou uma grávida que está praticamente invalida. Estou inchada, morrendo e dor nas costas, Anthony só sabe chutar minhas costelas, estou com fome de Coca Cola e vocês não podem me ajudar? Isso é um completo absurdo, eu não acredito que vocês...

– Isabella Marie Swan. – Alice sibilou meu nome e um frio correu por minha espinha, agora ela estava realmente falando sério.

– Sim? – Tentei soar firme, mas falhei.

– Você não vai tomar refrigerante e ponto final. Você ainda vai me agradecer por isso, tente seguir as regras do seu médico. Quando Edward chegar eu vou dizer a ele.

Fechei os olhos com raiva. Não raiva de Alice ou qualquer outra pessoa. Mas raiva de não poder tomar Coca Cola. Edward era extremamente protetor, ele seguia tudo a risca o que o médico havia nos recomendado, e como se fosse possível era ainda mais cauteloso por conta do sangramento que eu tive no passado. Um passado que agora parecia tão distante que foi quase apagado da minha memória.


*

Agora eu tinha seis meses de gestação. Edward havia viajado para New York, e ficaria uma semana fora. Eu já estava a três dias sem ele. E claro, as babás dessa vez não poderiam ser nada mais nada menos que Jacob Black e Emmett Swan.

– Está na hora de buscar a monstrinha na escola. – Emmett disse naturalmente.

– Eu posso ir só. – Comentei casualmente mesmo sabendo que seria uma missão quase impossível.

– Está louca? Não vou deixar você ir só, na verdade você fica com Jacob e eu vou pega-la. – Emmett me respondeu.

– Por que fica no meu pé? Ligue para Rose, não sou a única gravida daqui. – Falei realmente irritada, eu me sentia sufocada com todos pendurados no meu pé, monitorando até meus batimentos cardíacos.

– Rose está em aula agora. – Ele respondeu, sim, Rose era cabeça dura e não trancou a faculdade, disse que iria até quando completasse seus nove meses.


Emmett foi até o colégio e quando eu fui trancar a porta quase beijei o chão, e graças aos céus Jacob me segurou antes que isso acontecesse. Talvez, só talvez, eu precisasse realmente de monitoramento.

– Bella, como é ter uma coisa dentro de você? – Jacob me perguntou com sua cara de bobão de sempre, mas parecia mesmo interessado.

– Jake, não é uma coisa. É um bebê, é Anthony. – Falei divertida.

– É que isso é tão estranho. – Ele comentou rindo abertamente. – Anda, me conte.

– Bem... – Comecei passando a mão institivamente pela barriga – É muito... Estranho, realmente, e é bom. É tão incrível saber que tem uma vida dentro de você, e é tão estranho e gostoso ao mesmo tempo quando Anthony se mexe aqui dentro, sabe? É como se fosse um cumprimento, tipo, ‘hey eu estou bem’.

– Isso continua sendo estranho. – Ele disse e eu lhe dei um soco de leve no ombro.

Instalou-se um silencio na sala, não era constrangedor, mas era curioso.

– Por que sua cara de idiota tá mais visível do que na maioria das vezes?

– Eu estava pensando... Eu quero essas coisas todas com a Jane, sabe essas coisas clichês. – Jacob disse passando a mão no rosto.

– Mas é claro que você quer; você a ama. – Falei docemente e Jacob me devolveu com um sorriso.


Não demorou muito para Emmett chegar com Anne.

– Ei, meu amor! – Falei assim que a vi atravessar a porta, com o seu melhor sorriso.

– Oi mamãe. – Anne aproximou-se e beijou minha bochecha, logo em seguida passando a mão em minha barriga. – Oi Anthony.

– Como foi na escola hoje?

– Foi tão legal mamãe, hoje tivemos aula de artes e meus desenhos estão ficando cada vez melhores.

Sim, esse era um talento de Anne que tínhamos descoberto nos últimos meses. Ela desenhava como ninguém. Eram desenhos realistas, nítidos, dignos de prêmios e mais prêmios. Ela poderia desenhar uma pessoa perfeitamente, nos mínimos detalhes apenas olhando-a.

