Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 32
Um relicário imenso desse amor


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente!
Não vou me demorar muito aqui porque temos um capítulo grandinho e um texto maior ainda lá embaixo. Não esperem um final dramático: não o terão. Isso é só uma história de amor!



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– Bom dia!

Foi a voz alegre e radiante de Júlia a me acordar. Esfreguei os olhos e sorri, preguiçosa demais para abri-los e ver o motivo de ainda mais alegria que o normal.

– Bom dia, Ju. – Respondi, finalmente abrindo os olhos e divisando a morena de shorts jeans e camiseta solta ajoelhada ao meu lado na cama, com um sorriso de orelha a orelha e os olhos castanho-claros brilhando como os de uma criança.

– Meu Deus, Mari! Quanto desânimo! É hoje!

Franzi a testa.

– Hoje? O que? Nosso aniversário de namoro já não passou?

Júlia balançou a cabeça, rindo com a minha confusão.

– É seu aniversário, Mari! Vinte e dois aninhos hoje!

A compreensão chegou até mim e eu sorri.

– Ah, sim! Acho que é verdade.

Ela voltou a rir.

– É sim verdade, e bom dia, meu amor aniversariante! – Exclamou, me roubando um beijo rápido e um abraço desajeitado, se voltando na mesma velocidade para a mesa de cabeceira ao seu lado e tirando dali uma bandeja, que colocou no meu colo.

Voltei a sorrir.

– Ah, Ju. Não acredito! Não precisava disso tudo.

– Precisava, sim. Que tipo de namorada eu seria se não fizesse uma bandeja de café da manhã para a minha aniversariante, ainda mais com a perna ainda melhorando?

– A melhor namorada do mundo, Ju. O que você já é.

Júlia sorriu e me roubou outro beijo carinhoso nos lábios, enquanto eu lhe acariciava os cabelos.

– Agora, coma. Você tem que estar forte. Vou dar um jeito na cozinha e já volto.

Fiz uma carinha triste.

– Sério? Não pode ficar comigo?

Ela sorriu.

– É rapidinho, Mari. Só guardar umas coisas, e aí eu fico com você até você enjoar de mim.

– Você sabe que eu não vou.

Ju deu de ombros.

– Tanto melhor para mim. – Ela sorriu de lado e se levantou da cama, caminhando com passos interessantemente ritmados que eu não parara de observar enquanto ela deixava o quarto.

Mal fazia duas semanas que eu recebera alta no hospital, e com a perna ainda comprometida, estava impedida (por Júlia e sua preocupação, principalmente) de realizar muitas atividades, como andar por uma quantidade maior de tempo, carregar peso e, muito infelizmente, deitar-me na cama para qualquer coisa além de dormir. Por isso, eu tinha que me conformar em admirar toda a beleza da minha namorada.

Sorrindo, baixei os olhos para a bandeja no meu colo – na verdade uma mesinha, que nem ao menos me tocava a perna – e percebi que eu realmente estava faminta. Não consegui parar de sorrir pensando no carinho de Júlia, e assim comecei a comer a tortinha de maçã que costumávamos comprar as vezes.

– Mari! – Ju voltou pouco depois, antes mesmo que eu terminasse de comer a torta.

Ergui os olhos e sorri ao vê-la voltando a sentar-se ao meu lado na cama. Afastei o cobertor e puxei-a mais para mim.

– Gostou da torta?

Fiz que sim com a cabeça.

– Você sabe que sim.

Ela sorriu.

– Tenho um presente para você.

Olhei-a.

– Mais um?

Júlia riu e aproximou os lábios da minha bochecha, dando um beijo leve antes de dizer, baixinho.

– Para você, Mari, tudo que eu puder dar.

Sorri de lado ao ver a ambiguidade das suas palavras e mordi bem de leve o lábio.

– Gosto disso.

Ela riu outra vez e afastou a ideia com um rápido aceno, se voltando para mim.

– Feche os olhos, Mari.

Obedeci-a com um sorriso de lado, sentindo seu toque suave abrir a minha mão e colocar nela algo com pouco peso.

– Posso ver?

Ouvi a risada de Júlia.

– Ainda não, quero te deixar curiosa. – Ela me beijou nos lábios e, quando eu tentei abrir os olhos, senti sua mão fechando-os novamente. – Adivinhe o que é.

Sorri.

– Sério, Ju?

Ela riu, divertida, e fez um som de confirmação.

Balancei a cabeça, vencida.

– Tudo bem.

Ouvi uma risadinha ansiosa de Júlia e peguei o embrulho nas duas mãos, divisando, com o tato, a espessura de um cordão e um objeto pequeno e de formato vagamente circular, que eu não conseguia sentir a forma, mas me parecia ser o pingente.

