Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 21
Capitulo 21 – Tortura


Notas iniciais do capítulo

Saga 3 Arena



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Capitulo 21 – Tortura



Os tributos pararam olhando para os céus. Era nítido que a noite caia. Não houve por sol, ou mesmo um escurecer gradativo, foi simplesmente um apagão, como se as luzes, do nada, tivessem sido apagadas.



Uma iluminação parca surgiu no céu, como um holofote e logo uma insignia surgiu junto ao hino da Capital. Quando isso acontecia, os tributos sabiam que a Capital estava atualizando a todos sobre as baixas que haviam ocorrido no dia.



A cada dia mostrava-se apenas aqueles que morriam. Isso fazia a todos entenderem que não era para os tributos aquele aviso, ou pelo menos não para os mais distraídos. O aviso era para as pessoas que estavam assistindo ao massacre.



Caesar gostava desse momento, pois era o momento que ele melhor podia falar sobre os tributos mortos. Uma homenagem a eles, mas também uma forma de ressaltar os feitos. Era evidente que não parecia que as pessoas mortas estavam sendo homenageadas a primeiro momento. Era necessário assistir a todo o programa para que ele começa-se a elogiá-los. E claro, neste meio tempo algo interessante acontecia na arena e o foco todo mudava.




– E com a exibição da insignia de nossa querida Capital, começamos a relação de mortos. - Caesar anunciava ao publico enquanto imagens dos rostos de cada tributo ainda vivo estava voltado ao céu, acompanhando as imagens que se seguiriam.




– Começamos a listagem pelo jovem do distrito 3 e a jovem do distrito 3. - Caesar sorriu. - Tido como os mais inteligentes, tiveram o desprazer de se confrontarem com Onix Tanque, o Tanque humano do distrito 1. - Caesar pausou esperando as próximas imagens. - Os jovens do seis também não tiveram tanta sorte. Após uma excelente emboscada, foram surpreendidos pela pequena guerreira Lirian que salvou seu companheiro, John Jack, que vingou-se do entorpecimento mutilando Maria em uma das cenas mais fortes que já vimos nesses jogos, afinal, ele não tinha material nenhum para fazer o que fez. -



O distrito 6 não pareceu irritar-se com o ocorrido. Era raro um deles protagonizar uma boa cena e haviam conseguido fazer muito. Senão tivessem ido com muita sede ao pote, poderiam ter se saído melhor.



– Jose o jovem do distrito 6, apesar de ter fugido do confronto com Lirian, ainda foi pego por Amabile e Alex. Sendo mais uma baixa nos jogos. - Caesar Sorriu. - O distrito 7 lutou bravamente na cornucópia, mas enquanto o jovem foi morto, tendo muitos dos seus ossos quebrados e olhos arrancados, a menina serviu de oferenda para o temível Croconal. - Caesar parou olhando o rosto de cada um dos jovens que ainda estavam na arena, eles assistiam calmamente, o que estava acontecendo nos céus. - O Distrito 8 não teve chances de sair do lago. A menina foi atacada pelo Croconal e o jovem foi morto pela flecha de Canivete. -




Croconal havia feito duas vitimas, o que fez muita gente perder dinheiro nas apostas. Quem havia apostado que a menina do sete e do oito morreriam nas mãos dos carreiristas, durante o banho de sangue, acabou tendo uma surpresa nada agradável ao saber que perderam dinheiro.




– E fechando a lista de mortes, temos a jovem do nove, que morreu na arena pelas mãos do Tanque humano do distrito 1. -




Onix acumulava para si 3 mortes e Croconal acumulava para si 2 mortes. Onix era dado como mais letal que o Bestante da Capital. E alguns especulavam que gostariam de ver o jovem enfrentando o bestante, sozinho, para ver se ele duraria muito tempo ou não. Não havia ninguém que acreditava que ele iria conseguir vencê-lo sozinho.

Com o score de uma morte cada havia John, Alex, Steven e Canivete. Afinal eram revelações e carreiristas.