– Fico feliz meu amor. Está com fome?

– Só estou com sede, eu vou tomar um suco. – Respondeu-me indo até a cozinha.

– Vocês nem vão acreditar no que acabou de acontecer. – Emmett disse meio atordoado.

– O que foi? – Jake e eu perguntamos juntos.

– Eu fui pegar Anne na porta da escola e tinha um menininho meio que atrás dela, sabe o que eu quero dizer? – Emmett disse.

– Não. – Respondi.

– Bella, o menino tá afim dela.

– Que? – Jacob disse.

– É! Na hora da saída ele correu atrás dela e deu uma folha pra ela, eu não perguntei o que era e ela também não me mostrou. – Ele disse coçando a cabeça.

– Ainda bem que Edward não está aqui. – Soltei sem querer.

– E você fez alguma coisa, certo? – Jacob perguntou curioso.

– Claro né, eu dei dinheiro para Anne comprar sorvete e quando ela entrou na escola novamente eu chamei o garotinho e disse pra ele abaixar as asinhas porque o pai, o tio, resumindo, todo mundo vai quebrar ele no meio se ele chegar perto demais. Daí ele saiu chorando e a Anne voltou; aí eu piquei a mula.

– Assim que se faz! – Jacob disse sorridente e socou o ar.

– Você é louco? – Perguntei retoricamente já alterada. – Você fez uma criança chorar! Um menininho, você deveria...

Parei de falar assim que Anne voltou para a sala novamente.

– Que foi amor? Você tá pensativa. – Comentei com Anne, sua mente estava meio longe.

– Estou com saudades do papai. – Ela disse meio triste e meu peito logo se apertou.

– Eu também. – Falei realmente sentida.

– Mas não é só isso.

– O que tem mais?

– Na hora da saída meu amiguinho estava chorando. Eu vi mais ou menos. – Ela disse preocupada.

– Estava?

– Sim. Eu esqueci meu desenho de artes na sala de aula e a professora pediu que ele me entregasse, aí eu fui comprar sorvete para mim e para o tio Emmett, quando estávamos vindo embora ele estava lá chorando. Acho que a mamãe dele se esqueceu de pegar ele na escola, ou algo assim.

– Aposto que ela só se atrasou querida. – Falei lançando um olhar reprovador para Emmett que estava vermelho como pimenta, já Jacob se contorcia para conter uma gargalhada.


*


– Não Alice, eu não vou vestir isso.

Alice estava obrigando-me a vestir um pijama rosa-choque para a ‘noite das garotas’ em nosso apartamento.

– Assim que manda a tradição, então você vai vestir. – Ela falou decidida, não tinha como contraria-la assim.


Eu raspava uma panela de brigadeiro com Anne, Alice com Jane e Rose raspava uma... Sozinha. Ela comeu uma panela inteira de brigadeiro sozinha! Estávamos todas com pijamas idênticos, o que era completamente ridículo.

– Isso não é bem uma noite de garotas. – Jane disse de boca cheia.

– Por que, tia? – Anne perguntou.

– Porque temos dois garotos dentro de duas barrigas por aí. – Ela respondeu e nós rimos. – É sério, querendo ou não temos Anthony e Taylor marcando presença, quando eles nascerem vamos dar outra festa assim, e aí sim vai ser a noite das garotas; Bella e Rose nem podem dançar.

– Claro que elas podem! – Alice bateu palmas – Essa é a melhor parte.

– Você quer que eu quebre a coluna? – Rose perguntou à Alice e eu ri, eu entendia bem a dor dela.

– Mas... – Alice tentou retrucar.

– Sem mais, e eu vou fazer mais brigadeiro. – Rose disse sorrindo angelicalmente.

– Imagine depois para ir ao banheiro. – Jane disse quando Rose estava longe o suficiente para não ouvir e nós rimos.

– Que nojo, Jane! – Alice disse gargalhando.



