Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 11
Capitulo 11 – Agarrando-se a Vida


Notas iniciais do capítulo

Saga 2 Vidas



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Capitulo 11 – Agarrando-se a Vida: Carlos, Jack, Alex, Druw e Dalia

Tremedeira. Um medo que gelava sua espinha e uma corrente elétrica que parecia ter saído do nada, percorria seu corpo. Os olhos estavam arregalados e a boca aberta. Aquela boca que tentava dizer algo, mas havia ficado em choque.

– Alex? - Selena chamava-o para libertá-lo daquele transe que ele havia entrado. - Desculpe, você nunca tinha tido contato com nada disso, não é verdade? -

Alex ainda estava com a boca aberta, ele queria responder. Queria se pronunciar, mas não conseguia. Queria gritar com Selena, grita e gritar com sua mentora. Queria correr até Amabile e gritar para ela o que estava acontecendo, contar o que acabava de descobrir, mas não conseguia.

Selena finalmente havia contado o plano para Alex, enquanto a família Silver tinha sua conversa sobre o mesmo assunto. Ela contou tudo em detalhes de cada ação que cada um teria de tomar, e os cuidados. O papel exato de Amabile e o seu exato papel.

Alex simplesmente entrou em choque. Ele temia o que era o plano, mas nunca passou pela cabeça que as coisas iriam tão longe. Ele estava para trocar tudo por uma chance de viver.

– Eu... - Alex conseguiu pela primeira vez reagir a tudo aquilo. - Eu quero viver, mas não tendo que conviver com isso minha vida toda. - Gritou Alex. - Eu nunca vou fazer isso... Nunca vou fazer o que estão querendo... -

Alex levantou-se irritado, mas de repente Selena com um único braço o segurou virando-o no ar e jogando-o no chão com força. O menino ficou assustado, nem conseguiu acompanhar os movimentos que o levaram ao chão. De repente se levanta e de repente caia.

– Vou dizer só uma vez... - Selena pressionou o pescoço de Alex com ele ainda no chão. - O tanque do 1 pode fazer isso com um adulto, você para ele é um graveto. Atalanta é sanguinária. Canivete vai te matar com o vento. Carlos é altamente perigoso assim como Jack e Lirian. Sem contar os outros dois carreiristas que não mencionei. Fora os demais que devem possuir alguma habilidade especial. -

Selena levantou-o pelo pescoço, usando as duas mãos, o jogando em direção a cama.

– Se você acha que pode contra eles, apenas com o que tem, sem usar de nosso plano... Você pode me derrubar. - Selena de repente se colocava numa posição de luta, com as pernas flexionadas para manter a base do corpo e as mãos ligeiramente colocadas para frente. - Se você puder me derrubar poderá fazer o que quiser na arena. -

Alex levantou-se em um salto irritado e tentou socar a mentora. Ele viu a mulher mover-se para os lados. Sua roupa vermelha fez seus seios balançarem próximo ao seu corpo, mas também sentiu os cabelos longos roçarem em seu rosto.

– Isso não vai funcionar comigo! - Grita ele saltando para outra investida, mas levou um chute na boca do estomago e logo caiu de joelho.

– Já funcionou... - Disse Selena sorrindo e abaixando-se junto ao jovem que estava encolhido no chão. - Por que acha que não funcionaria com você? - Questionou Selena. - De todos os tributos de nosso distrito, você é o mais inteligente, certamente. Mas, não consegui achar uma forma melhor de usar essa sua habilidade com a habilidade da Amabile. -

– Eu não vou fazer o que você quer... Eu não vou trair Amabile desse jeito... - Dizia Alex tentando se levantar, mas estacou ao levantar o olhar e ver a mentora tão perto de si.

– O destino vai decidir quem vencerá, como falei. Quando sobrarem só vocês dois na arena, se chegarmos a esse ponto, vocês poderão fazer o que quiser. Apenas te lembro que nesse momento o mundo vai pedir Amabile e não a ti. - Selena tocou-lhe os cabelos, fazendo-o estremecer. - Mas, até que chegue lá, os dois precisam se agarrar a vida. -

Alex já não conseguia dizer nada.

– Não haverá traição entre os dois. Você é quem vai proteger Amabile. Se você não aceitar é que estará traindo-a. - Respirando lentamente Selena tocou o queixo de Alex. - Vai abandoná-la? - Selena puxou o rosto do jovem para encará-la.

– E você acha que Amabile vai aceitar ser... vai... - Alex baixou a cabeça. Ele não conseguia raciocinar direito, então mal podia falar. - Acredita mesmo nisso? -

– Isso é entre ela e o pai dela. - Disse Selena sorrindo. - Mas, não me respondeu a pergunta que fiz antes. Por que acha que não funcionaria com você? -

Alex levantou-se corado e foi se afastando de Selena sem responder.

