O Impostor escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 1
Olhe sempre para trás...


Notas iniciais do capítulo

Título completo: "Olhe sempre para trás quando for colocar seu lixo para fora".



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Mais um dia despontando em Edo, mais especificamente no Distrito Kabuki. Um vulto sonolento e cambaleante descia com três sacos de lixo e uma pilha de vários volumes de Shounen Jump velhas.

- Por que o lixo tem que ser recolhido tão cedo...? – o homem de cabelos prateados resmungava. – Seria tão mais fácil não obrigar a gente a madrugar só pra botar o lixo pra fora...

Separou todos os pacotes para colocar em seus devidos lugares. Abaixou-se, para arrumar ali e ir logo embora. No entanto, naquele beco, Gintoki não percebeu que algo se aproximava dele. Seu instinto de antigo Shiroyasha não lhe avisara do que o espreitava.

Apenas sentiu um forte golpe na nuca e uma grande dor. Sua visão se turvou e seu corpo, inconsciente, desabou no chão.

*

- Cheguei! – Shinpachi anunciava sua chegada à Yorozuya.

- Tá atrasado, quatro-olhos.

- Que milagre é esse pra você notar meu atraso, hein, Gin-san?

- Temos trabalho a fazer.

- Já cedo? – o Shimura estranhou o rumo da conversa.

- Sim, já cedo.

Shinpachi estranhou aquilo. O albino estava sério demais, sem nenhuma preguiça e não fazia nada do que costumava fazer, como limpar o salão, ou até mesmo tirar cera do ouvido. Era mesmo estranho ver seu “chefe” estar tão “normal”... Nenhuma reclamação, nenhuma besteira... Muito menos estava se entupindo de doces.

- Pelo jeito aconteceu algo com o Gin-san. – o garoto cochichou para Kagura.

- Ele deve ter batido a cabeça quando foi botar o lixo pra fora. – a Yato disse enquanto cutucava o nariz.

- No mínimo deve ter sido uma pancada muito forte. Como o Goku tomou em Dragon Ball. Falando nisso, ele nem pegou uma Jump pra ler.

- Ou o Gin-chan foi possuído por algum verme Amanto que entrou pelo nariz dele.

- Sei lá, só sei que o Gin-san não parece o mesmo de sempre.

*

Tudo correra bem durante todo o dia com o trio Yorozuya. O trabalho que fizeram deu muito certo, o pagamento fora feito e Gintoki, Shinpachi e Kagura agora voltavam para casa, direto e reto. Sem escalas.

Nada de bobagens proferidas pelo albino. Nada de trapalhadas. Nada de desaforos. Nada de teorias absurdas. Nada de ir ao bar e beber. Nada de parada pra comprar doces ou a nova Shounen Jump.

Chegaram ao bar de Otose, que já esperava pelo dinheiro do aluguel:

- Já era hora, projeto de inquilino! Espero que tenha o dinheiro do aluguel hoje!

- Aqui está, Otose-san. – o albino disse. – Todo o dinheiro do aluguel deste mês.

“Ele disse ‘Otose-san’?!”, Shinpachi ficou em choque. “Desde quando ele tem essa educação toda?!”

Subitamente, alguém irrompeu bar adentro, indo de encontro a Gintoki. Todo mundo estava preparado para ouvir a enxurrada de insultos, reclamações, resmungos e xingamentos do Yorozuya, porém...

- Aiaiaiaiai... Deveria entrar com mais cuidado, Katsura...!

- Não é Katsura, é Zur... Espera aí, você acertou meu nome, Gintoki!

“Esse cara tá mais anormal do que o normal.”, Elizabeth se manifestou como sempre, com uma placa.

*

A quilômetros de distância do Distrito Kabuki, já fora dos limites de Edo, um corpo jazia jogado no chão. Grossas gotas de chuva caíam naquela região e, por consequência, encharcavam tudo ali, até mesmo o corpo de um homem albino gravemente ferido.

O corpo aparentemente inerte se moveu pesadamente e, com muita dificuldade, conseguiu se levantar. Suas pernas mal aguentavam seu peso. Sua roupa preta, suas botas e seu quimono yukata branco estavam cheios de lama.

Começou a cambalear e procurou por apoio, enquanto a chuva ensopava seu cabelo prateado e o fazia cair por cima dos olhos avermelhados. Procurou pela espada de madeira, que normalmente estaria presa ao cinto, mas não a achou para se apoiar.

Sentiu uma forte dor na nuca. Lembrou-se imediatamente de onde havia conseguido essa dor. Lembrou-se de quando estava no beco, separando o lixo como sempre, e depois... A dor. E então tudo ficou escuro.

Teria sofrido um assalto, uma tentativa de latrocínio? Precisaria encher o saco do gorila de bunda peluda que comandava o Shinsengumi e de seu subordinado viciado em maionese pra ver se policiavam aquele Distrito Kabuki direito.

Mas... A sua carteira estava no bolso. Se não fora um roubo, por que fora atacado? Nem ele sabia.

Escorou-se em uma parede de uma construção abandonada e danificada pelo tempo e mais uma vez forçou a memória. Agora conseguia lembrar-se de algo depois daquilo. Vira um par de botas pretas idênticas às suas... E o barrado de um quimono yukata igual ao seu... Porém preto e com detalhes amarelos.

A partir daquele momento, sentiu que algo ali fedia ainda mais do que o lixo orgânico que lotava as latas do beco perto de sua casa. Sentiu que alguém queria tomar seu lugar...

Alguém queria tomar o lugar de Sakata Gintoki.

Com essa desconfiança, o albino, sem mais forças pra se manter de pé, novamente desabou e logo perdeu a consciência.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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