O silêncio era a única coisa que os separava. Ambos com a cabeça voltada ao chão, olhos fechados e feições calmas. Já haviam perdido a sensação de tempo e espaço, parecia que havia passado dias desde que saíram de Coruscant.
--- O que faremos? - perguntou Druvanii quebrando o silêncio.
--- Vamos terminar a missão - disse Midrael.
--- Mas eles sabem sobre nos.
--- Apenas tiveram sorte.
--- Desculpe caro amigo --- disse Goldfield --- Mas não acredito nisso, eles conseguiram nos rastrear.
--- Nossa missão é salvar quem ainda estiver vivo e será exatemente isso que faremos.
--- Entendo seus sentimentos, mas estamos encurralados.
Os três olharam para fora da nave, várias naves clones rondavam o planeta a procura deles.
--- Se continuarmos aqui nossa missão ira fracassar --- disse Midrael levantando.
--- Mestre --- disse Druvanii --- Porque não entramos no planeta?
--- Não, eles descobriram.
--- Tem um jeito de engana-los --- disse Goldfield --- Essa nave aqui é de um caçador, será fácil ficarmos invisíveis aos olhos deles.
--- Temos que trocar essa nave também --- Disse Midrael --- Olha quantos cacarecos ela tem, devem valer muito se vendermos junto.
--- Sim, concordo, seremos facilmente reconhecidos pelos clones se continuarmos com ela.
--- Vamos lá então --- falou Druvanii sentando na cadeira do piloto.
Todos apertaram os cintos e ligaram a nave. Observaram com cuidado se havia alguma nave próxima, ligaram os motores no mínimo e seguiram cuidadosamente para o planeta. Quando estavam bem próximos e perceberam que não havia como percebe-los por causa dos anéis, eles avançaram na velocidade máxima para o planeta.
Pilares negros erguiam-se conforme se aproximavam do planeta, diversos fios passavam por eles soltando descargas eléctricas, rios brilhantes e dourados passavam por entre os pilares numa berrante teia de metal derretido, ligados até terminarem no centro, onde caiam gorgolejantemente por um gigantesco buraco. Atravessaram rapidamente essa região encontrando enormes construções por onde o metal derretido saia, atrás delas encontraram milhares de casas moldadas com placas de metal unidas bizarramente formando uma brilhante cidadela. No centro encontraram enormes arranha-céus de preto e dourado, com formatos espiralados dando a impressão de serem chamas de uma fogueira. Desceram então próximos ao centro da cidadela.
Crianças sujas e com roupas rasgadas rompiam pela rua jogando com uma bola de látex, que tentavam acertar com muita dificuldade sem usar os pés, apenas mãos e quadril, atraves de um aro pendurado na parede. Homens cheios de graxa atravesavam paralelos a nave levando peças mecânicas. Um deles exclamou quando viu os Jedis descerem da nave.
--- O que forasteiros fazem em Hendox?
--- Se você estiver disposto a comprar essa nave podemos conversar --- disse Goldfield.
--- Porque não tentam no planeta da sucata --- riu o homem --- Vocês estão no planeta dos soldadores, não vão conseguir nada aqui.
--- O senhor não conhece ninguém que possa compra-la?
--- Tentem o velho Buggins ele pode ter interesse nessa nave.
--- Onde podemos encontra-lo.
--- Ele mora logo ali depois da igreja --- disse apontando para um pequeno galpão ao lado de uma igreja.
Goldfield agradeceu e se virou para a nave.
--- Não sei se é bom deixar a nave desprotegida, melhor vocês dois ficarem aqui enquanto eu cuido disso.
--- Concordo, cuidaremos dela --- disse Midrael.
--- Que a força esteja com você mestre --- disse Druvanii.
--- Voltarei logo --- disse dando uma piscadela e seguindo para o galpão.
Hendox o planeta dos soldadores, ficava na parte mais pobre da galáxia, várias industrias se dedicaram a usar da grande quantidade de matéria prima do planeta, para criar blocos de metais, usados nas naves dos planetas ricos.
Ele bateu na porta do galpão duas vezes, um grande tempo depois um alienígena velho e barbudo que mais parecia uma centopeia abriu a porta.
--- O que quer? --- perguntou com uma voz mole.
--- Sr. Buggins?
--- Quem quer saber?
--- Me chamo, Andrews e gostaria de fazer uma negociação com o senhor.
--- Não estou afim de comprar nada.
--- Eu tenho concerteza uma nave que possa ser de seu interesse.
--- Para que vou querer uma nave, se não posso usa-la.
--- Mas pode derrete-la que tal, alias ela possui várias armas que concerteza o senhor pode vender por um bom preço.
