BORN TO KILL - versão Clove escrita por Mrs Delacour


Capítulo 16
O tordo




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Somos levados de volta para casa. Distrito 2. Senti saudades. Decidimos que seria melhor se fossemos cada um para sua casa. A casa dele continua sendo ao lado da minha. Mesmo sendo na Aldeia de Vitoriosos. Por incrível que pareça a janela do quarto dele fica em frente a minha.

Minha mãe, meu pai e meu irmão, Connor, vêm me receber na porta. Sorrisos e abraços. E depois tristeza. Ao vê-los sorrir me lembro de que talvez voltarei para a arena.

- Nós também vimos – diz minha mãe – Você não será escolhida.

- Talvez serei – digo

- Talvez – diz Connor

- E se for, vai voltar vitoriosa novamente – diz meu pai

- As chances são de uma em um milhão. Os tributos são outros vitoriosos. Grandes e fortes. Eu posso não voltar – digo

Encerramos o assunto. Minha mãe me ajuda com as malas. Me sento na cama e ela se senta ao me lado. Ela tira algo do bolso e me mostra.

- Para você – ela diz

- Esse parece o... – digo

- O broche de Katniss Everdeen – ela completa

- Porque a senhora está com ele? – digo

Não é um broche. É um pingente de madeira. Mas igual o broche com o tordo da garota quente.

- Ele pertence a mim – ela me entra o pingente – Meu pai, seu avô, era um dos Idealizadores dos Jogos. Ele vivia viajando de distrito em distrito procurando informações ou algo que servisse para encaixar nos Jogos. Eu e minha mãe o acompanhávamos. Uma vez nós fomos até o Distrito 12. Fomos recebidos por um homem que na época era um dos que mais tinha condições financeiras e que não passava fome nem frio. Como você viu quando foi no Distrito 12, as situações lá não são muito boas. Bom, ele tinha uma filha. O nome dela era Maysilee Donner. A previsão era que ficássemos durante dois dias, mas ocorreu algum problema e tivemos que ficar por mais tempo. Maysilee e a mãe de Katniss viraram as únicas amigas que já tive – ela dá uma pausa e respira fundo e logo continua – Uma vez eu e Maysilee estávamos em seu quarto. E em cima do seu criado mudo tinha um broche, lindo e dourado. Ele me deixou encantada. Eu disse “Que lindo” e ela disse “Era da minha avó, ela me deu antes de morrer”. Nós três passávamos o dia inteiro juntas. Meu pai trabalhava e eu brincava. Até que chegou o dia em que tive de partir. Maysilee se aproximou de mim com um pedacinho de papel enrolado numa fitinha de seda que ela havia tirado de uma vestidinho azul bem simples. Eu o abri e dentro tinha esse pingente. “Eu mesma que fiz” ela disse – lágrimas escorrer de seu rosto – Depois disso nunca mais a vi. Nunca mais vi Maysilee e a mãe de Katniss.

Não consigo dizer nada. Não gosto de vê-la chorar. Perguntar sobre o que aconteceu com Maysilee só pioraria. Então deixo de lado.

Minha mãe se levanta e diz:

- Isso vai te trazer sorte e proteção assim como trouxe para mim. Descanse um pouco da viajem.

 Ela sai porta a fora choramingando. Sinto uma enorme vontade de chorar. Espero até a vontade passar e me deito na cama. Penso em tudo que está acontecendo e em tudo que ainda vai acontecer. Sem esperar que qualquer outra coisa me atrapalhe ou me abale, adormeço.

[...]

O dia da colheita chega trazendo um calor infernal. A população do Distrito 2 espera ansiosamente em silêncio na praça, na mira de metralhadoras dos Pacificadores. Estou com Enobaria numa pequena área cercada, com Cato e Brutus numa cerca parecida á direita.

Enobaria é uma mulher forte. Deve ter uns trita anos. Ela lutava nos Jogos - em que foi vitoriosa - corpo a corpo e matou um tributo, rasgando seu pescoço com os dentes. Ela se tornou tão famosa pelo seu ato que depois que tornou vitoriosa teve seus dentes cosmeticamente modificados, para que cada um terminasse com uma ponta afiada como uma presa e fosse banhado em ouro.

Brutus também é um home forte e alto. Deve ter pelo menos quarenta anos e é vitorioso e que possui grandes habilidades com qualquer tipo de arma.

Como esperado meu nome é escolhida e em seguida o nome de Brutus é escolhido. Brutus nem precisou se preocupar em subir ao palco porque Cato se voluntariou para ir á arena em seu lugar. Por minha causa, igual ao ano passado quando ele se voluntariou. Se eu não tivesse tido aquela ideia maluca de sair da arena e vencer os Jogos ao lado dele e tivesse dado um jeito de morrer, ele seria vitorioso e Brutus e Enobaria teriam uma chance de ganhar.

