Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 18
Capítulo 18- Diga Adeus à Depressão.


Notas iniciais do capítulo

Mais um, mais um, mais um...
Que venha o capítulo 19!
E antes de ir, vocês já escutaram a nova música da Adele? É s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l. O nome dela é Skyfall, apoio darem uma escutada.
Beijos e boa leitura.



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- Você só pode estar brincando! – eu exclamava ao receber a grande notícia de Desirée.

- Felizmente, não. – ela gesticulava alegremente, dando pulinhos de alegria ao lado de Ed. – Ah Drew, não faça essa cara! Temos apenas cinco dias de férias depois de um ano inteiro de estudo. Tudo bem que tivemos um mês de julho para agosto, mas de qualquer forma, continua sendo pouquíssimo para a minha sobrevivência. – explicou-se.

- Não estou preocupada com isso. Aliás, quero que vocês aproveitem muito na Itália, mas em relação ao Nicolas... Eu não sei o que fazer. – admiti desanimada.

- Ah Drew, relaxa. Depois ele vai melhorar, pode ter certeza disso. – garantiu-me Desi, mesmo eu tendo a certeza de que não iria ser tão fácil assim.

- Tudo bem então... Vemos-nos em Amsterdã? – ela apenas concordou com a cabeça e me deu um forte abraço de despedida. Eu sabia que o clima entre nós não estava bom devido aos nossos desentendimentos dos últimos dias, mas acho que essas férias iriam melhorar as situações de todo mundo.

Pelo menos, apenas minha e de Desi.

Como eu havia dito, Ed e Desi passariam os seus cinco dias de férias na Itália, e já estavam indo em direção à estação de trem de Gare Du Norde. Os últimos dias têm sido terríveis. Apesar do último episódio que tive com Nicolas, ele não falava com mais ninguém. Ele cabulava aulas, não o víamos nem no refeitório e, muito menos, pelos corredores. Por um momento, pensei que ele teria voltado para a Escócia sem ter nos dito, mas Ed me disse que ele continuava quieto em seu quarto. Eu estava desamparada, não sabia o que fazer em relação a sua depressão. Eu batia em sua porta várias vezes, mas ele nunca atendia então, simplesmente, decidi desistir.

E para piorar a situação, minha mãe havia me dito que não pagaria minha passagem para Londres nessas curtas férias, pois ela já teria de pagar a minha passagem para Amsterdã. Então, eu teria que ficar aqui em Stranger’s Place.

E, devido ao comportamento de Nicolas.

Teria de ficar sozinha em Stranger’s Place.

Porém, eu não iria permitir isso. Ele era meu melhor amigo e eu não poderia deixá-lo mofando naquele quarto. Eu sabia que deveria respeitar a sua privacidade, mas já estava mais do que na hora de alegrar um pouco a vida dele. E, dessa vez, eu não iria desistir.

Como os treinos foram cancelados devido às férias e também pela semifinal estar tão próxima, eu sabia que teria tempo suficiente para tentar tirar Nicolas daquele quarto. Então, ao terminar de me despedir de Desi e Ed, saí correndo em direção aos elevadores. Coincidentemente, nunca estiveram tão lentos. Mas não me invoquei. Não tinha tempo para que eu me estressasse por pouca coisa, até porque eu deveria dedicar a paciência para Nicolas e nada mais.

Ao finalmente estar em frente à porta do quarto número 522, refleti um pouco sobre o que eu estava fazendo ou, o que eu estava prestes a fazer. Dei de ombros e bati na porta.

- Hoje você vai abrir isso. – falei alto o suficiente para que ele escutasse, enquanto batia insuportavelmente na porta. Mas, de qualquer forma, não havia resposta.

- Por favor, até quanto tempo você vai ficar aí? Todos estão preocupados com você. – tentei de novo, mas nenhuma resposta de Nicolas.

- Tudo bem, Nicolas. Se é assim que você quer, então eu não sairei daqui até você abrir essa droga de porta. – e bati mais forte na porta, tão forte que na minha quinta batida ele, finalmente, abriu.

- Quer parar com isso? – disse, secamente, e entrou no quarto deixando a porta aberta para que eu entrasse.

- Ah vamos, Nicolas. As nossas férias chegaram! Vamos aproveitar! Você não quer ficar nesse quarto para sempre, quer? – perguntei, tentando não notar o seu estado. Mas era impossível não prestar atenção.

Ele parecia estar mais magro, a barba estava mal feita, os cabelos estavam bagunçados e os olhos azuis ficando cada vez mais escuros, destacando suas olheiras caídas. Ele não sorria. Ele não se movia. O quarto estava escuro, mais do que estava da última vez que eu havia visitado. E os desenhos... Ah, os desenhos... Neles haviam apenas rabiscos pintados com cores fortes. Papéis rasgados e jogados no chão do quarto, sem a mínima organização.

Então, isso tem sido o seu refúgio de dias.

- Nicolas. – chamei-o ao ver que ele não responderia. – Você não pode fazer isso consigo mesmo. Sua mãe não quer que você fique desse jeito. – encorajei-me para lhe dizer a verdade.

- Ela quer me ver como? Feliz? – perguntou sarcasticamente, ainda não olhando para mim.