Os apostadores já faziam suas pequenas fortunas. Apostar nos Carreiristas era sempre garantia de ao menos recuperar o dinheiro apostado. Naquele ano eram seis Carreiristas o que dificultava a escolha das apostas.



Apostar no banho de sangue não era simples, existiam muitas possibilidades. Quantos fugiriam sem nada? Quantos morreriam? Quem mataria mais? Quantos que ficassem sobreviveriam ao banho de sangue? Quem seria o destaque? Quem sobreviveria sem matar ninguém? Algum carreirista sairia ferido? Algum carreirista seria morto? E certamente, quem viveria e quem morreria? Juntamente com quem mataria quem?



Claro que para patrocinadores e mentores, algumas daquelas questões não podiam ser apostadas. Mas, esses dois grupos em especial sequer gozavam ou choravam dos resultados antes que o final dos jogos fosse anunciado. Eles tinham trabalho a fazer. Vidas estavam em suas mãos e eles tinham a missão de trazê-los de volta. Os mentores, pelo distrito. Os patrocinadores, para poderem maximizar seus lucros e ganhar vantagens posteriores.



A aposta que normalmente não era paga naquele momento acabou sendo a que fez muitos perderem dinheiro. Quem morre nas mãos dos bestantes? A pergunta sempre era se haveriam bestantes tão perigosos. Mas, logo de inicio o Bestante Croconal já havia feito duas vitimas, o que significava que muitos haviam perdido dinheiro no inicio devido aquilo.



Para os mais rápidos, fizeram apostas baseadas nele, mas o tempo da exibição do Croconal, para o inicio do Banho de Sangue fora tão curto que poucos foram os hábeis para conseguirem fazer uma aposta descente com a nova informação. Sendo que muitos começavam a se perguntar se aquilo não havia sido um boicote dos organizadores, ou talvez do próprio presidente. Talvez apostas não estivessem sendo vista com bons olhos. Mas, nenhuma especulação poderia desfazer as apostas já feitas. E o medo até a próxima edição já teria desaparecido.




Na arena, a aliança carreiristas estava pronto para começar a caçada noturna.



Após alguns bons vinte minutos, todos estavam munidos com os equipamentos noturnos criados por Canivete.




– Não são óculos de visão noturna, mas servem. - Disse Amber rindo. - Por um momento eu jurava que você realmente ia fazê-los. -




O grupo riu da situação. A menina havia preparado tochas, no entanto, aquilo era o menos atraente. As armas haviam sido banhadas com a seiva se algumas algas e lodos e haviam ficado fluorescentes. Tão banhadas que quando tocavam em algo, parecia marcar o alvo.



A principio parecia idiotice. Uma arma que brilhava no escuro era um prato cheio para os inimigos. Mas, uma vez que as tochas já estavam lá, eles já eram alvos. Precisavam era fazer os inimigos se tornarem mais visíveis. Se conseguissem tocar com as armas nos seus inimigos, eles ficariam iluminados, sem possibilidade de ocultar-se na escuridão.



O grupo estava pronto, apenas esperava Steven acabar de agradecer pela dadiva que havia recebido. Ele havia recebido um pouco de comida, água e fósforos. Na verdade era para o grupo, mas ele não quis sair do local antes de encontrar uma câmera e agradecer aos patrocinadores por aquilo.



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– Não acredito que recebemos tanta coisa em nossa dadiva. - Diz Lirian sorrindo ao comer um pedaço de pão enquanto via a carne do Cãoelho terminar de assar. -



John estava quieto organizando o material que possuíam. Eles haviam realmente sido abençoados ao encontrar o pseudo ninho do bando de Cãoelhos. Tendo água potável, um local bem escondido, onde conseguiam acender fogo necessitando apenas de uma parede de folhas para escondê-lo de qualquer possibilidade de ser visto por algum predador, fosse humano ou bicho, a única coisa com que ele se preocupou foi que o cheiro da carne poderia chamar a atenção. Mas, a fome falava muito mais alto.



