Alvo olhou para Matt e Tiago, que sorriram satisfeitos.

-Vamos, então. Os menores primeiro. Scorpius...

 Alvo foi até Scorpius. Os dois se encararam por um bom tempo. Alvo até se esquecera o que teria de fazer a seguir, quando Scorpius puxou de repente a varinha apontando-a para o chão, Alvo o imitou. Ele se virou. Contou o primeiro passo... Sua respiração estava ofegando... O segundo passo... Fechou os olhos... O terceiro passo... Respirou fundo... O quarto passo...

-Alarte Ascendere!

 Alvo sentiu alguma coisa atingi-lo por trás e no mesmo instante ele foi levantando rapidamente no ar e com um baque estrondoso, caiu de volta ao chão, em cima de um braço. Sentiu uma forte dor, que o fez lembrar que o braço estava cheio de cicatrizes causadas por um amasso. Teve uma enorme vontade de soltar um grito, seus olhos começaram a lacrimejar, mas ele não podia chorar. Não ia dar esse gostinho a Scorpius; levantou-se; esfregou os olhos e se virou para um Scorpius sorridente com uma expressão maldosa no rosto. Apontou-lhe a varinha e respirou fundo mais uma vez. Olhou de esguelha para Matt e Tiago e viu que eles não estavam preocupados. Mirou no peito de Scorpius... Forçou a mente para lembrar-se de algum feitiço... O Tarantallegra, disse a voz de Rosa em sua cabeça, só para ironizar... Mas ele não queria ironizar nada... Queria machucar Scorpius... Fazê-lo passar vergonha...

-Anda, Potterzinho! –apressou-o Joshua mal-humorado. –Engula o choro e lance seu feitiço.

-Expelliarmus! –lançou Alvo.

 Scorpius voou no ar e bateu com grande impacto na enorme ampulheta da Grifinória que ficava no outro lado do Saguão de Entrada. Scorpius por um momento pareceu desmaiado, mas logo levantou-se com os olhos cheios de fúria. Ele tremia dos pés a cabeça, mas seu rosto mostrava que ele estava extremamente irritado. Apontou a varinha para Alvo:

-Levicorpus! –disse ele e um jato de luz saiu de sua varinha e atingiu o garoto.

 Alvo sentiu seus pés abandonarem o chão, um deles parecia que estava sendo puxado. Já sentira aquela sensação antes... Ah, claro! Na Corrida no Ar. Era esse o feitiço usado para as crianças flutuarem. Porém, agora Alvo não podia se mexer. Parecia que era Scorpius quem o controlava. E foi levantando-o cada vez mais alto até deixa-lo de cabeça para baixo.

-Vamos ver quanto tempo você aguenta até vomitar, Alvo. –riu Scorpius.

 Alvo sabia que não ia aguentar muito mais. Teria que cancelar este feitiço e depois usar o Aresto Momentum. Olhou para baixo e sentiu que a comida que havia comido na ala hospitalar estava prestes a sair. Ele apontou a varinha para si mesmo e disse:

-Finite Incantatem!   

 E ele começou a cair rapidamente.

-Aresto Momentum! –disse muito rapidamente.

E faltando menos de três centímetros para seu nariz encostar ao chão, ele parou e voltou a cair. Levantou-se e ficou encarando Scorpius.

-Muito esperto, Potter... –disse o garoto fazendo uma reverência. –Ganhou ajuda da Granger, foi?

Alvo o ignorou e voltou a posicionar a varinha. Como pôde ser enganado por um feitiço como o Levicorpus? Agora Scorpius ria dele.

-Estava bom lá em cima, Potter? –perguntou ele rindo junto com Joshua e Ben Juss.

Levicorpus... Queria usar esse feitiço em Scorpius também, assim ele mesmo poderia ver se era bom lá em cima... Por um instante os dois ficaram se encarando e Scorpius foi perdendo o riso. Levicorpus... Alvo tinha vontade de levitar Scorpius e nunca mais tirá-lo... Levicorpus... Levicorpus...

