Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 16
Capitulo 16 – A despedida de Jack e Amabile


Notas iniciais do capítulo

Saga 2 - Vidas



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Capitulo 16 – A despedida de Jack e Amabile



– Um crocodilo gigante? - John Jack tentou acalmar-se. Nunca havia estado em um pântano, mas sabia que ao norte de seu distrito aquele tipo de animal era comum, próximo a uma extensão de lagos.



Ele ficou encarando aquele bicho, imaginando como ele se moveria e atacaria. Já tinha identificado Lirian na plataforma que estava a sua frente.



Uma ilha no meio do lago. Aquele era o local onde estava a cornucópia com alguns suprimentos. Mas, parecia que a maioria das coisas estavam presas ao gigante Croconal. Ao redor da ilha estavam os 24 tributos, parados em suas plataformas.

Era fácil identificar o seu companheiro de distrito, já que ele estava exatamente na plataforma que estaria a sua frente dentro do circulo. A ordem começava com a dama do distrito 1, seguindo para o cavaleiro do distrito dois. E assim ia intercalando distrito e damas com cavalheiros.



Jack viu Lirian desesperada. Ela estava muito longe para que ele pudesse alcançar. Ele precisava pensar em como tirá-la de lá. Mas, percebia que os tributos próximos a ela estavam muito agitados, e tinham razão. Croconal olhava diretamente para eles. O rapaz do distrito nove estava pronto para saltar da plataforma, enquanto o do distrito 11 gesticulava como um louco.



Ele olhou em volta e pode ver Amabile chorando e fechando os punhos. Os olhos dos dois se cruzaram naquele momento. E ouviram a contagem em cinco.




Lembranças:



O silêncio da noite parecia ser a única coisa que servia para reconfortar os tributos que temiam o dia seguinte. O terraço do prédio era o melhor esconderijo para quem queria chorar sem ser visto.

Além do silêncio e da brisa fresca que tinha no topo, ainda podia ver as pessoas da capital festejando o inicio dos jogos, como se tudo fosse uma festa.

John chorava, em silêncio, enquanto ignorava o mundo em sua volta. Não havia motivos para conter o choro que não poderia ser mostrado na arena. Quando ele entrasse na arena, ele deveria ser forte, impiedoso e um salvador.

Havia um momento para chorar. O momento para chorar era aquele, pois outro só viria se vencesse os jogos. Deveria chorar pelo medo. Pelo asco do que iria fazer na arena. Pelas vidas que iria tirar. Pelos ferimentos que receberia, mas teria de aguentar. Pela dor e sofrimento que teria de presenciar.

Mas, seu reduto fora interrompido pela porta do terraço que se abria com força causando barulho e uma pessoa que passava gritando amargurada. John assustou-se saltando alarmado, não sabendo se corria ou se desculpava-se por estar no terraço. Afinal, não parecia ser um local que os tributos poderiam ir.



A pessoa que entrara também se assustara com os movimentos alarmados de John e ambos pararam vendo apenas a silhueta um do outro.



A porta do terraço se fechou sozinha e um vento passou pelos dois. Ambos parados na penumbra do lugar, sem saber quem era quem. John resolveu dar alguns passos a frente. Sabia que se fosse um pacificador ou qualquer outro que pudesse lhe causar punições já teria feito. Provavelmente também não chegaria ali chorando.



– John... - A voz tremeu. Por um instante John esqueceu-se que estivera chorando até aquele momento. - John Jack, do distrito 10. - Respirou fundo algumas vezes antes de dizer e pode ir até a pessoa andando com alguma dificuldade. Ele terminou estendendo a mão para a pessoa.



John de repente fora surpreendido por um abraço desesperado. A pessoa jogava-se em cima dele chorando. Não reconhecia a voz do choro, mas agora podia ver quem estava ali. Os cabelos loiros sedosos a estatura mediana e o corpo voluptuoso agarrando-se ao seu, só haveria um tributo com aquelas características.



John a abraçou acariciando suas costas e cabelos, afim de que ela se tranquiliza-se e contivesse o choro convulsivo. No mesmo passo que a jovem aninhava-se ao abraço que lhe era receptivo.



