P.O.V Nico Di’ Ângelo – Distrito 11

De repente tudo fica preto, e apareço em uma praça. Ao meu redor há vastas plantações, o que me lembra Deméter. Argh! Chega de cereais. Felizmente, todas as pessoas estão de costas para mim, então não puderam ver meu aparecimento repentino. Jovens entram em filas e se posicionam em fileiras de acordo com a idade. Eu ainda não entendi bem o que tenho que fazer, somente que tenho de me voluntariar para os Jogos Vorazes, seja o que isso for. Percy tinha me dito que era uma coisa terrível, só isso. Vou me aproximando cautelosamente, quando um cara todo vestido de branco me vê.

—Vamos garoto, está parado aí por quê? Não temos o dia todo! Você tem quantos anos?

—14.  —Respondo. Ia sacar minha espada, mas parece que é apenas um mortal irritante. Ele me empurra no meio de garotos que parecem ter a mesma idade que eu. Eles parecem assustados e ansiosos, como se não esperassem o momento para sair dali. Poucos minutos depois, uma mulher cheia de maquiagem, com um salto altíssimo sobe no palco que há no meio da praça. Todos ficam em silêncio.

—Boa tarde! —Sua voz estridente aumentada pelo microfone ecoa pelo lugar. —é com grande prazer que anuncio a septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes! Esse ano é ano de Massacre quartanário, e o nosso querido presidente, anunciou que esse ano, os que já venceram os Jogos também poderão voltar para a arena! Esse ano não iremos passar o filme sobre os Jogos, por decisão do presidente. Então vamos aos tributos! Primeiro as damas! —Ela se aproxima de uma mesa ao seu lado direito, onde uma bola de vidro cheia de papeizinhos brancos está posicionada. Ela coloca sua mão, mexe um pouco os papeis e tira um. Abre um sorriso quando lê. —Sunny Water! —Todos os olhos se voltam para uma garota uma fileira atrás de mim. A garota é pequena, negra de cabelos cacheados e castanhos. Seus olhos também castanhos olham assustados para o palco. Ela tenta produzir uma expressão confiante ao andar, mas dá para ver como vacila. —Venha querida, não tenha medo. —A garota sobre e se posiciona ao lado da mulher que diz a todos: —Senhoras e senhores, apresento-vos o tributo feminino do Distrito 11! Agora, aos cavalheiros. —Ela vai para a outra mesa, faz a mesma coisa que antes e tira outro papelzinho Sorri e diz —Lian Frexi! —Todos os olhares se voltam para o garoto ao meu lado. É um pouco mais baixo que eu, moreno, e olhos excepcionalmente azuis, que agora estavam completamente sem brilho. Sua expressão era aterrorizada e descrente. Uma voz diz na minha cabeça “Agora filhote de Hades, se voluntarie.”. “O que eu digo?” Pergunto mentalmente. “Diga que você se voluntaria como tributo”. Tudo bem, é hora de se voluntariar para morrer. O garoto começa a avançar quando eu grito:

—Espere! Eu me voluntario como tributo! —Os olhares são direcionados para mim. O garoto se vira lentamente e me olha como se dissesse “Por que fez isto”. Dou de ombros e subo no palco, onde a mulher me espera com um sorriso.

—Qual é o seu nome querido? —Ela pergunta.

—Nico Di’ Ângelo. —Respondo.

—Senhoras e senhores, apresento-vos o tributo masculino do Distrito 11: Nico Di’ Ângelo! Esta é a septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre ao seu favor! —Mais homens de branco, como aquele que encontrei antes, nos escoltam até um prédio alto. Por um rápido momento troco olhares com a garota, que me olha como se eu fosse uma alucinação. Sou levado para uma sala bonita e luxuosa.

—Você tem uma visita. —Um cara de branco diz. Olho para ele descrente. Como eu tenho uma visita? Não conheço ninguém. É o garoto Lian Frexi que entra na sala assustado.

—Quem é você? —Ele pergunta. Eu suspiro.

—Oi para você também. E de nada por salvar sua vida.

—Quem é você? —Ele pergunta mais assustado.

—Relaxa cara, eu nem sei o que estou fazendo aqui direito. Mas eu já disse quem eu sou: Nico Di’ Ângelo.

—Por que fez isto?

—Por que eu fui obrigado. —Digo.

—Como foi obrigado? Você se voluntariou!

—Eu sei o que eu fiz. Eu fui obrigado a me voluntariar. Por quem e por que eu não posso dizer. Por nem eu mesmo sei.

—Você é real? —Ele pergunta estupidamente.

—Até onde eu sei sim. Você pode me fazer um favor? —Peço.

—O que? —Ele recua.

—Relaxa, eu não vou te atacar. Só quero saber o que são esses Jogos Vorazes. Eu não faço a mínima ideia. —Ele me fita.

—Como você não faz a menor ideia? Se voluntariou sem nem mesmo saber o que vai ter de enfrentar!

—Como eu já disse, eu fui obrigado. E pode ter certeza de que o que eu já enfrentei é bem pior do o que eu vou enfrentar. Então. Vai me dizer ou não?

—Tudo bem. —Ele começa. Fala sobre a Capital, Distrito 13, o presidente Snow, os jogos, os tributos que morrem nisso.

—Onde eu encontro esse Snow? Ele vai morrer.

—Você não vai conseguir mata-lo. —Ele me diz. Eu rio.

—Eu tenho mais poder sobre a morte do que você imagina. —Ele me olha completamente aterrorizado, como se eu fosse o rei dos mortos. Que ridículo, eu sou o filho do rei dos mortos. Um cara de branco entra na sala.

—Acabou o tempo. Vamos garoto, saia. E você. —Ele aponta para mim. —Siga-me.

Eu o sigo por corredores até sair do prédio por uma porta lateral. Assim que saio sou atingido por luzes brancas. Dezenas de repórteres brigam para obter uma foto minha. Nunca gostei de tirar foto, então abaixo a cabeça. O cara de branco vai afastando os repórteres até um trem a nossa frente. Eu nunca andei de trem, nunca precisei. Ele me joga para dentro e fecha a porta atrás de mim. Estou em uma sala enorme, e uma mesa de tamanho proporcional me espera com um banquete. Três lugares estão ocupados. A garota que se chama Sunny, a mulher que nos apresentou e um home negro e forte na cabeceira, todos se viram para em olhar. Eu sorrio.

—E ai? Estou morto de fome. Onde moro sou obrigado a comer cereal quase todo dia. —A garota sorri para mim.

—Eu sei como é.