Jonathan Davis escrita por 09041977


Capítulo 5
5th.




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   Admito que, mesmo tendo sido o meu pai a dirigir-se a mim daquela forma tão agreste, ainda permanecia uma réstia de esperança em mim de que ele nunca iria ser capaz de me expulsar em concreto.
   Ainda assim arrumei uma mala, sem ânimo. Estava completamente inerte. Arremessei-a para um canto e deitei-me na cama. Não desci para me alimentar. O ambiente estava muito denso. Fiquei a fitar o tecto por alguns minutos até que me deixei envolver no sono.
   Acordei com o som produzido pelo forte punho do meu pai contra a porta. Olhei para o relógio - 11 horas?! - Suspirei.

   Levantei-me, ainda a espreguiçar e abri a porta. Senti um raspão fervoroso na minha face. Aquele não era o meu pai. Alguém o comandava, aquele não era ele!

- Então?! - revoltei-me, afagando a vermelhidão.

- Eu fui explícito, eu acho. Eu expliquei que não quero monstros a morar em minha casa. - ele clamou, atrozmente.

- Mas eu sou seu filho! Ah! Sei! Foi aquela puta que andou a encher seu miolo, não foi? - confrontei-o, ainda que não esperasse obter alguma resposta.

   Pensei que iria levar por tabela novamente, mas apenas o vi levantar sua mão de encontro à sua testa rugosa pelos anos já consumidos.

   - Sai desta casa imediatamente.. - ele ordenou, zunindo.

   - Não me faça isso. - Implorei uma última vez e ele apenas me deu sinal negativo.


 Ainda pude ver minha madrasta sorrindo para mim.
     
     Sem agenda mentalmente definida, sem rumo ou destino, saí de casa. Apenas com uma mala sobre meus ombros, provocando uma desagradável e pesada fricção.


   Tanto andei. Cheguei a uma estação de comboios onde me abanquei e meditei um pouco sobre minha vida.


   Para concluir meu raciocínio, perguntei-me a mim mesmo se valeria a pena deixar que todos me chutassem para onde quer que fosse. Tratar-me-ia apenas de um elo de conflitos? E a derradeira pergunta... Estaria perdendo algo se deitasse toda a minha vida por terra? Para ser mais específico... se me suícidasse? Não tinha nada a perder... Pelo contrário. Deixaria o Mundo feliz. Ou talvez se tornasse algo sigiloso. Talvez ninguém desse por minha falta. Estou tão farto que me jogaria mesmo na frente de um comboio, à mercê das pesadas e frívolas roldanas.

   Fiz isso mesmo. Coloquei-me no meio daquele estrado metálico que iria ser pintado de vermelho dentro de segundos.

   Ouvi uns passos.Olhei em volta e nada. Há sempre algum barulho néscio, impedindo grandiosos momentos. Voltei à minha postura inicial.

   Mirei um comboio vindo em minha direcção. Fechei meus olhos e cerrei minhas mãos, tentando arranjar coragem para não fugir ao meu próprio escape.

   Senti umas mãos empurrando meu corpo para o lado. Murmurei um pouco antes de abrir os olhos. Levantei-me. Pestanejei um pouco observando o comboio em andamento mesmo diante de meus olhos. Saí do meu transe quando olhei para o lado e vi um rapaz, sacudindo o pó que teimava a impregnar-se no tecido de suas calças.

- Porque você fez isso? - perguntei, inconformado.

- Não tem de quê. - ele respondeu com algum sarcasmo.

- Quero dizer, obrigado. Mas agora o que faço com a minha vida?

- Hm... Não sei. - ele suspirou. - Sebem que não foi muito inteligente estar em pé diante de um comboio. Podia ter-se deitado. Facilitava o trajecto ao comboio. - usou outra vez sarcasmo.

Eu observava-o, admirado por ele me dar sugestões de como eu deveria ter preparado o meu suícidio (?!)

- Agradeço a sugestão. Irei ter em conta da próxima vez. Já agora... chamo-me Jonathan Davis. - estendi o meu braço. Estava a apresentar-me. Algo raro naqueles últimos anos.

Ele olhou descrente para mim, de alto a baixo e evitou contacto.

- Brian Warner.

   Ele virou costas e preparava-se para ir embora, quando eu o cutuquei.

Ele viriu-se para mim, de forma abespinhada.

- Que foi? - perguntou, talvez um pouco saturado.

- Eu não tenho para onde ir. Pode-me ajudar? - eu recusar-me-ia a pedir ajuda a alguém, mas eu estava mesmo desesperado. Nunca fui expulso de casa anteriormente.

- Eu não... Mas conheço alguém que talvez o possa ajudar. - a expressão de saturamento não se retirava. - Vem.


Segui-o e notei logo que ele não era de muitas conversas. Levou-me até uma grande mansão.

- É aqui mesmo. - ele disse, intrínseco.


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