Os Semideuses e a Árvore De Sangue escrita por DennysOMarshall, Robert Zhang, HenryDixon


Capítulo 13
SARA


Notas iniciais do capítulo

When you see it...



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Tinham se abrigado sob uma pequena mata de faias pretas ao lado de estrada de altitude. John Zaidan recolhia lenha enquanto os pégasos bebiam de um córrego cujas águas desciam da colina. Inclinou-se para apanhar um galho quebrado e o examinou criticamente.

— Este serve? Não tenho prática em fazer fogueiras. Chimicatti cuidava disso para mim.

— Uma fogueira? — disse Sara, rindo — Tem assim tanta sede de morte, novata? Ou terá perdido o juízo? Uma fogueira atrairá sobre nós monstros vindos das mais profundas vielas do Mundo Inferior. Pretendo sobreviver a essa busca, Zaidan...

— E como espera fazer isso? — John perguntou. Enfiou o galho debaixo do braço e espreitou através da pouco densa vegetação rasteira em busca de mais. Doíam-lhe as costas do esforço de se dobrar; cavalgavam em seus pégasos desde o nascer do dia, quando um Turbanus Mokhmon preocupado com o rosto duro como pedra os fizera atravessar todo o Acampamento em busca de três campistas desaparecidos e ordenou que não voltassem até que os achassem.

— Não temos nenhuma chance de abrir caminho lutando — disse Sara —, mas dois semideuses podem cobrir maior distância do que dez, e atrair menos atenções. Quanto menos dias passarmos nessas florestas vastas, mais provável é que alcancemos aqueles três. Digo para cavalgarmos duramente e depressa. Para viajarmos de noite e nos escondermos de dia, para evitarmos os caminhos em que podemos ser vistos, para não fazermos barulho e principalmente para não acendermos fogueiras.

John Zaidan suspirou.

— Magnífico plano, Everdeen. Experimente-o, se quiser... e perdoe-me que não me detenha para enterrá-lo.

— Pensa sobreviver mais tempo que eu, filho de Hermes? — a filha de Atena sorriu.

John encolheu os ombros.

— Cavalgar duramente e depressa à noite é uma maneira segura de despencar de uma montanha e partir a cabeça ao meio. Prefiro fazer minha travessia lenta e facilmente. Sei que gosta do sabor da cavalgada, Sara, mas dessa vez, se nossas montarias morrerem, teremos de tentar colocar selas em porcos... e, a bem da verdade, penso que os monstros nos encontrarão, não importa o que façamos. Eles estão por todo lado. Provavelmente já estão cientes daquilo que você me falou mais cedo.

— Tem medo de pronunciar o nome? — Sara deu uma risada, olhando-o sarcasticamente, mas depois fez uma careta. — Então somos semideuses mortos, Zaidan.

— Se eu for morrer, quero ao menos morrer confortável — respondeu John — Precisamos de uma fogueira. As noites são frias aqui em cima, e comida quente nos aquecerá a barriga e animará o espírito. Supõe que haverá caça? Turbanus nos deu um verdadeiro banquete de carne de vaca salgada, queijo duro e pão seco, mas eu detestaria quebrar um dente tão longe assim da Casa Grande.

— Eu consigo encontrar carne — sob uma cascata de cabelos negros, os olhos de Sara olharam John com suspeita. — Devia deixá-lo aqui com a sua fogueira idiota. Se levasse seu pégaso, teria duas vezes mais chance de fazer a travessia. O que você faria então, filho de Hermes?

— Morreria, provavelmente — John inclinou-se para apanhar outro graveto.

— Acha que eu não faria a mesma coisa?

— Faria num instante, se isso lhe salvasse a vida. Foi bastante rápida ao eliminar o seu cãozinho de estimação quando ele foi atingido por aquela flecha na barriga — Sara agarrara os pelos do cão, puxara-lhe a cabeça para trás e enterrara a ponta do punhal sob a orelha, e depois dissera a Turbanus que o cão morrera do ferimento.

