Transtorno De Boderline escrita por Liz03


Capítulo 20
Isossorbida


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/268974/chapter/20

Isossorbida (dinitrato, mononitrato) é um fármaco utilizado no tratamento da anginaedema agudo de pulmão e insuficiência cardíaca congestiva. Trata-se de um vasodilatador direto. A administração do medicamento via sublingual provoca efeitos em aproximadamente 2 a 5minutos e podem durar de 1 a 2 horas. Por via oral ocorre de 20 a 60 minutos com duração de 4 a 6 horas

- Você está meio aéreo hoje...

- Hum...? – ele parece voltar de um pensamento distante.

- Exatamente disso que estou falando – Pan passa o polegar pelo rosto dele – Você está meio aéreo hoje.

- Não é isso, pequena, ou pelo menos usamos palavras diferentes para a mesma coisa – ele segura a mão dela que está em seu rosto – Eu só estou terrestre de mais hoje. Sabe como é...muito ligado a esses pensamentos mundanos...

- É, no seu caso deve ser isso. Pois trate de voltar a bater suas asinhas então...- ela aproxima o rosto dele, que sorri e rouba-lhe um beijo – Isso tem algo a ver com a visita de amanhã?

Ele nega sem muita convicção. Pan se aproxima dele no sofá. Ela não sabia a coisa certa a dizer. O pai dele tinha chamado para uma visita mais uma vez e, quando ela tinha certeza que a resposta seria uma negativa, Vitor aceitou. Embora ele não admitisse, isso era comum no caso dele. A mudança de pensamento, a quebra de barreiras, um dos efeitos do câncer. Mas Pan não quis tocar no assunto. Ele diria que não, ela que sim, ele que não...

- Eu amo você, astronauta – ela disse enquanto afundava a cabeça em seu ombro, o que rendeu um sorriso dele.

- Eu também amo você, doutora – Vitor diz no meio de um sorriso.

E no dia seguinte ele acordou cedo e olhou para o céu por longos minutos. Pan entendeu que ele precisava desse momento de reflexão e seguiu conferindo alguma coisa no computador. Chegaram a casa por volta de 10:00 a.m. Alberto di Campani estava na mesma cadeira da outra vez. Pan perguntou de sua namorada, Priscila , por educação. Ela estava na academia. O velho homem convidou-os a sentar como da outra vez, Vitor aceitou sem dizer uma palavra. A conversa seguia num ritmo tedioso. E poderia ter terminado assim.

Mais algumas perguntas feitas por mero formalismo, respostas comuns, e pronto. Voltariam para casa e se abraçariam reclamando daquela manhã sem graça. Mas quando Pan saiu de casa naquela manhã, ela não sabia que o fim não era assim tão óbvio.

Uma das empregadas gritou na cozinha. Dois homens encapuzados entraram na sala com gritos de ordem e armas nas mãos. Pan sentiu seu coração parar por alguns segundos e então voltar em ritmo acelerado. Como se houvesse parado antes de começar uma maratona desesperada. Ela imediatamente olhou para seu companheiro que mantinha os olhos vidrados nos homens, como se duvidasse que aquilo realmente estivesse acontecendo. O velho homem na cadeira da frente mudava de cor em várias tonalidades de vermelho desespero.

Mandaram-nos levantar. Obedeceram. Disseram para subirem a escada em fila e com a mão na cabeça. Fizeram. Trancaram-nos num banheiro e ordenaram que permanecessem calados. Os três trocaram olhares banhados de medo, horror e certa incredulidade.

- Pan...- Vitor apertou sua mão com força,poderia ter machucado na verdade, mas a emoção do momento foi maior que isso. Ele segurou seu queixo e nada disse, a não ser com os olhos alarmados.

- Vai ficar tudo bem...tudo bem...- ela respondeu não só para convencê-lo, mas para que ela mesma acreditasse nisso. Foi então que seus instintos médicos chamaram atenção para o homem que observava a cena apenas a alguns metros – Senhor Alberto, tudo bem...o senhor está se sentindo bem...?

Ela mal terminou de perguntar e o homem mudou de um vermelho intenso para uma palidez desfalecida. Suas pernas vacilaram e ela teve que ser ágil para impedir que ele caísse mais bruscamente. Respirava com dificuldade. Tremia. Suava. Imediatamente ela abriu os botões de sua calça e camisa

- Vai ficar tudo bem, procure se acalmar – ela abanou o homem.

- O que foi? – Vitor perguntou atrás dela.

- Ele tem hipertensão? – ele confirmou com a cabeçou. Era o que ela temia – Temos que levá-lo para um hospital, vamos falar para os caras e levá-lo...

- Não tem como falar com os caras, Pan, eles são bandidos.

Pan queria argumentar que os sintomas do homem indicavam um princípio de infarto e que deviam ir ao hospital com urgência, mas não houve tempo para isso. Alberto di Campani revirou os olhos. A doutora começou uma massagem cardíaca.

-Vitor, temos que fazer algo rápido- ela disse aumentando o ritmo das massagens.

-Ele...ele tem uns remédios pra isso no quarto, eu posso ir pegar sem os caras verem...

- O que?! E se pegarem você...?!

- Pan, você é a médica, você que sabe se ele aguenta ou não

Ela engoliu em seco o peso da resposta. Não, ele não aguentaria. Com o silêncio, Vitor levantou-se e passou tentar destrancar a porta. Por fim, correu  tentando não ser visto. O coração de Pan ficou mais apertado do que já estava, ela duvidava da possibilidade de poder ficar mais angustiada, porém, era essa a situação do momento. Longos minutos e todas as ideias dele ter sido descoberto pelos assaltantes passaram. Seus braços começaram a sentir o cansaço devido à massagem cardíaca.

Ele adentrou o banheiro e voltou a fechar a porta. Trazia uma caixa de remédio, ela reconheceu pelo nome e festejou internamente por saber que se tratava de um vasodilatador coronariano. Pegou o remédio e colocou debaixo da língua de Alberto di Campani.

A polícia chegou.

Alberto di Campani estava morto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Comentem :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Transtorno De Boderline" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.