-AARRREEE!

 De repente Scorpius saíra do chão do mesmo jeito que Alvo. Mas não era possível! Alvo nem pronunciara o feitiço... Ou pronunciara? Será que estava pensando alto demais? Scorpius agora se debatia no ar com o pé preso em alguma coisa invisível. Joshua e Ben estavam mais bravos do que nunca. Tiago e Matt, porém, estavam observando como se vissem um filme muito engraçado.

-O Finite, Malfoy! –gritou Joshua. –O Finite Incantatem ou o Liberacorpus, estudamos isso ontem! Anda, não fica aí se debatendo como senão soubesse usar magia!

 Scorpius apontou a varinha para si mesmo e falou:

-Liberacorpus!

 E caiu de cara no chão. Levantou-se e, como se nada houvesse acontecido, olhou diretamente para os olhos de Alvo.

-Vai... Vai me pagar Potter... –disse tremendo de raiva.

 Alvo se adiantou e já ia usar um Feitiço-Escudo, mas quando abriu a boca para pronunciar seu feitiço, Scorpius apontou a varinha para os pés de Alvo, Malfoy já lançara o dele:

-Lacarum Inflamare!

 As pontas das vestes de Alvo começaram a pegar fogo. Ele começou a dar pulos evitando queimar seus pés. Devia haver algum feitiço que produzisse água... Mas qual?

-Hum... –disse ele enquanto dava grandes saltos. –Aguajá? Aguara? Aguento? –mas nada acontecia. De repente, como se um filme passasse em sua cabeça, ele viu Rosa apontando a varinha para Dennis e dizer: “Aqua Eructo!” e um jato de água sair da varinha de Rosa. Alvo apontou a varinha e repetiu: - Aqua Eructo!

 E o mesmo jato de água que saíra da ponta da varinha de Rosa, agora saíra da varinha de Alvo e foi direto para as vestes em chamas que, agora estavam sendo apagadas. Ele ofegou depois da última fagulha se apagar.

-Tarantallegra! –disse Alvo.

 Scorpius começou a dançar. Alvo não pode conter o riso. Joshua, porém, pegou a própria varinha e apontou-a para Scorpius:

-Finite!

-Roubo! –gritou Tiago. –Ele ainda pode lutar!

-É, Joshua! –concordou Matt. –Não pode ajuda-lo enquanto ele ainda tiver chances de duelar!

-Cala a boca, amante de trouxas! Traidor do sangue!–respondeu Joshua rispidamente após tirar o feitiço de Scorpius. –Por que não vai defender mais algum trouxa, hein?

-Olha como fala! –disse Matt apontando a varinha para o rosto de Joshua. –Prefiro ser Traidor do Sangue a ser um Sangue Puro metido e nojento como você!

-Vai fazer alguma coisa, Stuck? Espere! Agora eu até vou embora, você me deixa morrendo de medo... Ah, o grande Mattew!

 Matt saiu correndo na direção de Joshua, mas Tiago foi à frente e pulou para cima dele primeiro. Ben Juss foi ajudar, mas Matt tratou de lhe dar uma rasteira. Alvo viu Tiago acertar um soco na boca de Joshua que na hora começou a sangrar. Scorpius apontou a varinha para Tiago, mas Alvo foi mais rápido:

-Não aponta essa varinha para o meu irmão!

-Ótimo, então... –disse Scorpius agora apontando a varinha para Alvo. –Vou aponta-la para você! Everte Statum!

 Alvo foi jogado ao ar. Dando vários giros e piruetas e...

TIPUM

Alvo sentiu uma forte dor na barriga, já dolorida desde que Malfoy o socara. Batera em alguma coisa sólida e caiu no chão. Abriu os olhos e viu que caíra em cima de um pequeno armário. Sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto. Fizera várias taças que estavam dentro do armário, caírem no chão.