— Ele não sobreviveria — disse Sara, deixando uma lágrima escorrer em luto a seu cão, que lhe acompanhara por cinco meses — e seus gemidos os estavam atraindo para onde estávamos. Popsy teria feito o mesmo por mim, ele era um cão treinado e sabia das coisas... e não era amigo nenhum, só um cão com quem eu treinava. Não se iluda, Zaidan. Lutei por você, mas não sou sua amiga.

— Era da sua espada que eu precisava — disse John —, não da sua amizade — deixou cair a braçada de lenha.

Sara sorriu.

— Você é tão corajoso quanto qualquer filho de Hermes, tenho de reconhecer. Como sabia que eu ficaria ao seu lado?

— Saber? — John acocorou-se desajeitadamente nas pernas longas para fazer a fogueira — Lancei os dados. Na estalagem, você ajudou a me tornar um cativo de Turbanus, armando para que eu viesse nessa busca de cabra-cega, e insistiu em vir também. Os outros viram nisso seu dever, pela honra dos amigos semideuses, mas você não. Você não tem amigos do chalé de Hermes nem serve a Turbanus. Afinal, esses semideuses são de Hermes, portanto porque se incomodou nos envolvendo nessa loucura? — puxou a faca e raspou algumas lascas de um dos gravetos que reunira, para acender o fogo — Mas deixe-me adivinhar. Por que é que as filhas de Atena fazem o que for preciso para se saírem bem? Pelo orgulho. Aposto que pensa que quando voltarmos com esses novatos estaremos sendo recebidos pelo Acampamento todo nos parabenizando pelo nosso feito? — olhou para o modelo de fogueira que fez — Pronto, isso deve servir, eu acho. Tem pedra de aço?

Sara enfiou os dois dedos na bolsa do cinto e atirou-lhe uma pedra de aço. John apanhou-a no ar.

— Muito obrigado — continuou — mas acontece que você não conhece Turbanus, nem Própon. Eles sabem que isso tem a ver com a Árvore de Sangue, e que os monstros virão pesadamente pra cá. Não espere que ele preste muita atenção na gente. A atenção dele nesse momento, assim como a do nosso diretor, está na trupe da Katherine Darkholme e seus semideuses. E eu sei que você queria estar no caminho do encontro de Jano agora, não queria? Não queria dividir a honra de estar numa batalha que salvará os deuses junto com eles? Olhe ao seu redor, Everdeen. Estamos saindo do clichê. Heróis agora são do tipo do Oliver Heinrich. Eles procuram lealdade, coragem e honra nos heróis de hoje em dia nesse acampamento. Sabedoria, experiência e força já são qualidades antiquadas. E a bem da verdade, eu e você somos escória malnascida neste lugar — John bateu com a pedra no aço, tentando obter uma faísca. Nada.

Sara resfolegou.

— Você tem uma língua audaciosa, filho de Hermes. É provável que algum dia, quando você sair desse lugar, alguém a corte ou a obrigue a engolí-la. Eu mesma faria isso com prazer.

— Um bocado de gente já me disse isso — John olhou para a filha de Atena, que retirava a armadura de couro e a jogava no chão, ao lado da fogueira de relance — Ofendi-a? Minhas desculpas. Mas você é escória, Sara, não se iluda. O dever, a honra, a amizade... O que é isso pra você? Não, não se incomode. Ambos sabemos a resposta. É a mesma coisa para mim. Apesar disso, você não é estúpida, e é por isso que deixou de valorizar esses sentimentos. Quando entramos nessa floresta, Turbanus deixou de ter necessidade de você... mas eu tinha, e se há coisa que nunca faltou aos filhos de Hermes é um pouco de mérito a dar de sobra. Quando chegou o momento de lançar os dados, contei que fosse suficientemente esperto para saber onde residiam seus interesses. Felizmente para mim, você era — voltou a bater com a pedra no aço, mas sem obter frutos.

— Dê aqui — disse Sara, agachando-se —, eu cuido disso — tirou a faca e a pedra de aço das mãos de John delicadamente e conseguiu faíscas na primeira tentativa. Uma espiral de casca começou a inflamar-se.

