Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 19
Hóquei




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Hoje é o dia do teste para o hóquei. Acordei sem humor algum, apenas odiando o mundo. Pensei em faltar ao teste, mas iria dar esse gosto a Lori. Dessa vez, eu acordei em cima da hora e por questão de poucos minutos, quase perdi o ônibus.

Na escola, Lori estava na porta distribuindo panfletos informando sobre o teste de hóquei e a importância do mesmo e os benefícios para quem entrasse para o time.

“Não sei porque estou lhe dando isso!” – Ela disse me entregando o panfleto.

“Talvez porque tenha medo que eu passe...”- Eu disse.

Parece que ela não gosta ser a última a falar em uma conversa, ou então, nunca tem o que dizer, porque eu tenho razão. Guardei o panfleto no meu armário e Ed jogou o dele no lixo.  As aulas não tiveram nada de interessante, e eu estava feliz por James tenha me esquecido. Eu gostava de carregar meu caderno para tudo quanto é canto, enquanto a minha mente viaja por um mundo onde só existe em minha cabeça, anoto o que se passa nele, para que eu nunca esqueça e quem sabe me inspire para alguma coisa. Eu tinha agora, um caderno apenas para as matéria e esse que eu nunca largo. Com a capa preta e rabiscado com caneta prata, ele era minha memória externa. Ninguém poderia tocar nele, nem mesmo Ed, mas foi necessário, ele escreveu suas duas músicas nele, e espero que não tenha lido o resto. Ele não é o que chamamos de diário, porque não conto sobre o meu dia, e sim sobre o que passa na minha mente e eu tenho vontade de liberar de alguma forma. Uma vez, escrevi sobre Ed, sobre o efeito que seus olhos causavam em mim ao encontrar os meus. Talvez eu esteja me entregando demais para o que eu sinto pelo Ed, porque é o que chamamos de “primeiro amor”. Meu primeiro e até então, único namorado, eu não o amava, mas sentia um carinho enorme e confiança, para depois ele simplesmente ir embora. Desde então, me mantive fechada e angustiada por guardar tudo o que sinto.

Ed fora para o grupo de música e eu fui para o vestiário colocar o uniforme do hóquei. Não estava com a mínima vontade de discutir com Lori ou passar. Se eu não passasse em nada, eu era obrigada a fazer aula extra de música ou educação física. Fui para o campo e uma amiga dela me passou o taco. Elas nos separaram em grupos e nos disseram as regras básicas. Lori não parava de me encarar e tudo o que eu fazia parecia errado, toda hora mandava eu levantar o meu meião, que em nenhum momento havia abaixado ou algo do tipo.

O jogo começou e eu demorei uns vinte minutos para me adaptar e conseguir correr com a bola. O meu time perdia por 2x1, eu sempre me mantinha perto do gol, até que a bola veio até a mim, dei uns três passos e atirei a gol. 2x2 agora estava o placar. Dei uma leve comemorada e corri para o centro do campo apontando para Lori, que não parecia nada feliz. Terminados os trinta e cinco minutos da primeira etapa, tínhamos dez minutos de descanso. Peguei um copo d’agua que estava dentro de um isopor, me sentei na grama e o tomei. Enquanto eu conversava com uma garota do meu time, a qual eu não sabia o nome, pude observar Lori conversando com cinco meninas do grupo adversário, já imaginava o pior e que sairia de lá direto para a enfermaria.

No começo da etapa final, consegui fazer dois gols, o outro time meio que parou de jogar e ganhávamos por 5x2. Enquanto eu corria com a bola, as meninas do outro time apenas me acompanhavam, porém não tentavam me impedir. Ao fim do jogo, ganhamos por 7x3 e o outro time foi dispensado. Tivemos mais dez minutos de descanso.

“Bom, temos aqui, onze excelentes jogadores, e só podemos ficar com cinco de vocês.”- Disse Lori com uma lista na mão. –“As que eu disser, irmão até o gol esquerdo, e tentaram marcar três gols de cinco chances.”

Duas meninas já haviam ido e nenhuma delas conseguiu marcar.

“Vocês estão dispensadas.” – Ela disse riscando a lista. –“Yolanda!”

Me levantei e fui caminhando lentamente para o gol. O sol estava forte e eu não aguentava mais soar, apesar do vento sempre gelado. Eu estava muito cansada, porque nunca havia praticado um esporte por muito tempo. Olhei para a goleira, que não tinha uma cara agradável. Ela era a goleira titular do time da escola. Errei a minha primeira chance, a goleira defendeu. Logo ao defender, ela olhou para Lori. Acertei a segunda tentativa, a goleira foi para o lado oposto. Consegui acertar quatro das cinco e para a minha surpresa, Lori me olhou sorrindo.

“Parabéns, Yolanda! Está na equipe.”- Ela disse escrevendo algo na lista.

Pude ouvir os aplausos das outras meninas e eu simplesmente não acreditava. Continuei olhando fixadamente para Lori que tinha um sorriso irônico em seu rosto. Passei por ela e a ouvi sussurrar.

“Sabia que não ia gostar de passar...” –Ela sussurrou para mim.- “Marie!” – Ela gritou.

Agora tudo fazia sentido. O fato de eu ter repetido inúmeras vezes de que ficaria feliz em não passar, ela fez com que eu passasse e supostamente, eu ficaria triste. Como sua mente era cruel e ao mesmo tempo patética. Lori poderia trabalhar esses seus cálculos mentais em prol de algo bom, ela parece ser tão inteligente. Fui tomar banho para encontrar Ed, que pelo horário, ainda deveria estar em aula. Quando sai do vestiário, e fui levar o uniforme para Lori, ela me entregou o papel de aprovação. Peguei o papel e logo ao topo, li meu nome e um texto, escrito no computador e abaixo assinatura da Lori e de outra menina do time. Evitei dizer que estava feliz, preferi alimentar a ilusão dela.

Fui até a sala em que Ed estava e ele ainda não havia saído. Esperei em um banco e peguei meu caderno, para anotar tudo o que passava em minha mente a respeito de Lori. Vinte minutos depois, e duas folhas completamente escritas, Ed saiu da sala, com seu violão e sorriu ao me vê. Contei a ele detalhes do jogo e o por quê de eu ter passado.

“Não me surpreendo mais com a Lori.” – Ele disse.

“Eu vou continuar alimentando isso, fingir que estou triste. Mas na verdade, estou feliz comigo mesma, por ter conseguido passar, mesmo sendo armado, de certa forma, adorei o jogo.” – Eu disse.

Ed tinha que treinar “Wonderwall” do Oasis para tocar na próxima semana. Essas práticas, normalmente são abertas ao público, e verei Ed tocar, nem que eu falte o Hóquei. Talvez irritar a Lori, me divirta mais ainda. Fomos embora andando, como de costume, eu já nem me cansava mais. Dessa vez, ao invés de jantarmos na minha casa, jantei na casa do Ed. Sua mãe me recebeu tão bem, quanto Mary recebe o Ed. Eu me sentia a vontade na casa dele, assim como pude notar que ele se sentia a vontade comigo. Como dizem, nossa vida é como uma montanha-russa, com início, meio e fim, e com seus altos, baixos, de cabeça para baixo. E posso dizer que a minha vida estava agora,  subindo para o ponto mais alto.


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Notas finais do capítulo

Ficou pequeno, porém legal u_u sei lá.
COMENTEM, pfvr. Só poderei postar amanhã (domingo), sorry.
OBRIGADA POR LÊ, e espero que esteja gostando.



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