– Huum… – Pensei. – Um colar?

Não vi o rosto de Júlia, mas ao falar ela parecia sorrir.

– Parabéns! Algum palpite de que colar?

Abri os olhos, piscando-os rapidamente e deixei o olhar recair sobre o saquinho pequeno, de algum tecido escuro e um lacinho de sisal.

Sorri.

– Não faço a menor ideia.

– Então abra! Já te fiz esperar demais!

Ri com a animação dela e desatei os laços do pequeno saquinho, abrindo-o devagar e puxando o cordão marrom-escuro de dentro.

O cordão de fio encerado não era fino, e, ao terminar de puxá-lo, vi o pingente: um tipo de anel plano, com as bordas largas, de madeira clara, e algo gravado em sua face.

Aproximei a peça e consegui ler a frase que dizia “um relicário imenso desse amor…” em um tipo de caligrafia regular.

Ergui os olhos para Júlia e sorri largamente, vendo o sorriso igual se abrir em seus lábios.

– É lindo!

Ela segurou a minha mão e beijou com leveza a pequena peça de madeira, me beijando nos lábios logo depois.

Sorri e acariciei a sua bochecha enquanto a beijava com a delicadeza que só duas pessoas que se conhecem intimamente podem ter, e da mesma forma foi que senti seus dedos brincarem no meu cabelo na nuca, enquanto findávamos o beijo com vários outros suaves e rápidos.

Nós passamos o resto da manhã – um pequeno resto, já que Júlia me acordara tarde – numa certa preguiça, fazendo quase exatamente nada.

Na hora do almoço, pedimos comida chinesa, exatamente como no dia em que eu a levara pela primeira vez na minha casa. Mas, infelizmente, não pudemos subir para o telhado, graças à minha perna.

De tarde, antes que a preguiça voltasse a nos dominar, o interfone tocou, revelando minha sorridente e alegre mãe com uma caixinha de presente na mão. Depois de me apertar num abraço materno-de-urso, ganhei de presente um par de camisetas que estava querendo fazia algum tempo, em meio a conversas e risos.

Despedi-me dela quando já passava-se das quatro horas da tarde, e, depois que ela deixou o apartamento, Júlia sugeriu que findássemos a tarde indo ao cinema. Acabamos vendo um interessantíssimo filme romântico, no qual nem ela se interessou, e acabamos realmente não prestando a menor atenção.

Eram quase sete horas quando o filme acabou e, enquanto deixávamos o shopping, me virei para Júlia, a fim de perguntar qual era o nosso destino.

– Mari, você é curiosa. – Ela respondeu-me, sorrindo um sorriso enigmático.

Ergui uma sobrancelha.

– Não posso mais perguntar sobre o que eu vou fazer no meu aniversário?

Ela riu.

– Não posso mais fazer surpresas para você no seu aniversário?

Sorri, vencida.

– Tudo bem.

Júlia abriu um sorriso vitorioso e segurou a minha mão, beijando-a suavemente antes de passar a marcha no carro.

Para me distrair da curiosidade, prestei atenção na minha namorada enquanto ela dirigia, observando seu rosto relaxado e concentrado, o movimento suave da língua roçando os lábios de vez em quando. Admirei o pescoço macio – e profundamente beijável – exposto pelo cabelo preso em um coque bagunçado, que deixava algumas mechas caindo livremente, e observei a curva suave dos ombros, o subir e descer do peito no ritmo da respiração, a curva do busto…

– Mari!

Despertei diante do chamado do objeto da minha minuciosa observação.

– Oi?

Júlia riu.

– Chegamos, caso você tenha estado distraída demais para perceber.

Balancei a cabeça e ri, coçando a nuca enquanto Júlia me sorria, saindo do carro para me ajudar a fazer o mesmo.

Mantive quieta a minha curiosidade enquanto andávamos poucos metros até um bar calmo, em que tocava música ao vivo. Ao entrarmos, vi uma mesa relativamente grande, com uma certa quantidade de pessoas conhecidas.

Sorri ao ver Ana se adiantando para me dar um abraço quase de urso, seguida de Pedro e seu atual rolo, Davi. Vi Gabriel com um largo sorriso, e Bruna logo ao seu lado.

Depois de cumprimentar todas as pessoas, finalmente pude sentar-me ao lado de Júlia em uma das cadeiras, sendo servida rapidamente de um copo e das fritas que haviam num prato.

. . .

Dei um sorriso largo com o beijo que Júlia roubou-me antes de deixarmos o carro, já no meu prédio. Ao agarrar-lhe a cintura, puxando-a para mim no elevador, e perceber que ela não se afastava, sorri ainda mais largamente, aproveitando o sabor daquele contato.

