Patch não morava em uma casa, tecnicamente.

Ele morava na Central West, uma grande e luxuosa área do centro da cidade. O oitavo andar de um prédio majestoso. No elevador, nós ficamos em silêncio, eu ainda não sabia muito bem o motivo de ter vindo com um estranho à sua casa.

Ainda mais com esse estranho em especial. Como Patch poderia saber tanto da minha vida? Confortei-me ao pensar que minha vinda até o apartamento luxuoso dele sancionaria todas as respostas, mas meu subconsciente me dizia que nada disso funcionaria. Assim que as portas do elevador se abriram, ele estendeu os braços para que pudesse caminhar em sua frente.

Eu o fiz e o barulho do meu salto martelou no corredor, olhei para trás e podia jurar que os olhos de Patch estavam concentrados no meu bumbum. Meu rosto ruborizou e eu andei um pouco mais devagar, para poder andar ao seu lado. Ele me mostrou o apartamento em alguns segundos e, assim que abriu a porta, fiquei completamente impressionada com a arquitetura do local. Como ele podia ser tão rico?

“Ual, a sua casa é bem bonita”, eu disse, ainda com o rosto em chamas. Ele deu um sorriso fraco para mim, e andou até a cozinha, o primeiro cômodo visível do apartamento. Eu também podia ver uma vasta escada que dava para o segundo andar do apartamento. Um breve corredor parecia levar à uma sala de estar, mas não olhei, Patch acharia que eu era uma intrometida.

“Muito obrigado. Você quer alguma coisa?”, ele estava mais à vontade agora. Seu sorriso agora era desafiador, sacana. A breve menção do contato dos meus olhos com o seus já me deixava completamente louca. Sim, louca.

Meus hormônios estavam entrando em erupção.

“Não, obrigada. Eu... Realmente queria saber mais sobre como eu fui parar na história do seu livro”, sorri, meio sem-graça. Eu sabia que aquele assunto poderia desfazer seu sorriso, deixa-lo mais carrancudo, eu só queria vê-lo bem.

“Você é bem convencida, não é mesmo?”, graças à Deus, ele ainda estava feliz. “O que a leva a pensar que seja você a inspiração para a personagem do meu livro?”

“Não é que...” Eu decidi ser mais direta, não podia deixar aquele par de olhos escuros e sedutores me deixar completamente amolecida e abobada, tinha que cumprir a missão que estabeleci a mim mesma assim que aceitei em vir para a casa dele. Eu deveria perguntar, descobrir, confrontar e ir embora logo em seguida. Eu não queria nenhum tipo de relacionamento com esse Patch, mesmo que, internamente, meu corpo clamasse por alguns segundos com ele, num quarto escuro.

Meus pensamentos me deixaram completamente envergonhada, internamente.

“O quê foi? Você está corando”, ele anunciou, sorrindo. Patch colocou um de seus dedos na minha bochecha, acariciando-o. Um formigamento passou pela minha pele. É isso o que você causa em mim, eu pensei. Mas essa era uma coisa que eu nunca diria.

“É que... Eu não sou muito boa... Com as pessoas?”

“Ah, entendi. O seu negócio são os livros, não é mesmo? Você é uma solteirona que vive para o trabalho e não tem um tipo de relação com alguém faz tempo”, meu coração disparou. Ele estava me definindo perfeitamente. Essa era a deixa para que eu o confrontasse.

“Como sabe tanto sobre mim?”, ele ficou em silêncio. Sem dúvida, não esperava que eu lhe fizesse essa pergunta. Patch fez uma carranca e olhou para mim novamente. Ele estava apoiado na bancada, seus músculos tensos por estar sustentando o tronco na bancada de mármore.

“Eu... Não sei, eu simplesmente sei.” Eu me aproximei dele, mesmo bem agasalhada, assim que minhas lateral tocou a bancada, senti um calafrio. Cheguei mais perto de onde Patch estava, ficando de frente para ele, e me afastando da bancada friorenta. Ele olhou para baixo por alguns segundos, seus olhos eram sombrios, sua postura reclusa.

“Eu pensei que você fosse me contar.”

“Ah, Nora... Essa é uma longa história”, ele colocou os braços no meu ombro, descendo-os pela minha cintura. De uma forma rápida e delicada ele me puxou para mais perto de si, eu não sentia mais frente. O corpo de Patch era tão quente quanto o sol, ele me aquecia.

De repente, eu só tinha vontade de deitar minha cabeça em seus ombros e ficar o tempo todo em seus braços. Porém, eu ainda tinha que manter as aparências. Eu não podia me entregar mais fácil. Olhei para o braço rápido de Patch e novamente para ele, que não me soltou, apesar da minha tentativa de demonstrar um olhar acusatório.

“Vamos, eu sei que você gosta disso”, ele disse, como se me conhecesse.

“Você lê mentes?” Perguntei, esse foi o ápice da minha idiotice. Como eu poderia ter feito esta pergunta?

“Não.” Ele respondeu, sua voz grossa dando uma resposta rápida, mas que reverberou em minha mente.

“Então, me conte, como você sabe tanto sobre mim? Sobre a minha vida?”

“É como se... Eu sempre tivesse te conhecido.” Ele apenas disse e meu coração gelou com a confirmação daquilo tudo. “Eu não sei, eu simplesmente sei quem você é, sei quem você foi e quem você poderá ser, no futuro.”

“Como assim? Você sabe o que acontecerá no futuro.”

“Pode-se dizer que sim.” Seu olhar agora estava compenetrado no meu. Seus braços tinham ficado mais leves ao meu redor, talvez ele tivesse se dado conta de que não estava em meus planos sair de perto dele.

"Então me diga, qual é o meu destino?”

“Bem, Nora, o seu destino...” Seus lábios formaram uma linha reta, depois adquiriram um sorriso sagaz, sexy. “É ficar comigo.” Ele terminou e antes que eu pudesse processar, seus braços fortes me puxaram para cada vez mais perto dele, meu coração disparou como nunca havia feito antes.

Assim que seus lábios estavam colados nos meus, eu confirmei a mim mesma que aquele era o melhor beijo que eu já tivera na minha vida. Nossas línguas se cruzaram, como se fossem o par perfeito uma da outra. Eu passei minhas mãos em suas costas fortes, não querendo sair daquele momento nunca.