What If I Died Tomorrow? escrita por CarolynNinne


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui está o capítulo 2.
Queria agradecer à anvolk por ter deixado um review. Fiquei muito feliz.
O cap já está maiorzinho, mas mesmo assim acho-o pequeno.
Espero que gostem, e se quiserem uma banda sonora oiçam o Dear God dos Avenged Sevenfold.



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O dia passou calmamente. Acho que a parte mais emocionante foi quando atirei os papéis que estavam colados à porta do meu cacifo para dentro do caixote do lixo mais próxima. O Cody e a escumalha que o rodeia riam enquanto eu fazia isso. O Cody um dia foi meu amigo. Não sei o que mudou. Talvez eu tenha mudado. O mais provável é que quando fizemos treze anos, fomos por caminhos diferentes. Ele tornou-se um dos rapazes mais populares da escola e um bully por excelência. Eu… eu nem sei o que eu sou.

 - Bem, bem. Olha quem ainda anda por aqui. – Cody era alto e loiro. Os seus olhos eram da cor do âmbar, o que lhe dava um aspeto assustador. Ele tinha mais músculos do que eu poderia nomear, e todos os seus poros gritavam MACHO!

- Olá, Cody. – tentei não encolher os ombros, mas mesmo assim eles subiram ligeiramente. A minha mão rodeou com força a alça da minha mochila e eu dei alguns passos antes de ele me seguir. Como ele era mais alto, e com a ajuda das suas longas pernas, num segundo ele estava ao meu lado. Era bastante irritante ter que levantar a cabeça para não ter que olhar mais que o seu largo tórax, mas não é minha culpa que eu fosse baixinha.

- Vá lá, Lauren. Eu sou teu amigo. Não precisas de me tratar assim. – os meus dentes rangeram e eu inspirei fundo. O Cody e a sua matilha riram bem alto.

- Que piada. – murmurei para mim mesma enquanto me repreendia por pensar que ele pudesse vir falar comigo como antes. Isso nunca mais ia acontecer.

- Ah! A nossa querida Laury fala! – ele colocou o seu braço por cima dos meus ombros, e o seu calor corporal cercou-me. Ele cheirava a loção pós-barba e a um perfume que eu tinha a certeza ser um daqueles franceses e chiques. Tentei livrar-me do seu braço, mas ele simplesmente não se movia.

- Vá lá, Cody. Deixa-a em paz. As raparigas da claque vão começar a ensaiar agora. – os outros riram, mas Cody não disse nada.

- Deixa a rapariga. – falou outro puxando-me pelo pulso esquerdo. Lágrimas vieram aos meus olhos. A ferida estava ainda sensível e qualquer toque descuidado era doloroso. Agarrei o meu pulso e apertei-o contra o meu peito enquanto segurava as lágrimas. Inspirei e expirei algumas vezes antes de ajeitar a mochila e sair dali.

Chovia mais fortemente, apesar de a trovoada ter terminado. Coloquei o carapuço do casaco e corri para casa. A mochila batia nas minhas costas, e havia algum livro que se estava a espetar nas minhas costelas, mas eu não queria parar. Queria deixar a escola para trás e voltar para o refúgio do meu quarto.

Silêncio. O meu pai devia de ter saído, por que eu já não ouvia o seu ronco, e a minha mãe continuava no hospital. Subi as escadas a soluçar desesperadamente e na minha cabeça só me lembrava daquele dia.

Eu estava farta de tudo. Dos meus pais ausentes. Da escola. Dos meus “amigos”. Do Cody e das suas brincadeiras que me magoavam profundamente. E mais preocupante, eu estava farta de mim mesma. Eu já não conseguia conviver com a minha pessoa. Eu odiava-me! Eu ainda me odeio. Mas naquele dia, tudo parecia certo. Era o meu último dia. Eu ia finalmente encontrar alguma paz. Foi o último dia em que eu sorri verdadeiramente. Estava sozinha e uma faca da cozinha chamava pelo meu nome. “Lauren. Lauren.”.

Não estava com medo de nada. Eu sabia o que ia fazer. Caminhei serenamente para a cozinha e abri a gaveta das facas afiadas. Peguei na maior e virei-a, deixando que a luz elétrica se refletisse na lâmina. Coloquei a faca em cima da mesa de madeira escura e puxei as mangas para cima. Haviam várias cicatrizes, mas nada mais importava. Com a mão direita peguei na faca e fechei os olhos. Meio segundo de reflexão, e quando dei por mim havia sangue por toda a parte. Passei a faca para a mão esquerda, e com mais dificuldade e com uma determinação que eu desconhecia, deslizei a faca pelo meu pulso direito. Uma sensação de paz encheu-me, mas depois lágrimas ameaçaram cair pelo meu rosto. O que é que eu tinha feito? Valia a pena? Andei alguns passos, manchando mais o chão impecável da cozinha, e encostei-me à parede.