– Você... - Selena sorriu gargalhando de felicidade. - Isso é melhor do que eu esperava... Agora todos os dois vão ter chances de voltar de lá. - Dirigindo-se para fora do quarto de Alex, Selena apenas disse. - Apenas desabroche quando estiver na arena, que vai conseguir voltar de lá vivo. Afinal, é o que você quer, não é verdade? -

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A floresta era enorme. Os pulmões já ardiam. Todos os músculos do corpo ardiam e pediam para descansarem. Mas, era impossível, parar significava ser deixado para trás e assim serviria de alvo para o bestante que os perseguia.

– No meu segundo dia eu corri por mais de quatro horas, com uma espécie de bestante atrás de nossa equipe. - John estava na mesa de jantar. Lirian já havia ido dormir, o mentor havia ido a uma pseudo reunião de mentores. Ele havia ficado sozinho com Ellen.

– Quem diria que a Capital é que iria te treinar para os jogos. - Sorriu Ellen. - Você ou Lirian sairão de lá vitoriosos. Não se preocupe! -

– É o que mais quero Ellen. - John tremia em seu lugar. - Eu não me importo em entrar lá e tratar cada tributo como um animal e mandá-los de volta para suas casas em pedaços. Só quero poder garantir a vida da minha família. -

– Você está agarrado a essa ideia da vida de sua família, não é verdade? - A mulher bebeu algo que estava em seu copo. - Pois mantenha-se assim e quando precisar de comida ou remédios, diga isso em voz alta repetidas vezes. Mexa com o público, mostre o homem por trás do sanguinário Jack. -

Uma pausa foi feita. Ellen parou para não dizer mais sobre o “Sanguinário Jack”. Sim. Ele era chamado de salvador. Era chamado de o menino do sangue. Mas, tudo havia evoluído para Sanguinário Jack. O jovem que fizera um pacto com o sangue pela vida de sua família, e logo ele pediria permissão a Panem para honrar esse pacto.

– O plano é bom. - Disse Jack. - Fico feliz que seja a senhora que tenha sido escolhida nossa acompanhante. Você está fazendo um grande... Como se diz... Trabalho de Marketing? - John parou balançando a cabeça. - Bem... Você está realmente nos tornando um produto atrativo lá fora. -

Ellen sorriu.

– Sabe, eu não tenho filhos. Nem me casei. As pessoas aqui na Capital são totalmente diferentes do que eu procuro. - Diz Ellen. - Você e Lirian são como filhos para mim. São meus primeiros tributos. - A mulher abaixou a cabeça.

– Estamos então brincando de casinha? - Questionou Fred surpreendendo os dois.

A mulher ruborizou-se sem conseguir responder. John olhou Fred estranhando ele já ter voltado.

– Não estou zangado com o comentário. - Diz Fred. - Apenas preocupado que se nenhum dos dois voltar você possa conhecer a dor que vivo todos esses anos. -

Tudo ficou em silêncio. Ellen sem conseguir saber se era para ter ou não esperanças. Fred lembrando-se da única família que possuía em casa, seu filho, já que sua mulher havia morrido.

– Um de nós irá voltar. - Diz John levantando-se. - Ellen terá um de seus filhos de volta, e você um vitorioso para premiar o plano de seu filho. - O rapaz de pé parecia confiante. - Pois naquela arena, quando Panem disser que eu posso começar... Vou tirar a vida de quem estiver na minha frente, para garantir a vida minha ou de Lirian, e de nossas famílias... Que agora inclui vocês. -

Ellen levantou-se chorando e abraçou John como se fossem mãe e filho.

– Então pegue eles... Jack, o sanguinário, Estripador! - Disse Fred.

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O mar estava bem revolto. Os céus escuros indicavam uma eminente tempestade. Não era bom, para ninguém, estar em alto mar em meio a tempestade. No entanto, voltar para costa, de mãos vazias era pior ainda.

A cada saída de um barco pesqueiro seus tripulantes precisavam dar 70% de sua pesca a Capital, sem contar que ainda havia diversas taxas a se pagar. Voltar sem nada significava problemas.

Dos vários barcos que haviam saído aquele dia, apenas um ainda não havia voltado. Não haviam conseguido pegar nada e já sabiam, voltariam sem nenhum pescado. No entanto, também não tinham nenhuma reserva para poder pagar a taxa do dia.

