Flinch: http://www.polyvore.com/ffint4/set?id=54617249

O homem leu a história toda até o fim, com uma feição de interrogação, me devolveu o papel, o guardei e foi aí que ele se atreveu a comentar algo:

– O que quer dizer isso?

– Eu não sei, juro.

– É algum tipo de brincadeira? – Gale perguntou, um pouco indignado.

– Olha, me desculpa, mas não sei mesmo que tá acontecendo.

– FLINCH! FLINCH! – Uma garota que não me parecia muito estranha, apareceu correndo, me chamando.

– Eu? Oi, olá, quem é você? – Falei.

– Meu nome é Katniss Everdeen, você...

– Você estava na história, não estava? – Gale perguntou.

– Vocês já leram? OH! Que bom, achei que não ia chegar aqui a tempo. – Ela continuou e sorriu.

– O que era aquilo, Katn...

– Katniss. Mas pode me chamar de Kat, Flinn, era assim que você costumava me chamar. Vocês... Quer dizer, nós passamos por um tipo de intervenção cirúrgica que apagava nossas memórias...

A garota tinha a pele clara, cabelos escuros presos numa trança lateral e olhos acinzentados, além de uma expressão amigável. Katniss nos contou uma história mirabolante, mas que se encaixava perfeitamente com o papel do meu bolso. Disse que éramos amigas, que meu irmão e minha mãe foram sequestrados por uma mulher chamada Gera, que eu estava namorando com Gale e muito mais.

– Katn... – Tentei me lembrar.

– Katniss.

– Então, Katniss, eu queria muito ser essa pessoa que você está contando, queria muito ter passado por isso tudo, mas eu sou só uma garota simples que vive com a família, nunca fiz nada assim. Eu não sou essa tal de Foxface, sou só a Flinch de sempre, ninguém muito importante, sinto muito. – Eu sorri e andei pra longe dali.

Tudo bem que Panem era superdesenvolvida, principalmente tecnologicamente, mas daí a apagar memórias da vida das pessoas era demais, talvez isso tudo fosse um golpe dessa garota maluca, apressei o passo e continuei caminhando, quando ouvi uma buzina ao meu lado e mesmo tudo tendo acontecido muito rápido, me lembro: Os braços fortes de Gale me puxando ao seu encontro, e pra longe do carro que quase me atropelara.

– Tudo bem que a história da tal Katniss era estranha, mas daí a se matar é demais, não? – Ele falou e rimos.

– Eu não ia... – Parei, quando aproximou mais e mais seu rosto do meu, intercalava seu olhar para meus olhos e meus lábios, e quando finalmente os seus tocaram os meus suavemente, tudo foi desenterrado de algum lugar de minha mente, os Jogos, as cartas, Gera, Katniss, Peeta, e o mais importante: Gale. Nós separamos e nos encaramos.

– Mas o que?

– Eu me lembro. – Falei com os olhos marejando.

– Eu te amo, Flinn, como pude te esquecer?

– Está tudo bem, meu amor, nós nos lembramos. – Eu sorri, o abracei forte e assim que nos afastamos, me voltei para Katniss. – KAT! KAT! EU ME LEMBRO! – A garota correu até mim e me abraçou.

– Nós temos que dar um jeito nisso tudo, você sabe.

– Eu sei, nós... – Parei de falar, assim que de longe, avistei alguém conhecido, um homem que não era muito alto, tinha o cabelo branco e a pele clara. Meu acompanhante dos Jogos, eu achava que estava morto, mas parece que não. Sylve estava atrás de algumas árvores, nos encarava e falava num celular. – Kat. – Sussurrei e a coloquei em minha frente. – Tem gente nos seguindo.

– Eu sei. – Ela choramingou. – Eles pegaram Peeta. – Uma só lágrima escorreu pelo seu rosto.

– Vamos. Saia com Gale, eu vou dar um jeito nisso. – Falei.

– Não! – Gale reclamou. – Vocês duas vão juntas, eu vou procurar por Gera.

– Mas...

– VÃO! – Ele falou e nós nos afastamos, andando pro Sul, percebemos que Sylve nos seguia, um a menos na cola de Gale. Após alguns minutos, me virei, olhando pela ultima vez para o homem que eu não queria mais ficar longe, mas por enquanto... Era necessário.