– Pode chorar. - Disse John. - Não há melhor remédio para a dor. -



John foi abaixando o corpo da jovem e abaixando-se junto até que conseguiu sentá-la, junto consigo, ao chão. O choro continuava e Jack aos poucos voltou a chorar, de forma silenciosa. Uma dupla de tributos fazendo a única coisa que poderiam fazer em uma situação como aquelas, chorarem.

Uma situação completamente inusitada. Dois tributos de distritos diferentes a se consolar em meio a escuridão do terraço a menos de 24 horas para a entrada a arena. Se conseguissem pensar que naquela mesma hora, do dia seguinte, eles possivelmente estariam abraçados novamente, mas tentando um tirar a vida do outro, seria ainda mais complexa a situação.

No entanto, ainda não era a arena. Ainda não tinham que matar um ao outro. Ainda podiam demonstrar fraquezas sem que fossem julgados como fracos e incapazes. Ainda podiam pedir socorro para que seus corações pudessem ter algum tempo de paz.



– Eu não vou conseguir fazer o que preciso. - Amabile conseguia, finalmente, romper o silêncio e a pressão que havia lhe tomado.



Depois de um tempo chorando com seu pai ela se levantou correndo e saiu do apartamento ganhando o corredor a procura dos elevadores. Mas, eles pareciam lentos para o desespero dela. Ela queria ar puro. Queria distancia de tudo aquilo. Queria gritar. Queria morrer.

Percebendo que o elevador demoraria foi as escadas e por impulso começou a subir. Andar após andar até não haver mais para onde subir, restando apenas porta que daria no terraço. E o terraço era convidativo. Pretendia jogar-se dele assim que chegasse ao parapeito, mesmo sabendo que um campo de força a traria de volta e assim sua vã tentativa de libertar-se daquele pesadelo seria frustrada.

Morrer parecia uma fuga rápida de tudo aquilo. Não seria ferida ou morreria sofrendo na arena. Livraria seu pai daquele peso. Daria a Alex uma oportunidade genuína de lutar. Daria a seu coração a oportunidade de não fazer o que ele não queria, se entregar a frívolos prazeres, apenas para salvar sua pele.



No entanto, parar diante a outro no meio da escuridão a assustou retirando seu impeto. Quem mais teria a ideia de se matar numa hora como aquelas? Ou será que a pessoa estava ali, esperando para impedir que ela, ou qualquer outro tributo, tentasse fugir do que era dito como sua responsabilidade de honra.



A voz de John entrou em sua cabeça e tudo o que ela sabia dele veio à tona. O Salvador. Aquele que estava disposto a morrer para manter sua família e amigos, vivos. A pessoa a quem Selena se referia como a mais perigosa da arena. A pessoa que perguntava a Panem se poderia começar suas ações. Aquele que parecia ter abraçado a situação, mas estava disposto a lutar contra seu destino.



Quando viu a mão lhe ser estendida no meio da escuridão Amabile debulhou-se ainda mais em lagrimas e não resistiu a abraçá-lo, afim de tentar deixar que o menino, mesmo sem saber o que estava acontecendo, continuasse a ser um salvador, e a salvasse daquele pesadelo.



– Eu... Vim aqui... Eu vim aqui para... E você estava aqui para eu não... - Amabile tentava formar as frases, mas ainda estava em choque. Ela acreditava que John estava ali para salvá-la, ou ao menos impedir que se matasse.



– Está... Tudo bem. - Balbuciou John tentando não transparecer o choro. Mas, Amabile sabia que ele também chorava, pois as lagrimas do jovem se misturava com as dela. - Apenas... Faça o seu melhor na hora que precisar. -



Amabile o apertou ainda mais em seu abraço. Fazer o melhor dela. Como ela poderia fazer o melhor dela se ela desconhecia todo o mundo para o qual ela tinha que entrar? Como não parecer patética ao tentar seduzir alguém? Como dar o seu melhor beijo quando sequer teve a oportunidade de saber como é um beijo? Como fingir um beijo sincero, se nunca tivera a oportunidade do mesmo? Como fazer todo o resto?



– Você deve amar muito as pessoas que deixou no distrito para arriscar sua vida por eles. - Diz Amabile com a cabeça apoiada no peito de John. Ela finalmente conseguia conter parte de seu choro. Fazer o melhor dela parecia ser algo estranho, mas a confortava.



