P.O.V. Katniss

Eu e Gale estávamos caçando. Nos movíamos como se fossemos um só. Já caçávamos junto á tanto tempo que conhecíamos todos os movimentos do outro. A nossa mira eram dois esquilos, eu apontava para um e Gale para outro. Nos entreolhamos, e como se disséssemos “agora”, preparamos nossos arcos. Na hora em que eu iria soltar a flecha. Um barulho assusta os animais. Pareciam passos. Quem que foi o idiota que estragou minha caçada? Agora eu e Gale só tínhamos um esquilo cada para hoje. Amanha é dia da colheita, mas vou ter que caçar de manha, já que hoje já está escurecendo e não da para ver as presas no escuro da floresta. Quem que é o idiota que fica andando pela floresta á noite fazendo tanto barulho?

Eu e Gale seguimos em direção ao barulho, o ser ainda estava caminhando. O avistei, era um garoto de cabelos pretos, olhos verdes, tinha uma mochila nas costas. Parecia ter por volta dos 14 ou 15 anos, e andava tão distraidamente que não nos viu aproximarmos dele. Posicionei uma flecha e atirei com precisão ao lado de sua cabeça e fincando em uma árvore atrás. Imediatamente ele parou e pegou uma caneta no bolso. Uma caneta? Ele parecia tão impressionado quanto eu. Eu e Gale preparamos os arcos novamente e apontamos para ele.

–Quem é você? – perguntei ríspida

–Meu nome é Percy Jackson – respondeu

–De onde você é? Nunca te vi por aqui. – ele não parecia do distrito 12, era moreno com olhos verdes. Nunca vi alguém assim na costura e duvido que em qualquer outro lugar do distrito.

–Eu... Eu não sei- ele parecia saber tanto quanto eu.

–Como assim não sabe?

–Eu acordei no meio mata agora pouco. Só sabendo meu nome.

Eu e Gale nos entreolhamos, e em um entendimento silencioso sussurramos: Capital.

–Ok, vocês já sabem sobre mim tudo o que eu sei, e agora, quem são vocês?- ele parecia estar falando com sinceridade. Mas quando se mora em Panem, você tem que cuidar em quem confia. Eu e Gale nos entreolhamos novamente, decidindo se deveríamos ou não confiar nesse tal de Percy Jackson, e estranhamente, uma voz disse em minha mente: Pode confiar nele, é um amigo. Era a voz de uma mulher. Pelo jeito Gale também ouvira, pois disse:

– Eu sou Gale, e ela é Katniss. Você tem onde ficar? Amanhã é o dia da colheita.

–Dia da colheita?- ele perguntou totalmente confuso

– Você pode ficar na minha casa, tem um quarto sobrando. – falei ignorando sua pergunta, não dava para explicar agora - Vamos, temos que ir logo, já está ficando tarde.

Sem esperar sua resposta, eu e Gale fomos em direção à cerca. Como sempre a placa “Cerca elétrica, não ultrapasse” estava ali. Mas ela quase nunca fica ligada, passamos a cerca e pude ver que o garoto nos seguiu. Ele parecia horrorizado com o distrito 12. Todos ficam. Não tem vida, não tem cor. Apenas fome e sofrimento.

– Que lugar é esse?- perguntou

–Esse é o distrito 12-Gale respondeu

–E onde fica?

–Em Panem- foi minha vez de responder

– Aqui é perto dos Estados Unidos?-

– Estados Unidos? Aquele país que ficava na America?- perguntei espantada, ele assentiu.- Você não conhece a história garoto?- negou com a cabeça- pois bem, a America foi destruída, e onde era cresceu a Panem, que é dividida em 12 distritos comandados pela Capital.

Ele parou, parecia totalmente aterrorizado.

–Katniss, em que ano estamos? – ele perguntou meio relutante

– Ano 3052- respondi meio impressionada com a pergunta- o que acontecera a esse garoto? Com certeza veio da Capital. Já tinha ouvido história da Capital tirar a memória de rebeldes, mas não achava que tanto assim, sem nem se lembrar de quem era ou a história que todos os anos a Capital nos relembrava. Isso estava muito estranho. O garoto não falou mais nada e chegamos- chegamos – disse a ele. Assim que abri a porta Prim veio correndo até mim.

– Katniss!!

– Oi Prim.-

–Quem é ele? - só agora ela pareceu nota-lo

– Ele é Percy Jackson, o encontrei na floresta, não sabe de onde vem.

–Olá Prim.- cumprimentou. Ela se escondeu atrás de mim- não se preocupe, eu não vou te machucar.- a voz dele era doce e calma, e até eu me senti segura.

– Que tal você o convidar para jantar?- falei a Prim, logo que percebeu que eu confiava em Percy, ela espantou o medo

– Tudo bem. Percy, você quer jantar em casa hoje?

– Eu não quero incomodar- ele disse meio constrangido

– Não será incômodo algum- minha mãe descia a escada - Prim, arrume a mesa. E Gale, você irá jantar aqui também?

– Não, não, minha mãe já deve estar preocupada, tchau.

–Tchau Gale- A Prim falou

–Tchau, tchau Katniss. Sra. Everdeen.