Sábado, o dia amanheceu e eu não havia conseguido dormir direito. Afinal, nos dias que Edward estava ausente eu mal conseguia dormir tranquila, era como se um buraco enorme estivesse ao meu lado e eu acordava varias vezes à noite o tateando ao meu lado. Era cinco horas da manhã, então em New York deveria ser oito. Resolvi ligar. Edward atendeu ao segundo toque.

– Oi amor, você está bem? – Edward me perguntou a voz vibrante, eu poderia ver o sorriso torto se formar sem seus lábios.

– Estou, mas eu estou com tantas saudades de você. – Falei quase chorando, a gravidez deixava meus hormônios a flor da pele e eu estava sensível ao extremo.

– Pode ter certeza que eu não estou diferente, o que te faz me ligar tão cedo?

– Está sem tempo? Posso ligar depois...

– Claro que não Bella, tenho todo o tempo para você.

– Bem, é que eu não consigo dormir bem, sinto falta de você dormindo comigo, Edward.

Escutei sua risada rouca e extremamente gostosa do outro lado da linha e meu peito novamente se contorceu em saudades.

– Se eu dissesse que acordo várias vezes a noite procurando você ao meu lado, acreditaria? – Edward perguntou-me e meu coração se aqueceu.

– Pode ter certeza que eu não estou diferente. – Foi a minha vez de dizer, eu poderia soltar fogos de artificio de tanta alegria.

– Bem – Continuei – Eu vou tentar dormir mais um pouco agora, só queria escutar a sua voz. Eu sinto sua falta. Anne também.

– Eu sei meu amor, eu também sinto falta de vocês. Durma bem e sinta-se abraçada por mim, sim?

– Obrigada, eu te amo.

– Eu te amo minha Bella.

E assim, foi fácil pegar no sono.


O dia seguinte se resumiu a caminhadas com Esme, Alice e Anne. Minha sogra dava-me dicas de como me comportar na hora do parto, como manter a calma e me concentrar apenas em colocar Anthony para fora. Confesso: Eu estava tremendo de medo.

Ela também havia me dito o quanto estava feliz por mim e por Edward, que ela não poderia ter nora melhor – o que inflou meu ego – e que me amava como se fosse uma filha para ela, e eu não poderia mentir, Esme era como se fosse uma segunda mãe para mim.


*


Oitavo dia sem Edward. Eu sentia que poderia ficar louca. Mesmo com Anthony ocupando um baita espaço dentro de mim, eu sentia-me vazia. Era a sensação sem-Edward.

Estava dormindo quando senti braços me rodearem e beijos ternos em minha bochecha e depois em minha barriga. Pensei que estivesse sonhando, mas os toques eram reais demais para ser um simples sonho, minha mente não teria capacidade para tais sensações. Os toques sessaram, como se não quisessem me acordar, e eu tinha certeza de onde eles vinham. Eu não estava ficando louca ou perdendo minha sanidade. Era meu Edward.

Lutei contra minha mente para abrir meus olhos que demoraram em focar na face perfeitamente linda a minha frente, sussurrando palavras doces para meu bebê.

– Senti tanta falta de vocês, Anthony.

Sentei na cama lentamente e puxei Edward para mim, enterrando meu rosto na curva de seu pescoço enquanto ele me envolvia em seus braços fortes. Depois de alguns minutos permiti-me olhar atentamente seu rosto que eu não pude ver durante oito dias, e para não poder nenhum detalhe segui seus traços com a ponta de meus dedos.

Então percebi que Edward estava apenas com uma calça de moletom velha e sem camisa, seu cheiro natural me deixava tonta, ele estava de banho recém-tomado.

Quando ele deitou na cama fiquei entre suas pernas, assim deitando minha cabeça novamente na curva de seu pescoço sempre aspirando seu cheiro e minha mão alisava delicadamente seu peito nu.

Nesse momento descobri uma coisa que na verdade eu já sabia. Edward estava longe eu estava no apartamento, tecnicamente em casa. Mas quando Edward voltou, e me tomou em seus braços, eu descobri qual era minha verdadeira casa. Minha casa poderia ser qualquer lugar, desde que ele estivesse comigo. Edward era meu abrigo, meu porto seguro, minha casa.