-Está tudo bem? –perguntou Tiago que vinha correndo junto com Matt ao seu encontro.

Alvo sacudiu a cabeça negativamente.

-Vou acabar com isso... –disse Tiago se levantando, mas Alvo o puxou e se levantou meio bambo.

-Ih, olha lá! –disse Scorpius. - O Potter está chorando!

-Ah, mas que cena comovente, essa! –zombou Joshua. –O Potterzinho chorando de dor, e o irmão mais velho consolando. Ah, e o que você vai fazer, hein Potterzinho? Contar para o papai? Contar para o Neville? Ah, só por que você e sua família são próximas do diretor, não quer dizer que você precise sair por aí se gabando!

-É, Potter! –disse Scorpius. -É bem feito que você esteja sofrendo agora, talvez assim aprenda a não querer meter o nariz onde não é chamado, e reconhecer os seus superiores, Potter, e não é por que o seu irmão é o bambambã da escola, que agora você vai sair por aí fazendo o que quiser. Pois você, seu irmão, seu pai e todos esses Potter, são um bando de...

-NÃO FALE DA MINHA FAMÍLIA! –berrou Alvo. -Oppugno!

 Várias taças que estavam no chão, voaram direto para Joshua, Scorpius e Ben. As taças não paravam de ficar quicando e batendo forte nas suas cabeças. Alvo saíra correndo e se atirara em cima de Scorpius. Começara a socar Scorpius com toda a força que tinha. Não iria deixar passar barato. Os pais estavam certos. Não podiam confiar em nenhum Malfoy. Alvo estava com raiva. Só queria bater até Scorpius pedir desculpas.

-SAI DE CIMA DELE! –berrou Joshua puxando Alvo fora, porém, Tiago o impedira e logo, as duplas voltaram a brigar.

 Alvo dera um último soco no nariz de Scorpius e parara na esperança de ver o menino lhe pedir desculpas.

-SAIA... DE CIMA... DE MIM! –gritou Scorpius apontando a varinha para Alvo.

 Alvo saiu de cima do garoto, que agora tinha o nariz ensanguentado. Alvo percebeu que sua barriga ainda doía com força por conta da batida no armário. Saiu de perto de Scorpius e sentou-se no chão. A dor foi aumentando. Seus punhos estavam doloridos. Ele nunca fizera algo parecido como aquilo. Acabara de bater em Scorpius Malfoy, que agora nem se aguentava em pé. As taças que Alvo enfeitiçara agora já estavam parando de atacar os outros. Tiago que acabara de se desvencilhar de um feitiço de Joshua, parou para olhar o irmão.

-Alvo! Alvo, você ganhou! Você venceu o duelo, Alvo!

-Hum... Legal, não é? –respondeu Alvo fazendo esforço para respirar.

-Alvo, tenho orgulho de ser seu irmão... Agora, Matt se puder...

-Impedimenta! –gritou Alvo.

 Tiago se virou imediatamente e se deparou com um Alvo de joelhos apontando para um Scorpius jogado no chão.

-Ele ia... –ofegou Alvo. –Te atacar... Por... Trás...

Tiago sorriu. Alvo olhou para ele e depois para Matt. Os dois estavam bem machucados apesar de terem ganhado. A manga do braço de Matt estava rasgada e a pela estava arranhada. A boca de Tiago estava inchada e sangrando um pouco. Mesmo assim os dois pareciam que não sentiam dor e simplesmente seguravam os adversários, que estavam jogados no chão sem se mexer, com os pés.

-Vamos finalizar com o Joshua, Matt.

 Matt assentiu com a cabeça e apontou a varinha para Ben Juss.

-Estupefaça!

 O raio de luz vermelha e ofuscante que saiu da varinha de Matt atingiu direto o peito de Ben, que continuou deitado no chão sem se mexer. Matt, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, se posicionou ao lado de Tiago e os dois apontaram as varinhas para Joshua, se entreolharam sorrindo e falaram seus feitiços ao mesmo tempo. Uma confusão de cores invadiu o Saguão de Entrada.  

