- Quem é, Gale? Estou me arrumando.

- Ok. – Sua voz estava estranha, tinha certo medo nela.

Logo que saí, joguei as coisas sobre a bolsa e me deparei com a pessoa que me procurava. Analisei a figura de uma senhora, os cabelos grisalhos e longos, os olhos idênticos aos meus e a pele clara, minha mãe. Corri e a abracei, apesar de estar toda suja e soluçando.

- Mãe? Você tá viva! Que surpresa.

- Você também, não? – Ela sorriu e a abracei novamente.

- Que saudade, mãezinha, precisei tanto de você. - Lágrimas rolaram pela minha face.

- Eu também, mas filha, nós temos que ir atrás de Will. – Minha mãe alertou.

- Fica calma, mãe, a mulher do Snow vai nos ajudar.

- NÃO! Foi ela mesma que nos prendeu.

- Como assim, mãe? – Perguntei, confusa.

- Talvez Snow nem saiba de nada, foi ela que me levou pra longe e prendeu Will, eu não sei.

- Sabia. – A corrigi.

- Ele...

- Está morto, mãe.

- Oh meu Deus, quem foi?

- Ninguém sabe. – Fechei os olhos por alguns segundos. – Ele foi envenenado.

- Nós não estaremos seguros nunca, se nem Snow se safou, o que será de nós? Quem faria isso? Eu acho que...

- Mas... Então foi ela esse tempo todo? – Sentei na cama, tentando organizar os pensamentos. – Agora, tenho quase certeza que Snow não tinha idéia de nada disso, quer dizer, quando me levaram pra vê-lo, ele também achava que estava morta, talvez ele só estivesse “jogando verde” quanto a isso, e a Will também. Ele estava sabendo tão pouco quanto nós.

- Flinn, não acho que deva tirar essas conclusões antes de saber, se formos por esse lado e estiver errada, teremos perdido tempo e quem sabe o que pode ter acontecido com Will enquanto isso? – Gale disse.

- Você está certo, temos que avisar Katniss. – Parei e voltei a falar. – E-eu acho que isso também tem algo a ver com aquela Gera. – Joguei as cartas na cama.

- O que é isso, filha? – Minha mãe passava as mãos por cima de cada uma.

- São cartas, mãe, alguém me ajudou a sair dos Jogos e chegar até aqui por meio delas. – Expliquei.

- E quem as escreveu?

- Não sei.

- Deixe-me ver. – Ela disse pausadamente. – Você não vai acreditar nisso, Flinn.

- O que? – Perguntei, enquanto minha mãe jogava mais cartas sobre as minhas. – MAS... Você também?

- Alguém me guiou desde o lugar que eu estava até aqui, eu achava que era Snow, mas se ele nem sabia que eu estava viva, como saberia onde eu estava?

- Afinal, mãe, onde você estava?

- Eu não sei ao certo, era uma floresta muito estranha, as árvores, rochas e tudo mais parecia ter vida, querendo continuar me mantendo presa lá, então esse homem me encontrou, não sei nem seu nome, ele era muito bom, me alimentou e me deixou descansar, alguns dias depois, parti.

- Você... Está bem? – Passei as costas de minha mão em sua testa.

- É a verdade, Flinn, você não tem idéia como foi horrível. – Ela choramingou. – Só vi Will quando fui levada pra lá, um carro de pacificador me deixou nesse local e quando partiu, o levou junto. – Minha mãe encarou o chão, se sentia um pouco culpada, mas era óbvio que não era, ela e seu filho foram sequestrados e não poderia ter feito nada.

- Não fica assim, mãe, agora você está aqui e nós vamos achar Will. – A abracei. – Vamos falar com Katniss e montar um plano.

Batemos no quarto ao lado e logo a garota a abriu, expliquei toda a história de minha mãe, ela riu, a abraçou e então, por alguns minutos, todos se calaram.

- Será que eu posso falar uma coisa? – Perguntei e todos assentiram. – Só eu que acho que isso tudo, as cartas, sequestros, mortes e tudo mais, é culpa de...