Eram quatro pessoas no barco, sendo 3 pescadores adultos e um jovem garoto com seus 12 anos de idade comemorando seu aniversário e sua primeira passagem pela colheita. Um passeio em alto mar realmente era um presente para qualquer pessoa, por alguns instantes sentir a liberdade e sentir a vida. Não havia como a capital vigiá-los em alto mar. Em alto mar, era a zona livre.

A tempestade se aproximava e o capitão tentava a todo custo, preparar-se para voltar. Os outros dois homens, corriam de um lado para o outro. Prendendo tudo o que poderia cair no mar e lhes dar mais prejuízos naquele dia. O pai do pequeno garoto acompanhava-o com os olhos em meio a cada tarefa que o pequeno tentava ajudar.

Levar o filho para alto mar, em seu aniversário era para ser um presente dos sonhos, mas parecia que o presente transformaria se em um grande pesadelo.

A chuva caiu. Os trovões se fizeram presente. O barco rangeu junto a ondulação do mar que aumentava. A água que vinha de cima castigava a visão e os corpos. A água que vinha de baixo castigava o navio e tentava invadi-lo. As pessoas escorregavam.

Uma onda gigante e tudo de repente ficou escuro. A pancada havia sido forte. O barco continuava firme, mas já não possuía quatro tripulantes. O menor deles havia sido arremessado para fora e o destino quis que ele estivesse, naquele momento, acabando de guardar uma das redes.

Seus gritos eram abafados pela chuva, pela água e pelos trovões. Nada poderia fazê-lo ser escutado. Felizmente, o pai estava todo momento a conferir-lhe e percebeu que ele não mais estava ali. Debruçando-se sobre a borda do barco pode ver seu garoto a se debater, ficando ainda mas enroscado a rede.

O pai fez menção em saltar, mas uma grande onda o jogou para o outro lado do barco. Quando conseguiu se restabelecer, já não via mais o filho onde ele deveria estar. Os outros dois tentavam manter o barco firme e pegar uma forte corda. Eles estavam prontos para mergulhar atrás do menino que na certa afundava.

– Então... Foi assim que você começou a ser chamado, ocultamente na sua vila, de o mágico. - Odair estava sentado no chão do quarto de Carlos, escutando o relato da vida do garoto.

– Eles pularam atrás de mim, mas eu já estava no fundo a pouco mais de três minutos. Nunca imaginei que eu iria ter tanto folego. Eu nadei para baixo afim de me livrar da rede e senti a correnteza deixei ela me levar para o outro lado do barco. - Carlos sorriu. - Quando meu ar acabou, e senti a água querer invadir, foi quando me veio a cabeça o que fazer em relação a rede, à água. Como se uma voz gritasse para mim... Viva! -

– E desde então você tem vivido ao máximo sua vida, como tem feito desde a colheita. Fazendo amigos e divertindo-se. - Odair sorria compreendendo. - A ideia de O Mágico que lhe dão em sua aldeia, mas que esconderam com medo de retaliações, é porque você parece fazer uma magia única de transformar situações difíceis em agradáveis. -

– Isso e o fato de eu realmente ter começado a brincar de fugas impossíveis. - Carlos sorriu. - No começo eu estava querendo entender o que havia acontecido, mas logo comecei a me divertir em tentar descobrir formas de desafiar a morte. Lembro de algumas lendas sobre pessoas que faziam mágicas de sair dessas situações. E quando estou em perigo, a resposta vem a mente. Então replico-as até ser simples de fazer. -

Carlos levantou-se esticando os braços.

– Não sei quais chances tenho na arena, mas se a morte me quiser, terá de vir pessoalmente me buscar. Eu amo a minha vida e tenho muito gosto por ela... Minhas brincadeiras de criança agora se tornaram minha mais forte arma. Eu vou fazer minha mágica e escapar da morte quantas vezes forem necessárias na arena... Continuarei vivendo! -

– Cuidarei para que alguém ouça seu grito pela vida e dos céus desça algo útil. -

– Meu prato favorito no 4 é peixe assado com molho de algas azuis... - Sorrindo ele parou. - Mas, aqui na capital, não posso negar que o trocaria com o maior prazer pelo rodizio de pães de cada distrito. Aquilo é uma perdição no café da manhã... - De pé ficando de perfil Carlos olhou para Odair. - Olha para mim de lado, você acha estou diferente de quando cheguei? Meu morrinho na barriga parece que aumentou. -

Odair começou a rir, tentando conter a vontade de gargalhar. Parecia impossível tirar o humor de Carlos, ou mesmo deixá-lo tenso. Mas, havia algo que ele precisava confirmar, sabia que Canivete estava pronta para aquilo, e ela teria o apoio do publico, agora Carlos, poderia ter todo o apoio do mundo, mas talvez não fosse capaz.