– Sabe... – Comecei a dizer enquanto Edward me apertava cada vez mais junto a ele e alisava meu cabelo – Minha mãe escutava muito coletânea brasileira, a língua é meio estranha, mas tem uma música que a melodia era tão encantadora que eu fui atrás da música e a letra é tão... Eu e você meu amor, é tão nós... E eu aprendi a cantar ela em inglês, não é a mesma coisa, mas mesmo assim continua linda.

– Eu gostaria de ouvir, minha Bella.

Engoli em seco, minha afinação não era das melhores, mas mesmo assim, não me importei muito.


Você é assim

Um sonho pra mim

E quando eu não te vejo

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito...


Eu gosto de você

E gosto de ficar com você

Meu riso é tão feliz contigo

O meu melhor amigo

É o meu amor...


E a gente canta

E a gente dança

E a gente não se cansa

De ser criança

A gente brinca

Na nossa velha infância...


Seus olhos meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Seus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só...


Você é assim

Um sonho pra mim

Quero te encher de beijos

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito...



*


Oito meses.

– Bella? Eu quero te levar a um lugar. Você e Anne. – Edward disse-me enquanto assistamos a um filme de comédia.

– Que lugar, agora? Edward, eu estou gorda.

Edward rolou os olhos, ele sempre dizia que eu era a mulher e gravida mais linda do mundo, mas eu sabia que era somente para me agradar.

– Apenas vamos, agora, sim? – Pediu-me com a maré verde brilhando intensamente, não havia como negar.


Edward estacionou o carro em frente uma linda casa na mesma rua de seus pais, dois andares, garagem, grama verdinha em frente e um carvalho no jardim.

– Quem mora aqui? – Perguntei curiosa.

Edward apenas sorriu e nos conduziu até a porta. Sempre segurando minha mão.

– Pode abrir. – Ele disse para mim e eu não o fiz, seria falta de educação entrar na casa de outra pessoa sem permissão.

– Se quiser abrir, Anne. – Edward disse lhe dando um sorriso encorajador e assim ela o fez.

Era uma casa extremamente linda, mas não havia ninguém. Olhei para todos os lados curiosa, e uma ideia muito louca passou pela minha cabeça.

– Edward... Não ria disso, mas, foi só uma coisa que passou, sabe, do nada. – Falei entre gaguejos.

– Papai, essa casa é nossa? – Anne completou meus pensamentos e o sorriso de Edward se alargou mais ainda, dando-me uma confirmação.

Anne olhou-me completamente chocada e levou as duas mãos a boca, a mão de Edward ainda segurava a minha e eu não sabia o que fazer.

– Edward, é verdade? – Perguntei em um fio de voz, pronta para chorar.

– Sim minha Bella, essa casa é nossa. Minha, sua, de Anne, Anthony, e dos que virão também. É nossa amor.

Minhas mãos tremeram involuntariamente, só poderia ser um sonho, um sonho do qual eu não gostaria de acordar tão cedo. Uma casa para a minha família, finalmente, começaríamos uma vida como uma família de verdade, como naqueles comerciais felizes de manteiga.

Tudo o que eu consegui fazer foi me jogar nos braços de Edward – não tento muito contato por conta de minha enorme barriga – e chorar aos prantos, de felicidade. Anne se juntou a nós e em um momento eu pude ver a umidade em seus olhos verdes, ela também estava feliz.

Ah! Como é bom chorar de felicidade.

E nesse dia, Rose deu a luz à Taylor.


*

Nove meses.

– Anne, quais formatos você quer? – Perguntei enquanto fazia a massa de biscoitos.

– Corações e sinos, mamãe! – Ela disse-me feliz.

Já estávamos na nossa nova casa a duas semanas. E estava sendo os melhores dias de minha vida! Alice esbravejou no inicio não querendo morar sozinha, mas ela entendia nosso lado e agora Jasper vivia em meu antigo apartamento. Estava tão feliz por ela.

