Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 10
Capitulo 10 – Grito de Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Saga 2 Vidas



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Capitulo 10 – Grito de Liberdade: Atalanta, Odair, Amabile e Distrito 6

Liberdade. A palavra que muitos usavam, mas não podia compreender o real significado. O que significava ser livre? Poder fazer o que quiser? Pensar e falar sem medo de represálias? Ou simplesmente Liberdade era um mito.



– Por Deus! Liberdade é só um mito! - Atalanta gritava batendo a porta de seu quarto.



Avox, pacificadores, mentores, o tributo Steven, a acompanhante da capital e os estilistas estremeceram diante ao grito da tributa feminina do 2.

A menina de feições sisudas era realmente intragável. Pouca conversa, sempre com palavras duras e ameaçadoras. Apesar de loira e de olhos azuis, ela não demonstrava muita beleza por si só. Seu estilista se esforçava para ensiná-la a sorrir, mas o sorriso dela causava medo. Emburrada ela era mais bonita e mais simpática.

Mas, de certa forma as pessoas entendiam a jovem. Ou pelo menos pensavam que entendiam. Não era anormal ver tributos as vésperas da entrada da arena irromper em nervosismo e estresse, onde tudo lhe irritava e deixava de fazer sentido.

Atalanta no entanto estava além de apenas um nervosismo e medo de morrer. Ela não nasceu dura, a tornaram dura. Ela não nasceu perigosa a tornaram perigosa. O que a atormentava mais era a hipocrisia de pessoas da Capital, que lhe definiram o destino, e a obrigaram a se tornar o que ela era hoje, pedirem para ela ser diferente.

No distrito 2 as pessoas tem normalmente destinos definidos. Quando jovem treinariam arduamente pois se não viessem a se tornarem tributos, se tornariam pacificadores. E entre os mais variados tipos poderiam ser pacificadores em outros distritos, o que pedia ainda mais firmeza dos mesmos.

Poucos eram os que conseguiam ter trabalhos diferentes dos de pacificadores. Ainda mais que revoltar-se ou ser um péssimo soldado, significava ganhar as minas como casa. A escolha era sempre treinar o corpo e a mente, diversas vezes, exaustivamente até que o destino, ou si próprio, concedesse o titulo de tributo. Então a liberdade estaria ao seu alcance.

Atalanta sempre ouvira dos colegas de treino que seria uma honra ser tributo. Ela concordava. Afinal, vencendo ou perdendo ela estaria livre daquela vida. No distrito 2 ela não poderia ser livre, teria sempre que seguir o que lhe falavam, mas enquanto na arena ela poderia ser ela mesma. Se vencesse se tornaria uma importante vitoriosa e como todos os outros, poderia começar a fazer o que tivesse vontade. Agora, ao perder, a liberdade lhe abraçaria com todas as forças, pois finalmente poderia ter seu espirito liberto de Panem.



– A partir de amanhã serei livre para sempre. - Atalanta estava banhando-se no chuveiro de seu quarto. - E serei livre, independente do resultado. - Ela respirou fundo aumentado a potencia do chuveiro. - LIVRE! - Repetiu ela fortemente.



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– Liberdade... - Odair sentado sozinho na sala balbuciou a frase. - … Esperava que eles não fossem tão bobos. -



Odair, o mais famoso vitorioso do distrito 4, começava a sentir o peso daquele ano. Canivete e Carlos haviam ido para seus quartos, contando os minutos para o momento de serem libertos daquele pesadelo. Ambos sabendo que poderiam morrer, mas se vencessem tinham a esperança de uma mudança de vida sem igual. Deixar todo o sofrimento de lado e conhecer uma nova vida com algumas regalias.

Ele se sentia no dever de alertar aos seus dois pupilos, mas se nenhum outro mentor do quatro o fazia ele deveria? E quais as consequências de avisar a eles que a liberdade do vitorioso não existia.

Odair conhecia bem a não liberdade existente para os seus camaradas vitoriosos, melhor do oque qualquer outro. Ele ao vencer foi jogado em uma rede de favores dos mais abastados da sociedade da Capital. Loiro e muito atraente devido a um corpo de quem trabalhava desde sempre, o pescador tornou-se um combatente, que tornou-se um sobrevivente, que tornou-se um vitorioso. E como todo vitorioso seus serviços são requisitados continuamente.