-Veja, Alvo... –disse Tiago sorrindo. -É essa a nossa marca. Em todos os duelos finalizamos com isso.

 Tiago saiu da frente e Alvo deixou escapar um gemido de horror. A cara de Joshua estava cheia de... Tentáculos.

-Espera aí! –disse Alvo de repente. –Foi o papai que disse que já combinou esses feitiços uma vez, com o tio Jorge. Você roubou a ideia dele!

-Alvo! –exclamou Tiago fazendo a cara de espanto que sempre fazia quando alguém o intimidava.

-Como pode falar isso do seu próprio irmão? –perguntou Matt fazendo a mesma cara de incredulidade.

-Vocês roubaram a ideia dele! –disse Alvo. –Na verdade foi o Tiago quem contou, não foi? Só para parecer com o papai!

-Ai, Alvo... –disse Tiago passando um braço por cima do ombro do irmão. –Não roubei nada do papai... Bem, fora o Mapa, mas digamos que peguei emprestado... E quanto ao feitiço... Isso aconteceu por acaso também... Foi antes de o papai contar essa história... Matt e eu estávamos no primeiro ano...

-É verdade, Alvo. Foi no primeiro dia de aula, alguém estava batendo na... Daniella.

-Batendo? –repetiu Alvo enquanto eles subiam as escadas de volta ao dormitório.

-É. –confirmou Tiago. –Isso, é claro, foi uns dias antes do Matt e ela se falarem.

-O problema é que a Daniella sempre achou que dava conta do recado sozinha, a coitada. –disse Matt.

-Não podemos negar que ela tem uma força e tanto, mas é claro que não podia com o Ben Juss, sozinha... Ele estava no quarto ano.

-Foi o Ben Juss que estava batendo nela?

-Foi, mas ela pediu... Disse que ele era um sonserino nojento, o que é verdade, mas ela não devia ter dito aquilo assim, o Ben já é nervosinho... Mas falando em Daniella, onde é que ela está? –perguntou Matt.

-Ah, a sua amiga está aqui. –respondeu uma voz atrás deles.

 Os três se viraram lentamente e viram o zelador, Guelch, segurando Rosa, Suzanna e Daniella. Alvo deu um gemido. Era detenção na certa...

-Guelch! –exclamou Tiago. –Como vai? A gente estava na biblioteca...

-Ah, vocês? Na biblioteca? É mais fácil o diretor se aposentar da Herbologia. Mas falando no diretor, vamos vê-lo, hein?

-Eu disse que a Daniella não ia ajudar em nada. –resmungou Matt num sussurro a Tiago.

-Eu ajudei, sim! –disse Daniella. –Se não fosse o Pirraça...

-Ah, claro, ponha a culpa no pobre Pirraça agora... –disse Matt lançando um olhar indignado a Daniella.

-Vocês, aí! Quietos!  -resmungou Guelch. –Mas agora vocês vão ver, ah vão... Podem ter certeza de que vão pagar uma detenção das boas...

-Só se for para você, seu velho babacão... -retrucou Tiago.

-O QUÊ? –perguntou Guelch.

-Ah, eu... –disse Tiago pensando em uma desculpa. –Eu disse que... Que estava com vontade de comer pão...

 Alvo riu, tentando não pensar que estava prestes a ganhar uma detenção. Guelch continuou subindo escadas e passando por corredores. Até chegar a sala da vice-diretora.

-Pensei que íamos ver o Neville. –disse Matt.

-Você fica calado. –disse Guelch secamente enquanto batia na porta. –Hum... Sou eu, Guelch.

 A porta se abriu, mas quem saiu dela não foi Luna, foi o Prof. Denóires.

-Sim? –disse ele.

 Guelch, sorrindo, apontou para os garotos. Denóires observou-os satisfeitos e parecia que estava feliz que eles fossem pegar uma detenção, ele parou seu olhar em Alvo e deu uma de suas conhecidas piscadas.