--- Não estou interessado.
--- O senhor esta interessado --- gesticulou usando seus poderes Jedi --- E vai pagar um bom preço por ela.
--- Não me venha com esses truques Jedi rapaz --- disse cuspindo --- Tenha um bom dia.
Fechou a porta na cara de Goldfield. Sem ter o que fazer ele voltou para a nave.
--- Bom concerteza não vamos conseguir nada com aquele cara.
--- É agora o que vamos fazer? --- quis saber Druvanii.
--- Tem que ter alguém que queira comprar essa nave --- disse Midrael.
--- Vamos voltar até aqueles galpões, eles vão comprar concerteza.
--- Tenho uma ideia melhor garotos --- disse Goldfield chamando eles para mais perto --- O dono dessa nave, sempre teve muito bom gosto para roupas, se vocês concordarem com meu plano, acho que podemos conseguir muito mais por essa nave.
Ele detalhou todo o plano, ambos concordaram olhando fixos para as gigantescos arranha-céus negros e dourados. Decididos, entraram na nave e seguiram para eles.




Uma pequena nave negra atravessava vagarosamente o espaço. Seu único ocupante vestia trajes negros e em seu peito ele segurava com força um sabre de luz.
Os painéis começaram a piscar, mas mesmo assim o ocupante não se manifestou. A nave havia entrado na órbita de um planeta com grandes oceanos, florestas e montanhas cobertas por neve. Como um meteoro a nave caiu fazendo grande impacto no solo do gelado planeta. O ocupante saiu do modulo olhando em volta, percebendo que estava em uma grande montanha coberta por neve e grande árvores.
Ele olhou em seu pulso, uma pulseira indicava para que seguisse para a direita, ele olhou com desanimo para onde deveria ir, percebendo que teria que descer a montanha. Seguiu pela direção indicada descendo a montanha como se fosse um prancha de snowboard.
Os pés da montanha levavam a uma densa floresta. O Sith seguiu cuidadosamente andando com pressa, até parar de fronte a um grande portão. Olhou curiosamente pelo lugar. Pegou um objeto estranho do seu bolso, ele era circular, depositou-o no chão e apertou um botão.
Um holograma azulado surgiu na tela. Um homem vestido uma capa negra surgiu ofegante.
--- Já cheguei mestre.
--- Já executou o plano como combinado.
--- Faço questão de faze-lo na sua frente.
--- Gosto de sua lealdade.
--- Sempre meu senhor, invadirei aquele aparelho como o senhor ordenou.
O Sith tirou um aparelho vermelho do bolso. Seus olhos cintilaram de felicidade de poder mostrar lealdade para seu novo mestre.




Luzes brilhantes tomavam todo o lugar, um estilo gótico, mulheres maquiadas muito belas, vestidas de negro, andavam pelo lugar graciosamente seduzindo os homens que passavam e uma musica que mantinha um tom grande de emoção enchia o lugar com uma aura áspera e sombria.
Os três entraram no grande salão chamando a atenção de todos, ambos vestindo trajes do mais puro luxo e nobreza. Três mulheres muito belas surgiram para cumprimenta-los.
--- Sejam bem vindos senhores, seremos suas servas enquanto estiverem em nosso Casino.
Goldfield olhou para os dois dando sinal de positivo e os levou até uma mesa, onde vários homens fumavam e bebiam acariciavam suas servas. Sentaram aos lados dos jogadores entrando no jogo.
--- Então meu camarada, esta disposto a apostar quanto? --- perguntou um dos jogadores.
--- Que tal isso --- disse Goldfield jogando um punhado de armas douradas na mesa.
--- Mas que merda! --- exclamou o homem --- Onde você conseguiu essas relíquias!
--- Um velho amigo me deu, esta disposto a apostar quanto?
--- Eu apostaria minha casa por isso!
--- Que tal apenas uma nave super veloz.
--- Gostei de você, sabe negociar, bom vamos jogar e decidiremos isso.
Na mesa havia uma grande roleta, um homem organizava o jogo recolhendo as apostas e girando a roleta. Midrael e Druvanii ficaram apenas olhando enquanto Goldfield começou a jogar. Dinheiro foi jogado na mesa, as armas douradas e outros objetos foram usados como aposta. Goldfield estava apenas brincando, ele sabia jogar muito bem, não poderia se considerar um mestre nesse tipo de jogo, mas ele sabia que cada jogo possuía um manha e ele sabia muito bem como se aproveitar dela, alias seu plano mal havia começado.
Então o jogo começou, cada aposta feita, a roleta rodou, todos apreensivos, o jogo foi prosseguindo até que apenas Goldfield e o homem que havia gostado das armas ficaram.
