Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 72
Venda nos olhos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/267862/chapter/72

“Me acompanhe.” –Disse o dono da mão gelada.

Me virei e era Luiz. Atrás dele havia um carro prata estacionado e dava para ver que Luiz não estava sozinho.

“Não vou a lugar nenhum!” –Eu disse segurando a mão de Camilla.

Luiz segurou meu braço direito, o qual eu segurava Camilla e o puxou. Ela acabou soltando minha mão e ele começara a me puxar para o carro.

“ME SOLTA!” –Eu disse gritando.

Luiz sacou uma arma de sua cintura e apontou para mim. Engoli seco e rapidamente parei de gritar.

“Ajudem ela! Ajudem ela!” –Camilla saiu correndo gritando.

Luiz apontou a arma para as costas de Camilla e o empurrei. Ele se virou para mim e me empurrou para o carro, ainda dava para ouvir Camilla gritando e Luiz rapidamente me colocou no banco de trás e se sentou ao meu lado. Quando alguém decidiu ver o que era, o motorista saiu com o carro e posso apostar que as marcas dos pneus ficaram no asfalto. Meu coração batia tão rápido, que doía.

“Devem ter anotado a placa, devem ter anotado a placa.” –Luiz toda hora repetia.

“Cala a boca! É fácil se livrar do carro depois.” –Disse o motorista. –“Venda essa garota, imbecil, ela ta vendo todo o caminho.” –Ele completou.

Luiz tentou vendar meus olhos, mas consegui morder seu braço esquerdo. Ele gritou e logo me deu um soco com sua mão direita.

“Olha como é legal levar um soco!” –Ele disse rindo.

Encostei minha cabeça na janela e minha cabeça toda hora nela batia quando passávamos em algum bura.

“Ih! A venda!” –Disse Luiz.

Ele me puxou e vendou meus olhos. A última paisagem que consegui ver, fora a rodoviária no centro do Rio de Janeiro. Eu estava começando a me sentir tonta e enjoada com o balanço do carro. O local nunca que chegava e Luiz e o motorista não conversavam, como se um estivesse fazendo um favor para o outro. Eu estava com meu celular no bolso da frente e estava rezando para que não se lembrassem de tirar de mim. Creio que levamos duas horas para chegar o local. Pude ouvir a porta do motorista se abrir e a traseira esquerda também. Poucos minutos depois, a porta do meu lado se abriu e eu pude sentir o vento fresco e alguém puxar meu braço direito, para que eu saísse.

“Andando.” –Disse Luiz me levando pelo braço.

O local era silencioso, não dava para ouvir carros passando ou até mesmo pessoas conversando.

“Onde estamos?” –Perguntei.

Luiz e sua companhia me ignoraram e entramos em uma casa. Descemos uma escada e enfim, Luiz tirou minha venda. A luz que entrava pela pequena janela, cegava meus olhos. Dificilmente, uma pessoa conseguiria passar por elas. Havia um pequeno colchão no chão e um lençol branco o envolvia.

“Você vai ficar ai, até quando eu quiser.” –Disse Luiz.

“O que você quer comigo?” –Perguntei.

“Pergunta idiota!” –Ele disse.

Finalmente, pude ver o rosto do motorista, ele estava no topo da escada, onde era a saída.

“Sem gracinhas.” –Disse Luiz subindo as escadas.

“Estou com fome!” –Eu disse.

Eles me ignoraram e fecharam a porta. Fui até as janelas, mas eram altas demais. Peguei uns caixotes e os coloquei um em cima do outro. As janelas davam para uma casa de tijolos e não estava terminada, o que me fazia acreditar que eu estava em uma favela. Procurei abertura em todas as janelas e nada encontrei. No máximo meu braço conseguiria passar por elas. Bati nas janelas e as mesmas eram duras demais para serem quebradas com a mão. Me assustei quando um cão vira-lata, foi ver quem fazia barulho no vidro. Desci do caixote e subi as escadas correndo. Bati na porta.

“Fica quieta!” –Pude ouvir uma mulher gritar.

Uma mulher estava ajudando isso tudo. Eu não conseguia acreditar. Desci degrau por degrau lentamente e a ficha estava caindo. Eu estava presa em um lugar desconhecido, correndo riscos de sobrevivência. Talvez nunca mais fosse ver ninguém que eu amo. “Meu celular”, pensei. O peguei e a bateria estava pela metade. Disquei para Mary.

“Meu Deus, Yolanda! Onde você está?” –Ela perguntou.

“Não sei, o Luiz me trouxe para um lugar e não pude ver o caminho. Uma favela, talvez.” –Eu disse sussurrando.

“Eles estão ai?” –Mary perguntou.

“Estou trancada.” –Sussurei. –“Não conte nunca para o Teddy ou Ethan ou Framlingham. Não quero ninguém preocupado.” –Completei.

“Tudo bem, não se preocupe. Vamos te encontrar.” –Ela disse.

“Te amo.” –Eu disse e desliguei.

Desliguei o celular e procurei um esconderijo para o mesmo. Encontrei um buraco na parede e por lá o deixei. Só voltaria a ligar a noite, mesmo não fazendo ideia de quantas horas seriam e Framlingham. Me agachei ao lado do sofá e passei minha mão direita sobre o mesmo. Melhor ele do que o chão. Me sentei e me encostei na parede abraçando meus joelhos dobrados. Eu ainda não estava nervosa, nem desesperada, algo me dizia que eu sairia de lá o quanto antes. Eu estava vivendo um pesadelo e logo acordaria, assim como acordei dos meus pais. Eu não sabia o que fazer e nem por onde começar. Minha garganta arranhava de tão seca e minha saliva não servia mais. Até mesmo nesse lugar, os fogos perturbavam meu silêncio. Tapei meus ouvidos e fechei meus olhos. Fiquei imaginando como devia estar Framlingham. Eu começava a achar que as paredes iam estreitando o lugar, um novo ar não entrava pelas janelas e eu me sentia sufocada. Decidi voltar para a porta, o vão da parte de baixo, tinha espaço o suficiente para passa o dedo. Me sentei no degrau e deitei minha cabeça no chão. Um vento forte começava a tocar meu rosto e minha ansiedade ia passando. Não conseguia enxergar muito bem o que havia do outro lado da porta, talvez fosse um corredor sem nada de interessante. Apenas tinha uma luz, que parecia ser do sol. As sombras de uma pessoa se aproximavam da porta. Me levantei rapidamente. Tarde demais.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. *_____* Hoje sai o 73.
Obrigada por lerem ♥ eddictedhoran
------ Participem do encontro Sheeranator no Rio, SP e Curitiba, saiba mais na sheeranator mafia ------



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Folhas De Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.