— Muito bem — disse John — Até pode ser estereotipada como escória, mas é inegável que é útil, e com uma espada na mão é tão habilidosa quanto meus irmãos. O que deseja, Sara? Dracmas? Uma pequena mentirinha sobre a sua participação na missão? Um belo namorado como eu? — Sara fez uma expressão raivosa. — Matenha-me vivo e terá o que quiser, no que estiver ao meu alcance.

Sara soprou suavamente sobre o fogo, e as chamas saltaram mais alto.

— E se você morrer?

— Nesse caso, terei um carpidor que tem dor sincera — disse John, sorrindo. — eu sustento muita coisa naquele acampamento. Muita coisa vai desabar, se eu desabar...

O fogo queimava bem. Sara ergueu-se e voltou a enfiar a pedra de aço na bolsa.

— É justo — disse. — Minha espada é sua, então... mas não espere que eu ande por aí dobrando o joelho e tratando-o por cara, senhor, ou nem ao mesmo amigo. Não lambo as botas de ninguém.

— Nem é amiga de ninguém — disse John — Não tenho dúvidas que me trairia tão depressa como traiu o seu pobre cãozinho se visse nisso lucro. Se chegar o dia em que se sinta tentado a me entregar para os monstros que assolam esta floresta, lembre-se do seguinte, Sara: eu te pagarei muito melhor por me proteger. Gosto de viver. E agora, acha que poderia arranjar o nosso jantar?

— Cuide dos pégasos. — disse Sara, desembainhando logo o punhal que usava na cintura e dirigindo-se para as árvores.

Uma hora mais tarde, os pégasos tinham sido escovados e alimentados, a fogueira estalava alegremento e o quadril de uma cabra jovem era virado sobre as chamas, deixando cair gordura e silvando.

— Só o que nos falta agora é uma boa água da fonte mais clara para empurrar nossa cabrita para baixo — disse John.

— Isso, um cobertor e mais uma dúzia de espadas — Sara completou. Estava sentada de pernas cruzadas junto à fogueira, afiando o gume da espada com uma pedra de amolar. Havia algo de estranhamente tranquilizador no som de raspar que fazia ao percorrer o aço com a pedra.

— Logo será noite cerrada — fez notar a filha de Atena — Eu fico com o primeiro turno... sirva isto para o que servir. Provavelmente seria melhor deixá-los nos matar durante o sono.

— Ah, suponho que estejam aqui muito antes de chegarmos a dormir — o cheiro da carne que assava fazia com que a boca de John se enchesse de água.

Sara o olhou por cima da fogueira.

— Você tem um plano — disse em tom monocórdio, acompanhando as palavras com um raspar de aço com pedra.

— Chama-se esperança — disse John — outro lançar de dados.

— Com nossas vidas como aposta?

— E que escolha temos? — inclinou-se sobre a fogueira e cortou uma fina fatia de carne do cabrito. — Ahhh — suspirou, feliz, enquanto mastigava. Gordura escorreu-lhe queixo abaixo. — Um pouco mais dura do que eu gostaria, e falta tempero, mas não me queixarei demais. Se estivesse no lugar de Katherine Darkholme nesse momento, estaria dançando num precipício com a esperança de receber um feijão cozido.

— E apesar disso, deu a ela antes de partir um punhal de ouro — disse Sara — ou você acha que não sei do seu passado nebuloso com a filhinha de Hades?

— Bem, com esse punhal eu sinto que estou livre de meu débito com ela! Finalmente!

Até Katherine quase não acreditou quando John lhe atirou o punhal de ouro com um caduceu desenhado a relevo. Os olhos da filha de Hades tinham se esbugalhado quando admirou o seu reflexo naquele punhal, que tinha uma história com ela.

— Fiquei com o escudo — dissera-lhe John, com um sorriso torto — mas naquela época, minha cara amiga, lhe foi prometido este punhal, e aí está ele — John Zaidan cumprindo uma promessa era mais do que Katherine podia imaginar — E lembre-se do que eu disse: isso é só um aperitivo. Se eventualmente vier a se cansar do serviço para achar a Árvore de Sangue, mande-me uma Mensagem de Íris e estarei no seu lugar em menos de dois dias.

