Liebe: Zu Nahe escrita por Vanessa Mello


Capítulo 7
A vida, ela continua.


Notas iniciais do capítulo

booom, o cap (assim como sempre) está graande, gigaante. -MWUAUAHUAHAUAH

o nome do cap é ruim, mas a história compensa(eu acho).
beeijão ;*



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Quando chegamos ao prédio, Tom pulou do volante, deixando-me sozinha no carro. Fiquei ali, abraçada aos meus joelhos, esperando para ver se Bill faria mais algum contato. Nada aconteceu. Talvez, eu estivesse ficando louca. Talvez estivesse tudo bem com Ale, e tudo fosse saudade de meu amigo. Fechei os olhos, abrindo-os ao ouvir um choro rouco.

Era Tom, com a minha irmã no colo. Mais lágrimas surgiram, por ver a situação em que ela estava.

Ela estava desacordada, seus pulsos envolvidos em ensanguentadas toalhinhas, mal amarradas. Seu rosto estava molhado por lágrimas recentes, fazendo sua pouca maquiagem estar borrada. Saí do carro, abrindo a porta traseira para ao menos ajudá-lo a coloca-la ali. Ele continuou em silêncio para mim, e parecia furioso, apesar das lágrimas que caíam velozmente por seu rosto. Ele as limpava com força, e eu sabia que aquele movimento lhe queimava a face. Encostei á cabeça dela em meu colo, no banco de trás, sem palavras.

-O que ela estava fazendo quando você chegou?-resmunguei, tomada de tristeza.

-Não está claro pra você? A idiota da sua irmã cortou os pulsos, já estava desmaiada quando eu cheguei. Amarre essas toalhas direito pra parar de sangra, por favor, Ellen.-falou, num jato de palavras, frio.

Se não fosse a situação em que estávamos, eu teria olhado com nojo para todo aquele sangue que estava concentrado em meu colo, mas era a minha irmã, eu tinha que ajudar de algum modo. Amarrei com um pouco de força excessiva as toalhas, e chorei, mechendo nos cabelos dela, até que chegamos á um hospital.

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Abri os olhos, e olhei em volta. Eu estava numa cama de hospital. Tentei me lembrar de tudo que acontecera, e começei a chorar ao olhar para meu próprio corpo. Eu tinha marcas e uma agulha em cada pulso, e as minhas mãos estavam dormentes. Um pouco acima delas, eu sentia uma dor lacinante. Era o que eu merecia, por ter agido feito uma adolescente irresponsável. Não, pensei, uma adolescente teria sido mais responsável que eu. O que eu havia feito comigo mesma, meu Deus?

Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta foi aberta, e uma Carla com olhos vermelhos surgiu, seguida por um Gustav que tinha o rosto completamente inchado. Demorei a perceber que os dois choravam.

-Ale? Ale, Deus do céu, o que você fez?!-falou Carla, preocupada, se largando do marido para ficar ao meu lado na cama.

-Eu agi feito uma idiota, Ca, me perdoe, por favor, eu sei que não devia ter feito nada disso...-começei a me desculpar, mas ela começou a balançar a cabeça antes que eu acabasse de falar.

-Eu não tenho que te perdoar, minha amiga, eu te entendo. Eu apenas me preocupo com você, minha querida. Por que fez isso?-ela começou a mecher em meus cabelos.

-Eu não sei. Eu apenas queria estar próxima de Bill, queria estar com ele!-falei, e o irritante bip do quarto ficou mais acelerado.

-Xiiiu, calma, calma.-ela beijou-me a testa, e Gustav se aproximou, sussurrando algo no ouvido dela.-Benzinho, eu tenho que ir embora, volto pela manhã, está certo?

-Eu não vou embora?-falei, extremamente bicuda.

-Mas é claro que não, você não vai poder sair daqui tão cedo...Ops.-ela levou as mãos á boca.

-Como não?-quase gritei.

-Olhe, amanhã eu volto, te explico tudo o que aconteceu. Está certo assim?-ela disse, começando a se afastar.

-Vai ficar bem, Alessandra?-disse Gustav pela primeira vez, mechendo devagar em meus dedos.

-Não. Eu não vou! Me expliquem o que está acontecendo, me expliquem!-falei, completamente alterada.

Carla pegou na mão de Gustav, e pude ver uma lágrima brilhante percorrer seu rosto enquanto ela mandava me um beijo da porta, sussurrando um “Eu te amo, minha querida”.

Começei a me debater na cama, e notei que não conseguia me levantar, porque uma tira de couro amarrada em minha cintura, em baixo do fino cobertor me impedia. De repente, entraram no quarto dois homens altos, de branco, um deles com uma agulha na mão. Eu entrei em desespero, me debatendo mais, gritando por Ellen, gritando por Carla, gritando por Gustav, gritando até por Bill.