Quando acordei estava numa cama de hospital, com as minhas roupas cheias de sangue, e ligaduras nos meus dois pulos. Amaldiçoei-me durante algum tempo e chorei pela minha estupidez. Uma arma teria sido uma melhor opção.

Deitei-me na minha cama e olhei para os posters. Engoli em seco e pensei mais um pouco naquele dia. Não tinha havido nada de especial. Tinha sido um dia bastante calmo. Por que é que eu decidi que tinha que ser naquele dia? Por que não hoje? Por que não amanhã? Coloquei os fones nos ouvidos e enrolei-me na minha manta azul. Aumentei o volume e adormecei ao som de Dear God dos Avenged Sevenfold.

~*~

- Cody, por favor. Pára com isso! – gritei quando ele me encostou contra uma parede e se baixou para que eu o olhasse nos olhos.

- Pequena Laury, quando é que aprendes que eu não recebo ordens tuas? – eu choraminguei com a ideia do que ele me poderia querer fazer e fechei os olhos – Não, não Laury. Eu quero que olhes para mim. Para os meus olhos. – relutantemente abri os olhos e vi que estavam mais escuros. Os olhos dele eram os mais lindos que eu alguma vez tinha visto. Pareciam ouro líquido. Parecia que dançavam. E eu só podia estar a ficar louca – Boa menina. – a sua voz ficou mais rouca e ele estava mais próximo. O calor que emanava da sua pele acariciou a minha, e era bom! Os seus lábios cheios clamavam para serem tocados, e sem qualquer traço de racionalidade, os meus dedos tocaram os seus lábios levemente. Ele pareceu surpreso, e eu contornei-os com a ponta dos meus dedos. Um som rouco e animalesco saiu da sua garganta, e antes que eu pudesse piscar, os seus lábios esmagavam os meus. Ele puxou-me contra ele e beijou os meus lábios com mais força. Fechei os olhos e deixei que ele conduzisse a nossa dança privada.

~*~

Acordei na manhã seguinte com uma enorme dor de cabeça. Não tinha comido nada desde o almoço, e o meu corpo doía por ter dormido mal a noite toda. Eram perto das sete da manhã, porque ouvi os meus pais a falar baixinha no seu quarto. Bocejei e tentei lembrar-me do que tinha sonhado. Passei as mãos pela minha cara e reparei que tinha um fio de baba seca junto à boca. O sonho deve ter sido um bom sonho. Pisquei algumas vezes e bocejei novamente. Estiquei-me e fui tomar um banho.

Quando acabei de me vestir, olhei-me ao espelho. Eu estava pálida. Do tipo vampiro pálida. Tinha enormes olheiras por baixo dos olhos, e eu parecia cansada. Os meus olhos castanhos pareciam mortos se olhássemos com atenção. Abanei a cabeça e virei costas ao espelho. O espelho não é um bom amigo.

Desci para a cozinha para comer qualquer coisa, e encontrei um bilhete para mim da minha mãe. Ela já devia de ter ido embora, então peguei numa tigela e numa caixa de cereais, aqueci algum leite, e peguei no bilhete.

Lauren, querida. O teu pai deve estar a dormir, e eu já devo de estar a trabalhar. Não era nossa intenção receberes a notícia assim, mas eu não vou poder falar contigo novamente. Vou embora durante algum tempo. Inscrevi-me num desses programas de voluntariado e parto hoje para um país que eu ainda não sei escrever o nome. Fica algures no centro da Ásia. Não vos vou poder ligar, nem falar com vocês pelo Skype, mas prometo que irei escrever algumas cartas.

O teu pai conta o que falta. Não penses mal de nós, por favor. Mas no teu estado, não acho que seja bom ficares a viver sozinha.

Amo-te minha pequena.

Com amor,

Mãe.

O púcaro com o leite chiou, e eu deixei cair a caixa de cereais. Ela vai embora. Não para sempre, mas ela vai embora. E ainda há mais notícias. Ó meu deus! O que é que me falta saber? Desliguei o bico do fogão, e coloquei o leite na taça. Quando é que eu ia falar com o meu pai? Ele chegou há cerca de meia hora, e pelo som já deve de estar a dormir. Não o vou acordar. Mas quando eu chegar a casa, ele já deve de ter ido embora! Será que amanhã eu consigo falar com ele, ou ele vai trabalhar ao sábado também? Peguei numa colher e levei os cereais à boca. Por quê agora?

Cinco minutos antes de tocar, eu ainda estava em casa a perguntar-me se devia de acordar o meu pai ou saber – talvez – amanhã. O meu corpo tremia pela ansiedade, e eu estava presa num dilema não tão dramático. Suspirei quando vi que só tinha cinco minutos para chegar à escola, e decidi que iria perguntar amanhã. O que será tão importante?


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Notas finais do capítulo

O que é que acharam?
Digno de reviews?