Até aprender que ele poderia controlar aqueles que o controlavam, desde que não se negasse a fazer os favores que lhes era solicitado, Odair precisou de muito estomago e de algumas noites em claras, temendo o próximo que se aproximaria dele em busca de poderes de campeão.

Ele não era livre. Nenhum vitorioso era, a Capital sempre mostrava ao vitorioso que ela mandava nele, que Snow era o dono de todos.



– Talvez eu devesse... - Odair levantou-se ponderando. - Ou talvez não devesse falar nada, esperando para ver o resultado... - Odair levou um pouco de açúcar a boca. - … Esse conceito de liberdade que as pessoas tem é muito confuso... - Odair comentou jogando-se de volta no sofá.



Durante algum tempo ele ficou olhando para o nada. Era certo de que a mente dele lhe trazia lembranças de algum momento que ele acreditou estar feliz, mas que a felicidade não durou muito.



– Eu aposto no Carlos. - Balbuciou Odair para si mesmo. - Ele está escondendo o potencial e tem muito carisma. Deve estar conquistando os patrocinadores de menor escala, mas muitos deles garantem dinheiro para boas dadivas e tentarei ser preciso para ele. -



Odair espreguiçou-se no seu lugar. Havia decidido conversar com um de seus pupilos.

– Mas... Os patrocinadores principais possuem a intenção de ajudar Canivete. - Odair ponderou. - Acham que ela pode ser a vencedora com a habilidade de criar armas e querem vê-la contra os carreiristas, já que está aliançada a eles. -



O mentor loiro sabia que na verdade queriam que ela fosse uma companheira de favores para Odair. Ela não era feia e as habilidades manuais dela talvez viessem a ter algum outro tipo de serventia além de criar armas. No entanto, Canivete Suíço nem de longe poderia ser comparada a Amabile no quesito beleza. Provavelmente, aqueles patrocinadores estavam apostando alto na Canivete.



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O banho nunca pareceu tão relaxante para Amabile quanto aquele último. Certamente ainda não era o último antes da arena, mas sabia que aquele era o último que tomava antes de começar a entrar de vez nos jogos.

Sua mente estava cansada, assim como seu corpo. Ela havia treinado exaustivamente para apresentação aos organizadores, mas seu preparo físico não era tão bom para não se sentir exausta. Talvez até fosse, mas sentia que grilhões a prendiam no chão e tentavam fazê-la cair.

Não havia nenhum entendimento por parte dela, ou de Alex, sobre o plano secreto de Selena Sega. Mas, claramente Clark Silver, pai de Amabile estava tentando se convencer de que era a saída. Mas, havia algo que incomodava e era bem estranho. Fosse qual fosse o plano, a falta de informação que antes não preocupava, após a apresentação deixou Amabile um aflita.



Sempre doce e meiga, a menina costumava evitar assistir aos jogos. Não era uma pessoa difícil de lidar e tentava, ao máximo viver uma vida de pouco luxo, apesar que sendo filha de vitorioso, luxo era o que não faltava. Era uma menina tranquila e sorridente.

Mas, desde a apresentação estava sentindo-se irriquieta e não sorria. Nunca havia passado por uma situação em que as pessoas ficavam observando-a com tanta atenção. Em seu distrito muitos evitavam-na porque ela era filha de um vitorioso e desagradá-la poderia significar uma surra dos pacificadores, ou o descaso do mentor se ele viesse a arena. Quando no desfile viu que as pessoas olhavam-na admirada e a própria dizia estar sentindo-se bonita. Assim como na entrevista que apesar de sentir que estava recebendo muita atenção não saiu da sua postura tranquila.

A apresentação, no entanto, teve o potencial de perturbá-la. Toda a simulação, treinada exaustivamente, parecia uma dança, apesar de saber que os golpes eram eficazes. Amabile seguiu as instruções de Selena, mas nunca entendera o motivo de tudo parecer tão sensual em meio a luta.



– Queria me libertar disso tudo. - Balbuciou Amabile colocando um pijama de flanela branco em seu copo e preparando-se para se deitar. - Queria libertar meu pai desse fardo. -



Amabile lembrava da forma com que os organizadores a olhavam durante a apresentação. Sentia que a atenção estava voltada inicialmente para o rosto bem maquiado. Depois para os seios que balançavam a cada movimento novo, sendo apenas protegido pela malha que recobria-o. Sentiu olhares para as suas coxas, nádegas e virilha de forma instantânea quando ela ficou apenas de maiô.