-Entrem... –disse o professor abrindo a porta.

 Neville, Luna, a professora Vôcosby, o professor Villera e uma professora gordinha, que Tiago dissera dar aula de voo, Morgan.

-Hum... –fez a professora Vôcosby. –Então, vamos indo, Villera...

 E os dois saíram.

-Então? –perguntou Neville sentando-se ao lado de Luna. –Fazendo o que a essa hora?

-Duelando. –disse Tiago com simplicidade.

-Hum... Mas, entre vocês? Todos vocês? –perguntou Neville.

-Não, - respondeu Guelch e Tiago murmurou alguma coisa como “ele estava perguntando a mim”. –Os meninos vieram do Saguão de Entrada, peguei essas aqui no segundo andar tentando convencer o Pirraça a não dedurar.

 Daniella lançou um olhar de censura a Matt que estava espantado.

-Mas tem mais lá embaixo. –disse Tiago. –O Joshua Mocker, o Malfoy e Ben Juss, mas eu acredito que estejam desacordados.

-Ah, de novo com duelos contra o Sr. Mocker e o Sr. Juss...

-De novo? –exclamou a professora Morgan. –Então já é de antes? Sinceramente, professor Longbottom, acho que isso merecia uma expulsão.

-E desde quando a senhora opina aqui, Prof.ª Morgan? –deixou escapar Tiago enquanto Matt tentava abafar uma gargalhada.

-Desde que sou a vice-diretora, e a propósito, meu nome é Margarete, e... Menos dez pontas a... De Casa você é?

-Sonse... –ia dizer Matt, mas parou ao ver que Neville o observava. –Grifinória.

-A Luna que é a vice-diretora. –disse Tiago.

-Era, Sr.... Seu nome?

- Potter, e o que houve com...

-Potter? –exclamou Margarete. –O menino Alvo Potter?

-Não, Tiago Potter. –respondeu Tiago. –Alvo é ele... –disse apontando para o irmão.

-Hum... Olá... –disse Alvo quando a professora fixou o olhar nele.

-Filhos do Harry Potter... –disse a professora ainda encarando Alvo. –Como ia dizendo, Longbottom, acho que devem ser expulsos...

-Não acho que é para tanto, Margarete... –ponderou Neville. –Acho que uma detenção já basta...

-Uma? Acho justo pelo menos uma semana. –disse Margarete.

-Uma semana é muito, professora, creio que uma detenção os ajudaria a compreender que não devem mais fazer...

-Ah, professor, você é muito mole com eles... Se algum aluno de minha Casa fosse pego em tais circunstâncias eu expulsaria... Mas é claro que na Sonserina não tem muitos duelos, é claro, mas se tivesse eu com certeza os expulsaria...

-Ótimo! –exclamou Matt.

-Por que? –perguntou Margarete.

-Porque Joshua e Ben são da Sonserina. Será ótimo não tê-los mais aqui na escola...

 Alvo pensou ter visto Neville rir. Margarete, porém, corou imediatamente.

-Bem, eu... Aposto que...

-Uma detenção para cada, basta. –disse Neville. –Acho que somente dez pontos tirados de cada um.

-Certo, professor Longbottom. –concordou Margarete.

-Aviso esta semana o que vai ser, podem ir... –disse Neville bondosamente.

 Eles saíram da sala.

-Ouviram aquilo? –perguntou Tiago enquanto subiam as escadas. –“Eu acho justo pelo menos uma semana”, como se alguém tivesse perguntado alguma coisa.

-Mas a melhor parte foi quando vocês informaram que o Joshua e o Bem não são da Grifinória, a cara dela ficou...

-Ficou demente, - completou Matt. - mas não tem muita diferença.

-Nisso você está certo.

-Nisso? –repetiu Matt. –Daniella, minha cara, eu sempre estou certo...