Senti minhas pernas molhadas e uma dorzinha incomoda na ponta da barriga, sentei-me na cadeira mais próxima e a sensação molhada continuava a descer por minhas pernas. Eu não estava imaginando coisas. Será que eu tinha feito xixi sem perceber? Não.

Olhei para o chão que agora tinha uma poça de água e tentei não entrar em desespero.

– Anne, amor... – Falei com a voz tremula, tentando conter o nervosismo, desespero e felicidade. Anthony viria ao mundo!

– Sim mamãe? – Ela virou-se para mim enquanto procurava as forminhas para os biscoitos.

– Pega meu celular, está na sala.

E assim ela o fez. Disquei o numero de Edward que estava dando ocupado a todo o momento, desisti na terceira tentativa e recorri à Alice. Ocupado. Eles na certa estavam conversando. Disquei para Esme que graças a Deus atendeu ao quarto toque, Anne estava encarando o chão com água completamente pálida, fazendo biquinho de choro.

– Alô? – Esme soou ao outro lado da linha.

– Esme... – Minha voz tremeu.

– Ah, Bella, querida! Tudo bem? – Esme soou totalmente animada.

– Esme... Minha bolsa estourou, eu estou sozinha em casa com Anne e o celular de Edward só dá ocupado, eu já estou sentindo dores... E...

– Calma querida, vai dar tudo certo! – Só então percebi que eu estava falando rápido demais e minha voz estrava falha e tremida. – Eu vou entrar em contato com ele, sim? De qualquer forma, estou indo até aí!

Esme finalizou a ligação e eu levantei-me lentamente andando até a sala, não estava sendo tão difícil assim.

– Anne, pegue a bolsa de Anthony que está no quarto dele e desça até aqui, por favor!? – Pedi com a voz tremula.

– Sim ma-mãe.

Anne subiu as escadas correndo e era possível ver, ela estava visivelmente nervosa. Perguntei-me porque diabos Edward não estava com o celular disponível naquele momento, eu estava meio desesperada e somente ele para me acalmar naquela hora.

Anthony, nosso bebezinho estava vindo ao mundo – assim como Taylor há algumas semanas atrás. E esse foi o motivo para eu não ter chamado Emmett, Rose merecia estar com ele ao seu lado em todos os momentos, eu não tiraria isso deles.

Observei Anne descendo as escadas com a bolsa de Anthony, e para a minha felicidade a minha também, eu havia me esquecido de pedir.

– Mamãe, está aqui. Acho que a senhora deveria chamar o papai de novo.

E assim eu o fiz, disquei para Edward com os dedos trêmulos, eu estava com medo.

– Oi meu amor, você tá bem? Como está Anthony? – Edward perguntou-me rápido demais, esse era o pequeno interrogatório que ele me fazia quando atendia minhas ligações.

– Edward por favor, venha agora, Anthony está vindo, ele está vindo Edward! – Falei sentindo as primeiras lágrimas gordas descendo sobre minha bochecha, e logo em seguida senti mãos pequenas as tirando dali. Meu anjo em particular, minha Anne. Ela estava apenas me mostrando que sempre estaria ali para mim, não importasse o que aconteceria.

– Bella, eu... eu estou indo! Oh meu Deus! – Edward praticamente gritou e aquilo me assustou por um segundo. – Anne está com você? Eu já estou chegando minha Bella!

– Esme está vindo Edward, não vai demorar muito até ela chegar, ela vai me levar e eu espero encontrar você no hospital, sim? É melhor, mais fácil.

– Mas Bella...

– Por favor, Edward. Eu preciso de você lá.


Não demorou muito para eu ouvir as primeiras batidas na porta. Bem, era isso que eu gostaria de dizer.

Não demorou muito para minha porta quase ser arrombada por Esme.

– Bella? Onde está você? – A voz extremamente alta chegou até mim.

– Estou no sofá Esme. – A respondi forçando um sorriso.

Esme aproximou-se de mim e levou as costas da mão à testa, passando-a nervosamente pela região.

– Eu demorei demais, desculpe-me! Vamos, precisamos que esse garotinho.