--- Então podemos apostar algo mais alto camarada? --- quis saber Goldfield.
--- O que você deseja apostar?
--- Eu possuía uma nave muito interessante, ela pode burlar qualquer rastreador, ficando facilmente imperseptivel.
--- Interessante, bom irei apostar a minha nave então.
--- Otimos faremos assim, se você ganhar, levará minha nave e todas as armas valiosas que ela possuía mais o que temos aqui, se eu ganhar você apenas me da sua nave.
--- Que idiota, mas seja como quiser vamos jogar.
Seria a ultima aposta, cada um apostou toda a sua fortuna, a roleta rodou, olhares apreensivos, a cada giro mais suor caia em seus rostos, então ela foi parando. Midrael sabia que era sua hora de agir, ele viu se alguém estava olhando para ele e usou a força parando a roleta vagarosamente, então quando estava quase parando ele mudou seu alvo para a bola, que gentilmente fez cair exatemente no numero que Goldfield havia apostado.
--- Que sorte! --- exclamou Goldfield com um olhar sarcástico para o seu oponente.
--- Devo concordar amigo, que sorte! --- disse o apostator entregando a chave de sua nave --- Você é um otimo jogador devo confessar, foi um prazer jogar com o senhor.
--- O prazer foi todo meu --- disse pegando a chave.
Os dois se levantaram e apertaram as mãos.
--- Bom deixe-me leva-lo até seu prémio.
Eles deixaram o Casino, seguindo até o hangar das naves. Quando chegaram o homem saiu correndo até parar de fronte a uma nave negra bastante luxuosa.
--- Bonita não? --- disse ele --- Por favor cuide bem dela.
--- Cuidarei, pode ter certeza --- disse entrando na nave --- Até outro dia.
O homem olhou uma ultima vez para a nave e foi embora.
Quando estavam ambos vendo o interior da nave Druvanii exclamou.
--- Mas que fantástico! Que luxo.
--- Não fique feliz, ela não é nossa, quando tudo estiver acabado vou devolve-la.
--- A que pena.
--- Foi um bom plano devo confessar --- disse Midrael.
--- Situações extremas pedem medidas extremas --- retrucou Goldfield.
--- Bom vamos...
Druvanii ia falar mas Midrael o interrompeu.
--- Esperem.
Midrael sentiu o octógono que Obi-Wan havia lhe entregado tremer em seu bolso. Um holograma azulado apareceu quando ele o retirou do bolso.
--- Midrael --- disse a figura --- Esta mensagem deve ter chegado com algumas horas de atraso, porém eu descobri que os clones conseguiram interceptar a missão que dei a vocês --- a imagem do holograma melhorou e Obi-Wan apareceu --- A maioria dos Jedis dos planetas que pedi que visitassem, estão foragidos, por isso estou mandando junto a essa mensagem uma nova lista de planetas. Acredito que os nossos inimigos vão recuar por um tempo indeterminado, mas antes preciso que saibam...
A mensagem foi interrompida, então um chiado tomou a nave e outra voz tomou o comunicador.
--- Mestre Obi-Wan por favor peça ajuda, eles invadiram Galidraan, não sei mais quanto tempo poderei me esconder deles, por favor me ajude Mestre!
Depois a mensagem voltou a produzir a voz de Obi-Wan.
--- Tomem cuidado e que a força esteja com vocês, mas antes que me esqueça anexei uma nova lista dos outros planetas que devem seguir.
--- Droga, não deu para escutar tudo --- reclamou Druvanii.
--- Alguém deve ter pedido ajuda na hora que Obi-Wan nos mandou a mensagem --- disse Midrael.
--- Será que ele anexou a tempo esse planeta na nossa tarefa? --- quis saber Goldfield.
Midrael mexeu no aparelho, vendo uma nova lista de planetas, havia apenas três opções, mas não conseguiu achar Galidraan.
--- Não esta na lista.
--- Mas olhe, ele fica próximo daquele planeta que estava na lista anterior, talvez ele tenha viajado para esse planeta. --- disse Goldfield.
--- Você pode ter razão mestre, alias ele fica no nosso caminho mesmo, não custa verificar.
--- Mas tem clones lá, vocês ouviram --- comentou Druvanii.
--- Vamos correr o risco, não podemos ignorar um pedido de ajuda --- disse Midrael.
Druvanii concordou seguindo para a cadeira do piloto.
--- Então não devemos perder tempo, vamos!
Dizendo isso, ligou os motores, dando tempo suficiente para que todos colocassem o cinto e partissem daquele planeta.