Mas o que mais me surpreendeu foi quando começei a implorar por Tom.

Um deles me imobilizou, colocando as mãos em meus ombros, enquanto eu via outro colocar o líquido da agulha no tubo que levava á minha veia. Minha visão foi escurecendo, até que eu não pude ver mais nada.

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-Você não precisava ter feito isso, seu cachorro desgraçado.-eu ouvi a amiga de Alessandra, Carla me dizer, enquanto todos saíamos da clínica.

Ellen estava em silêncio desde que abrimos a ficha de Alessandra naquele lugar, agarrada ao meu casaco, que estava sobre seus ombros, os olhos inchados, o cabelo bagunçado...Ela mordia nervosamente o cordão do casaco. Gustav, marido da mulher de cabeça quente, após quase enfiar a mão em meu nariz depois de saber para onde eu mandara Alessandra permanecia em silêncio, alegando não querer perder a cabeça comigo. A própria Carla era a única que falava comigo, e falava apenas para me chingar, e me dizer como eu era desprezível por fazer aquilo com a vida de alguém.

-Foi necessário.-falei quando chegamos ao estacionamento, enquanto abria a porta do carro para a sempre silenciosa Ellen.

Carla estava prestes a entrar no carro de seu marido, que aguardava de porta aberta, mas virou-se para mim, com olhos cheios de mágoa.

-Escuta, seu moleque atrevido, eu tenho certeza que quando Bill lhe pediu para cuidar de Alessandra, ele não estava querendo dizer para você interná-la numa clínica psiquiátrica na primeira chance que tivesse! Aliás, acho de verdade que Bill deixou a leucemia penetrar em seu cérebro quando lhe pediu ajuda, por que uma criança seria mais humana que você para cuidar de alguém que tivesse necessidades. Abandonar um ser humano num hospício não é coisa que se faça, mais ainda quando este humano se sente sozinho, e está passando por uma situação difícil! Sé é que você não sabe, drogas não são a solução para o problema de Alessandra. O problema dela é a solidão, e é para isso que você está aqui! Ela confiou em você, seu escroto imundo...-ela descarregou tudo em cima de mim.

Olhei para dentro de meu carro, porque Ellen recomeçara a chorar. Ela visívelmente se arrependera de ter dado autorização para a internação. Mas era tudo que eu podia fazer, não podia correr riscos de quase perder Alessandra de novo.

-Não começe a chorar agora, sua garota cínica, estúpida! Se você não tivesse autorizado, Alessandra não precisaria estar passando por isso, está me ouvindo?! Aposto que nenhum dos dois COVARDES vai ter coragem de dizer á pobre Mary o que está acontecendo com a filha mais velha, por que a mais nova autorizou. Que será que ela vai achar disso, hein?- explodiu Carla de novo, faznedo Ellen se encolher mais ainda, caindo em mais mágoa.

Não pude deixar Carla falar daquele jeito com Ellen, que só se preocupava com a irmã.

-SE VOCÊ FOSSE MESMO TÃO BOA AMIGA, BILL TERIA ENCARREGADO A VOCÊ E NÃO Á MIM A MISSÃO DE CUIDAR DELA. SE ELE QUERIA QUE EU FIZESSE ISSO, EU VOU FAZER, DO MEU JEITO!-gritei para ela, que veio soltando fogo das narinas, em minha direção.

Eu não vi nada, apenas senti a mão aberta dela bater com força em meu rosto, virando-o para o lado onde ela me dera o tapa. Quando voltei meus olhos para ela, Gustav a segurava, sinalizando para a sua barriga, que tinha um volume muito desfarçado.

-Me larga, Gustav, me deixa matar esse desgraçado!-ela gritava.

-Não, você não pode se estressar! Não ligue para ele, Carla, pelo amor de Deus, você tem uma criança aí dentro! Se você não se importa consigo mesma, se preocupe pelo menos com esse bebe!-ele gritava para ela, levando-a para dentro do carro, já que ela se acalmava.

Virei as costas para eles, entrando no meu carro. É claro que eu não gostava de manter Alessandra ali dentro, á base de sedativos. Aquilo já durava três meses, e eu quase não aguentava mais. Queria abraça-la, queria lhe pedir perdão. Mas eu não podia deixa-la sozinha de novo, porque ela podia cometer o mesmo erro. Agora que eu conseguira um emprego, eu não poderia estar ao lado dela 24 horas por dia, parando-a a cada erro que ela cometesse, por menor que ele fosse, até o extremo de tentativa de suicídio. Ellen se jogou em meus braços, desabando novamente.

Ergui seu rosto pelo queixo, dando um beijo em sua boca.

-Está tudo bem, meu amor, vamos pra casa.-falei, olhando para as alianças prateadas que brilhavam em nossos dedos.


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Notas finais do capítulo

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depois de tanto acasalar, A CEGONHA TINHA QUE VIR . =X