– Mas você não demorou nem dez minutos. – Anne disse baixinho.

– Não importa querida, continuei demorando.

Céus! Essa era a primeira vez que eu via aquele modelo de mulher, esposa e mãe tão fora de controle assim, chegava a ser engraçado. Esme me conduziu delicadamente até o banco do passageiro de seu carro e Anne sentou ao meu lado. Minha mão não saia de minha barriga e minha respiração estava um pouco ofegante.

– Está doendo querida? – Esme me perguntou enquanto acelerava pelas ruas da cidade. Fiquei com medo em pedir para que ela deduzisse a velocidade.

– Um pouquinho. – Falei entre alguns suspiros.

– Thony, não faça a mamãe sentir dor, tudo bem? Já já você vai estar com a gente, não precisa ter pressa amorzinho. – Anne disse suavemente.

As palavras dela fizeram meus olhos se enxerem de lágrimas, mas não de dor, e sim de felicidade. Eu mal poderia esperar para a hora em que eu visse meus filhos juntos.


Esme praticamente derrapou o carro na porta do hospital e meus olhos varreram o local até eu encontrar o carro tão conhecido e familiar para mim. Edward estava segurando o celular com uma cadeira de rodas ao seu lado, e assim que avistou Esme saindo do banco do motorista correu em nosso encontro.

A porta ao meu lado foi aberta por Edward, e eu segundos eu me vi sentada na cadeiras de roda.

– Edward não precisa disso, eu acho que posso andar. – Falei olhando no fundo da maré verde.

Edward abaixou-se a minha altura e espalmou as mãos pela minha barriga enorme, sem nunca tirar o olhar do meu.

– Bella, vamos fazer tudo certo, sim? Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida e eu quero que dê tudo certo, guarde sua força para a sala quando você tiver que colocar Anthony nesse mundo, sim meu amor?

Os olhos de Edward brilhavam tão intensamente, eu já o tinha visto dessa forma antes, mas naquele momento foi uma felicidade diferente, nunca conhecida por ele antes.

– Eu estou com tanto medo de não conseguir Edward, com tanto medo. – Eu já estava chorando e o pavor me dominou completamente.

E se eu não tivesse forças o suficiente para colocar Anthony no mundo? E se eu fracassasse na hora do tudo ou nada e algo muito ruim acontecesse? Eu não poderia errar agora, depois de tudo o que eu havia passado, eu merecia esse momento de felicidade, merecia ter Anthony nos meus braços, saldável e perfeito, como eu sabia que ele era.

– Eu confio em você, minha Bella. Você é uma mulher incrível, eu não poderia confiar em mais ninguém a não ser você, meu amor. – Edward finalizou beijando minha testa ternamente.


POV EDWARD.

Assim que Bella entrou no quarto do hospital, eu precisei deixar Anne com minha mãe na recepção. Eu estava um turbilhão de sentimentos, primeiro: Meu filho viria ao mundo, e nada melhor do que a mãe do meu filho ser Isabella. Eu nunca pensei em construir uma família, ter filhos, ser de uma mulher só, mas com ela ocorreu tudo tão naturalmente e eu não me arrependo de nada, eu realmente sou feliz com minha mulher e agora, meus filhos. Não poderia existir cara mais sortudo e feliz do que eu, definitivamente não.

– Precisamos fazer o exame para saber quanto está a sua dilatação, senhora. – Um médico meio velho anunciou.

Eu sabia muito bem o que significava aquilo, mas preferi facilitar.

– Só estou fazendo o meu trabalho, pai. – O médico disse novamente.

– Mas não tem outro médico, quero dizer, uma médica? Minha mulher não vai ficar confortável e...

– Só fica aqui comigo, meu amor. – A voz mais linda do mundo soou ao meu lado apertando fortemente a minha mão.

Eu nunca recusaria um pedido de Bella, nunca, então tudo o que eu fiz foi ficar ao lado dela segurando a sua mão e beijando a sua testa, dizendo palavras de conforto e principalmente o quanto eu estava feliz por estar ali.