– Minha irmã e minha mãe. - Disse ele. - A família de Lirian certamente. - John parou contendo o choro. - Não há mais nada no distrito para amar... Não há mais nada no distrito que eu vá sentir falta. -



Amabile escutou aquilo e pensou a mesma coisa. Tinha sua família e nada mais a sentir falta. Ela não havia feito muita coisa em sua vida, pessoas dos distritos não tinham vidas livres. Ela ainda não havia feito muita coisa e imaginava que jamais poderia.



– Eu não tenho muito para sentir falta. Tem tanta coisa que eu sempre quis fazer e nunca fiz. - John suspirou conformado.



Amabile inclinou a cabeça para traz por alguns instantes. Ela havia acabado de pensar a mesma coisa. Tanto que queria fazer e nunca fez. Aquela coincidência de pensamentos era muito grande.



– Por medo? - Medo justificava tudo para as pessoas em Panem. Amabile não fazia quase tudo por medo.



John abaixou o olhar, encarando a menina que de repente olhava-o. Ambos com os olhos completamente vermelhos do choro. Ele confirmou com a cabeça que sim.



– Eu... - A menina tremeu em seu lugar. Olhando para John sem conseguir dizer o que queria. Seus olhos voltaram a verter lagrimas continuamente.



– Mas, medo é normal. - John abaixou o olhar. Ele havia conseguido parar de chorar, mas duvida que seria por muito tempo se continuasse a ver a menina chorando daquela forma enquanto o encarava. - Seja corajosa amanha na arena que vai conseguir fazer o seu... - John parou de falar assustado.



Na verdade, sua fala fora interrompida por Amabile.



Faça o seu melhor. Medo é normal. Seja corajosa amanha na arena. Como podia alguém que deveria estar pronto para matá-la dizer coisas encorajadoras como aquelas? Como alguém que parecia estar pronto para torturar pessoas na arena, podia estar incentivando-a, tentando deixá-la tranquila e acabar com a dor pelo qual seu coração estava passando? Como alguém que desconhecia o motivo da dor, podia fazer a dor abrandar?



Amabile não sabia como. Mas, a dor que seu coração sentia estava indo embora. O medo estava indo embora. Ela não estava pronta para fazer o que pediam para que ela fizesse na arena. Mas, estava pronta para enfrentar o medo de fazer as coisas que ela queria.



O corpo se inclinou e Amabile colou seus rosados lábios nos de John. A fala de John foi interrompida por um pequeno beijo no meio da escuridão.

O jovem surpreso ficou e sem reação. O que viria a ser aquilo tudo? Um truque? Um desespero? Um sentimento ainda não amadurecido? Então as perguntas foram todas respondidas ao sentir a respiração de Amabile tremer no mesmo instante. John sabia, ou acreditava saber, o que aquela instabilidade da respiração ofegante e arrepios do corpo, que sentia vindos de Amabile, significavam.

Com o braço do abraço sua mão foi lentamente a cabeça de Amabile, fazendo o pequeno toque transformar-se em um desajeitado, mas terno e molhado beijo.



E se havia algo errado em dois tributos de distritos distintos abraçando-se em meio a choros e soluços na escuridão da noite, em um telhado que não deveriam estar, um beijo certamente estava fora do compreensível ou mesmo imaginável.

Quando os lábios afastaram-se, Amabile permaneceu de olhos fechados, em uma expressão de sorriso e levantou-se afastando-se, andando de costas.



– Eu... Espero não te encontrar de novo. - Amabile ainda sorrindo se virou e foi em direção a porta do terraço. Onde ela parou antes de fechá-la após ter atravessado o marco. - O... Obri... - Ainda com as faces rubras ela olhou para John. - Obrigada por me dar algo do que sentir falta. - Amabile fechou a porta depois daquilo.



Fim das Lembranças.



John e Ambile se olharam e escutaram a contagem ir de cinco a três.



De repente um estalo aconteceu na cabeça de John. Olhou para o tributo do 11 que tanto gesticulava. Aquele era Druw e ele gesticulava para a tributo feminino que estava ao lado de John.

John olhou para Dalia e a menina olhou para ele. Os dois olharam para cima e puderam ver o que tanto Druw tentava fazer com que a menina percebesse


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Notas finais do capítulo

E será que esse encontro dos dois vai afetar arena de alguma forma?
E no próximo episódio a contagem regressiva termina, a sirene sooa e vamos fazer jorrar muito sangue na arena!



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