Mas, a menina nunca tinha passado por uma situação dessas, então não sabia se era verdadeiro os olhares, ou ela própria é que estaria incomodada com a roupa que usava. Sabia apenas que queria libertar-se daquele sensação que havia tomado conta dela desde que saíra da apresentação.



– Será que eu posso me libertar desse sentimento realmente? - Amabile suspirou ao escutar algumas batidas na porta. Pela forma de bater, ela sabia que era seu pai.



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Era difícil saber que suas notas não haviam impressionado tantas pessoas sabendo que poderosos 10 haviam surgido da escuridão. Os pensamentos dos tributos do seis vagavam pela possibilidade de morrerem logo no inicio.



– Temos habilidades limitadas. - Dizia o tributo masculino. - Maria, acha que poderemos sobreviver se nos juntarmos? -



A garota, chamada de Maria, de cabelos pretos, magra e com a pele quase amarelada olhou para ele sem saber o que responder. O garoto não era tão diferente. Com cabelos pretos e pele um pouco amarelada, não mostrava quase nenhum músculo.



– Jose... - Ela balbuciou com vontade de chorar. - Eu só queria ter a liberdade de poder escolher como morrer. Mas, nem isso terei o direito. -



A menina em lagrimas escondeu o rosto nas mãos. A pouco mais de 10 minutos, após Caesar informar as notas, o mentor do distrito 6 saiu dizendo que ia ficar apagado até a hora da arena, para evitar morrer de remorsos. Ele não acreditava que Maria ou Jose teriam chances na arena.



– Eu... Eu não quero morrer! - Diz Jose. - Eu... Nunca beijei na boca, ou sequer tive a oportunidade de poder escolher o que fazer no meu dia a dia... - O menino parecia querer começar a se desesperar. - Eu tenho apenas 15 anos. Por que morrer tão cedo? Por que meu nome saiu naquele maldito sorteio? Será que não há nada que podemos fazer? -



– Não existe fuga... - Choramingou Maria. - O mentor desistiu. Estamos por conta própria... O que podemos fazer contra aqueles 6 carreiristas? Não temos forças ou mesmo pericia em armas. -



A verdade era que os dois sabiam bem manipular uma espada. Desde que a espada não fosse grande, e o adversário estivesse a alcance deles, eles poderiam se virar. Mas, a nota 6 que receberam das apresentações, fez até o mentor ficar desiludido.

O mentor acreditava que eles haviam aprendido bem a manipular as espadas. Ele próprio sentia dificuldade para combatê-los com aquela arma. Sem eles terem muitos músculos, e com o repentino favoritismo dos patrocinadores, naquele ano, se a nota deles havia sido baixa, significava que eles não teriam chances de receber dadivas e estavam sozinhos na arena.



– O mentor não desistiu... Mas, ele só vai poder fazer algo se sobrevivermos ao primeiro dia e mostrarmos algo ao publico. - José parou. - Algo que eles queiram que nós continuemos mostrando. -



– Até que nó dois tenhamos que nos enfrentar e nos matar? - Questionou Maria. - Combinamos que era cada um por si desde o começo. - Ela bufou tentando parar de chorar. - E agora que estamos os dois condenados, quer se juntar para um ver o outro morrer? -



O garoto ficou calado por algum tempo. Eles haviam tomado a decisão de ser cada um por si. De serem livres ao menos para aquilo.



– Eu troco a minha liberdade pela oportunidade de me manter vivo. - Diz o garoto. - Aceito qualquer decisão sua na arena, se pudermos cooperar durante pelo menos os três primeiros dias. -



– Você.... - Maria olhou surpresa. - Você sabe que se nos juntarmos e eu puder tomar as decisões, vou querer me manter longe dos carreiristas, não sabe? Sabe que eu pretendo fugir o tempo todo e torcer para que todos se matem, não é? -



– Eu.. não sou de fugir ou ficar parado... - José teve seus olhos enchendo de lagrimas. - Mas, se essa for a solução eu aceito. Prefiro me desfazer de meu orgulho a perder a vida. -



Maria balançou a cabeça concordando.



– Mas, o mentor dizia que tínhamos que ir a cornucópia pegar, ao menos uma mochila e torcer. - Diz Maria. - Se formos a Cornucópia morreremos. - Ela teve seus olhos cobertos de lagrimas novamente, mas enxugou-as rapidamente. - Aqui aprendemos apenas a acender fogo, alguns parcos nós e habilidade com a espada. Não podemos sobreviver lá fora sem uma arma. -



– E do nosso distrito trouxemos como habilidade nada. - Dizia Jose irritado. - Nosso distrito é o único que não possui uma misera habilidade a ser útil nesse jogo! - Irritado Jose se levanta. - Isso é injusto! - Grita ele alto em direção a porta.



