O Leão, o Cordeiro e a Livraria escrita por Débora Falcão


Capítulo 14
Novamente, Volterra


Notas iniciais do capítulo

Atenção: contém spoilers de Lua Nova.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/26437/chapter/14

Escolhi a página do livro, antes de minha aparição. Eu voltaria a Volterra, no meio da praça, antes do porsche amarelho entrar na cidade, antes que Bella descesse do carro.

Me preparei, e fui para mais uma viagem ao universo dos meus vampiros. Eu não estava mais com medo. Eu estava determinada. Eu tinha que fazer meu trabalho bem feito, ou os livros de Stephenie Meyer ficariam sem um final feliz.

Eu torci para que, naqueles poucos minutos em que eu mudei tudo, ninguém estivesse abrindo os livros. Senão, descobririam tudo.

Segurei firme o relógio antigo da Sra. Poppins e fechei meus olhos. Mais um pouco de tontura e pronto. O sol estava me castigando. Eu estava sendo empurrada pela multidão. Novamente, Volterra.

Olhei para o relógio. Estava parado. No relógio da torre, eu ainda tinha dez minutos. Comecei a furar o bloqueio da multidão. Eu ouvia constantes "ais" dos transeuntes, enquanto empurrava um homem aqui, uma senhora ali, uma família com crianças, e sempre empurrando.

Até que dei de cara com uma senhora baixinha, com rugas em torno dos olhos, cabelos brancos, e um terço na mão. Ela parecia contente com o Dia de São Marcos. Caminhava alegremente e, de vez em quando, soltava algumas exclamações em uma língua estranha para mim.

A descrição da senhora me chamou a atenção. Ela era exatamente parecida com a descrição de Stephenie Meyer para uma senhora que estava lá, sendo levada por Heidi para a matança na câmara dos Volturi.

Eu senti imensa pena dela. Senti um desejo imenso de interferir, mas eu não poderia. Eu também não falava a língua dela. Eu não saberia como me expressar. Talvez ela ficasse com medo de mim.

A senhora já tinha desaparecido na multidão. Eu não a veria mais. A história voltaria ao normal.

Eu corri para o relógio, antes que o Porsche de Alice entrasse na praça apinhada de pessoas. Olhei para o beco onde eu havia visto Edward. Ele estava lá, calmo, sereno. Parecia automático. Executava os movimentos de tirar a camisa de forma singela, ele nem parecia estar ali. Havia olheiras debaixo de seus olhos. Manchas escuras, como Bella descrevia. Ele soltou os trapos da camisa no chão. Ficou de olhos fechados, esperando o relógio soar.

Eu tinha que correr.

Fui até o beco do outro lado da torre. Ali havia menos gente, eu consegui passar com menos dificuldade. Eu vi uma janela, à altura de minha cabeça, com um pequeno gancho. Talvez, restos de uma grade de ferro. Eu não sabia dizer. Mas era providencial.

Tentei apoiar o relógio ali. Mas era difícil, o relógio era redondo e não tinha apoio, ao menos não de forma que refletisse o sol. Olhei à minha volta e vi uma echarpe vermelha. Eu me lembrava que, no livro, quando Bella chegava à praça, uma ventania se dava e uma mulher perdia uma echarpe assim. Então, se fosse a mesma echarpe, significava que Bella já havia chegado.

Amarrei a echarpe em torno do relógio, de forma que ela deixasse o centro descoberto, para que refletisse a luz. Com as pontas, amarrei no pedaço de grade na janela.

Rezei.

E corri. Empurrei mais pessoas, com dificuldade, para tentar chegar ao centro da praça, onde eu mesma apareceria. Fiquei do outro lado da fonte, para me ver. Eu queria saber se meu plano daria certo.

Eu cruzei os dedos.

E vi Bella correr. E parar.

Ela vira dois brilhos diferentes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Leão, o Cordeiro e a Livraria" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.