Sara sacou o punhal e puxou a carne da fogueira. Começou a cortar grossos pedaços de carne chamuscada enquanto John arrumava duas fatias de pão duro para servir de tabuleiros.

— Se voltarmos ao acampamento, o que fará? — perguntou a filha de Atena, enquanto cortava.

— Ah, para começar, pregaria uma bela peça. Jogaria ovos em todo mundo. Isso inclui Própon, Turbanus, e até mesmo o Oráculo, se for preciso. Estou engolindo tantas verdades que eu atiraria uma granja de ovos ao Olimpo. Ah, e é claro, acertarei as minhas contas com Frank Pearsall.

A filha de Atena mastigou e engoliu.

— Então estava falando a verdade naquele escândalo? Não era sua a culpa?

John abriu um pequeno sorriso.

— Eu pareço algum tipo de mentiroso, Sara?

Quando suas barrigas ficaram cheias, as estrelas já tinham surgido e uma meia-lua erguia-se sobre as montanhas. John estendeu no chão o saco de dormir e deitou-se, usando a sela do pégaso como almofada. Uma sequência de oito raios apareceu nos céus. Para a felicidade dos dois, chuva não os acompanhou.

— Nossos amigos estão perdendo tempo.

— Se eu estivesse no lugar deles, temeria uma armadilha — disse Sara. — Que motivo haveria para Jano estar esperando semideuses para resolver esse assunto? Por que ele não se une ao Olimpo e resolvem isso eles mesmos?

John soltou um risinho.

— Então devemos cantar, para louvar a Apolo e aos outros deuses, para que eles os ajudem. Para que eles ajudem os deuses, e para que eles nos ajudem — e começou a assobiar uma melodia.

— Você é mesmo muito doido, Zaidan — disse Sara, enquanto limpava a gordura sob as unhas com o punhal.

— Onde está o seu amor pela música, Everdeen?

— Se era música o que queria, devia ter ficado no chalé de Apolo, contando os seus feitos para as semideusas de lá.

John sorriu.

— Isso teria sido divertido. Estou mesmo vendo-as me seduzir com a harpa — reatou os assobios — Conhece esta canção? — perguntou.

— É. Já ouvi uma vez ou outra. Sempre cantada por semideuses ou monstros... Algo grego?

— Sim, é de composição do próprio Apolo. Doce e triste, se compreender as palavras. A minha primeira namorada costumava cantá-la, e nunca consegui tirá-la da cabeça — John olhou para os céus. Estava uma noite fria e límpiada, e as estrelas brilhavam sobre as montanhas, tão brilhantes e sem misericórdia como a verdade. — Eu a conheci numa noite como essa. Eu a abandonei muito cedo, a troquei por outra. Ainda bem que ela era dois anos mais nova que eu, e não tinha percepção dessas coisas ainda.

— Com treze, trinta ou três anos, eu teria matado o homem que me fizesse isso.

John virou-se para encará-la.

— Pode ter essa chance um dia. — bocejou — Acho que vou tentar dormir. Acorde-me somente em caso de estarmos prestes a morrer.

Enrolou-se na sela do pégaso e fechou os olhos. O chão era pedregoso e frio, mas passado algum tempo, John Zaidan e Sara Everdeen adormeceram. John sonhou com uma cela aberta. Dessa vez ele era o carcereiro, não o prisioneiro. Grande, como uma correia na mão, e batia no pai, empurrando-o para trás, na direção do abismo...

John — o aviso de Sara era baixo e urgente.

John acordou num piscar de olhos. A fogueira tinha se reduzido a brasas, e as sombras aproximavam-se de todos os lados. Sara apoiara-se no joelho, com a espada em uma mão e o punhal na outra. John ergueu a mão: fica quieta, ela dizia.

— Venham partilhar de nossa fogueira, meus amigos, pois a noite está fria — gritou para as sombras que se aproximavam. — Temo que não tenhamos água ou vinho para lhes oferecer, mas podem se servir de um pouco de nossa cabra.

Todo o movimento parou. John viu uma cintilação azul do luar vinda de um metal.

— A montanha é nossa — gritou uma voz das árvores, profunda, dura e nada amistosa — A cabra é nossa.

