Vesti um dos adereços que havia ganhado de presente de Zeus e logo saí do hotel pronta para procurar minha vítima da vez. Era tão divertido. Eram meros mortais vivendo suas vidas e eu podia brincar com a mente e com o coração de cada um deles se assim eu desejasse. Papai nunca me repreendeu; ele não fazia muito diferente com os humanos. Zeus sempre foi muito galanteador e, bom, eu não poderia ser diferente não é mesmo?

Estava presa em meus devaneios quando vi várias pessoas correndo e passando por mim como raios, foguetes. Eram homens com câmeras mas isso eu percebi depois de ouvir toda aquela gritaria. Estiquei o pescoço mas estava complicado de entender o motivo do alvoroço. Suspirei e logo depois notei que todos estavam buscando um espaço para ver através de um vidro. Subi um pouco o olhar e vi a placa "Tim Hortons". Reconheci o famoso restaurante que vendia apenas donuts e me apressei em passar entre os fotógrafos. Ia entrar no estabelecimento e um homem muito alto bloqueou meu caminho. Usava um daqueles uniformes ridículos que costumam dar para pessoas que trabalham em restaurantes vestir e eu me perguntei no mesmo instante quanto ele devia ganhar para se ridicularizar o bastante ao ponto de estar trajando uma bermuda com donuts cor-de-rosa.

- Você faz parte da imprensa? - Indagou devagar e eu revirei os olhos, impaciente.

- Por um acaso estou segurando alguma câmera? E, sinceramente, tenho cara de repórter? - Rebati e ele deu de ombros, desconfiado. Bufei. - Eu realmente não vou poder comprar meus donuts?

Aquilo foi o bastante para ele se afastar e pedir desculpas. Passei por ele e olhei pelo estabelecimento inteiro a procura do motivo da loucura do lado de fora. Estava tudo vazio. Suspirei e olhei pelo vidro. Os fotógrafos continuavam a clicar incessantemente no botão de tirar fotografias.

Até que vi, no canto do Tim Hortons, um garoto. Não consegui acreditar quando senti meu coração pular mais rápido do que o normal.

Ele era lindo. Tinha pele branca e os olhos eram tão escuros como chocolate mas quando os raios de Sol batiam em certo ângulo, seu tom lembrava mel fresco. Tinha o rosto perfeitamente simétrico e o nariz era levemente arrebitado, fazendo um belo contraste com os lábios cheios. Tinha cabelos castanhos bagunçados e as sobrancelhas eram dois tons mais escuros, grossas e bonitas. Trajava calças jeans bastante caídas e uma camiseta branca. Oh meu Deus, realmente dediquei um parágrafo para falar da beleza dele?! Isso é loucura. 

Recuperei meus sentidos e percebi que ele estava acompanhado por uma bela menina de cabelos escuros, lábios cheios e olhos redondos. Eles se aproximaram rindo e ele sussurrou algo no ouvido dela, segurando-a pela cintura. A garota riu alto e eu cerrei os punhos.

- Oh, Justin! - Falou alto o bastante para eu ouvir.

Justin.

Era ele que eu queria. Minha vítima estava bem ali.