Com o perímetro cercado de armadilhas, só mesmo se alguém estivesse observando-os desde a captura dos cãoelhos para fazer algo. E se a pessoa estivesse fazendo isso desde o começo, ela certamente estava sem coragem de fazer algo.



A dadiva que haviam recebido consistia de uma mochila com oito pedaços de pães recheados. Material para purificar água. Kit de linhas de vários tipos. Fósforos. E o que eles julgavam ser o mais importante, uma grande faca, com as costas cerrilhadas.



A faca era o instrumento mais importante para os dois jovens. E sabiam, aquela dadiva havia custado muito caro. Se as ações de fuga no lagoa, batalha e a tortura contra Maria do seis, ou mesmo a hábil captura de dez Cãoelhos não havia sido emoção suficiente para pagar por aquelas dádivas, eles sabiam que da próxima vez teriam de ser mais vorazes, assim como o nome dos jogos.



A faca era uma arma. Como toda arma era cara. Mas, também servia como instrumento para várias coisas.



John deu fim a um dos Cãoelhos. Enquanto Lirian cuidou de limpá-lo e prepará-lo no fogo, John usou da pele branca e fofa para criar um manto.




– Será que pé de coelho da sorte? - Questionou John jogando um colar de pé de coelho para Lirian que riu. - Acho que mal não vai fazer, não é verdade? -



– Espero que não. - Riu a menina. - Acho que está pronto. - Disse a menina mexendo na carne que assava.



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– Sai de mim bicho! - Oliver já não gritava, apenas corria em meio a escuridão, dando de cara com muitas arvores e arbustos. Caia na lama e em lagos, mas forçava seu corpo a continuar fugindo de seu perseguidor.



Um cãoelho. Um coelho gigante, um pouco maior que um cachorro, que possuía instinto de lobos e cachorros. Não era fácil livrar-se do bicho, mas felizmente a agilidade do mesmo não era tão grande, apesar de os dentes parecerem ser mais afiados do que o dos lobos normais.



Oliver havia dado de cara com um deles, tentava livrar-se dele a pouco mais de meia hora. Nem pode acompanhar o hino da capital e saber quem havia morrido naquele dia. Mas, ele já tinha colocado em sua cabeça, quem morreria seria ele se fosse se preocupar com quem já não tinha mais porque se preocupar. Isso é, se ele viesse a se preocupar com os mortos, iria se juntar a eles.



– Será que ele não cansa... - Oliver olhou para trás e não viu o bicho, mas continuava escutando.



Parando de correr ele olhou em volta. A escuridão havia tomado conta da arena. Ele podia ver coisas a pouco mais de cinco metros de distancia. Talvez bons olhos chegavam a 10 metros, mas mais do que isso era impossível. Mesmo nesse raio de visão, ainda era difícil distinguir corretamente as coisas. Apenas tinha certeza de que ainda era perseguido porque o pelo branco e os olhos vermelhos eram muito nítido na escuridão. Apenas tinha certeza que o bicho havia desaparecido no ar, por não ver os olhos vermelhos e o pelo branco, e por ter parado de correr e ainda não ter sido atacado.



Ele olhou para cima, de onde percebia que o som vinha mais alto.



– Que merda! - Gritou ele dando um passo para trás.



Vários Cãoelhos estavam pendurados acima dele. Os olhos vermelhos raivosos, eles se balançando, afim de se soltarem, mas parecia que alguns já haviam desistido.

Oliver deu mais um passo para trás e sentiu seus pés serem puxados para cima com violência e ele foi lançado contra uma arvore. Ele gemeu alto de dor e medo. A arvore possuía espinhos e os mesmos ficaram cravados nele.

Ele sentiu tontura no meio da escuridão, mas viu um foco de fogo iluminar algo próximo e alguém alto se aproximar.




– Então... - Oliver reconheceu a voz de imediato. - É você quem interrompe o jantar? -



– Jack do Distrito 10? - Oliver engoliu um seco pois além da voz ele pode ver a pequena Lirian próximo a ele. - Podemos fazer um acordo? -



– Mortos não fazem acordo! - Disse Lirian.