– E está pronto para pagar por cada pão que receber? - Questionou Odair.

– Espero não ter que fisgar alguns, pois fiz bons amigos. - O sorriso de Carlos desapareceu de seu rosto. - Mas, não me importarei em fisgar alguns peixes e assá-los para minha sobrevivência e a desses amigos. -

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– Então eu sugiro que comam mais um pouco e durmam bastante. - Uma pausa e um arroto fétido tomou conta do ambiente. - Eu vou beber mais um pouco até dormir... Não se preocupem comigo. -

O mentor do 11 saia rapidamente com uma garrafa. Era hora da roda de bebida dos mentores, organizada normalmente por Haymitch.

– Ouvi dizer que ele é assim com todos. - O jovem Druw, tributo masculino do distrito 11, riu da situação. - Evita muito contato para não ter mais algumas mortes em sua mente. -

Os dois tributos ficaram sozinhos na sala. Eles tinham habilidades manuais boas para pegar coisas, escalar, correr e um pouco de força e resistência. Afinal carregavam sacas de grãos no sol durante todo o dia.

– Espero que ele fique sóbrio a tempo de nos salvar naquele caldeirão. - Dalia espreguiçou-se. - Vou sobreviver a cornucópia. Vou viver pelo menos mais três dias. -

O jovem rapaz olhava a menina falando entusiasmada. Ela não parecia confiante, mas sim apaixonada pela vida. Não estava disposta a se entregar sem lutar, e não estava disposta a morrer, mesmo que perdesse.

– Apesar de não termos planejado agir juntos, espero realmente que possamos fazê-lo. - Druw saltou de seu lugar animado. - Imagina, sobrevivermos por três dias na arena, cada qual de um lado. Nosso distrito ia enlouquecer. -

Os dois haviam acordado de não fazerem aliança antes do terceiro dia na arena. Poderiam ter mais chances juntos, mas era certo de que no inicio, estar com outra pessoa ia ser complicado. Não sabiam o tipo de arena, o que ela tinha de vantagem ou perigo. Para a aliança funcionar, cada qual tinha que oferecer algo precioso, e informação sobre a arena era a única coisa preciosa o suficiente para manter alguém vivo.

A ideia era mapear toda arena nos dois primeiros dias. Eles saberiam se o outro estaria vivo ou não. Logo, se no terceiro dia estivessem vivos, se juntariam e ai começariam a lutar juntos por suas vidas.

– Acha que o Carlos vai vir nos caçar logo de cara? - Questionou Dalia. - Confio nele pela vontade de viver que ele tem. É igual a nossa. Mas, ele é um carreirista. Vimos ele lutar e sabemos como ele pode ter ótimos patrocinadores. -

– Eu não sei ainda... Ele vai seguir com os carreiristas como sabemos. Então é provável que se encontrarmos ele nos dois primeiros dias, ele pode até não nos matar, mas os demais irão. - Druw tremeu em seu lugar - Claro que antes de cair faremos eles dançarem. - Mexendo o corpo como quem dançava sensualmente o jovem negro mostrava-se valente e desenvolto. - Aposto que Atalanta nunca teve o prazer de bailar, fosse com quem fosse. -

– Se encontrarmos eles depois de três dias, teremos o mapa do lugar... - Dalia ponderou. - E ai teríamos algo a oferecer. Nesse caso nosso contato com Carlos pode ajudar na barganha. - Dalia vendo o garoto dançando sem musica juntou-se a ele nos últimos momentos livres que possuíam.

– Nas edições anteriores as alianças só se desfaziam quando não havia mais ninguém além deles. - Druw dançava como se houvesse uma plateia para assisti-lo. - Mas, já teve casos de que na primeira hora de sono, os carreiristas eram mortos por aquele que os traia. -

– Com os principais mortos, o ultimo carreirista procurava uma vitima, fingia correr dos antigos aliados e matava o tributo enganado. E assim os jogos duravam apenas dois dias. - Dalia parou de dançar. - Carlos e Atalanta me parecem bem capazes disso. -

Druw parou de dançar também e fechou os olhos. Ele de repente começava a proferir palavras, como quem estivesse pedindo a alguém que o protegesse e o ajudasse a superar os desafios que estavam vindo a seguir. Ele ajoelhou-se e logo foi seguido de Dalia.

Aquilo a muito não era feito em Panem. Orar por suas vidas.


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Notas finais do capítulo

No próximo episódio vamos juntos com alguns tributos para a sala de espera, para que eles sejam içados para a Arena.



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