— A cabra é sua! — concordou John — Quem são?

— Quando se encontrarem com os deuses — respondeu uma voz diferente —, digam que foi Meharen, o Mantícore das Florestas quem os enviou até eles — um galho se quebrou quando ele avançou para a luz; era algo parecido com um leão, mas com asas de morcego gigantes, olhos vermelho-sangue e uma cauda de escorpião.

— E Hemorien, o Outro Mantícore. — aquela era a primeira voz, profunda e mortífera. Um pedregulho deslocou-se para a esquerda, pôs-se de pé e transformou-se num leão do mesmo formato do outro. Parecia maciço, lento e forte, dessa vez vestido de pele de urso.

Outras vozes gritaram nomes diferentes, Amanvü, Sodré, Dyyegh e mais, que John esquecera no instante em que ouvira; pelo menos dez. Alguns tinham dentes afiados e rugidos amendrontadores. Esperou até que tivessem terminado de gritar seus nomes antes de lhes dar a resposta.

— Sou John, filho de Hermes e de Amanda Zaidan, da... Califórnia. De bom grado lhes pagaremos pela cabra que comemos.

— O que tem você para nos dar, filho de Hermes da Califórnia? — perguntou aquele que chamava a si mesmo de Meharen, que parecia ser o chefe do bando.

— Há muito ouro e prata na minha bolsa — disse-lhes John. — Esta cota de malha que uso está grande para mim, mas deve servir muito bem a Conn, e há alguns quilômetros há um cão morto, de nossa propriedade, do qual podem se aproveitar da carne.

— O meio mortal quer nos pagar com nossas próprias moedas — disse Amanvü.

— Amanvü fala a verdade — disse Meharen — Sua prata é nossa. Seus pégasos são nossos. Sua cota de malha, seu cachorro e a faca que tem no cinto também são nossos. Não têm nada para nos dar exceto suas vidas. Como quer morrer, John, filho de Hermes?

— Na minha cama, com a barriga cheia de vinho abençoado por Dionísio, aos oitenta anos de idade — respondeu.

O grandalhão, Hemorien, foi o primeiro a rir e o que riu mais alto. Os outros pareceram menos animados.

— Amanvü, cuide dos pégasos — ordenou Meharen — Matem a outra e capturem o filho de Hermes. Ele poderá ordenhar as cabras e divertir as mulheres.

Sara pôs-se de pé em um salto.

— Quem morre primeiro?

— Não! — disse John em tom penetrante — Meharen, o Mantícore das Florestas, escute-me. Eu, junto de meus companheiros de chalé, somos ricos e poderosos — mentiu — se os Mantícores da Floresta nos levarem em segurança até três semideuses perdidos nessa floresta, meu pai os encherá de ouro.

— O ouro de um olimpiano é tão inútil como as promessas de um de seus filhos — Meharen respondeu.

— Posso até ser semideus — disse John —, mas tenho a coragem de enfrentar meus inimigos. O que fazem os Mantícores quando os semideuses armados e poderosos passam por eles, além de se esconderem atrás de rochas e tremerem de medo?

Hemorien soltou um rugido de raiva e deu um pulo até John. Sodré cutucou o rosto de John com a ponta de suas garras de leão. O filho de Hermes fez o possível para não vacilar.

— Essas são as melhores estratégias de ameaça que conseguem fazer? — disse — Talvez sirvam para matar as ovelhas... se as ovelhas não lutarem. Um mortal arrota um rugido mais assustador que esse.

— Semideus — rugiu Hemorien — continuará caçoando de nossos rugidos quando eu lhe abocanhar a cabeça e depois dar o seu corpo inútil de comer às cabras?

Mas Meharen ergueu a pata.

— Não. Quero ouvir suas palavras. As mães passam fome, e o aço enche mais bocas que o ouro. O que nos daria em troca de suas vidas, John, filho de Hermes? Espadas? Lanças? Cotas de malha?

— Tudo isso e mais, Meharen, O Mantícore das Florestas — respondeu John Zaidan, sorrindo — Eu lhe darei o Acampamento Meio-Sangue.





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