Bem, depois que o Senhor-Eu-Sou-Perfeito tomou seu banho, decidimos que era hora deu ir embora... Ou melhor, eu decidi isso. Quem dera que fosse assim tão fácil, doce e perfeita ilusão.

- Onde pensa que vai sua idiota? – Marcos pergunta enquanto me levanto.

- Para o meu quarto, ué! – Eu digo como se fosse obvio. Espera, era obvio!

- Assim? Deste jeito? – Ele pergunta me olhando de cima a baixo.

Já disse o quanto eu odeio quando as pessoas fazem isso? Olhei para mim mesma e percebi o que ele queria dizer. Eu havia esquecido o pequeno detalhe: Eu estava usando uma roupa dele, o que significava que não poderia sair por ai desfilando com cabelos molhados e roupa dele. O que as pessoas iriam pensar?

- Então o que sugere gênio? – Eu pergunto revirando os olhos. Senti quase de imediato uma dor de cabeça, porém essa foi fraca.

Nota mental: Nunca, jamais, em hipótese nenhuma, ficar bêbada novamente.

Agora eu entendo quando meu pai dizia que beber era bom, só no momento. E agora eu entendo por que minha mãe me proibia sempre de tomar bebida alcoólica. Os pais têm sempre razão, pena que descobri isso um tanto depois.

- Ué, eu vou te levar até o seu quarto... – Marcos disse começando abrir a porta. Bati forte na mão dele que estava na maçaneta, ele retirou rápido com uma expressão de surpresa e irritação. – Você tem problemas!

- Você não vai me lavar para o quarto. Fique ai! – Eu digo tentando tocar a maçaneta, mas ele puxou a minha mão rápida. – Qual é o problema agora?

- Se você acha que eu irei ficar aqui no quarto, deixando você andar por ai... Assim... – Ele disse apontando com sua mão o que estava vestindo. – Está muito enganado!

- Marcos querido, eu acho que você não entendeu. Eu vou assim até o meu quarto, me vestir e seguir minha vida esquecendo totalmente da sua existência. Aceite e viva o fato! – Eu digo abrindo a porta rápida e correndo pelo corredor até o meu.

Realmente isso não foi lá uma das coisas mais inteligentes que fiz da minha vida. De primeira senti um enjoo, mas logo passou. Continuei correndo até chegar ao meu quarto, que por acaso é no outro lado do prédio. O diretor poderia ter feito o favor de ter colocados os quartos mais perto, não acha? Sim, por que não gostei de correr que nem uma “galinha tentando voar” por ai, ainda mais usando aquela camiseta de uma banda desconhecida, que não tapava totalmente minha calcinha. Eu sei... humilhante!

Entrei no meu quarto e como quase sempre agora eu era a única que ocupava aquela coisa chamada de quarto, ou seja, estava totalmente bagunçado. Digamos que não sou uma pessoa que gosta muito de arrumações, não gosto muito de arrumar minhas roupas no guarda-roupa, ou até mesmo arrumar minha cama. Por isso, Charlote era necessária no momento. Falando na minha amiga, faz um bom tempinho que não há vejo. Estou começando a ficar preocupada, eu sei que sua história com Chay está indo de “vento e poupa”, mas ela não pode esquecer assim do nada da sua melhor amiga, não é? Já basta Peter ter me deixado, ou melhor, ser obrigado por um E.T que aparece do nada e destrói minha vida toda.

Esqueço um pouco dos meus problemas e me preocupo em achar algo decente para usar hoje no meio de tanta roupa jogada pela cama, pelo chão e tem até uma em cima da janela. Não pergunte como ela chegou até lá, perguntas difíceis estão sendo dispensadas no momento. Peguei um short curto jeans de cor verde, uma regata branca e amarrei meus cabelos, quase secos por causa da minha corrida, em um rabo de cavalo frouxo. Joguei chinelos de dedo nos pés, acho que era meu... Ou era da minha amiga? Não importa!

Andei, ou melhor, tentei andar em linha reta até a cantina, minha barriga exclamava por comida, por algo comestível de gosto bom. E precisava tomar remédio para passar minha dor de cabeça que teimou aparecer novamente. Chegando a cantina, me surpreendo em ver quase todos os alunos no primeiro ano. Achei que eu seria uma das únicas que estaria no colégio, afinal, só não fui para casa depois da festa por que estava completamente bêbada e estava de castigo, por uma semana, ou eram duas? Sei lá, perdi a conta.

Peguei uma bandeja com comida e ando até uma mesa afastada de todos os “meus” amigos de antes. Sento-me e sou atingida por uma coisa dura na cabeça; Olho para trás para ver quem foi o filho de uma égua que fez aquela “boa” ação e vejo algo no chão. Sem muita escolha, me abaixo e pego. Eu o reconheço imediatamente: Blog do Bocão – Especial jornal-impresso. Sento-me direito e abro o “jornal” e começo a ler a partir de onde me interessa.

