Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 89
2009




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O sol já estava nascendo e nós ainda estávamos nas areias da praia. Todos já haviam caído no mar e agora estávamos com frio. Camilla já brigou com uma criança que passou por cima de seu castelinho de areia. Pablo arrumou três garotas durante a madrugada. João e Marcela foram embora. Igor estava dormindo com a cabeça no colo de Stefany. Não queríamos ir embora. O relógio marcava seis da manhã. Muitas pessoas caídas pela areia. Dormindo ou conversando.  Comecei a rodar. Cada vez mais rápido. Abri meus braços e me desequilibrei. Cai sobre a areia macia e comecei a rir. Certo, eu havia bebido um pouco.

Era oito horas quando decidimos voltar para o apartamento. Camilla foi carregada por Pablo até o calçadão, onde ele a colocou no chão. Fui andando descalça, até pisar em uma garrafa. Me sentei no meio fio e coloquei minha sandália. Caminhei de mãos dadas com Pedro e Camilla de braços dados com Pablo. Incrível como a cada cinco metros, algum conhecido parava para desejar feliz ano novo para Pablo. A maioria homens. Pablo parou para comer um cachorro quente no caminho e dividiu com Camilla. Pedro comprou um refrigerante e eu não quis beber. A cidade estava um lixo, mas logo apareceram garis varrendo tudo. Pablo toda hora tropeçava nos próprios pés. Pablo errou o buraco da chave cinco vezes, até que Camilla as tomou de sua mão e abriu a porta.

Quando deu meio dia, acordei. Procurei o controle da Tv pelo quarto e o achei dentro da gaveta do criado mudo. Estava passando um noticiário local. Decidi zapear e nada de interessante passava em outros canais. A TV estava no mudo, para não acordar Pedro. Voltei ao jornal. A imagem da foto 3x4 de meu pai apareceu em um vídeo exibido no jornal. Aumentei o volume e ouvi a palavra “preso”. Cutuquei Pedro até que o mesmo acordasse. Pedro abriu os olhos assustado. Apontei para a TV e ele começou a prestar atenção. Anunciava que o grupo o qual meu pai chefiava havia sido preso. Cristina estava algemada, com a cabeça baixa. Mostraram o local onde nós fomos mantidas presas e o novo lugar onde eles estavam. A delegada Michele, que nos atendeu, deu uma entrevista.

Duas garotas nos procuraram, no inicio achamos que era mais um tipo de brincadeira, mas vimos que era sério. Passamos o ano novo atrás deles e os capturamos. Eles “alugavam” crianças para homens adultos, digamos assim.”

“Obrigada, Deus”

Eu não cansava de repetir. Me sentia segura. Ela também confirmou a morte de Luiz. Melhor ano da minha vida estava acontecendo. Abracei Pedro e depois corri até a sala para avisar Camilla. A sacudi e ela não acordava. Apenas se acomodava. Gritei seu nome e ela se levantou. Pablo acordou xingando, como sempre. Contei tudo e Camilla correu para o computador. Rapidamente, ela encontrou a notícia completa no site da emissora. Pedi para Camilla entrar no MySpace. Havia uma nova mensagem do Ethan.

Feliz ano novo! Espero que volte para Framlingham esse ano, estamos esperando! Minha mãe disse que está morrendo de saudades de você. Boa sorte com sua nova família. Tenha um ótimo ano.

Peguei o link do site, mesmo sendo em português e mandei para Ethan.

Sim, agora terei um ótimo ano! (link) Obrigada, que você tenha conquistas esse ano e nos outros também. Saudades da Eunice! Saudade de vocês... Feliz 2009.”

Pedro beijou minha cabeça e foi em direção a sala. Me levantei e da porta, eu o pude ver pulando em cima do Pablo, que tentava dormir de novo. Pensei em procurar sobre Teddy, mas ai vi Pedro brigando com Pablo e comecei a rir. Talvez fosse um erro pesquisar sobre o meu passado e correr o risco de estragar meu presente e futuro. Realmente pensei muito, até que Camilla foi até o quarto de novo e me puxou pelo braço. Acho que agora sei como encontrar Teddy. Melhor deixar a busca para depois. Pedro não gosta muito quando falo sobre Teddy.