Depois de cerca de uma hora, Bella estava com dez centímetros de dilatação e foi encaminhada a sala de parto. Eu, por minha vez, tive que usar uma roupa especial para poder acompanha-la.

As primeiras contrações de Bella vieram muito fortes e eu já estava começando a me desesperar, mas meu dever era me manter calmo para que ela conseguisse fica bem.

– Um, dois, três, vamos Isabella! – Uma enfermeira disse.

– Ah! – Ela gritou fazendo força. – Me chame de Bella, porra!

– Oh! – Foi tudo o que a enfermeira disse.

– Um, dois, três, vamos Bella! – A enfermeira repetiu novamente.

Bella soltou mais um grito, já estávamos naquela a quase dez minutos e era perceptível que Bella estava com muita dor e sofrendo demais, seu rosto estava pálido e seus lábios que sempre era pigmentados em tom rosa forte, estava sem cor.

– Eu não vou conseguir Edward, eu não vou, dói muito! – Bella me disse num sussurro com a voz cansada. – Eu estou sem forças.

– Então eu vou te dar forças, Bella! Eu sei que você consegue meu amor, tente só mais um pouco e depois você vai poder descansar o quanto quiser, e eu vou sempre estar com você!

– Vamos querida, só mais um pouco, está quase! Força!

E Bella gritou novamente, eu pude ver toda a força que lhe restava ser esgotada naquela contração. E segundos depois a sala foi preenchida por um choro alto e fino. Meu filho.





POV BELLA

Alice estava se divertindo muito fazendo de mim uma boneca. E eu não poderia reclamar. Hoje era o meu dia, eu iria oficialmente ser a esposa de Edward. Depois de dar a luz ao meu bebe de olhos chocolates e cabelos loiros, eu precisei de um tempo para que meu corpo voltasse ao normal e eu me sentisse confiante novamente. Thony já havia completado um ano e um mês, e era o nosso príncipe. Sempre que Edward chegava do trabalho Anne e Thony faziam a verdadeira festa, eu não poderia ser mais feliz. Meu filhos se amavam como os verdadeiros irmãos que eram, Anne sempre me ajudou com Thony e os dois se davam muito bem.

Quando Anne ia para a escola meu bebe chamava a parte toda pelo “papai” e por “Anne”, ou às vezes “princesinha e pequena” como Edward a costumava chamar.

Assim que meu cabelo ficou pronto, eu peguei uma caneta e um papel. Eu teria que escrever uma carta a Edward antes dessa noite.


POV EDWARD.

– Cara, a Alice pediu para eu entregar isso à você. Tomara que a Bella não tenha lhe dado um pé na bunda. – Emmett disse assim que chegamos á Igreja.

Fiquei um pouco tenso e permaneci no carro, eu estava trinta minutos adiantado mas já podia ver o carro de meus pais em frente ao edifício, o carro dos pais de Bella e de todos os nossos amigos. Um frio estranho subiu pelo meu pescoço, e assim que Emmett saiu do carro eu abri o envelope.


“Edward, meu Edward. Eu nem posso acreditar que hoje o “meu” será concretizado. Há muito tempo eu venho esperando por isso, é a realização de um dos meus sonhos. Hoje é um dia especial, mais do que especial, é o dia que esperamos quando eu ainda protegia Anthony em minha barriga sem saber, é o dia em que vamos trocar nossos votos diante de Deus e receberemos a benção dele para continuarmos a seguir a nossa vida, assim, sempre juntos, como a família de comercial de manteiga que nós somos. Pode soar ridículo, mas é assim que eu comecei a pensar, a idealizar a nossa vida desde que começamos a namorar, uma família perfeita.

E foi tudo tão rápido, não é? Eu ainda me lembro da primeira vez em que eu te vi, você chegando de surpresa, Alice enlouquecendo e eu finalmente conhecendo o “bonitão da foto”, era assim que eu costumava lhe chamar, e hoje eu vou lhe chamar de meu marido, meu homem, porque é isso que você será para mim, só que oficialmente.