Amy e sua decadência, ou será que começo de vida?

Olá pessoas, tudo bem com vocês? Todos já devem saber da menina que possui um pato, um Q.I questionável, uma fome sem medida e é claro, que é irmão –mas nega- daquele conhecido pela escola toda Alex Parker. Isso mesmo, estamos falando a “nossa” Amy Parker, 15 anos. Ultimamente fiquei a observando, meio que contragosto, pois ela simplesmente não tem nada de interessante, o caso é que deu para todos os alunos da escola perceber que ela andou entrando em problemas demais e isso atrapalhou muito o seu rendimento escolar, prejudicando assim, uma possível entrada na faculdade que ela almeja. Ok. Chega de baboseiras, chega de coisas que ninguém quer saber. Estou aqui para falar da querida Amy e de seus problemas.

Primeiro: Já perceberam que ela está sendo ignorada por quase todos os alunos do 1º Ano? Se ainda não percebeu, preste atenção de quem ela já foi um dia e quem ela é agora. Sim, e agora eu os pergunto, o porquê desse súbito desinteresse pela boa e amigável Amy? E eu venho dar-lhe a resposta... Na próxima edição, é claro!

Segundo: Percebera que ela anda comendo muito ultimamente? Se ainda não percebeu, preste atenção que ela vive comendo alguma coisa, isso justificaria seus visíveis quilos a mais. Mas agora vocês devem estar se perguntado: Ela tem algum distúrbio alimentar? A resposta é a mais simples e verdadeira possível... Não, infelizmente ela não possui esses tais distúrbios, mas que ela come, ah ela come... Sabe por quê? Leia o próximo tópico.

Terceiro: Já percebeu que ela passa mais tempo agora com Marcos Stuart, o menino que todas querem aquele que faz qualquer uma delirar, que é um idiota e que não vai concordar com nada escrito aqui. Esse mesmo! Bem, Marcos e Amy, como todos sabem, possui um forte laço de... Ódio, até então. Porém, depois que todos se afastaram dessa menina fofa –sinta a ironia em todas as minhas palavras- um dos únicos que ficaram ao seu lado, foi Marcos. Agora, por quê? Será que desse suposto ódio nasceu um amor? Fontes afirmam que foram visto de “caricias”, abraços e supostos beijos e uma convidada de Marcos para Amy visitar o seu humilde quarto depois da festa, organizada por eles. Hm! Estranho, não acha? Será que durante uma semana que eles ficarem de compras – o que Amy odeia- rolou algo mais do que um simples ódio. Sobre o segundo tópico, esse responde não? Deve cansar ficar um tempo considerável no quarto de Stuart... Jogando damas, não concordam, e com isso deve se alimentar bastante, afinal, jogar dama cansa e muito.

Quarto: É claro que na vida de Amy, tudo não poderia ser perfeito... Tinha que “cair de paraquedas” um menino “novo” na escola e bagunçar a vida até então perfeita da mais nova da família Parker. Isso mesmo, Thiago Brown, o menino que todas as meninas começaram a desejar, o menino que conhece o mundo, o idiota com marca maior e suposto vilã na vida de Marcos. “Vilão?” vocês devem estar se perguntando, pois eu tenho a resposta. Parece que o interesse de Thiago em relação à Amy, não é estritamente amizade, parece que ele quer algo mais. Depois do beijo memorável que Amy trocou com o seu par na festa, na frente de todos do colégio, alguém ainda tem dúvida que Thiago está querendo furar o olho de seu “amigo” Marcos, cujo momento está brigado por causa desconhecida... Para vocês! Próxima edição apenas fiéis leitores!

Quinto: Nossa Amy Parker pareceu bem abalada ontem à noite, não concordam? Fontes afirmam ter visto que ela tomou todas, quis arrumar encrenca com os meninos quando estava indo para o quarto do seu amante odiado, Marcos Stuart, com aquela roupa... Sexy? Não. Provocante? Quem sabe! Será que Thiago estava com uma dor de cabeça neste momento, devido à galhada que recebeu? Ou será que os dois receberam um belo par de chifres nesta madrugada que se passou?

E está edição especial, chega ao final. Todas as notícias veiculadas neste jornal, com a autorização temporária do Diretor teve fontes seguras e confiáveis. Não estou aberto para sugestões, reclamações ou algo diretamente ou indiretamente me afete. Estou apenas contribuindo para que as notícias cheguem às pessoas certas e que seja feito alguma coisa com relação a isso.

