Noah P.O.V

_ COMO ASSIM CONVENCÊ-LO QUE VOCÊ MERECE O DIVÓRCIO? – gritei, louco da vida – PUTA QUE PARIU, TEM QUE TER ALGUMA COISA QUE A GENTE POSSA FAZER CONTRA ESSE CARA.

 _ Noah, dar chilique não vai ajudar. – disse Sam e eu lhe fuzilei – Tá na cara sim que tem alguma coisa errada nessa história, mas a gente ficar tentando algo diferente só vai atrasar tudo, e Rachel só tem dez dias para convencer esse cara a assinar os papéis.

_ Odeio admitir, mas o engomadinho tá certo. – disse Santana, dando de ombros – A Rachel vai ter que deixar de ser patricinha pro alguns dias.

Minha noiva bufou, enquanto a amiga ria. A porta se abriu e entrou Quinn, parecendo cansada.

_ Muito difícil por a baixinha na cama? – perguntou Rachel e a loira assentiu.

_ Aquela criatura não dorme por nada, não é possível. – reclamou Quinn, se largando ao lado da amiga – Deixei ela vendo TV... Vamos ver se ela dorme.

_ Enquanto isso nós vamos ao bar do hotel. – comemorou Santana e as duas a fuzilaram – Ah, qual é. Tá todo mundo precisando de um porre.

_ Eu vou para meu quarto, revisar alguns casos pendentes. – disse Sam, se levantando e dando um aceno com a cabeça.

_ Não que você estivesse convidado, mas que bom que não vai. – provocou Santana e o loiro revirou os olhos – Noah, você vem ou será noite das garotas?

_ Divirtam-se. – eu disse a morena pulou da cadeira, puxando as duas amigas – Rachel, juízo ouviu?

_ Pode deixar. – riu minha noiva, saindo com as amigas.

Eu esperei alguns minutos para ter certeza que elas estavam longe, antes de sair e ir até o quarto de Quinn. Bati na porta e ouvi Charlie:

_ Quem é?

_ Tio Noah. – respondi e logo ela abria a porta.

_ Quer ver Era do Gelo comigo? – perguntou ela toda feliz, já me puxando para dentro do quarto.

_ Era do Gelo? – perguntei rindo e ela confirmou – Claro, já fazem muitos anos que eu não vejo.

_ Depois podemos ver Monstros S.A. – propôs ela, deitando-se – Deita comigo. – pediu com biquinho.

Tirei os tênis e me deitei ao lado dela, que logo se aconchegava a mim, prestando atenção no filme na TV. Mas eu não conseguia fazer o mesmo, porque a única coisa que meus olhos focalizavam era cada tracinho de seu rostinho infantil.

Ela parecia bastante com Quinn, era verdade. Mas aquele sorriso... Ah, eu conhecia bem. Era um sorriso Puckerman típico, igual ao meu e de meu pai. E a cor dos cabelos dela era uma mistura perfeita do meu castanho e do dourado da Quinn.

Eu me lembrava de cada detalhe daquela noite, cada toque, gemido e sussurro, mas o principal eram os olhos dela que eu agora via refletidos ali, nos olhos de minha filha. Filha essa que eu nem podia chamar assim.

Eu nem percebi quando o filme acabou, mas quando o fiz, vi que Charlie ressonava tranqüila em meus braços, com os dois braços unidos em frente ao corpo e as pernas trançadas, igual à mãe dormia quando eu tive que sair do quarto, rumo à empresa.

Sabia que devia sair, mas não pude deixar de continuar a observá-la e antes do que esperava, adormeci ao lado dela.

Quinn P.O.V

Rachel e Santana estavam podres de bêbadas, nem se agüentavam em pé. Pedi a Hans para deixar Rachel no quarto, já que Noah estaria lá e levei Santana até o dela. Quando abri a porta, Sam se sobressaltou.

_ Relaxa, sou eu. – disse, entrando com Santana rindo mole – Qual é a dela?

