- Impressão. - Respondi dessa vez conseguindo sorrir, peguei no seu braço e comecei a puxa-lo para a cozinha. - Christian está fazendo comida, porque não almoça com a gente?

- Claro, mas é seguro? - Perguntou com um sorriso travesso.

- Está duvidando dos meus dotes culinários? - Christian perguntou.

Ele estava parando em frente ao fogão com o braço na cintura de Lissa, e eu sabia que por mais que ele estava somente tentando mostrar que eles deveriam estar se beijando ou algo do tipo antes de chegarmos, era na verdade para mantê-la por perto para que ele pudesse protegê-la de qualquer ameaça.

- Não sei, eu preciso? - Mark perguntou com o sorriso ainda maior.

- Ah Karev, você vai implorar para eu cozinhar para você novamente. - Christian riu em desafio.

Mark me olhou buscando confirmação, e eu apenas concordei com a cabeça.

Assim que o almoço ficou pronto, hambúrgueres e batata frita com salada, Mark me ajudou a colocar a mesa e como o esperado, amou a comida de Christian, que estava todo radiante por ter conquistado mais um fã.  Mark ia nos contado mais da sua família.

Seus pais se conheceram na academia que estudavam, o pai dele sempre quis ser guardião de sua mãe, mas por ela ser uma Moroi comum era muito difícil ter um guardião, e quando ele foi designado para um Lazar abandonou seu posto de guardião e foi atrás dela, e vivem até hoje juntos, ele sendo seu guardião como sempre sonhou e protegendo o amor da sua vida e família.

- Mas você não foi designado a ninguém? - Perguntei já não conseguindo conter a curiosidade.

- Para um Conta, ele era até meu amigo, mas desde pequeno eu cresci querendo ser um guardião tão bom quanto meu pai para poder protegê-los quando ele já não conseguisse. Então também abandonei meu posto, eu fiz a promessa e estou cumprido. Talvez não como nosso governo gostaria, mas estou protegendo uma Moroi, e é a Moroi mais importante da minha vida, sendo da realeza ou não. - Mark respondeu rapidamente, seus olhos ficaram um pouco desfocados quando se lembrava de seus tempos na escola, mas brilharam intensamente ao falar da mãe.

- Eu não consigo imaginar como é poder viver por si só. - Pensei alto e me arrependi no mesmo instante que a culpa de Lissa me invadiu. - E acho que faria o mesmo se não me designassem para Lissa.

- Você já está fazendo isso. - Christian disse.

Lancei um olhar reprovador para ele quando Mark nos olhava curioso, ele já desconfiava demais para ter Christian abrindo sua boca grande. Me levantei rapidamente levando meu prato para a cozinha, tentando fugir de qualquer pergunta. Quando voltei todos também faziam o mesmo e Mark não falou nada, mas seu olhar dizia que não demoraria muito para ele tocar no assunto.

- Que tal um filme? - Lissa sugeriu e eu achei a oportunidade perfeita para eu poder dormir.

- Só não me faça assistir aqueles romances deprimentes. - Christian resmungou.

- Você tem que assistir a esses filmes para roubar umas falas pra depois. - Mark disse piscando para Christian e Lissa e eu caímos na gargalhada.

  Acabamos decidindo por ´Se beber não case 2´, mas estava difícil prestar atenção no filme com os pensamentos de Lissa.

´ Mark é um gato, e que corpo heim. Vocês combinam Rose, não sei por que você ainda não o agarrou. ´

Lancei um olhar cerrado para ela, tentando dizer que eu não iria fazer isso, por mais que eu estivesse morrendo de vontade.

´ Você está louca para beija-lo que eu sei, eu te conheço Rose. E ele também está querendo, só pela forma que ele te olha da para perceber. ´

Olhei para Mark que me olhava com um sorriso carinhoso, ele passou o braço pelo meu ombro, me puxando para seu peito.

´Oh meu Deus. Ele é todo lindo Rose. E olha só pro seu sorriso, você está tããão na dele. ´ Revirei os olhos para ela.

´ Não adianta negar, eu já disse, te conheço bem. Olha só, você está tentando arrumar o cabelo só porque ele está te olhando. ´

Parei minha mão na metade da cabeça, percebendo meu ato.

´ Você está há muito tempo sem ficar como ninguém, onde está a Rose que eu conheço? O último foi quem? O Jesse? ´

Nós duas fizemos uma careta ao lembrar o idiota do Jesse. Um desperdício já que ele era tão gostoso. Mas lembrar de estar com Jesse me lembrou de outra coisa. Dimitri. Eu só de sutiã e seus olhos negros intensos em meu corpo.

 ´Olha só para você, você está louca por ele! Porque ainda não estão se beijando?´

- Por Deus, cala a boca Lissa. – Gralhei

Christian nos olhou curioso, enquanto Lissa ria da minha explosão. Já Mark me olhava completamente confuso.

- Mas... Ela não disse nada. - Ele disse depois de um tempo alternando o olhar entre a gente.

´ Conte tudo para ele logo, ele já se mostrou ser de confiança. ´ Olhei para ela em dúvida, eu já confiava em Mark, mas não sabia se era o suficiente para contar coisas desse tipo. ´ Eu não me importo, pode contar.´

Respirei fundo e me levantei.

- Venha Mark, nós temos que conversar. - Disse o puxando para o quarto.

Apontei para a cama para que ele se sentasse. Eu andava de um lado para o outro, procurando a melhor maneira de começar.