A Amy, Marcos e Thiago... Se preparem para a próxima edição, ela promete! Espero todos vocês, no local de sempre, na próxima semana para poder comprar a segunda edição do “Blog do Bocão – Edição especial jornal-impresso”. Tenham uma ótima semana e fiquem alerta!

Leio o querido jornal e quando termino não acredito no que acabava de ler. Aquele miserável, idiota, estava falando de mim. DE MIM. A vítima da história, ou quase. E para que tantas ironias? Eu sou fofa... Ok. Talvez isso seja uma mentira. Mas não vem ao caso no momento. “Visíveis quilos a mais?” Ele está de brincadeira, só pode. Não sou gorda, não ganhei quilos a mais... Ou será que sim? Depois penso nisso direito. O caso é que... ELE ESTAVA PRATICAMENTE ME CHAMANDO DE VAGABUNDA, SEM FUTURO, SEM VERGONHA, GORDA, METIDA, NADA-FOFA, ATIRADA, BURRA E TODOS OS ADJETIVOS QUE NUNCA DESEJEI PARA MINHA LISTA... Eu e Marcos? Amantes odiados? Uma piada! Odeio aquele garoto com todas as minhas forças. E nada mudou na nossa relação... Mesmo ele tendo me ajudado mais cedo a me recuperar do meu primeiro porre, nada mudou. Isso eu garanto. Thiago e eu? Sério? Tá, talvez aquele beijo não tivesse ajudado muito nas minhas negações de que não tem nada entre mim e ele... Mas daí, dar a insinuar um suposto triangulo amoroso, já é demais!

Perco o apetite e levanto da mesa fazendo um barulho alto com a cadeira. Todos do refeitório me olham e posso afirmar que minha expressão não era a das mais lindas. Ando de vagar, me contento para não pular em cima de certo garoto com um apelido estúpido e o fazer engolir todas aquelas palavras a meu respeito. Ando até a mesa que ele e seu grupinho estão reunidos. Respiro fundo e bato com força o jornal na mesa... Eles conseguiram me fazer ficar irritada!

- Olá amigos! – eu digo com um sorriso falso. Ninguém me respondeu apenas me olharam. – Vim aqui dar parabéns para essa porcaria que você chama de jornal, Bocão!

- Obrigado Amy, ainda bem que você gostou. Fiquei com medo de que não tivesse sua aprovação. – Bocão diz com um sorriso de deboche. Bom, um avanço. Ele está falando comigo.

- Claro... Não sabe o quanto eu amei... – Digo tentando me segurar para não atacar aquelas pessoas. – Engraçado, não vejo mais nenhum dos nossos amigos sendo mencionado no jornal... Por quê?

- No momento, você é a nossa estrela! – Disse Bocão. Vi Rebecca e Julieta se olharem e rirem discretamente. E pensar, que eu um dia eu havia considerado Rebecca minha amiga.

- Sério? Sinto-me honrada com isso... Porém... – Eu disse respirando mais uma vez para não acertar a minha doce mão na cara de vagabunda de Julieta, de Rebecca. Também não deixar roxo o olho de Henrique, Bocão. Guilherme não faz mais parte do grupo, foi mandando para um colégio interno. Coitado! – Acho que você deveria anunciar quantos a nossa inocente Julieta pegou naquele dia... Quinze? Eu perdi a conte. Ah! Eu acho que deveria também colocar nesta merda de jornal o quanto vocês são patéticos, falsos – eu digo inocentemente. – Acho que vou até falar com Peter, para ele deixar de falar contigo Becca, pois realmente você anda sendo uma boa menina não é? Tsc tsc, imagina que se meu amigo fica sabendo que você andou fazendo no quarto de Bocão nestes ultimo dias? Opa, você estavam jogando damas? Deve ter sido isso então, Peter não vai se incomodar, quem sabe ele quer jogar com vocês?

- eu não... – Rebecca tentou falar alguma coisa, mas eu a cortei na hora.

- Cala boca sua vaca, ainda não terminei de falar... – Digo olhando para ela com uma cara que a assustou.

- Ela não é... – Tentou dizer Julieta, mas como eu fiz como havia feito com Rebecca;

- É melhor ficar bem quietinha ai sua vadia de esquina... – Eu falo, me sentindo muito bem com isso. Finalmente estava falando o que queria há muito tempo. – Onde eu estava? Não importa... Só quero te falar uma coisa bem séria Steve Chopin, saiba que se eu me ferrar por causa do que você escreveu você irá conhecer uma Amy que nunca imaginou que pudesse existir... ENTENDEU? – Eu grito nesta ultima palavra para dar ênfase na minha ameaça. Pego o jornal da mesa e saiu daquele refeitório com todos me olhando. Espero que tenha assustado.

Agora, tenho algumas pendencias a serem acertadas!

E só um fato: minha ressaca foi substituível pela irritação e raiva, no momento.