Ele apontou a mais próxima ao banheiro e eu deitei minha amiga nela, tirando seus sapatos e o vestido e colocando uma camiseta qualquer e um short, porque sua lingerie era minúscula.

_ Ela ta bem? – perguntou Sam e eu assenti enquanto a cobria.

_ Completamente bêbada, mas logo adormecerá. – garanti a ele, vendo Santana se aconchegar as cobertas – Qualquer problema me chame.

_ Quinn... – chamou ele quando eu estava à porta – E nós dois?

_ Como eu disse Sam, eu quero um tempo para pensar. E acho que você deveria tirar esse tempo para pensar também. – respondi – Boa noite.

Fechei a porta antes que ele respondesse e fui para meu quarto. Abri a porta e vi que a TV estava muda. Charlie deveria ter adormecido assistindo o filme. Mas qual foi minha surpresa ao ver Noah ali com ela.

_ Noah... – chamei baixinho, chacoalhando o braço dele. Ele abriu os olhos lentamente, tentando focalizar e logo se surpreendeu ao me ver.

_ Que horas são? – perguntou enquanto se sentava e punha o tênis.

_ Pouco mais de 2h. – respondi tranquilamente, arrumando Charlie na cama – O que faz aqui?

_ Vim ver se ela estava bem e acabei ficando vendo TV com ela. – respondeu calmamente – Por fim ambos pegamos no sono.

_ Oh sim... Bom, Rachel está muito bêbada e Hans a levou para o quarto de vocês. Sugiro que vá lá e fique de olho nela. – falei começando a me sentir acanhada de estar ‘sozinha’ com ele.

_ É, melhor mesmo. – respondeu ele se levantando e indo para a porta – Quinn?

_ Sim? – me virei em sua direção e vi que ele observava Charlie.

_ Eu esperei você ligar por dias até a Heather me contar que você havia ligado. Juro que revirei os registros atrás do seu número, mas não achei. Eu voltei aquele bar tantas e tantas vezes a sua procura, mas agora entendo que você não poderia estar lá. – disse ele com a voz trêmula.

_ Talvez não fosse para ser Noah. – retruquei com a voz embargada.

_ Em todo caso, obrigado pela Charlie. – disse ele com um sorriso – Nossa filha é linda, mesmo eu tendo que me contentar em ser apenas o tio Noah. – e saiu, fechando a porta.

Eu fiquei imóvel alguns instantes, ainda dominada pelas palavras de Noah, antes de deitar ao lado de minha filha e abraçá-la com força, me permitindo chorar.

Sam P.O.V

Acordei com um barulho de vômito e corri para o banheiro, encontrando Santana pendurada no vaso, colocando sabe-lá-Deus-o-que para fora. Me ajoelhei atrás dela puxando seu cabelo para trás e esperando ela vomitar.

_ Acabou? – perguntei e ele assentiu de leve. Levantei-a e a sentei na pia, pegando uma tolha e umedecendo para limpá-la.

_ Você sabe cuidar de bêbados engomadinho? – perguntou com a voz mole e eu ri.

_ Você acha que não tive minhas noites na faculdade, traste? – perguntei e ela riu alto.

_ Arranjou um apelido para mim, que fofo. – provocou ela – Agora somos BFF’s e podemos fazer sexo a noooite toda, só pra você me chamar de traste.

_ Agora você pode deitar e dormir quietinha. – retruquei, apoiando-a e levando até a cama – Dorme que o dia amanhã é cheio está bem?

_ Claro que é. – resmungou ela, se ajeitando nas cobertas – A Rachel tem que perseguir o atual-futuro-ex-marido, eu tenho que te infernizar e a Quinn tem que esconder o pai da Charlie.

_ Pai da Charlie? – perguntei surpreso – Como assim pai da Charlie? Santana, você sabe quem é o pai da Charlie? Santana? – mas ela já dormia.

Esconder o pai da Charlie? Mas Quinn não o conhece. A não ser que ela tenha mentido... eu vou tirar essa história a limpo, ou não me chamo Sam Evans.