- Você ficou sabendo do acidente que matou os Dragomir? - Perguntei.

- Sim, foi um acidente terrível, eu cheguei a ver algumas fotos. Foi um milagre você e Lissa terem saído vivas. - Ele respondeu pensativo.

- Na verdade, Lissa saiu viva e graças a ela eu também. - Ele me olhou ainda mais confuso. - Eu morri naquele acidente Mark, mas Lissa me trouxe de volta.

- Como? - Ele perguntou depois que conseguiu absorver a informação.

- Ela não se especializou em nenhum elemento, mas depois daquele dia descobrimos que existe outro, que nós chamamos de espírito e que ela o possui. Lissa pode curar pessoas, e no meu caso, trazê-las de volta a vida. Mas ter-me ressuscitado criou um laço entre a gente, um laço psíquico. Eu posso ouvir todos os seus pensamentos e sentir suas emoções, posso até entrar na cabeça dela quando eu quero.

- Isso... Isso é... Incrível? Eu nunca ouvi falar disso, já li sobre o laço, mas achei que fossem só lendas. - Ele disse meio maravilhado, mas a expressão confusa continuava ali. - Foi por isso que você pediu para ela parar de falar.

Eu balancei a cabeça confirmando.

- O que ela estava falando? - Ele perguntou curioso.

- Que nós deveríamos estar nos beijando. - Respondi rindo, mas me senti corar quando Mark me olhou com certa intensidade, mas logo começou a rir também.

- E o que Christian quis dizer sobre você já ter fugido para cuidar dela? - Eu sabia que ele não iria esquecer daquilo.

- Como é algo raro, poucos sabem como funciona o espírito, então mantemos em segredo. Mas um Moroi descobriu e tentou usar os poderes de Lissa a seu favor.

Então contei toda a historia do sequestro e tortura que Victor Dashkov nos fez passar. Mas claro que pulei algumas partes como o fato de eu estar quase dando minha virgindade para Dimitri por causa do feitiço de luxúria. Mark me ouvia atentamente, sua expressão mudando do choque para a raiva.

- Então eu soube que ele tinha conseguido fugir da cadeia e com medo de que ele conseguisse mais uma vez machuca-la, nós viemos para cá.

- Então vocês são fugitivas.

- De várias maneiras diferentes. - Respondi com um suspiro e me sentei ao seu lado.

- Obrigada por confiar em mim Rose. - Mark disse com seus olhos azuis escuros cravados nos meus.

- Você é uma pessoa confiável. - Sorri.

- E eu prometo que vou te ajudar. No que for preciso. - Ele pegou meu rosto entre as mãos. - Eu não vou deixar nada de mal acontecer com você. Nem a Lissa e a Christian. Eu prometo.

Senti meu coração acelerar ao seu toque, seu rosto estava tão próximo que eu me sentia mergulhando em seus olhos, sua respiração quente em meu rosto.

Então a campainha tocou.

Eu dei um pulo saindo da cama indo até a sala, Mark me seguia de perto, sua estaca em mãos e eu peguei a minha no balcão da cozinha. Com a cabeça acenei para Christian tirar Lissa da sala e assim que eles já não estavam mais visíveis abri a porta, dando de cara com um senhor de uns 50 anos me olhando com expectativa.

- Boa tarde, o zelador me avisou que vocês estão procurando apartamento aqui no prédio e o meu desocupou, vocês querem conhecer? - Ele perguntou com um sorriso tímido. Seus cabelos brancos ralos, seu corpo magro demonstrando toda sua fragilidade.

- Ok. Você pode aguardar um momento? - Perguntei e quando ele concordou com a cabeça fechei a porta e fui até o quarto de Christian.

- Você falou para o zelador que a gente queria um apartamento aqui? - Perguntei rapidamente.

- Sim. Tinha até me esquecido disso. - Lissa respondeu meio sem graça.

- Bom, você achou então. Tem um velho ai que quer nos mostrar o apartamento dele. 

- Ótimo. Podemos ver? - Lissa perguntou um pouco apreensiva, já que Dimitri tinha deixado claro que não era para sairmos.

- Vamos estar dentro do prédio. - Dei de ombros e ela sorriu já saindo do quarto puxando Christian com ela.

Subimos com o velho até o sétimo andar, onde ele abriu a porta 75 e nos deixou entrar. O apartamento não era tão grande como de Tasha, mas era confortável. Um grande sofá de couro preto estava encostado a uma parede na sala, e a sua frente tinha uma TV de LCD presa na parede e um tapete felpudo cinza cobria o chão. A cozinha tinha alguns armários em preto e branco e já tinha fogão e geladeira.

- Mas são só duas suítes. – O senhor anunciou quando seguíamos pelo corredor.

- É só para nós três. – Respondi apontando para Lissa e Christian que andavam a minha frente.

Os quartos também eram muito bonitos, o primeiro tinha uma cama de casal e uma poltrona vinho no canto, uma prateleira branca com um pequeno armário finalizava a mobília. O outro também tinha uma cama de casal, mas nesse uma guarde guarda roupa de madeira escura ocupava quase todo o espaço. O banheiro dos dois quartos era todo com azulejos brancos, bem básico e bonito.

- Esse será o nosso. – Lissa anunciou abraçando Christian, e não duvidava que ela só tivesse gostado mais porque caberiam todas as suas roupas.

- Nós ficamos com ele. – Me virei para o senhor, tentando soar o mais educada possível, já que já previa que não seria fácil morar sozinha com aqueles dois.