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Um urro de dor foi escuto. Alto. Agudo. Um gemido de desespero e sofrimento.



– Isso não é bom... - Balbuciou Dalia que estava toda arrepiada.



A tributo feminina do distrito 11 refugiou-se numa gigante arvore que encontrou. Era totalmente diferente das demais, mas tinha frutas, e isso fez acreditar que aquele era o melhor ponto. Ao amanhecer, ela subiria até o ponto mais alto que conseguisse para observar a arena de cima e ter ideia do que havia nela e sua extensão.



No entanto, o gemido que escutara ao longe, trazido pelos ventos, começou a atormentá-la. Os gritos não paravam. Ela sabia que estava bem distante de onde a pessoa sofria, mas as vezes tinha impressão de escutar a pessoa pedindo por misericórdia e que a pessoa estava ao seu lado.



– Espero que o Druw esteja bem. - A menina se encolheu em um galho de arvore onde estava para passar a noite. Havia ficado aliviada ao saber que o rapaz havia sobrevivido ao primeiro dia de arena, mas então os gritos começaram e a paz passageira, acabou indo embora.



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– Estou começando a achar que a pessoa esta nas mãos de algum animal. - Druw tremeu. Ele estava em uma arvore baixa, e havia ficado ali, escondido entre as folhagens. Viu alguns bichos que ele não conhecia andando pela noite e achou melhor parar. Mas, fazia trinta minutos que os gritos haviam começado e ele já não aguentava mais.



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Chorava. As lagrimas não paravam de cair. Talvez nunca ficara tão amedrontada quanto naquele momento.



– Calma! - Dizia Fenix que tentava se mexer pouco, pois estava com uma tala no abdômen. - Tente ignorar. -



– Como é que eu vou ignorar esses pedidos agonizantes de misericórdia? - Bradou Flora.



A menina não aguentava mais escutar o sofrimento de um dos tributos. Todos na arena conseguiam escutar, com perfeição, alguém a agonizar de dor. E não parava a nenhum momento, e apesar dos gritos agudos, aos poucos irem ficando roucos e até um pouco anasalados, a potencia dos gemidos continuava a mesma.

Se parava, era por pouco mais de dois minutos e voltava com tanta força, que parecia que a pessoa havia parado apenas para pegar folego.



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John com a face suja de sangue olhava para frente, de forma séria, ignorando os pedidos de misericórdia que Oliver proferia.



– Não precisa fazer isso... - Gritava Oliver. - .. Apenas me mate... - Os olhos estavam cheios de lagrimas. Seu rosto estava ferido, mas os hematomas e cortes não haviam sido provocados por John, foram provocados pela correria na mata.



– E assim quem é que vai escutar a sua dor? - John pegou uma pequena lasca de uma arvore e a afinou com a faca!



Oliver estava esticado no chão, amarrado por seus pés e mãos. Sua camisa estava rasgada. As pernas amarradas separadas, uma das outras. John hora cortava o menino com a faca, ou esticava mais as cordas, fazendo-o ter que ficar cada vez mais esticado. Colocava pequenos insetos na boca dele, ou deixava-os passear próximo as feridas. Mas, nada disso fazia ele gritar ou pedir por misericórdia, da forma que estava pedindo. Tudo era devido as pequenas lascas.



John pegou um novo dedo do pé de Oliver enfiou a lasca debaixo da unha, de forma vagarosa. O rapaz gritou de dor de forma alta. Implorando para morrer.



– Essa foi o décimo dedo do pé. - Comentou John. - Panem, devo começar aos dedos das mãos? - Ele perguntou olhando para os céus.



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Fred aplaudia a situação. Ele havia ido até os apartamentos reservados aos distritos. Junto com Ellen ele assistia pela televisão o que ocorria na arena e monitorava a quantidade de pessoas querendo doar dinheiro e sugerindo o que deveria ser mandado para a arena, para que servisse de instrumento de tortura.