Pedro sugeriu que fossemos visitar Ana no hospital e fomos. Eram duas da tarde e a visita ia até as seis. Pablo não foi. Até a hora que saímos, ele ainda estava sozinho, sem nenhuma nova menina. Camilla foi no banco de trás e ouvia rádio do meu celular, com os fones de ouvido. Pelo espelho retrovisor, eu a conseguia ver sentada atrás de mim. Ela balançava a cabeça, parecendo curtir a música, enquanto olhava pela janela. Novamente, crianças pediam dinheiro quando parávamos no sinal e nada tínhamos para dar. No hospital, a recepcionista colou adesivos em nossas blusas escrito “visitantes” e a data, primeiro de janeiro.

Ana estava no quarto andar do hospital. Camilla foi a primeira a entrar e Ana estava assistindo a TV. Ela sorriu ao ver Camilla, que correu para abraçá-la. Pedro e eu ficamos no pé da cama olhando para ela.

“Como a senhora está?” –Perguntei.

Ela tossiu um pouco e segurou a mão de Camilla.

“Bem, eu acho. Vejo que estão juntos.” –Ela disse olhando para Pedro e depois para mim.

Pedro, que estava ao meu lado direito, colocou sua mão esquerda sobre meu ombro esquerdo e sorriu. Ele afirmou e pude ver um sorriso no rosto de Ana também. Ela estava bastante magra e totalmente careca. Seus olhos estavam fundos e pareciam sem esperança. No mesmo quarto, havia um senhor, aparentemente mais velho que ela e também estava com câncer. O câncer de Ana era no intestino. O senhor era simpático e sempre ria pra mim quando eu olhava pra ele. Uma parente de Ana, a qual eu não conhecia, tomava conta dela no hospital. Seu nome era Matilda, segundo Pedro, era prima da Ana. Me sentei em um sofá, enquanto Pedro e Camilla conversavam com Ana. Eles riam. Pareciam felizes. Eu estava gostando do que via. Uma enfermeira, muito bonita, entrou no quarto com uma bandeja. Eram remédios da Ana. Ela tomou dois e Pedro só olhava para a enfermeira. Sei que não era um olhar de desejo, ele estava prestando atenção no que ela fazia com Ana.

Abracei Ana, que estava um pouco sentada. Suas mãos tocaram levemente minhas costas quando ela retribuiu o abraço.

“Cuide de Camilla.” – Ana sussurrou em meu ouvido.

Sorri e afirmei com a cabeça. Me afastei e Pedro foi o próximo a abraçá-la. O abraço durou mais que o meu e ela sussurrou mais coisas. Pude ouvir um “eu te amo” de ambas as partes. Pedro parou ao meu lado e segurou minha mão direita. Camilla chorou enquanto abraçava Ana. Aquela cena partia meu coração. Ana estava cada vez mais distante da gente. Camilla secou suas lágrimas e enfim, sorriu. Ela beijou a mão de Ana. A enfermeira voltou, para nos avisar que já eram 18:10.  Saímos e paramos na cantina, para Camilla comer um salgado. Nos sentamos em um banco, próximo a um pequeno jardim.

“Sabe que a Ana está muito doente, não sabe?” –Perguntei a ela.

“Sim. Sei que vai morrer.” –Ela disse antes de morder o salgado de frango.

“Você parece tranquila.” –Eu disse.

“Tenho vocês. Estou bem. Aliás, não convivo com Ana já há bastante tempo, meio que já acostumei com a ausência dela.”

Olhei para Pedro, que parecia espantado com o que Camilla havia dito. Ela terminou de comer seu salgado como se nada estivesse acontecendo. Voltamos para o apartamento. Pablo estava jogando vídeo game com um amigo, eu não o conhecia. Ele se apresentou como Leandro e voltou a jogar. Camilla se sentou ao lado deles e tentou puxar uma conversa, mas o jogo de guerra parecia mais interessante. Quando eu buscava em minha mente, uma memória feliz, esta era o réveillon. Não me vinha mais nada além disso.


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Notas finais do capítulo

5 dias para o meu aniversário. u_u Só pra lembrar. tá. haha
MUITO OBRIGADA POR LER, obrigada a nova recomendação, agora são 8. *_*
Muito obrigada pelo apoio #LittleLeaves
Jenny, eddictedhoran
=Sheeranator Mafia=



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