Rachel P.O.V

Acordei com a cabeça estourando. Noah não estava ao meu lado, então deduzi que ele já estava tomando café. Me levantei preguiçosamente e me arrastei até o banheiro, ligando a torneira de água fria e me despindo.

Deitei na banheira após plugar meu iPod no amplificador e coloquei a seleção de músicas “fossa/fodida/que se foda tudo”. Para começar bem, “The Scientist”.

_ Só pode ser carma. – resmunguei, afundando a cabeça.

Meia hora depois, já estava vestida e pronta para o primeiro dia de torturas, digo, de companhia do meu atual-futuro-ex-marido, ou sei lá como se diz isso. Desci para o restaurante encontrando a mesa cheia, com Charlie entre Quinn e Noah, rindo com meu noivo. Sam falava ao celular e Santana tinha os olhos, escondidos por lentes escuras, fixos em seu copo de suco.

_ A ressaca ta pesada? – resmunguei sentando ao lado dela que apenas moveu a cabeça devagar em minha direção.

_ Porque você está gritando Rachel? – sussurrou ela – Eu estou ao seu lado.

_ Pelo visto ela não vai conosco hoje né? – perguntei e os outros negaram.

_ Sam se propôs a ficar com ela, já que ele tem um problema do escritório para resolver. – explicou Quinn, cortando as panquecas da minha afilhada – Estou pensando em deixar a Charlie com eles.

_ Ah, qual é mãe. – resmungou a pequena – Nós estamos em outro país. Eu quero passear, não ficar no hotel.

_ Baixinha invocada essa não é? – ouvimos uma voz e viramos, dando com Finn – Cheguei cedo?

_ Não, elas que são atrasadas. – respondeu Charlie dando de ombros – Onde nós vamos?

Só então reparei a roupa dele. Calça jeans velha, camisa de flanela, botas e um colete com anzóis. Ele TEM que estar brincando.

_ Eu vou levar o docinho ai para pescar. Se quiserem vir junto. – respondeu ele, olhando para mim com um sorriso cínico.

_ Já era. – comemorou a tampinha, pulando da cadeira – Mas preciso me trocar, essa roupa não dá certo. E você também mamãe. Acelerando.

E saiu andando, deixando todos embasbacados.

_ Juro que não sei de onde veio isso. – resmungou Quinn, se levantando.

_ De onde veio o que? Tem aliens aqui? Ou gigantes? – espantou-se Santana, se levantando bruscamente – Poha Finn, você me assustou.

_ Ok, talvez eu saiba. – completou minha amiga, saindo do local.

Finn P.O.V

_ Nós estamos indo para um lago aqui na Alemanha ou vamos cruzar alguma fronteira? – resmungou a baixinha ao meu lado e eu ri, balançando a cabeça. No banco de trás, Charlie cochilava no ombro da mãe, enquanto Noah a encarava babão. Estraaanho.

_ Fique tranqüila docinho, logo estaremos no lago. – garanti a ela, entrando na estradinha de terra. Foram mais vinte minutos até avistarmos o grande lago e eu parar o jipe.

Noah me ajudou a descer o barco do bagageiro, enquanto Quinn passava protetor e repelente na filha e Rachel dava chilique. Logo o barco estava na água e começou a tortura de ocupá-lo.

_ Anda Rachel. – implorava Noah, já sobre o barco. Ele foi o primeiro a subir para ajudar a içar Quinn e Charlie e agora esperava por Rachel enquanto eu segurava o barco.

_ Eu? Por os pés nessa água imunda? – horrorizou-se ela – Está me estranhando Noah?

_ Puta merda, vai dar trabalho. – resmungou ele e eu sorri de canto.

_ Espere e verá.

Ele me encarou surpreso enquanto eu soltava o barco e me aproximava de Rachel, que me olhava receosa. Lhe estendi a mão, e ela segurou desconfiada.

_ Sua carona madame. – foi só o que eu disse antes de puxá-la e erguer, colocando sobre meu ombro como um saco de batatas.

_ ME PONHA NO CHÃO SEU DESGRAÇADO. – rosnava ela, me dando soquinhos nas costas. Os três no barco começaram a gargalhar do estado dela e não pararam nem quando a joguei para dentro, pulando logo atrás – Eu te mato seu imbecil.

_ Não há de que pela carona senhorita. – fingi não ouvi-la – Muito bem, quem aqui sabe pescar?

Noah levantou a mão. Logo estávamos ajudando as meninas a colocarem isca nos anzóis e jogar a linha, apesar de Rachel relutar.

_ Minhocas? – gritou ela, dando pulinhos dentro do barco – Não tinha nada menos primitivo do que minhocas, pelo amor de Deus?

_ Rachel, para de pular ou vai cair do barco. – repreendeu Quinn, arrumando a varinha da filha – E não surta vai, fazer algo ao ar livre é bom para você.

_ Mas eu faço atividades ao ar livre. – ela retrucou birrenta – Caminho no Central Park todo dia.

_ Com um segurança por perto e um poodle na coleira. – desdenhou Noah – Isso é natureza Rachel, aventura. Vamos, viva um pouco.

Ela fez uma careta, enquanto colocava a minhoca no anzol. Logo depois, atirou na água e se sentou com toda a pose que tinha, observando o lago ansiosamente. Noah apenas riu balançando a cabeça, antes de jogar sua própria linha e cairmos naquele silencio típico de pescaria.

_ Mamãe... – chamou Charlie após um tempo – Minha linha ta puxando.

_ Então enrola o carretel Charlie. – instrui, mas Noah já estava ali a ajudando. Com rapidez e maestria, puxaram toda a linha e logo um peixe de umas 500 gramas pulava sobre o piso do barco.

_ EU PESQUEI UM PEIXE! – comemorou Charlie, enquanto Rachel dava mais um chilique pelo bicho no chão.

_ Pescou meu anjo. – comemorou Quinn, mas Noah estava animadíssimo.

_ ESSA É MINHA GAROTA! – comemorou ele, apanhando a menina do chão e a rodopiando. Uma péssima ideia, pois acertou Rachel, que ainda pulava em seu chilique e foi como uma tora para dentro da água.

_ Oh merda. – exclamou ele, parando no meio do caminho com a menina nos braços, enquanto eu pulava para impedir que a patricinha se afogasse com o chilique.

Santana P.O.V

Odeio ressaca. Mas odeio mesmo. Do fundo do coração. Sério, eu bebi o que ontem para ficar assim? Gasolina de carro? Não, isso não foi porque eu já bebi e nem dá tanto barato.

_ Vai passar o dia ai traste? – perguntou Sam e eu ri, erguendo a cara do travesseiro.

_ Relaxa engomadinho, se eu morrer volto do além para dizer que não foi você o responsável. – brinquei e ele revirou os olhos.

_ Hilário Santana, definitivamente hilário. – resmungou ele – Mas me diz uma coisa... Ontem você falou sobre o pai da Charlie. Você sabe quem ele é?

Puta que pariu, eu e minha boca grande. Mas pera, ele não é advogado? Não devia tentar uma abordagem menos direta? Será que ele tá tão desesperado?

_ Sam, sei tanto quanto você sobre o sr. Esperma da Charlie. – menti rapidamente e ele fez careta – Qual é, não agüenta ouvir a palavra é?

_ Você é tão imatura Santana. – resmungou ele entrando no banheiro. Confronto 1: evitado. E que venham os outros.