Fixação escrita por anna-chan


Capítulo 2
I want to be your love...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/261089/chapter/2

Não soube dizer quanto tempo ficou parado naquela mesma posição sem sair do lugar. Quando deu por si já estava no seu quarto, olhando a pequena foto do modelo.Tinha conversado com Hiroto e não tinha notado?Isso era impossível. Existiam um milhão de Hirotos no Japão. Não podia ser aquele.Pensava, tentava achar uma solução para o aperto que estava sentido. E se fosse verdade? Tinha falando tanta besteira... acabado com suas chances. E que chances? Nunca as teve.Revirou-se na cama, tentando se acalmar, dizer que era outro Hiroto. Um cara agradável de se conversar. Queria voltar a encontra-lo, bater papo... mas não tinham trocado nem telefone nem email.E agora se batia por isso.Era realmente incompetente nesse quesito de fazer amizades. Cogitou ligar para Naoyuki e contar suas suspeitas, mas se lembrou que iria ser censurado pelo amigo por estar imaginando coisas. Além do seu pequeno problema com paixões platônicas. Hiroto não era o primeiro cara impossível que Kohara se apaixonava e os amigos sempre o repreendiam por isso. Diziam que ele tinha que arrumar um cara bom e gentil para ficar consigo, ao invés de alguém que nem sabia que ele existia.E porque estava pensando naquilo? A conversa no banco tinha sido algo normal, só para fazer amigos... ou o baixinho estava interessado nele?Coçou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Não era todo homem que era gay e muito menos se aproximava com segundas intenções. E Hiroto parecia alguém muito simpático.Hiroto... Será que era realmente Ogata Hiroto?Acabou dormindo sonhando com seu amigo ser o modelo...
-x-Levantou-se no dia seguinte, continuando sua rotina. A foto do modelo debaixo de seu travesseiro o fez lembrar dos acontecimentos do dia anterior. Sorriu inconscientemente com a possibilidade de Hiroto ser o Ogata Hiroto e se censurou, dizendo que mesmo que não fosse, tinha que admitir que havia adorado a conversa.Continuou sua rotina tentando se policiar para não continuar pensando naquele encontro. Queria tanto encontra-lo novamente.Um lado seu queria porque achava que era o seu modelo que tinha sido seu companheiro naquela tarde. Outro lado dizia que queria achar o pequeno para conversar mais. Fazia tanto tempo que não se sentia tão leve! Era como se algumas das preocupações tinham sumido só porque tinha conversado com alguém, mesmo que fossem assuntos totalmente aleatórios.Era bom para distrair a cabeça dos pensamentos ruins do dia-a-dia.Seguiu o dia inteiro pensando em diversas coisas relacionadas àquele encontro. Não conseguia parar de imaginar situações, onde Hiroto o beijava e outras coisas. Ficava vermelho a cada nova idéia, pensando se realmente teria coragem de fazer qualquer uma daquelas coisas.O dia até passou rápido tendo em vista que não conseguia se concentrar no trabalho. Aquilo chegava a uma pequena fixação pelo menor, que por acaso se chamava Hiroto.Não conseguia entender como havia sido cativado tão rápido.E não percebeu quando o expediente se encerrou, já sendo a hora de ir tomar o café da tarde.Arrumou suas coisas rapidamente, pensando se o menor estaria na cafeteria. Queria que fosse como naqueles filmes, que o baixinho fosse o esperar ali para pegar seu numero de telefone ou trocarem emails. Tirando a ligação daquela conversa, não tinham mais nenhum outro modo de se encontrar. Era estranho pensar nisso.Estava suando frio já de ansiedade. Queria que o metro andasse mais rápido, que chegasse logo a estação para encontrar Hiroto lhe esperando na porta da cafeteria, para conversar.Praticamente correu até o café, já querendo conversar, imaginando diversos modos de começar um assunto, de ser simpático, de descobrir se aquele Hiroto era realmente o seu Hiroto.Seu coração batia forte, estava ofegante ao abrir a porta do estabelecimento. Os atendentes olhavam de modo estranho para si, provavelmente se perguntando o que tinha acontecido com a pessoa calma que vinha todos os dias ali.A única coisa que Kohara encontrou foi a decepção. O café estava com as mesmas pessoas de sempre, tomando calmamente seus cappuchinos e frappuchinos, sem que notar o mundo ao redor. Vasculhou cada centímetro do local, soltando um muxoxo quando percebeu que não havia nenhum sinal de Hiroto.Decepcionado, seguiu até o caixa, já pegando o seu pedido, que tinha sido previamente separado. Ainda deu alguns segundos para ver se o achava, se não estava fora do horário...Acabou saindo do estabelecimento, mas não conseguia andar até em casa. Algo lhe dizia para sentar naquele banco e esperar. Olhava para os outros bancos, em busca de algum sinal. Nada dele. E o desespero ia batendo mais forte. Talvez fosse só aquela vez...Fitou a árvore a sua frente, sem focalizar a imagem. Só estava com o olhar perdido e em um instante pensou em ter visto aqueles olhos grandes de Hiroto em sua direção. Piscou para ver se não estava sonhando, mas quando tornou a olhar, eles ainda estavam lá. Seu coração acelerou e levantou do banco. Andava em direção a arvore, mas quando percebeu... ele não estava lá.Talvez tivesse sido apenas sua imaginação. Queria tanto que Hiroto estivesse lá que imaginou-o ali.Voltou ao banco, se sentando, ainda mais frustrado.E pela primeira vez mudou a sua rotina, comendo seu bolinho e tomando seu café na praça. Sozinho. Sem Hiroto ou Ogata.