–Quer deixar sua mochila no sofá querido?-minha mãe perguntou gentilmente. Só agora ele pareceu notar que carregava um mochila, a abriu e eu fiquei impressionada com o que tinha. Havia quatro latinhas que eu só via pela televisão, dois pacotes de bolacha que são muito caras e eu nunca pude provar, um cantil com um liquido que nunca vi na vida e um pote com alguns pedaços que pareciam bolo.

–Como você conseguiu isso? Não consegui conter a vontade de perguntar

–Eu não sei, quando acordei já estava com isso- ele começou a colocar as latinhas e as bolachas na mesa, logo percebi o que pretendia

– Percy, não precisa...

– Você me ajudou muito, eu tenho que retribuir. E também não acho que vou conseguir comer tudo isso sozinho. - Nos sentamos à mesa, comemos o esquilo que eu tinha caçado com as cocas-colas (como Percy disse que se chamava) e depois dividimos as bolachas. Meu deus! Coca cola é muito bom! E as bolachas são uma das melhores coisas que comi na vida. O Percy não parecia tão impressionado quanto nós, parecia que já estava acostumado a comer esse tipo de coisa. Reparei nele, suas roupas estavam todas chamuscadas, mas de fato pareciam ser roupas caras, o que só provou que ele era mesmo da Capital ou de um dos distritos mais ricos. Assim que saímos da mesa, o acompanhei a porta do único quarto vago da casa.

–Percy, você pode ficar nesse quarto- ele agradeceu silenciosamente e entrou no quarto. Me dirigi ao meu. Deitei na cama e fiquei pensando no que acontecera. Eu conhecia ele a apenas algumas horas, mas já havia o trazido para dentro de casa e dividido a pouca comida que tinha. Mas ele simplesmente exalava confiança, parecia protetor, tínhamos a mesma idade*, e ele parecia ser muito experiente. Adormeci sem sonhos.

Acordei cedo, precisava caçar para o banquete do final do dia, após a colheita. Eu estava muito apreensiva, era a primeira vez de Prim, ela tinha apenas um papelzinho em milhares, mas eu estava muito preocupada, não sei o que faria se ela fosse escolhida. E quanto a mim, eu tinha bem mais chance, podia ser escolhida, por mais que ajam outros que tenham bem mais chances, como Gale, ele tem mais de 60 papeizinhos com o seu nome. Afastei esse pensamento, vesti uma roupa arrumei o cabelo, e decidir chamar Percy para ir caçar comigo. O porquê eu não sei, geralmente só caço com Gale, mas decidi testar. Bati a porta do seu quarto.

– Percy, acordou?

–Sim

–Eu irei caçar, quer ir também?

–já estou indo, te encontro na cozinha em 10 min.

–Ok.

Me dirigi a cozinha e fiquei esperando, depois de 8 minutos ele desce, parece menos cansado e tenho que admitir que ele é bem bonito. Nós saímos e fomos em direção à floresta. Passamos pela cerca e fui a árvore em que deixava o meu arco.

– Você sabe atirar?- perguntei. Ele estremeceu.

–Acho que não, prefiro espadas- Ele não poderia caçar.

–Sabe subir em árvores?

–Com certeza- respondeu com um sorriso- se bem que eu prefiro água

–Prefere?- uma ideia se passando por minha cabeça- acha que poderia pescar?- muitos já pediram peixe, mas eu e Gale não sabemos pescar e perdemos muitos clientes por isso.

– Com certeza- dei um sorriso, era difícil ás vezes que fazia isso. - Então vamos.

Achei que ele faria muito barulho, por causa de ontem, mas, na verdade, ele era tão silencioso quanto eu e Gale, logo avistamos o rio. Ele pulou na água. Não estava frio, o sol brilhava no horizonte. Ele logo voltou com três peixes na mão. Uau, ele é bom, isso nos renderia muito. E com um susto percebi que estava seco.

–Vo-voce esta seco!- ele olhou para si mesmo e ficou tão espantado quanto eu

–Eu não sei o que aconteceu. Vou pegar mais peixes, espere aqui. - ele colocou os peixes de lado, já mostos por falta da água e pulou novamente. Dessa vez demorou mais, passou dois minutos e eu já estava desesperada, ele vai morrer. Estava quase pronta para pular no lago quando ele volta novamente à superfície completamente seco e sem sinal nenhum de que esta faltando fôlego. Isso é muito estranho. Segurava mais três peixes.

–Como você faz isso?

–Eu te conto outra hora. Aqui não é o lugar adequado. - achei estranho mas concordei. Consegui abater alguns esquilos e catamos frutas nas arvores. Ele era realmente bom para subir em arvores, mas eu tenho que dizer que, na minha humilde opinião, eu sou melhor. Uma vez, quando subimos muito alto, ele começou a se sentir mal, acho que não gosta de altura. Terminamos de caçar deviam ser umas 11 horas. A colheita é às 2 da tarde. Passamos no prego, eu vendi os peixes por um ótimo preço e troquei por algumas coisas que faltavam em casa. Mas deixei um para o banquete. Trocamos um esquilo na padaria por 3 pães, e guardei um. Vendi metades dos morangos para o prefeito, e guardei o resto. Isso tudo daria um ótimo banquete.