Agora sei como uma pessoa se sente ao ver os resultados de um exame. A alegria de quando veem que está bem ou então o desespero quando veem que é uma noticia desagradável.

Olho as pessoas que estão sentadas ao longo do corredor e me pergunto se algumas delas já vivenciaram isso ou se vivencia.

Na verdade me faço milhões de perguntas, talvez pra ficar fora da minha própria realidade.

Meu movimento é levemente calculado, minha respiração lenta e instável, meu olhar avalia cada pessoa no corredor esbranquiçado e sem vida, um corredor que parece não ter fim, com suas cadeiras empoleiradas e velhas, com pessoas sentadas. Pessoas nas quais parecem acostumadas em estar numa clinica esperando por algo, que tanto faz.

Pisco uma vez, duas vezes, três vezes antes de olhar novamente o meu papel. O meu resultado, o meu carma talvez, mas com certeza meu futuro.

Pra uma clinica desprezada e miserável, o papel é até que é bom de tocar. Acho que é para as pessoas se sentirem melhor quando ler o seu destino. Carma, com certeza.

Respiro fundo, parece que alguns olhares pesam em mim quando olho pro meu papel já aberto. Parece que esses olhares esperam por uma reação, boa ou ruim, tanto faz. Só querem também se entreter com outras pessoas. Só querem ver se somente elas estão ansiosas ou se é igual para todos.

Eu já sei o que tenho, já sei de meu futuro. Já sei que não preciso mais ser uma pessoa certa, de que não preciso mais ir trabalhar – algo no qual há muito tempo não vou mais -, de que não preciso mais me preocupar.

Olho pro meu lado onde vejo um senhor que me avalia por inteiro – Isso. Decidi deixar o papel de lado -, ele está curioso como muitos outros. Dou de ombros vendo as pálpebras de seus olhos caídas de tão velhas e suas bochechas murchas.

- Você tem sorte. – sorrio pra ele, me esforçando de verdade – Eu não poderei vivenciar a velhice.

Ele franziu o cenho, mas nada disse, já sabia de meu resultado.

Eu deveria ficar ali, deveria conversar mais. Mas meu tempo era curto, curto demais para ser gastado em uma clinica depressiva.

Sai dali.

O mundo naquele momento era meu e de mais ninguém...

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- O que esta fazendo aqui? – ele me puxou pelo braço derrubando meu copo de vodka bem no meio do salão onde eu dançava.

- Me solte. – puxei meu braço encarando-o.

- Bella, vamos embora. O que esta acontecendo com você? – ele gritava, tentando ser mais alto que a batida da musica – Você nem gosta disso!

Realmente, ele estava certo. Mas eu queria experimentar, queria ver como eram essas coisas, ver se realmente eram legais.

- você está bêbada. Vamos pra casa. – ele agora pegou minha mão com delicadeza – Vamos conversar.

- Não! – olhei para o chão onde meu copo sumiu talvez alguém tenha chutado-o. Mas o liquido ainda estava ali. Fiz uma carinha de triste antes de olhar pra Edward que tinha o olhar desesperado e preocupado – Não precisa se preocupar comigo, estou bem okay? – coloquei a mão na cabeça, sentindo uma pontada de dor.

- Bella não seja teimosa, você não esta legal, vamos. – ele tentou me puxa mais uma vez, mas agora eu o empurrei e mandei me soltar.

- Eu não vou! – gritei com fúria, pra ver se ele desencanava e saia logo dali.

- Não vou deixar você aqui sozinha, não nesse estado. – ele me olhou por inteira antes de continuar – Já se olhou? Você esta acabada.

- Odeio perguntas retóricas. – revirei os olhos interrompendo-o.

- Você esta um lixo, passou o dia fora. Onde estava todo esse tempo?

Cheguei bem próximo de Edward, podendo sentir seu cheiro adocicado.

- Não se mete na minha vida. Vá embora agora. – ordenei. Afastei-me dele fazendo um sinal de negação e me virei me perdendo na multidão.