– É minha primeira vez nos jogos. - Ellen estava impressionada com a quantidade de gente disposta a patrocinar coisas para John e Lirian. - Não imaginei que fossem tantos. -



– Não é algo normal realmente. No geral os favoritos recebem bastante patrocínios, mas vamos dizer que o volume que está chegando é três vezes mais que o normal. - Fred ponderou. - Enviar aquela faca teria zerado nossos recursos em qualquer outra edição. Isso é, se ele conseguíssemos enviar. Mas, temos dinheiro até para mandar uma roupa blindada para os dois. -




Ellen arregalou os olhos. Não sabia dos valores exatos das dadivas, mas aquilo parecia legal. Enviar armaduras para seus tributos.



Fred se aproximou do ouvido de Ellen, aumentou o volume da televisão. Ele não queria ser ouvido naquele momento.



– Esse mar de patrocínios são frutos do plano de meu filho e de sua contribuição. - Comentou ele a meia voz como quem fazia uma caricia na orelha da mulher. - Meu filho está certo, a Capital tem sede de maltratar as pessoas. Tem sede de crueldade. -




O plano do filho de Fred era mexer com os ânimos da capital e dar a eles o que eles mais gostassem. Não era segredo para nenhum mentor, mas todos da Capital viam os Jogos Vorazes pela televisão, como um programa de televisão.



Beleza. Bons modos. Habilidades impecáveis com as armas. Cenas de emoção. Histórias de vidas dramáticas. Tudo o que faziam era para chamar a atenção dos habitantes de Panem. Como um verdadeiro programa de TV onde tudo era televisionado, nada era perdido. Tudo era feito para gerar mais ibope para as pessoas da Capital.



Das várias coisas que a Capital gostava, estava a violência. Quanto mais violento eram os jogos, mais o publico da capital se empolgava. Por consequência, os distritos se tornavam mais unidos devido a violência com que seus tributos eram mortos e no ano seguinte eles vinham mais fortes, mais preparados.



Mas, o que aconteceria se um tributo resolvesse usar de uma violência extrema com cada um de suas vitimas? O que aconteceria se cada tributo antes de morrer fosse obrigado a implorar por sua vida enquanto era torturado? O que aconteceria se houvesse a promessa de cada vez mais dor e violência em cada uma das mortes? Como os habitantes da capital iam se portar?



Era um plano excelente! Despertar o interesse dos habitantes da capital para o distrito que estava acostumado a sangue todo o tempo. Criar todo uma mistica da intimidade com o sangue para com os tributos do distrito e deixar claro que dentro da arena eles iriam fazer algo que a Capital estava louca para ver. Deixá-los curiosos quanto ao que seria apresentado na arena.



Em complemento com o plano vem o próprio carisma dos tributos. Suas histórias pessoais. Suas habilidades e capacidades de ousar. Sua forma de mexer com o público. Mas, o que fechou o plano foi a contribuição de Ellen, fazer com que John e Lirian não passem de agentes do povo da Capital. Deixando a capital na ilusão de que eles é quem mandavam em John. Deixando a ilusão de que John realmente escutava-os respondendo se ele deveria ou não começar, deveria ou não torturar, deveria ou não matar.



E quanto mais eles tinham essa ilusão de que Jack os escutava, ou de que Jack queria escutá-los, mais dinheiro era doado para o patrocínio de dadivas. Mais dinheiro era doado para que John e Lirian sobrevivessem a arena. Mais dinheiro era doado para que um deles pudessem sair da arena.



A tortura. A violência gratuita. O sofrimento humano sendo mostrado ao mundo. Tudo isso sendo pago diretamente pelos habitantes da Capital.



– Mas... eu ainda não entendi, porque fazê-lo gritar deste jeito no meio da noite. - Diz Ellen. - Está deixando a todos os tributos da arena assustados. -

Fred simplesmente encarou Ellen durante alguns instantes até que a mulher entendesse que a intenção era essa. Atormentar os demais tributos com os gritos.



