Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 16
Desde 1997


Notas iniciais do capítulo

História de Landy.
Capítulo todo Landy contando sua vida.



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22 de dezembro de 1997, era meu aniversário de 7 anos quando tudo começou. A única festa que tive foi de um ano, porque fora organizada pela minha vó, que faleceu no ano seguinte e depois disso, nunca mais tive uma festa. Eu sempre ficava sozinha em casa, meus pais saiam a noite e voltavam no dia seguinte. Nasci e cresci no Rio de Janeiro. Desde os meus 6 anos, fui obrigada a crescer mentalmente. Meus pais a ficar falidos e não tinham dinheiro para comer. Minha mãe me obrigava a pedir dinheiro na rua, rasgava minha roupa, bagunçava meu cabeço e me jogava terra. De acordo com seu pensamento, as pessoas teriam pena de mim se eu andasse assim, e de fato funcionava e ao final do dia, eu voltava com uma média de 30 reais.

Já tentei fugir três vezes, mas sempre me encontravam e desisti. Esse dinheiro que eu consegui, quase nunca vinha para mim. Sempre fui abaixo do peso e já desmaiei inúmeras vezes de fome. Um dia, meu pai conheceu um homem com 43 anos, que adorava crianças, se é que me entendem, e ele se interessou por mim quando eu pedi dinheiro a ele. Notei que ele tinha sido gentil demais me pagando um lanche, como eu estava com fome, aceitei o lanche. Até que ele insistiu para eu ir para a casa dele e sai correndo.

Depois de três dias que ele conheceu meu pai, ele voltou a minha casa e conversavam sobre alguma coisa, eu tentava ouvir atrás da porta. Quando eu ouvi o homem dizer 100 reais, meu pai me chamou logo em seguida e disse para eu passear com o tio Luiz. Ele me levou para um parque e pagou para eu andar em todos os brinquedos, eu realmente estava feliz, mas não por muito tempo, porque a pior coisa que acontecera na minha vida, veio após a ida ao parque....

Meu pai fez com que eu saísse com esses tios, seis vezes na minha vida, essa aos 7 anos, depois tiveram duas aos 10 anos, mais três aos 13 anos, quando finalmente a justiça decidiu me ouvir.

Citei no início a data do meu aniversário porque esse passeio ao parque, ocorrera nesse dia e minha vida tomou outro rumo. Não contarei detalhes porque essa história é delicada de se contar e forte de se ler. Mas entenderam o que ocorrera comigo...

Em 15 de julho de 2004, eu já estava com 13 anos, e fui novamente a delegacia, pela quinta vez e finalmente uma mulher me ouviu. Seu nome era Anna e ela salvou a minha vida. Meus pais foram presos no mês seguinte e eu fui morar em um abrigo, até completar 14 e conseguir a tal liberação. Eu chamo de emancipação porque me sinto livre. Não contei que, Mary virou minha tutora. Eu não tinha parentes vivos, meus pais estavam presos por motivos sérios. A Anna procurou tutores de outros países, como eu havia pedido e encontrou Mary. Todo o dinheiro que meus pais haviam recuperado, estavam indo para mim. Eu tinha que ganhar 300 reais por mês, até acabar todo o dinheiro. Não entendo de justiça, mas era isso que aconteceu comigo. Mary é minha tutora e creio que me adotará.

Os fantasmas do meu passado não permitiam o que eu tivesse um bom sono. Sempre acordava chorando e com vontade de acabar com a minha vida, mas eu pensava que seria injusto eu acabar com ela, sendo que a mesma nunca existiu.

Eu nunca repeti de ano na escola, mesmo sendo expulsa de várias, no outro dia eu já estava matriculada em outra. Todas públicas, claro, e a aprovação automática no fim do ano me ajudará muito. Mesmo não tendo tanta oportunidade para os meus estudos, eu me dava bem nas provas e tinha um ótimo boletim. Eu tinha que ser boa em alguma coisa.

Eu sempre odiei a vida, pelo fato de ter pessoas sorrindo enquanto eu sofria. Me achava a pessoa mais injustiçada do mundo, mesmo sabendo que haviam pessoas presas a uma cama de hospital, talvez sem chance de vida, e eu tinha chance de reconstruir a minha. Eu queria me sentir amada, queria que cuidassem de mim. Meus pais sempre me batiam, as vezes, só pelo fato de eu existir. Sempre ouvi minha mãe falando que eu sonhava em ter um filho, mas se arrependeu quando eu nasci, porque estraguei a vida dela. Queria saber de onde vinha tanto ódio por mim. Eu nunca fiz nada de errado, fazia tudo que meus pais queriam e ainda assim me odiavam.

Eu conseguia não sentir nada por eles, talvez pena, mas quando eu pensava neles, parecia que havia um vazio na minha mente, só me vinham lembranças ruins, porém ainda assim, um vazio. Nunca tive um dia dos pais, das mães, natal para mim era apenas me trancar no quarto e contar estrelas, e fazer um pedido para a maior de todas elas.

No ano de 2001, eu fiquei mais tempo na escola do que em casa, passava o dia inteiro com uma professora chamada Maria, ela me chamava de minha filha e como era agradável ouvir isso, não consigo esquecer da voz dela me chamando de filha, coisa a qual minha mãe nunca me chamou, sempre era peste, aborto, Yolanda, coisinha...

Eu tinha diários, nunca escrevi coisa boa neles, nem mesmo a ida ao parque, porque o final do dia estragou tudo. Minha mãe queimou todas as minhas lembranças e talvez provas, contra ela. Não comentei, mas minha mãe se chama Marcela e meu pai Antônio Ferragni, ele é filho de italianos. Minha mãe me teve aos 17 anos, não fui eu quem estragou a vida dela, ela quem estragou a minha.

Não achem exagero quando digo que minha vida só começou em Framlingham, porque de fato, ela começou lá. Tudo era novo para mim, todos os bons sentimentos e os sinceros sorrisos, a cada dia eu descobri o quanto é bom viver e que, se não tivermos pelo o que lutar, viveremos em vão. Eu não sei porque, pessoas que são amadas por seus pais, tem saúde, tem a capacidade de estragar a própria vida, se drogando ou algo do tipo. Sinceramente, não tenho pena ou perdão para essas pessoas. As pessoas tinham que lutar pelos seus sonhos, as pessoas tinham que procurar uma meta na vida, e não apenas viver na acomodação. Se realizar um sonho, busque outro, busque sempre algo que alimente a sua vida, algo que te faça sentir vivo. Não importa o que façam contra isso, você é quem decide se você que vive a sua vida, ou os outros quem a moldam.



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Notas finais do capítulo

Ficou ruim, não é?
Desculpa, mas tinha que fazer um cap contando a vida dela.
OBRIGADA POR LEREM ♥



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