Quando o elevador chegou ao andar do meu apartamento, Júlia sorriu de uma forma tão meiga que, se eu não a conhecesse bem, não conseguiria ver o levíssimo toque de provocação em seu olhar, e segurou meu braço com carinho, andando ao meu lado.

Ao entrarmos no apartamento, toda a provocação que parecia ter emanado da minha namorada momentos antes desapareceu, deixando apenas o seu cuidado carinhoso enquanto ela me conduzia até o quarto.

– Vem cá, Mari. Eu te ajudo a tirar a roupa. – Ela disse, tranquilamente, quando adentramos o cômodo.

Mordi o lábio, sabendo que aquilo seria realmente provocante, mas acabei confirmando, enquanto ela se aproximava e desabotoava devagar a minha camisa azul clara, profundamente concentrada nisso. Quando esta estava no chão, foi a vez dos meus jeans e, quando me dei conta, estava nua diante de Júlia, que me avaliava sorridente.

Minha pele arrepiou-se quando a mão dela tocou-me a cintura nua, e meu corpo reagiu com um suspiro quando senti sua boca roçar-me os lábios e o rosto, chegando até a orelha e deixando meu corpo tão alerta quando podia ficar com toques tão sutis.

– Tira a minha roupa. – Sua voz soou em algum lugar entre a ordem e o pedido e, subindo a sua blusa, percebi que, naquela noite, eu era dela.


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Notas finais do capítulo

Realmente. Pode não parecer, mas o sentimento de terminar uma história é diferente de qualquer outra coisa. Ainda mais quando você está ligada a ela há quase um ano e meio, com todos os seus percalços, problemas, recomeços e mudanças.
O processo de criação de uma história é longo, ainda mais quando você o faz por hobby.
Só mais uma história de amor, inicialmente batizada de Acima de Tudo, foi a minha quarta ou quinta história, e apenas a segunda no gênero Yuri. E poxa, quem não me abandonou durante todo esse tempo sabe muito bem que não foi fácil.
Essa é a minha história com mais cicatrizes, por assim dizer. Desde o início até hoje, sofreu tantas mudanças que, quando eu penso em como tive a ideia do roteiro original, não parece o mesmo enredo. Isso sem falar da horrível pausa de sei lá quantos meses, quando eu realmente pensei que deixaria isso daqui inacabado - agradeçam muito à minha obstinação -, e das mudanças radicais, que me fizeram dar um "up" na coisa e conseguir terminar. Foi complicado. Mas está aí.
Além disso - e meu Deus, me perdoem pela enrolação, estou à beira das lágrimas aqui -, outro ponto de extrema importância para o sucesso foi, obviamente, a participação dos leitores e seus lindos comentários.
Perdoem a minha memória - quem me conhece sabe, ela é terrível -, por não lembrar exatamente de como tudo aconteceu, mas eu sei bem que, assim como tive épocas de vacas gordas, com comentários chovendo na minha horta (vocês podem odiar, mas eu amo a Isabel por isso), também tive épocas com dois, três comentários por capítulo, o que prova que, se você gosta mesmo de escrever, não é um feedback fraco que vai te impedir de o fazer.
Faço uma pausa na minha enrolação para fazer uma pequena crítica aos leitores, que me abandonaram graças às minhas demoras e fizeram o último capítulo terminar com um saldo de cinco comentários. Poxa, gente. Eu juro que esperava mais.
Acho que já chega, né? Até cinco minutos atrás eu nem fazia ideia de como terminaria esse capítulo, e agora temos um texto enorme e um tantinho confuso.
É, faz parte.
Não vou mais tomar o tempo de vocês.
Para finalizar, agradeço de verdade, de coração, pela participação de todas, todas as pessoas que já passaram por aqui, que visualizaram, leram, comentaram, recomendaram e fizeram os dias de uma escritora muito mais felizes.
E também peço encarecidamente: comentem, recomendem! É um presente de despedida, poxa! AdT não existe mais. Sabe como isso é triste?
Juro que respondo a todos com todo o carinho que eu puder.
E... Acredito que é isso.
Não, não. Pra não morrerem de saudades, aqui está o link de uma one que eu postei faz um tempinho
http://fanfiction.com.br/historia/488291/Happy_birthday_Alice/
E, aqui, o link da minha outra fic - ainda em construção:
http://fanfiction.com.br/historia/423351/Unica_Et_Opposita/
Agora sim, é isso.
Muito, muito, muito obrigada a todos.
Vocês são fodas!
Até mais ver!