– Pois é... Eu me inscrevi para um estágio no laboratório químico para evitar ter de trocar comida por mais nomes meus na colheita. - Ela riu. - Soubesse tinha me inscrito para trabalhar nas oficinas. Ao menos eu ia ganhar uns músculos. - Riu Maria de si mesma até perceber que o menino estava olhando-a de forma assustada.



Os jovens do distrito 6 ao completar 15 anos começavam a trabalhar, para aprender o oficio. Apesar de haver apenas laboratórios químicos e oficinas mecânicas, a liberdade de escolha existia, desde que houvessem vagas para o mesmo.



– Por que essa cara? - Perguntou Maria. - Alguns músculos iam nos cair bem. - Diz a menina.



– Eu também estava nos laboratórios químicos. - Diz sentando-se. - Eu estava no de produção de medicamentos. E você? - Questionou o menino parecendo muito aflito.



– Eu estava na produção de produtos de produtos tóxicos. - Diz a menina. - Mas, ainda era uma iniciante. Eu só aprendi os elementos químicos e de onde extrair cada um deles. -



– Aprendeu mesmo? - Jose saltou sobre a menina. - Jura que se eu disser que preciso do elemento X ou Y, você pode me dizer de onde normalmente ele é retirado? -



– Sim... - Maria balançou a cabeça começando a entender. - Vai me dizer que já estava na fase de misturar os elementos? -

– Quase isso. Depois de aprender os elementos que são mais usados, aprendemos o que cada medicamento faz. Eu consigo associar algumas composições, mas nunca saberia achar o elemento. Mas, se você sabe achar. Podemos criar... -

– … Substancias da nossa liberdade! - Maria saltou sobre o garoto sorrindo. - Estamos salvos! Estamos salvos! - A menina volta a chorar. - Isso é loucura, mas sabemos fazer fogo, sabemos como encontrar alguns elementos e sabemos misturá-los para ter alguns efeitos. - A menina soltou José esperançosa começando a caminhar pela sala. - Temos apenas que conseguir alguns materiais na arena. Se sobrevivermos a cornucópia... -



– Não podemos ir a Cornucópia. - Diz Jose.



Maria para olhando-o sem entender.



– Existem seis carreiristas que vão entrar naquele lugar prontos para matar. São 18 tributos para eles matarem, e certamente muitos já planejam fugir daquele lugar sem levar nada. - José parou. - Só podemos ficar lá se pelo menos mais seis ficarem, para que eles virem alvo. -



Maria parou pensando naquilo e sentou-se calada por um tempo, assim como Jose o fez.



– Bom... Estamos julgando que tudo estará na Cornucópia. Mas, pode ser que nada exista lá e esteja espalhado pela arena, ou mesmo pela área da cornucópia. Ocorreram anos que estavam até encostados nas plataformas dos quais os tributos saiam... - Maria sorriu. - Vai ter que ser na sorte. Mas, concordo, se estiver tudo estocado no centro, vamos fugir. - Maria olhou-o. - Mas, quero me prometa uma coisa. Não vamos drogar um ao outro, de forma alguma, se tivermos que matar um ao outro, vamos fazer uma luta justa. -



Jose olhou aquela garota dizendo aquilo e esticando a mão direita para selar o pacto. Ela realmente queria decidir como morrer. Ela realmente queria ser livre ao menos para aquilo.



– Combinado! - Sorrindo Jose olhou para cima. - Mas, e se a porcaria da arena não tiver nada útil de substancia, se for aquela merda de deserto como anos atras? -



– Então os jogos vão durar apenas 3 dias. - O mentor dos dois se fez ser notado na sala, ele estava a todo momento sentado, oculto na penumbra da sala. - E nesse caso, vocês vão estar com sorte, pois foi o ano em que eu sobrevivi! -


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Notas finais do capítulo

Este episódio marca o inicio do Segundo Arco/Saga. Veremos um pouco da vida e das pressões que os envolvidos nos jogos possuem enquanto o inicio do massacre começa.
Mas, não desanimem... Nessa Saga ainda teremos o inicio dos jogos e algumas mortes!
Espero que tenham gostado!



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