-x-
Chegou em casa deprimido. Subiu diretamente para o quarto, ignorando os desejos de boa noite dos pais. Estava frustrado. Desejava tanto ver Hiroto!Sentou-se na cama, deixando o corpo cansado cair para trás. Fitava o teto sem pensar em nada e muita coisa ao mesmo tempo.Como podia estar desejando alguém como Hiroto? Se conheciam há um dia... Mas e se estivesse desejando outro Hiroto? Poderia magoar os sentimentos de seu conhecido.Levantou-se da cama e abriu o guarda roupas, procurando pela revista que tinha aquele anúncio.A página já estava marcada de tantas vezes ter dormido com a revista aberta naquela posição.Olhava a foto de Ogata com carinho. Quantas vezes mesmo tinha sonhado em toca-lo?Acariciou a imagem, como se fosse o rapaz. Pensava em como seria bom se ele estivesse ali. Não seria mais sozinho. Teria carinho e atenção.Tocava a boca de Hiroto estampada na foto, imaginando que seus dedos percorriam os lábios grossos do modelo. E a sensação era tão boa!Caminhou até a cama, deitando-se, olhando a imagem, usando uma das mãos livres para acariciar os próprios cabelos. Como se fosse Hiroto fazendo aquilo.De repente, não estava sozinho no quarto. Era Ogata Hiroto que estava ali consigo. E usava a própria mão para percorrer o pescoço, provocando arrepios, levantando os poucos pelos de seu corpo.Olhava para a foto, dizendo coisas que gostaria de dizer para ele, se ele estivesse ali, sobre si.As carícias ficavam mais ousadas, os dedos percorriam seu peito e as palavras mais picantes. Estava enlouquecendo ali, com Hiroto em cima de si. Podia jurar que sentia o peso dele.Desceu a mão mais, se tocando de leve, tendo vergonha, como teria se Hiroto estivesse ali. Corava com as palavras que Ogata lhe diria, as obscenidades.Gemeu quando a mão encontrou a parte sensível de seu corpo. E não pode evitar. Abaixou a revista e tocou os lábios o lugar onde na foto se encontravam os lábios de Hiroto.
-x-
Os dias que se seguiram foram estranhos. Parecia ver Hiroto em todos os lugares. Primeiro parecia que Hiroto estava todos os dias no café. Depois Hiroto estava na cafeteria de manhã.  E no metro. E agora para onde olhava via alguém parecido com ele. Estava enlouquecendo!Todas as vezes que tentava se aproximar, ele sumia. O que era estranho. Sua cabeça estava lhe pregando peças. Não podia mais confiar em nada.Todos pareciam Hiroto!Já tinha marcado o médico. Não conseguia mais fazer sua rotina, tinha mudado seus horários.Estava assustado consigo mesmo.Tinha ligado para Naoyuki, comentando sobre o assunto e o amigo tinha tirado um barato com a sua cara. Parecia que estava realmente ficando louco.Olhava para todos os lados, procurando alguma alucinação. Estava paranóico.E justamente naquela semana parecia que tudo que pediam para ele imprimir tinha Hiroto.Precisava de um calmante, parar de ver Ogata em todos os lugares.Até para si era algo totalmente fora do normal.Tinha até pensado, começado a sair com outras pessoas para ver se esquecia aquilo.Chegou ao ponto de um dia não andar mais de metro por ver uma propaganda dentro da estação com Ogata.Parecia uma assombração. Precisava de remédio logo!Naquele dia, tinha vindo a pé. Estava cansado. Fazia noites que não dormia porque tinha medo de sonhar com ele.O que parecia algo bom agora parecia algo aterrorizador. Apesar de o médico ser daqui a algumas horas, estava ansioso. Olhava para o computador sem conseguir se concentrar. A pilha de serviço atrasado só crescia a cada momento. Tinha medo de que seu chefe brigasse, mas esse não era pior do que o medo de estar imaginando coisas.De repente, Hiroto tinha virado uma coisa ruim em sua vida.Suas mãos tremiam, mexia no mouse sem querer... Quando tinha começado a ter TOC’s*? Estava com tanto medo de estar ficando louco que quase caiu da cadeira quando sentiu um toque em suas costas.Olhou para cima e era Ogata Hiroto.