O mar estava calmo em Miami. Os surfistas haviam desistido das ondas, as garotas que insistiam em tentar pegar um bronzeado já guardavam suas coisas para então partir. Era o último dia do verão. Já eram cinco horas da tarde e o céu começava a ficar colorido. Eram raios púrpura e alaranjados para todos os lados. O sol brilhava incessantemente, como se num aviso para as pessoas lhe apreciarem uma última vez antes de se pôr. E em, instantes, Miami Beach estava deserta. As ondas do mar iam e vinham, sem pressa. 

Até que algo engraçado aconteceu. Seria engraçado por parecer ser um sonho ou engraçado porque aquilo simplesmente não deveria acontecer no mundo que conhecemos? 

As gaivotas que por ali estavam rapidamente se dispersaram quando um corpo emergiu das águas, seco, como se fosse impermeável. Um corpo?! Não era possível. E porque não estava úmido?! O que era aquilo?! Ela parecia uma deusa. Seus olhos era em um azul tão elétrico e seus lábios eram cheios, carnudos. O corpo todo curvilíneo que ficava cada vez mais belo por conta das luzes de um Sol se despedindo batendo sem pudor contra a pele suave da jovem. Um sorriso zombeteiro surgiu em seu rosto ao perceber que trajava um manto olímpico em pleno século vinte e um. Os cabelos castanhos ondulados até o umbigo era perfeitamente sedosos e brilhantes. Ela alcançou a areia e andou em frente com calma. Os carros passavam na rua próxima a praia e os homens a olhavam como se fosse algum tipo de miragem.

Sorriu. Seus dentes eram absurdamente brancos e bem enfileirados. Aposto que você já ouviu falar nela.

Afinal, quem nunca ouviu falar na Afrodite?