Aquele era o ponto final do plano. Quem via o corpo fica chocado. Quem escutava os gritos ficava chocado. Quem assistia ficava chocado. Era uma rede de pesadelo da qual ninguém escapava. O medo era instaurado no coração e mente de cada um que tinha contato com a tortura.

Se por acaso o tributo torturado conseguisse sobreviver, em uma fuga inesperada, as chances dele não tremer diante a presença de Jack e Lirian seria pequenas. Mas, John não parecia disposto a deixá-los escapar vivos.



– Acha que John aguenta até o final? - Perguntou Ellen.



– Essa é a pergunta que queria ter feito a ele no inicio, mas... Se ele não aguentar a família dele e de Lirian morrerão de fome e das doenças... - Fred parou durante alguns instantes. - Ele vai aguentar! -



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Amabile estava parada escutando os gritos. Eles tinham uma pequena tocha e observavam, ao longe o grupo de carreiristas caminhando.



– Amabile vamos nos preparar. - Diz Alex. - Essa é a melhor hora, já que estão todos atordoados com esses gritos. -



Amabile assentiu com a cabeça engolindo um seco. Ela não queria seguir em frente naquele momento. Ela estava quase querendo correr até aonde estava o tributo agonizante e ajudá-lo de alguma forma. Mas, ela no fundo sabia que aquilo não poderia ser parado. Que se fosse até lá, ela seria a próxima.



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De um paraquedas caia uma dadiva. John deixou Oliver por alguns instantes e foi até a dadiva. Era um liquido transparente que havia chegado. Ele cheirou e pensou por alguns instantes. Ele suspirou. Tinha a impressão de que não tinha certeza se fora Fred realmente que mandara aquilo para eles, mas sabia que as dadivas que chegariam para si teriam de passar pelo seu mentor. O problema era decidir o que fazer com aquilo.



Olhou Lirian dormindo próximo a fogueira, enrolada no manto de pele de cãoelho. Ela não dormia por conta própria, ela mesma se injetara um pouco da droga, sabendo que os gritos iriam perturbá-la.



Olhando Lirian dormir ele viu as chamas e compreendeu o que eles queriam.




– Estão prontos para as chamas Panem? - Gritou ele para a arena levando consigo uma pequena vareta com fogo e o seu pote de álcool.



John não poderia escutar, mas toda a Capital escutou o grito euforia. Muitos haviam pedido para que o menino fosse queimado, que ele fosse marcado a fogo. Por isso Fed havia enviado o álcool. Não tinha como falar nada a John, mas sabia que o jovem esperava que se ele tivesse que fazer outro tipo de tortura, o outro tipo de tortura chegaria para ele via dadiva.



Fred havia sido esperto. Álcool era barato e útil para várias coisas. John não gastaria tudo queimando Oliver, então o item ainda poderia ser usado mais tarde para auxiliá-lo dentro da arena e não apenas para satisfazer Panem.




– Me mata... Me mata.... - Balbuciava Oliver.




Oliver lembrava da sua marca de 12 horas. Estava vivo e faltavam poucos minutos. Mas, agora já não tinha mais controle sobre si mesmo, virtualmente já havia morrido. Acreditava que morreria nas primeiras 12 horas e estava certo quanto aquilo. Tendo morrido virtualmente, bastava apenas esperar que seu algoz terminasse o que estava fazendo. Ele suplicava, verbalmente e mentalmente, para que seu fim chegasse logo e realmente não se estendesse além das 12 horas.



O jovem do distrito 9 observava o seu algoz pegando tiras de sua camisa e molhando com algum liquido estranho. Ele amarrou as pequenas tiras nas pernas e mãos. Em um dado momento ele pode ver a pequena tocha na mão dele.



– Por favor não! - Berrou Oliver. - Eu faço o que você quiser. Prometo que mato qualquer um na arenaaaaaaaaaaaaaaa – E berrou ao sentir as chamas iniciarem em suas pernas.


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Notas finais do capítulo

E para quem ainda não havia entedido o plano secreto do Distrito 10, ele foi descrito de uma forma bem detalhada. rsrs
Espero que tenham gostado.



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