- Não. Ela só não quer te ver desistir. Porque ela não desistiu de você. – disse aumentando o tom de voz.

- O que adianta? Eu desisti dela desde o momento em que eu me emancipei. Agora ela adoeceu e a culpa é minha. – culpava-se sem piedade.

- Lógico que a culpa não é sua. Você acha mesmo que ela adoeceu por sua causa? Você acha que ela escolheu isso? Ou que o câncer é algo relacionado à depressão? Nicolas, você precisa sair dessa. – eu o incentivava, mas nada. Ele não respondia. Continuava intacto sem olhar para mim. E eu estava começando a me irritar com a sua reação. – Nicolas, olhe para mim. – eu pedi, mas ele continuava a agir da mesma forma.

- Eu quero ficar sozinho, Drew. –foi a única coisa que ele conseguiu responder.

- Sozinho? Você está a mais de uma semana sozinho. – alertei-o, por mais que não fosse necessário. – Você falta aulas, não vai ao refeitório, não fala com ninguém. Quer ficar mais sozinho do que isso?

- Você não entende. – ele respondeu, antes que eu continuasse o discurso. – E nunca vai entender. Você tem uma vida fácil e deveria aproveitá-la. – disse, deixando-me aborrecida pelo seu julgamento. Mas eu simplesmente respirei fundo três vezes antes de respondê-lo.

- É, tudo bem. Entendi o recado, você realmente quer ficar sozinho. Mas antes de ir eu só queria te explicar uma coisa bem fácil de entender: Minha vida não é fácil. E sabe por quê? Porque meus pais me mandaram para um país que eu não conhecia por pura vontade deles. Sei que fora de boa intenção, mas nunca me perguntaram se era isso o que eu queria, se era aqui que eu queria cursar a minha faculdade, ou se era aqui onde eu gostaria de começar a minha vida. Eu tinha amigos e uma vida formada lá, e isso simplesmente acabou. Mas o que eu fiz? Tranquei-me no quarto? Não. Vim para cá de cabeça erguida, sem pelo menos saber um terço da língua desse país. E aí eu te conheci, Nicolas. E você me encorajou a gostar desse lugar, você me mostrou o colorido onde eu só via figuras sombrias. E eu sou muito grata a isso, mas, sinceramente, acho que você não é absolutamente nada do que eu pensava. – e, pela primeira vez, ele se virou para me encarar. - O Nicolas que eu conheci era corajoso e lutava por aquilo que queria. Você passou anos em um orfanato e conseguiu conhecer uma pessoa que te ama e te quer ver bem e não nesse estado. Se você conseguiu na Escócia, por que não consegue aqui? Por que não consegue demonstrar controle e ficar de cabeça erguida agora? Talvez eu realmente não entenda. Talvez sua vida seja muito mais difícil que a minha, mas uma coisa eu tenho certeza: Eu nunca desisti, Nicolas. Mas, como eu disse você não é nada do que eu pensava. Então, vou deixar você ficar sozinho, aliás, é o que você quer, não é? Boas férias para você. A gente se vê... Talvez. – e me virei para ir em direção à porta. Eu estava extremamente chateada pela sua atitude, mas principalmente por tudo que eu havia dito estar completamente certo.  Quando estava prestes a tocar na maçaneta, ele se atravessou perante a porta, impedindo a minha passagem.

- Por favor. Não vá embora. Eu sei que estou sendo um idiota com você ultimamente, mas se tem alguma coisa que você pode fazer por mim é não me deixar. Nunca. Você é minha melhor amiga, Drew. Você está completamente certa. E eu não quero mais ficar aqui trancado nesse quarto. – desabafou, deixando-me completamente perplexa. Por um momento, eu sentia raiva. Mas agora eu sentia alívio, sentia- me feliz por tê-lo de volta, sentia-me triste por vê-lo assim.

- Não vou deixar você. Estamos juntos nessa, amigão. – tranquilizei-o.

- Obrigada. – ele respondeu. Não nos abraçamos e, muito menos, corremos um para o outro. Apenas, tratávamos-nos de forma séria, como se fossemos apenas conhecidos.

- Não precisa agradecer. Os amigos fazem isso. – alertei-o carinhosamente.

- O que você quer fazer hoje? – perguntou-me educadamente.

- Eu não sei, na verdade, pensei em irmos a um lugar divertido. – tentei animá-lo, mas ele ainda não parecia muito contente.

- Ah... Tudo bem. Desi e Ed vão também?

- Não. Eles foram passar os cinco dias na Itália. – revelei.

- Ah... Bem... Parece legal... – comentou, ainda meio sem graça, pois a verdade era que ficaríamos sozinhos durante cinco dias.

Apenas eu e Nicolas.

- Eu vou deixar você se arrumar e, quando acabar, encontre-me no meu quarto, ok? – perguntei e ele concordou levemente com a cabeça. Eu saí lentamente de seu quarto e fui em direção ao meu para que eu também pudesse me arrumar.

Pois, em poucos minutos, estaríamos sendo engolidos pela noite de Paris.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai rolar nesses 5 dias sozinhos?
Hahahahaha Só lendo para descobrir...



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