Fui o mais rápido que pude, arrastando meu pé no chão e com o outro apertando o skate. Mas mesmo com todo meu skate, a casa de Demi não parecia nem sequer ficar mais próxima. Demi morava à uns um pouco depois da lanchonete, uns 2 ou 3 quarteirões depois. Se Christian estivesse realmente lá como eu suspeitava, não daria tempo de chegar e o pegar no flagra.

— Selena, entra no carro. — falou uma voz vinda da rua me desconcentrando. Era Justin. O seu carro prateado e super veloz, estava numa velocidade tão lenta que mais parecia que iria enguiçar. — Eu te levo pra casa da Demi. 

— Não preciso da sua ajuda Bieber. — falei colocando mais velocidade no skate. Eu sabia que era em vão. Justin acelerou o carro e começou a andar na velocidade em que eu estava, e me fitou por uns segundos em silêncio.

— Não sei o que Demi está passando, mas sério que vai deixar esse seu orgulho de atrapalhar de ajudá-la Selena ? — Justin parou o carro e eu também. Ele estava certo. Por mais que eu quisesse espancar a cara dele e nunca mais o ver, Demetria precisava de mim. Segurei o skate na mão e levei meus gélidos dedo à cabeça. 

— Nem um pio Bieber. — falei entrando no carro. — E vai o mais rápido que puder. — Justin soltou uma risadinha besta. 

Por mais que Justin andasse rápido, os segundos ao seu lado estavam parecendo uma eternidade. Eu estava incômoda. E não conseguia olhar em seu semblante. Fitei todos os aparatos eletrônicos. Aquele carro mais parecia uma versão menos evoluída dos Transformers. Justin percebeu meu interesse por sua "máquina super-sônica" e me fitou por uns instantes.

— As peças são todas da Inglaterra. — falou ele se gabando. — são as melhores que se pode conseguir. Deve tá se perguntando como consegui dinheiro né ? 

Sim eu estava. Mas não estava nem um pouco afim de conversar com ele. Só de ouvir seu canto angelical... digo, sua voz sentia arrepios por toda a extremidade do corpo. 

— Trabalhei como DJ em várias boates e clubes conceituado de Los Angeles. Cheguei a quase conhecer David Guetta! Tem noção ? — falou ele quase saltando da cadeira. Dei os ombros, mas sorri escondida. Uma parte de mim estava feliz por seus sonhos estarem se tornando realidade. Outra parte odeia esses por terem tirando Justin de mim! 

— Chegamos! É aquela casa rosa. — falei apontando. Justin olhou desentindo como se perguntasse por cargas d'água a casa de Demi era rosa choque. Ignorei e saí o mais depressa possível do carro. Estava tudo escuro. Não havia uma brecha ou janela acesa.

— Bom... seja o que for que você achava que estava acontecendo, se enganou Selenita... a casa está fechada, e totalmente deserta. Demi deve estar dormindo e...

— Quieto... — falei interrompendo Justin e me aproximando mais. — Ouvi um barulho!

Justin chegou ao meu lado e observou comigo. Olhei em cada janela até que enxerguei a do quarto de Demi. Estava fechada com a cortina, mais era a mais clara de todas. Tinha uma cor mais marrom claro do que preto. A luz estava ligada. 

— Vamos! — falei puxando Justin pelas mãos. O que me fez corar. Demos a volta até chegarmos a porta dos fundos. Demi tinha me ensinado a abri-lá, ela tinha uma falha no canto direito. 

Justin e eu entramos sorrateiros e fomos subindo a escada juntos, com passos lentos e silenciosos. Já podia ouvir alguns choramingos e xingamentos sussurrados. Minha mãos estavam trêmulas, e com as mesmas abri devagar a porta do quarto de Demi. A cena que vi me provocou sentimentos mutuos e totalmente desgostosos. Repugnância, nojo, raiva, e um ódio tão grande que não coube dentro de mim. Demi estava sentada no chão, no canto de seu quarto. Estava apenas com sua roupa íntima e seu corpo estava totalmente coberto de arranhões e ematomas. Sua maquiagem borrada e os cabelos loiros delicados sem vida. Demi chorava tanto que mais parecia ter presenciado um assassinato. Chris estava em sua frente como sempre sem sua camisa e com os musculos nada relaxados. Em sua mão estava um cinto em que pude perceber algumas gotas minusculas de sangue. Cerrei os dentes e apertei as mãos.