-Ah, falou o convencido! –disse Daniella. –Se essa frase tivesse vindo da Suzanna tudo bem, mas...

-Ah, até parece que você sabe de tudo, sua irmã sabe de tudo, não você.

-Eu sei que não estou certa em tudo e que não sei de tudo, mas pelo menos eu não fico por aí falando essas mentiras.

-Ih... Começou... –disse Suzanna.

-Acredite Suzanna, - disse Tiago. - é pior ter que ficar ouvindo o Matt reclamar dela antes de dormir...

 Alvo não estava com vontade nem de rir. Outra detenção... Não estava na escola nem há um ano completo e já pegara duas detenções... Alvo olhou para Rosa, a prima estava um pouco pálida.

-Vocês dois aí atrás... –disse Tiago indo para o lado de Rosa e Alvo. –Que foi?

 Alvo e Rosa se entreolharam, mas nenhum deles respondeu.

-É a detenção? Hum... Bem, não é tão ruim assim... E é a sua primeira, Rosa... Só a primeira, não vai... Prejudicar...

-É, acho que não... –respondeu Rosa dando um sorriso. –Eu só... Fiquei um pouco assustada... Não achei que fossem nos pegar, mas...

-Não estou assustado! –respondeu Alvo de repente.

-Se você diz... –respondeu Tiago.

-Não, é sério! –disse Alvo. –Não tive medo.

-Eu sei, não estou dizendo que você teve. –respondeu Tiago, mas Alvo agora estava fazendo uma careta. –Alvo... Tudo bem?

 Sua barriga voltara a doer. Ele a pressionou fortemente.

-A barriga está doendo? –perguntou Tiago.

-Não. –mentiu Alvo. Não ia contar que estava. O irmão estava com a boca e o olho inchado e devia estar doendo bem mais, mas o irmão não havia reclamado ou deixado cair sequer uma lágrima. –Não, vamos...

-Tem certeza? –perguntou Rosa. –Alvo, você pode ir para a enfermaria.

-Não, Rosa, eu estou bem.

-Alvo, o Scorpius acertou você bem em cima do armário, deve estar doendo...

-Mas não está!

-Ele te jogou em cima de um armário? –perguntou Rosa.

-É, ele bateu com a barriga que o Scorpius já tinha batido antes...

-Alvo, devia mesmo ir à enfermaria...

-Já disse que estou bem! Ele é quem deve ir à enfermaria, sabe... Dei uma boa surra nele!

-Queria estar lá para ver!

 Eles entraram para a sala comunal. Nas poltronas estavam Dennis, Jordan, Clívon, Annie e Clarissa, dormindo.

-Acho que estavam esperando a gente... –sussurrou Rosa.

-Vamos acordá-los? –perguntou Tiago dando um olhar malicioso a Matt.

-Claro que sim... Você está com eles?

 Tiago tirou do bolso uma caixa de Fogos Filibusteiros e entregou alguns a Matt. Alvo os viu contarem com os dedos até três e...

BUM!

 Todos que estavam dormindo deram um pulo. Carlos de repente chegou do dormitório.

-Isso foi um Fogo Filibusteiro? –perguntou. –Ah, vocês já chegaram! E estão... Arrebentados...

-Senta aí, Carlos. –disse Tiago. –Vamos contar o que aconteceu...

 Eles contaram tudo o que aconteceu. Todos ficaram muito impressionados e não paravam de pedir para recontar as partes que gostavam.

Alvo agora estava deitado em sua cama pensando em tudo o que aconteceu... Vencera o duelo... E daí que sua barriga estava doendo? Ele ganhara o duelo... Não era uma dorzinha que ia atrapalhar...

 Alvo era o tipo de menino que não se importava em passar por certas coisas, mesmo que fossem dolorosas, se o resultado fosse realmente bom... Ou pelo menos, Alvo estava se tornando esse tipo de menino... Mas ganhar o duelo e ter o respeito dos outros, ser como o irmão, realmente era um ótimo resultado...