“Por favor, vá embora. Eu sei que eu estou imaginando isso. Por favor, eu prometo levar uma vida boa. Você não é real! Eu sei, eu estou doente! Mas me deixa em paz!” – Kohara desatou a falar, desesperado.Estava quase chorando quando ouviu uma risada alta. Aquela imagem não queria desaparecer.Começou a tremer, chorando ainda mais alto.O menor fechou a cara, parando de rir. Agora tinha puxado uma cadeira e sentado a sua frente.“Kohara... vamos, pare com isso. Você sabe que eu estou aqui.” – o baixinho disse, tocando-o. – “Eu sou de carne e osso, pode tocar, vamos lá.”“Você é uma imagem da minha cabeça. Vai embora.” – começou a bater na suposta imagem, vendo que ela parecia tão real.“Vamos, Kohara. Eu estou aqui. E me desculpa se eu te assustei te perseguindo.” – o menor começou, coçando a cabeça, envergonhado. – “Meus métodos de aproximação não são os melhores, sabe?” – e agora o pequeno parecia ainda mais corado.Kohara ainda tremia e chorava. Tinha começado a se acalmar, mas não era suficiente. Nada tirava de sua cabeça que estava imaginando Hiroto.Viu o menor suspirar e começar de novo a falar.“Eu sei que é feio... mas eu simplesmente não conseguia falar com você de novo! Você parecia tão... longe. Como se fosse impossível de se conversar. E parecia esperar que eu fosse outra pessoa. Aí eu fiquei com medo da rejeição, mas meu desejo de saber mais sobre você era maior do que eu...” – o baixinho confessou ainda mais envergonhado. – “Eu te persegui... pensei que você ia chamar a polícia... mas ao invés disso, você mudou a rotina. E eu fiquei desesperado sem saber se eu ia conseguir te encontrar de novo! E te segui até aqui.... E tomei coragem para falar com você hoje.” – o peso na consciência de Hiroto era enorme. Tinha causado problemas a Kohara.Kazamasa por outro lado suspirava aliviado. Não estava ficando louco. Quase comemorou sua sanidade mental, mas algo não fazia sentido. Se tinham conversado da primeira vez, porque Hiroto não tinha falado com ele da segunda vez que ficou esperando?“Mas... nós conversamos... porque não falou comigo?” – perguntou, limpando as lágrimas.“Porque... eu sou tímido e não conseguia chegar em você.” – falou, na lata.Kohara fechou a cara. Como alguém que era modelo era tímido?“Você está tirando com a minha cara.”- disse, nervoso.“Você é que está tirando com a minha.” – Hiroto tinha ficado bravo. Esta se expondo e Kohara fazia aquilo? – “Acha que alguém alto, lindo iria olhar para um baixinho que é modelo? Um modelo, profissão super mal vista para se namorar? Eu ia tomar um fora. Ainda mais porque eu não sabia se você era gay!” – parou por um minuto, pensando que ele podia não ser gay e estava fazendo a maior burrada de sua vida.“Acha mesmo que eu vou acreditar?” – ficou emburrado, querendo socar aquele perseguidor. Até tinha esquecido quem era Hiroto e quanto gostava dele.  Só parou para pensar... então Hiroto também era gay? – “Você tava me... paquerando naquele dia?” – perguntou, confuso.“Não deu para perceber, né? Eu sou ruim nessas coisas...” – Hiroto disse, coçando a cabeça.Kohara sentiu-se feliz com aquilo. Ser paquerado por um modelo. Seu ego foi massageado depois dessa.O silêncio se fez presente e os dois começaram a ficar desconfortáveis. Logo o chefe de Kohara passou, dispensando-o por ser o final do expediente. Não sabia se convidava Ogata ou não para um café...“Você toma café agora né?”- o baixinho perguntou, tirando-o de seus pensamentos. Apenas acenou com a cabeça concordando. “Você pode ir junto se quiser...” – disse, em tom baixo, com vergonha.“Mas você tem médico...”“Como você sabe?” – Kohara perguntou, aflito. E viu Hiroto abaixar a cabeça envergonhado. Sabia como ele  sabia. Mas agora não precisava de médico. Tinha um modelo para conversar e paquerar...“Não preciso mais dele. E você pode me devolver os 10 ienes hoje...” – Kazamasa disse, rindo, enquanto seu coração disparava por finalmente estar indo tomar café com sua paixão platônica. 

*Transtorno Obsessivo Compulsivo


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É o fim. Mesmo porque não pode se postar mais nada no Nyah de bandas.
Obrigada a todas que acompanharam algum dia minhas fics. Obrigada.