— O que você tá fazendo seu monstro ? — falei indo pra cima de Christian que mais parecia uma pedra. Dei-lhe socos e arranhões, mas ele não sentia nada. Na verdade ria da minha cara.

— Selena para! — falou Demi se levantando e me afastando de Christian. Demi mal conseguia andar. Suas mãos cortadas e roxas tocavam meu pescoço. 

— Não tem noção do perigo criança ? — Christian falou empurrando Demi na cama. Demi gritou de dor. 

— Larga ela seu idiota. — falei pegando com rapidez o abajur de Demi e tascando-lhe na cabeça careca e rígida de Christian. Gostinhas de sangue pingarem sobre suas costas. Christian me olhou com ódio se levantando do chão, e me pegou pelo pulso, o virando com tanta força que naquele momento achei que o tinha quebrado. 

— Seu filho da mãe. — falou Justin largando Demi e socando Christian que me largou. Eles estavam perto da porta. Christian empurrou tão forte Justin, que o mesmo rolou pela escada. Christian desceu atrás contorcendo as costas. 

— Demi, demi... — falei a abraçando na cama. Demi tinha a respiração ofegante e parecia que cada movimento era uma facada. — Você me prometeu que ficaria longe desse... desse monstro. — falei a levantando. Caminhamos até seu closet, onde coloquei Demi sentanda entre casacos peludinhos. — Aonde está seu celular ? — falei a cobrindo. Demi apontou para a cama, e eu corri e logo voltei ao seu lado, enquanto discava o número da polícia. — Quero que fique aqui. E só saia quando a polícia chegar. Ouviu ? — falei olhando-a nos olhos. — OUVIU DEMETRIA? — falei mais alto.

— Ouv-vi Sel. — Demi choramingou.

— Que bom. — falei trancando-a no closet. 

Desci devagar as escadas depois de ter ligado pra polícia. Estava com o taco de basebol de Demi, em mãos.

— Que foi a mulherzinha não aguenta mais lutar? — sussurrou Christian enquanto dava pontapés em Justin, que estava estendido no chão da cozinha. Vi meus olhos encherem d'água. Ele maltrata minha melhor amiga, e depois bate no garoto que amo. Digo, que odeio! 

Corri para cima dele e com força bati o bastão em sua cabeça e costas repetitivamente. Minhas mãos estavam segurando firme o bastão e meus dentes rangiam. Conseguia finalmente derrubar Christian no chão, quando ele mechia em algo no bolso. 

— Justin... você tá bem. — falei largando o bastão e tocando em seu rosto com as mãos trêmulas. Justin tinha sangue por todo o rosto, e estava contorcido. O levantei e quando me virei paralisei. Christian estava em pé na nossa frente com uma arma em mãos. Justin tentou levantar a cabeça, mas estava muito fraco. 

— Adiós — falou ele com aquele sutaque ridiculo e...

— Mãos ao alto! Sr. Christian Juarez Santiago, o senhor está preso. — a polícia chegou. Atrasado, claro. Eles saltaram em cima de Christian que automaticamente largou a arma. Ele me olhava com o ódio que eu olhei pra ele quando presenciei aquela cena. Demi! 

— Eu já volto Justin. — falei soltando Justin no chão e correndo as escadas. Abri o closet e Demi estava tremendo no chão. Os ematomas estavam mais vermelhos e seus olhos pareciam perder a cor. 

— Demi! — corri a abraçando. — Está tudo bem agora!

Uns médicos com umas macas que me davam um certo arrepio na espinha entraram lá e pegaram Demi. Corri, e engoli em seco. O quintal de Demi estava repleto que policiais e duas ambulâncias com suas luzes exageradas ligadas. Avistei a maca de Justin dentro de uma das ambulâncias. Corri e tentei não demonstrar desespero... apesar de estar apavorada.

— Olha Justin... desculpa te fazer passar por tudo e você nem precisa de vindo, obrigada, e...

— Tudo bem Selena. — falou ele me interrompendo com a voz fraca. Sorri sem me dar conta.

— Como você está ? — falei mexendo os dedos frenéticamente.

— VOCÊ está bem ? — ele revidou.

— Bem... acho que sim... Só dei um jeito no pulso e... acho que sim.

— Então eu acho que tô bem. — Justin sorriu. Suas bochechas formaram lindas covinhas, e seu olhar era fixo no meu. Senti minhas bochechas corarem...