Eu sempre quis dizer na sua frente sem gaguejar e corar o quanto eu te amo incondicionalmente, eu sempre quis que você soubesse o tamanho do meu amor por você, mas eu nunca terei palavras o suficiente para demonstrar esse sentimento que toma conta do meu ser, eu nunca terei. Sendo assim, teremos a nossa vida inteira para que eu possa fazer você senti-lo. Edward, você me deu filhos maravilhosos, eu não poderia ser mais feliz, sinceramente. Você, Anne e Anthony são definitivamente tudo o que eu preciso, o que eu mais preciso. Você me deu a vida e eu tenho hoje, você é a razão de eu estar aqui. Você esteve comigo quando eu me juguei derrotada e salvou minha vida diversas vezes, você me deu esperanças de uma vida melhor e me mostrou que o amor sim existe.

Você me fez mulher pela primeira vez na vida, e foi o único que me fez assim. E eu sei que você irá me fazer assim novamente por intermináveis noites, intermináveis amanheceres de sol ou o pôr do mesmo. Hoje eu acredito em almas gêmeas, meu amor, eu acredito porque nessa vida – e em outras também – só poderia ser você, só pode ser você e só poderá ser você. Nós somos o encaixe perfeito, o único que dará certo para mim. Eu nunca vou me cansar dos seus toques, seus beijos, das suas mãos percorrendo meu corpo e da sua voz aveludada dizendo que me ama.

E se eu me atrasar, por favor, não pense que eu fugi ou coisa assim, eu só estarei tentando ficar a sua altura, meu amor. Me espere no altar porque eu estarei chegando para dizer o maior “Sim” da minha vida, dizer o quanto eu te amo e o quanto eu te quero ao meu lado, para sempre.

E meu amor, nós seremos sempre assim, vida após vida, nossas almas irão se reconhecer para ficarmos assim, juntos para sempre, selando essa união de corpo e alma que estamos selando hoje.

Eu te amo muito.

Isabella Marie Swan. Futura Isabella Marie Swan Cullen."


E assim, com uma paz enorme tomando conta do meu coração e meus olhos marejados pelas lágrimas, eu deixei o carro e caminhei rumo ao meu futuro, rumo a minha Isabella Marie Swan Cullen. Minha alma gêmea.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, me desculpem! Me desculpem, mil desculpas! Eu atrasei isso aqui quase um mês o ultimo capitulo não chegou nem perto do que eu planejei.
Eu queria falar mais de cada personagem, da vida deles, colocar mais detalhes como por exemplo o parto, a relação da Anne com o Anthony, os sentimentos que o Edward sentiu quando viu pela primeira vez o bebê mas não deu.
Eu fiquei um mês sem computador, motivo: Eu comecei a desmaiar de fome. E meus pais descobriram que eu estava vomitando o que comia.
Eu me sinto muito envergonhada por isso, muito mesmo, mas eu assumi um compromisso com vocês quando comecei a escrever essa fic e eu acho que vocês merecem a verdade. Eu estou em tratamento e eu ainda não entendo o porque eu fiquei sem computador, porque isso não vai adiantar em nada o meu problema.
Eu queria muito manter contato com vocês, mas eu estou tão envergonhada com o que eu fiz, o que eu fiz meus pais sentirem que eu não tenho coragem para passar twitter/whats/facebook e etc. Eu quero me esconder em um buraco, sabe? Estou com vergonha do mundo mesmo.
Eu só quero agradecer a vocês por acompanharem essa fic, por se emocionarem e chorarem junto comigo. Obrigada pessoal por cada comentário, por tudo, tudo mesmo, vocês me fizeram muito felizes! Me desculpem novamente, esse final não ficou bom e eu estou odiando ele, sério. Quando eu estiver melhor comigo mesma, eu pretendo escrever um bonus e postar para vocês, vou escreve-lo sem pressa - porque esse eu escrevi com muita - e com a cabeça leve, porque agora eu estou com ela cheia de problemas, como eu ja disse anteriormente.
Enfim pessoal, até mais! Eu amo vocês, OBRIGADA POR TUDO!