Somos levados até o Edifício da Justiça e um carro nos conduz até a estação ferroviária. Vejo que não há multidão ou euforia alguma. Logo depois KJ e Louise chegam praticamente escoltados por guardas. Os Pacificadores praticamente nos empurram dentro do trem e batem a porta.

Corro para e janela e fico vendo o Distrito 2 sumir em meio ás florestas que o rodeiam.

- Adeus – sussurro baixinho.

- Porque adeus? Você pode voltar – Cato sussurra

- Quem sabe – digo

Acabei de tomar uma decisão importante. Manterei Cato vivo. Sei que deveria ser o contrário porque nem se eu quisesse conseguiria protegê-lo. Olhem o meu tamanho, o meu peso e a minha força.

Como no ano passado cada um tem a sua cabine pessoal. A viajem até a Capital demorará mais ou menos um dia. Provavelmente chegaremos amanhã á tarde.

Todos nos reunimos na cabine da televisão. Assistimos ás colheitas dos outros distritos. No Distrito 1 um casal de irmãos dotados de um a beleza incrível são escolhido, Cashmere e Gloss, eles foram vitoriosos em anos consecutivos quando eu era pequena. No 3 Wiress e Beetee. No 4 o galã Finnick foi coroado dez anos atrás com 14 anos. É nessa parte que solto um suspiro profundo.

- Suspirando por Finnick? – pergunta Cato

- E como não suspirar? Ele é lindo e tão... – digo

Cato fica me olhando bravo com o canto dos olhos. Me viro para o lado para que ele não me veja sorrir.

- Ah Finnick! – digo sorrindo – Juro que se fosse do Distrito 4 eu já estaria ao pés dele há muito tempo.

- Clove! – diz Cato

- Não estou mentido. É melhor que eu seja sincera, não é? – digo fazendo todos darem gargalhadas, menos o senhor ciumento: Cato.

Eu realmente não estou mentido. Finnick é um homem e tanto.

Continuando... Finnick e uma mulher histérica, mas uma senhora idosa com mais ou menos oitenta anos se voluntaria em seu lugar. No 7 a escolhida é Johanna Mason, ela parecia uma tola tão choramingona e covarde que ninguém se incomodou com ela até que sobrou apenas um punhado de participantes. Acontece que ela podia matar viciosamente. Bem esperto, o jeito como ela jogou.

- Nossa! Como Johanna está bonita e tão... Tão gata – diz Cato

- Ótima tentativa de me deixar com ciúmes, pena que não funcionou – digo

- Sei... – diz Cato com um sorriso de satisfação.

Não a tentativa dele de me deixar com ciúmes por causa de Johanna Mason não funcionou. Nunca vai funcionar! Entenderam?... Ta bom, talvez um pouquinho.

 No 8 uma mulher chamada Cecelia é escolhida ela luta para se desgrudar de três crianças que provavelmente são seus filhos  e Woof. No 11 Seeder e Chaff são os escolhidos. No 12 Haymitch Abernathy e Madge Undersee. A garota do 12 é impedida da ir ao palco porque um garoto grita por ela e corre para abraçá-la. Eu já o vi. Ele é Gale, o amigo de Katniss Everdeen.

 “Madge” “Madge” os microfones gravam tudo o que ele diz “Você vai voltar para casa. Ganhe por mim”. A garota chora de desespero e os Pacificadores a puxam e a levam á força para o palco. Gale some em meio á multidão e é levado pelos Pacificadores.

O Distrito 12 só teve um ganhador. Haymitch. A garota foi escolhida aleatoriamente.

Anoitece e Louise nos dá uma fita contendo vídeos dos vitoriosos dos outros distritos na arena. Para falar a verdade, não estou nem um pouco a fim de ver. Vou para o meu quarto e em meio a muitos pensamentos em relação a Katniss, minha família e Cato acabo dormindo.

Minha noite é atrapalhada por um pesadelo com a garota quente. Não resisto e grito por Cato que vem preocupado até o meu quarto.

- Clove?  

- Pesadelos, de novo – digo

- Ainda bem que era só pesadelo – ele sorri

- Ainda bem – sorrio

Ele fecha a porta e eu grito seu nome novamente e peço para que ele fique. Parece que ele prevê que iria pedir para que ele ficasse e entra sorrindo em minha cabine.

- Pensei que não ia me chamar – ele diz

Cato deita ao meu lado e sem que eu peça me abraça. Dá um beijo em minha testa e começa a mexer nos fios do meu cabelo. Como fez uma vez na arena. Ficamos em silêncio esperando que um dos dois diga alguma coisa. Como isso não acontece acabamos dormindo.


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