No capítulo anterior...

Ao se virar novamente para onde o garoto estava, Will se surpreendeu por não vê-lo em lugar nenhum. Chegando perto da mesa dos doces, seus olhos encontraram a prova do feito do garoto : um buraco entre os brigadeiros estava exposto.

[…]

…................

Três anos se passaram depois no grande casamento.
Como era de se esperar, o barão Arald deixou um quarto do castelo para o casal, mas Will tinha seus deveres como arqueiro para exercer, enquanto Alyss, agora como chefe de seu ofício, poderia ficar nos muros do palácio em segurança.

— ...E me deixando fazer o trabalho duro !!! - disse Will, completando o pensamento

— Desculpe, mas.. essa vida de casado tem feito você falar muito sozinho Will – falou Gilan, enquanto pegava o onipresente bule de café para preparar a bebida quente, enquanto observava o amigo escovar Puxão.

— Tenho certeza que Alyss tem haver com a sua declaração de agora pouco...

— Mas, enquanto eu tenho que vir para a reunião, ela pode ficar em Araulen!!

— Bom.. ser um arqueiro casado realmente deve ser um problema – Gilan se recostou em uma árvore próxima ao acampamento – Falando em mulheres, como vai a Jenny ?

— Já vi outro casamento saindo ai...

— Não antes de Horace

Os dois amigos riram e logo em seguida, o café estava pronto e ambos se serviram de uma caneca cheia e com uma porção generosa de mel silvestre , cortesia nos anos de aprendizado com Halt.

….........

— Pronto, e com essa, são 30 cartas no total – disse Alyss, se levantando da cadeira e esticando os braços, fazendo movimentos circulares com as mãos

— Quanto tempo acha que a reunião vai durar ? - perguntou Paulinne, ela tinha ajudado a garota na tarefa de reescrever os registros de Redmont, os antigos estavam quase impossíveis de ler

— Menos de 3 dias, Will precisa voltar antes do dia da escolha.. mas acho que aqueles meninos nunca escolheriam ser um arqueiro...

— Bem..- disse uma voz conhecida, dando um susto de Alyss e fazendo o sorriso de Paulinne se abrir – Ele vai chegar a tempo, a reunião não deve ir mais além de amanhã, em breve seu marido estará em casa, Alyss..

— Halt, querido, como podo ainda não ter conseguido viver na luz ? - reclamou Pauline

— Foram só há 3 anos!!! Pelo menos deixe-me usar a capa em paz!!!!!

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Sete anos... desde que chegara ao castelo Redmont, Jasper servia ao barão como um dos protegidos, acolhido por ser filho de um dos serventes do castelo. Foi criado pelo pai até que ele faleceu de uma doença misteriosa. De sua mãe nunca teve notícia. Garoto ruivo, olhos verdes, e de altura só perdia para dois de seus colegas protegidos.

— Amanhã é o dia.. já sabe né ? - perguntou Fátima, uma garota gordinha e a mais baixa dos 6, mas seu caráter sempre foi de boa índole.

— Não sei que tipo de mestre vai me aceitar.. e também não tenho ideia para onde possa ir... escola de escribas, talvez ?

— Escola de escribas ? VOCÊ ? Há!! Essa eu pagava pra ver !! Não tem coordenação nem para descascar batatas!!! Além disso, pode esquecer a Cozinha e o Corpo de mensageiros...

— E você ? Já escolheu ?

— Claro que sim!!! Vou ser escriba!!

— Ela só não te quer por perto, Jasper !!! – disse Rony, o garoto mais alto dos amigos, bem corpulento, ele tem uma grande facilidade para ingressar na escola de guerra.

— Não!!! Nada disso, não me leve a mal Jazinho!!! Você sabe que eu te adoro – disse Fátima, em sua defesa, abraçando levemente o amigo

— Ele não tem nenhum talento mesmo, põem nos campos que ele não vai atrapalhar ninguém!!! – finalmente, Martins resolveu se manifestar, como sempre, atacando Jasper verbalmente.

Uma discussão entre os dois estava além do nível de qualquer um no aposento dos protegidos, e poderia levar horas a fio sentados em uma mesa em tons calmos e argumentos variados

— É nosso ultimo dia Martins, quer mesmo fazer isso ?

— Não, já gastei a minha saliva demais esse mês com você – disse ele, se retirando logo em seguida

Os outros ignoraram a saída repentina do garoto e continuaram suas despedidas com um jogo de verdade e consequência até o toque de recolher.

Jasper não conseguia dormir por causa do nervosismo, virou para cima e encarou o teto por vários minutos enquanto escutava o ronco de Rony pela ultima vez. Na cama a sua frente, Martins se mexia como nunca.

Seu cérebro escolheu justamente aquele momento de inquietação para se lembrar do dia do casamento do arqueiro Will Tratado. A sensação de estar sendo observado novamente o assombrou. Alarmado, ele sentou na cama e olhou o aposento de ponta a ponta, cerrando os olhos para ver melhor na escuridão.

“Tudo bem, já estou sem sono mesmo” pensou, se levantando e indo em direção a porta.

Lá fora, os aposentos do Barão ainda estavam acessos. Outra coisa chamou a atenção de Jasper : nas sombras da noite, um vulto montado a um cavalo chegava nos estábulos. Imediatamente a curiosidade do menino o impulsionou a ir em frente.

O pijama não era tão bom para camuflar sua imagem na grama, a blusa branca chamava muita atenção no escuro campo aberto, até o guarda poderia vê-lo, mas tirar a blusa naquela ventania também não seria grande ideia..

A blusa serviu para dispersar sua existência até o momento que Jasper mergulhou para fora da proteção da parede de pedra. Se escondeu atrás de uma árvore e assim seguiu até chegar no estábulo.

Já perto da porta, ele viu o estranho vulto ir embora, seguindo para a torre do Barão, com um susto, concluiu que o estranho tinha desaparecido de vista logo depois.

—Arqueiro.. - sussurrou para si mesmo